Páginas

Temas para reflectir e meditar.


Segue-me

Estava ali, sentado naquela cadeira de café.
Não é meu hábito mas, naquela tarde, estava um pouco cansado de uma caminhada pelas ruas da cidade e apeteceu-me descansar um pouco.

Ouvi distintamente alguém que dizia:

- Tu segue-me!

Que estranho! Uma frase que eu conheço perfeitamente e sobre a qual medito bastante:
Refiro-me ao “chamamento típico” de Jesus Cristo que os Evangelistas referem por várias vezes.

Fez-me confusão, confesso. Estarei a ouvir “coisas”? Estou tontinho?

Olhei em volta e as sete ou oito pessoas que estavam por ali sentadas continuaram a conversar normalmente.
Enfim… gente comum, uns três ou quatro homens, duas senhoras e três jovens “agarrados” aos telemóveis.
Pois… não podia ser…

Mas, de facto, tornei a ouvir talvez com um acento de insistência:
- Tu segue-me!

Bom… desta vez a coisa pareceu-me séria e tive de fazer um esforço para não me levantar imediatamente persignando-me.
Mas, sou teimoso, muito teimoso, e nada dado nem a “visões” nem a “audições” estranhas como vindas “do Além”.
Por isso resolvi “entrar no jogo” e perguntei em silêncio:

- Senhor, estás a falar comigo?

E ouvi:
- Claro que estou a falar contigo. Vem e segue-me!

Fiquei estarrecido!
O Senhor estava a falar comigo, sentado a uma mesa de café, numa rua qualquer da cidade onde vivo.
O esforço agora, para me comportar sem dar nas vistas, era tentar reter a torrente lágrimas que sentia impetuosa a vir-me aos olhos.
Deixei de ouvir os ruídos das conversas à minha volta, os barulhos do bulício normal de uma rua de cidade, dos automóveis, nada. Como se uma espécie de “bolha” invisível me tivesse encerrado isolando-me do mundo exterior.

Pensei:
‘O que faço agora?’

Ali perto há uma Igreja aberta ao público. Quase como um zombie levantei-me e fui até lá.
O Templo estava deserto pelo que me senti muito à vontade e comecei num monólogo íntimo, mas aceso e confiante.

‘Pronto, Senhor, não sabia onde ir, ou antes, onde querias que fosse para seguir-Te por isso vim aqui. Desculpa a minha ousadia e a minha pouca fé mas, se há mais alguma coisa…

E não acabei porque Ele, - tive então a certeza absoluta que era Ele – disse-me:

- Fizeste exactamente o que Eu queria.
Sabes: estou aqui neste Sacrário há mais de quatro horas e não aparece ninguém para me fazer um pouco de companhia, ou, sequer, para Me cumprimentar!
Que bom! Agora estás aqui e podemos passar uns bons momentos juntos.

Para mim já não havia quaisquer “barreiras” ou impedimentos de falsa vergonha e por isso comecei a falar como se tivesse de repente aberto as portas do meu coração, da minha alma, e deixasse vir cá para fora quanto guardava cioso da minha Fé e do meu Amor.
Sentia-me tão contente e feliz por ter merecido – sem merecimento – o convite do Senhor que nem sei quanto tempo ali estive, nem o que Lhe disse ou contei.
Nunca me interrompeu e eu fui falando, falando ininterruptamente até que uma senhora com alguma idade entrou na Igreja.

Nessa altura disse-me:

- Pronto! Gostei do nosso convívio, podes ir-te embora.
- Ah! E obrigado por Me teres seguido!

AMA, reflexões, 13.03.19

Evangelho e comentário



TEMPO DE PÁSCOA




Evangelho: Mt 11, 25-30

25 Naquela ocasião, Jesus tomou a palavra e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.» 28 «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»

Comentário:

Nos dias de hoje a "pressão" sobre as pessoas é quase insuportável.

Os "media" encarregam-se de nos fazer chegar em profusão notícias preocupantes de toda a ordem e, muitos, não sabemos os que fazer e, até, o que pensar.

São as sociedades - os países - a desfazer-se nos princípios, nas raízes, nos costumes.


É a "sanha" legislativa que atenta contra os mais elementares direitos das pessoas, das famílias, de sociedades inteiras impondo - ou pelo menos tentado impor - leis atentatórias da moral mais básica e elementar, os direitos decorrentes da própria dignidade do ser humano.


De facto, nada disto é inteiramente novo, - basta-nos ler as Epístolas de São Paulo - mas a facilidade de comunicação e difusão actuais tornam-nos como que participantes involuntários e não podemos ignorar ou descartar o perigo - autêntico, real - para os mais novos, desprotegidos, ignorantes.


Os "pequeninos" de que Jesus fala!


Ponhamo-nos a Seu lado e confiemos na Sua protecção e Amor, rezemos sem descanso por todos esses "que não sabem o que fazem", mas que são nossos irmãos em Cristo.


(AMA, comentário sobre Mt 11, 25-30, 04.29.2017)

Ide a José e encontrareis Jesus


Ama muito S. José, quer-lhe com toda a tua alma, porque é a pessoa que, com Jesus, mais amou Santa Maria e quem mais conviveu com Deus: quem mais o amou, depois da Nossa Mãe. Merece o teu carinho e convém-te dar-te com ele, porque é Mestre de vida interior e pode muito ante Nosso Senhor e ante a Mãe de Deus. (Forja, 554)

José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior? A vida interior não é outra coisa senão o convívio assíduo e intimo com Cristo, para nos identificarmos com Ele. E José saberá dizer-nos muitas coisas sobre Jesus. Por isso, não deixeis nunca de conviver com ele; ite ad Joseph, como diz a tradição cristã com uma frase tomada do Antigo Testamento.

Mestre da vida interior, trabalhador empenhado no seu trabalho, servidor fiel de Deus em relação contínua com Jesus: este é José. Ite ad Joseph. Com S. José o cristão aprende o que é ser Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o mundo. Ide a José e encontrareis Jesus. Ide a José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré. (Cristo que passa, nn. 56)

A Igreja inteira reconhece S. José como seu protector e padroeiro. Ao longo dos séculos tem-se falado dele, sublinhando diversos aspectos da sua vida, sempre fiel à missão que Deus lhe confiara. Por isso, desde há muitos anos, me agrada invocá-lo com um título carinhoso: Nosso Pai e Senhor.

S. José é realmente Pai e Senhor, protegendo e acompanhando no seu caminho terreno aqueles que o veneram, como protegeu e acompanhou Jesus enquanto crescia e se fazia homem. (Cristo que passa, nn. 39)

Leitura espiritual


O RELATIVISMO

A.  O QUÉ É O RELATIVISMO? TIPOS.

1. Há verdades objectivas e tudo depende de o que cada um pense?

As coisas são como são, e cada um interpreta-as à sua maneira aproximando-se mais ou menos da realidade. Ainda que Dumbo seja una boa película, na realidade os elefantes não voam.

2. Tudo é opinável?

Pode opinar-se sobre qualquer coisa, mas nem todos os pareceres são certos. Pode opinar-se que os homens não morrem ou que não existe Pekín, mas são ideias erradas.

3. É o mesmo uma opinião que outra?

Quanto ao seu conteúdo, serão melhores as opiniões mais próximas da realidade.
Quanto a quem opina, serão mais valiosos os comentários de pessoas sinceras e entendidas na matéria.

4. O que é O relativismo?

O relativismo é a postura ou teoria de rejeitar a existência de verdades e defender que tudo é opinável, que tudo depende do ponto de vista. (Mas se não há verdades tampouco o relativismo é verdadeiro).

5. Não depende todo do ponto de vista?

O ponto de vista pode fixar-se mais num aspecto que outro, e acertar mais ou menos com a realidade. Mas a realidade é como é, independentemente de quem veja.

6. Não depende tudo da cultura? (relativismo cultural).

Cada cultura pode acertar mais o menos com a realidade. Mas a realidade não depende de las culturas. Por exemplo, o teorema de Pitágoras é uma verdade universal e não só para os triângulos do seu povo.

7. Que problemas provoca o relativismo?

O relativismo origina sérias dificuldades:
Trava a procura da verdade: Sendo igual uma teoria ou outra, deixa-se de investigar.
Com o relativismo surgem as mais fortes ditaduras: se tudo é opinável, nada é mais conveniente, e se executará o que decida o mais forte.
Se tudo é o mesmo, despreza-se a experiencia e o conselho de outros, e o homem fica só.
Levado ao máximo, o relativismo conduz a uma forma de loucura ou desvario mental onde nada é real, o imaginário mistura-se e confunde-se com o real.

8. Relativismo religioso: é a mesma coisa uma religião que outra?

Não, não. Todas as religiões têm aspectos bons e correctos, mas só uma é completamente verdadeira, pois só há um único Deus.

9. Relativismo moral: Tanto faz obrar de uma forma ou outra?

Obviamente não é igual assassinar e roubar que consolar e servir. Tira a carteira a um relativista e comprovarás que neste ponto não é o mesmo qualquer opinião.

10. Como encontrar a verdade?

Este é o problema. A verdade encontra-se mediante a inteligência. Mas o nosso entendimento julga por vezes erroneamente - por exemplo, deixando-se influenciar pelas paixões (sentimentos) -. Então a melhor maneira de buscar a verdade segue três passos:
O estudo sério das coisas, empregando bem a própria inteligência.
Pedir conselho a pessoas de vida exemplar, aproveitando s sua sabedoria.
Rogar humildemente a Deus a sua ajuda. Ele é a Verdade.

11. Algum remédio face ao relativismo?

- A formação e o interesse pela verdade. Uma pessoa pode ser relativista para com o que desconhece ou não estima, mas não é fácil sê-lo se se sabe o valor de algo e aprecia. Por exemplo, ninguém costuma ser relativista com respeito ao dinheiro da sua carteira, e prefere que ali continue. Não lhe é indiferente que as suas notas passem para o bolso de um ladrão. Conhece e aprecia o dinheiro e não lhe é indiferente que lho tirem. De qualquer forma, quem sabe somar assegura que 2+2=4, e afirma-o com segurança, mas quem desconhece os números e a operação de somar não se importa que sejam 4, 5 ou 7; qualquer opinião lhe parece válida.
Por isto, o remédio face ao relativismo é a formação nesse terreno. Quem é relativista em matemáticas basta que as estude e deixará de lhe ser indiferente um resultado ou outro. Quem é relativista em assuntos religiosos basta que aprenda mais sobre religião... O remédio é buscar a verdade. Ao ir encontrando-a desaparecem as trevas da in diferença.

B. RELATIVISMO e DEMOCRACIA. RELATIVISMO e DIÁLOGO

1. É melhor aceitar firmemente ou duvidar?

- O correcto é aceitar com segurança as verdades que são razoavelmente certas, e duvidar em algum grau das opiniões menos claras. A dificuldade aparece ao distinguir umas das outras.

2. Aceitar verdades com firmeza é pouco democrático?

- A democracia é um bom sistema político, mas mau método científico, desaconselhável para a investigação. Na procura da verdade escutam-se opiniões, mas aceita-se o mais razoável, independentemente de se muitas vozes o apoiam.

3. O relativismo evita posturas fanáticas?

- Quem aceita verdades apoia-se no razoável, e mudará a sua postura se encontra algo mais razoável. Em troca se tudo é relativo, não se decide nada ou tomam-se decisões sem pensar, e isto é menos humano. Em ambos os casos evita-se o fanatismo se há humildade para reconhecer os erros.

4. O relativismo melhora a compreensão e tolerância entre as pessoas?

- São coisas independentes: a compreensão e tolerância são facetas ligadas à caridade, e esta virtude pode praticar-se sendo-se relativista ou não, pois dependerá de se a caridade se inclui entre os valores apreciados. Um relativista pode dizer: cada qual deve viver segundo a sua moral e a minha reclama ser violento e intolerante.

5. A firmeza na verdade é pouco dialogante?

- Ambos aspectos actuam em campos diferentes. a segurança nas afirmações é consequência da certeza de um facto. Enquanto a atitude dialogante opera no trato pessoal e vai unida à caridade. Portanto, é possível manter a verdade com caridade. É igualmente possível duvidar de tudo tiranicamente, pretendendo obrigar todos a duvidar.

6. O relativismo favorece o diálogo?

- Depende de o que se pretenda alcanzar con O diálogo:

Se se busca encontrar una verdade, então o relativismo é um grande obstáculo pois assegura que não há verdades.
Se se deseja aprender o partilhar conhecimentos, também o relativismo é uma dificuldade, já que os conhecimentos são verdades adquiridas.
Se com o diálogo se tenta só um pacto, ainda que se oponha ao verdadeiro e correcto, então é melhor o relativismo, pois como nada interessa, pode ceder-se em tudo.