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Temas para reflectir e meditar


Sobre a oração - 1

Ainda bem se sentimos desejo, vontade de rezar e, portanto, não o fazemos por hábito ou rotina

Rezar deve ser algo tão simples e natural que nos leve a considerar permanentemente a presença de Deus e, assim, toda a nossa vida, como agimos, pensamos ou desejamos está orientada para Deus no desejo de cumprir sempre e em tudo a Sua Vontade, até porque sabemos que é condição de salvação e, portanto, o melhor para nós.

AMA, reflexões, 07.12.2018

Formação humana e cristã – 132


2.1.4 - Comunicar com os outros

É importante?

Claro que sim sobretudo quando as circunstâncias da vida ou o "peso" das emoções tendem a levar-nos ao isolamento.

Não nos apetece falar nem ver ninguém, aborrece-nos atender uma chamada telefónica...

Além do esforço sempre meritório que representa lutar por vencer este estado de espírito devemos lembrar que outros - família, amigos - se interessam por nós e de preocupam connosco e, além disso, merecem que correspondamos ao que de nós podem legitimamente esperar.

Vivemos em sociedade o que significa que temos de ser solidários inte­ressando-nos saber como se encontram de saúde, espírito, etc.

A solidariedade não se manifesta apenas quando nos deparamos com uma situação que alguma forma nos "toca".

Tem de ser uma atitude de espírito constante. Pensar nos outros, todos os outros que conhecemos ou não, é o caminho para a solidariedade.
Impressionam notícias dos “mcs”,[i] e não poucas vezes nos atingem como autênticas agressões ao nosso espírito. A reacção lógica será uma revolta íntima sobretudo quando pensamos que existe como que um sentido generalizado de impunidade.
Talvez se fosse no nosso caso?

Mas é sempre "o nosso caso", diz-nos respeito, não podemos alhear-nos, ignorar, pensar que não podemos fazer nada.
Provavelmente será verdade não temos possibilidade concreta de intervir, mas há algo que podemos e devemos fazer: rezar!

Sim... rezar por essa situação, por essas pessoas.
Rezar é um excelente exercício de solidariedade.

(cont)     
AMA, reflexões


[i] Meios de Comunicação Social

Evangelho e comentário para ver




TEMPO DA QUARESMA



Evangelho: Mt 5, 43-48

43 «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. 45 Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. 46 Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? 4 7E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? 48 Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.»


Comentário:

Um filho não deve retribuir o amor que seu Pai lhe tem?
Não é natural que assim seja?

Então Jesus Cristo não nos pede nada contra a lógica do amor, porque, como já temos dito, o amor só se completa com reciprocidade plena.

Ficaremos aquém? Já o sabemos mas isso em lugar de levar-nos a desistir deve “acicatar-nos” para que nos esforcemos cada vez mais.

(AMA, comentário sobre Mt 5, 43-48, 19.06.2018)



Cuidar das pequenas coisas


Cuidar das pequenas coisas constitui uma mortificação constante, caminho para tornar a vida mais agradável aos outros. (Sulco, 991)

Pensando naqueles que, à medida que o tempo passa, ainda se dedicam a sonhar em sonhos vãos e pueris, como Tartarin de Tarascon com caçar leões nos corredores de casa, onde se calhar só há ratos e pouco mais, pensando neles, insisto, lembro a grandeza de actuar com espírito divino no cumprimento fiel das obrigações habituais de cada dia, com essas lutas que enchem Nosso Senhor de alegria e que só Ele e cada um de nós conhece.
Convençam-se de que normalmente não vão encontrar ocasiões para grandes façanhas, entre outros motivos porque não é habitual que surjam essas oportunidades. Pelo contrário, não faltam ocasiões de demonstrar o amor a Jesus Cristo, através do que é pequeno, do normal. (...)

Portanto, tu e eu vamos aproveitar até as oportunidades mais banais que se apresentarem à nossa volta, para santificá-las, para nos santificarmos e para santificar os que compartilham connosco os mesmos afãs quotidianos, sentindo nas nossas vidas o peso doce e sugestivo da co-redenção. (Amigos de Deus, nn. 8-9)

Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Leitura espiritual



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

AMORIS LÆTITIA

DO SANTO PADRE FRANCISCO

AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS

ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA  

CAPÍTULO IV


O AMOR NO MATRIMÓNIO

Perdão.

Se permitirmos a entrada dum mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se aninha no coração.
A frase logí- zetai to kakón significa que se «tem em conta o mal», «trá-lo gravado», ou seja, está ressentido.
O contrário disto é o perdão; perdão fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar des­culpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem».[i]
Entretanto a tendência costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades, supor todo o tipo de más intenções, e assim o ressentimento vai crescendo e cria raízes. Deste modo, qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e a estabilidade familiar. O problema é que, às vezes, atribui-se a tudo a mesma gravidade, com o risco de tornar-se cruel perante qualquer erro do outro.[ii]
A justa reivindicação dos próprios direitos torna-se mais uma persistente e constante sede de vingança do que uma sã defesa da própria dignidade.
Quando estivermos ofendidos ou desiludidos, é possível e desejável o perdão; mas ninguém diz que seja fácil. A verdade é que «a comunhão familiar só pode ser conservada e aperfeiçoada com grande espírito de sacrifício. Exige, de facto, de todos e de cada um, pronta e generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, ao perdão, à reconciliação. Nenhuma família ignora como o egoísmo, o desacordo, as tensões, os conflitos agridem, de forma violenta e às vezes mortal, a comunhão: daqui as múltiplas e variadas formas de divisão da vida familiar».
Hoje sabemos que, para se poder perdoar, precisamos de passar pela experiência libertadora de nos compreendermos e perdoarmos a nós mesmos. Quantas vezes os nossos erros ou o olhar crítico das pessoas que amamos nos fizeram perder o amor a nós próprios; isto acaba por nos levar a acautelar-nos dos outros, esquivando-nos do seu afecto, enchendo-nos de suspeitas nas relações interpessoais. Então, poder culpar os outros torna-se um falso alívio. Faz falta rezar com a própria história, aceitar-se a si mesmo, saber conviver com as próprias limitações e inclusive perdoar-se, para poder ter esta mesma atitude com os outros.[iii]
Mas isto pressupõe a experiência de ser perdoados por Deus, justificados gratuitamente e não pelos nossos méritos. Fomos envolvidos por um amor prévio a qualquer obra nossa, que sempre dá uma nova oportunidade, promove e incentiva. Se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos para connosco. Caso contrário, a nossa vida em família deixará de ser um lugar de compreensão, companhia e incentivo, e tornar-se-á um espaço de permanente tensão ou de castigo mútuo.

Alegrar-se com os outros.

A expressão jairei epi te adikía indica algo de negativo arraigado no segredo do coração da pessoa. É a atitude venenosa de quem, ao ver feita a alguém uma injustiça, se alegra. A frase é completada pela seguinte, que o diz de forma positiva: sygjairei te alétheia – rejubila com a verdade. Por outras palavras, alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras. Isto é impossível para quem sente a necessidade de estar sempre a comparar-se ou a competir, inclusive com o próprio cônjuge, até ao ponto de se alegrar secretamente com os seus fracassos.
Quando uma pessoa que ama pode fazer algo de bom pelo outro, ou quando vê que a vida está a correr bem ao outro, vive isso com alegria e, assim, dá glória a Deus, porque «Deus ama quem dá com alegria»,[iv] nosso Senhor aprecia de modo especial quem se alegra com a felicidade do outro. Se não ali­mentamos a nossa capacidade de rejubilar com o bem do outro, concentrando-nos sobretudo nas nossas próprias necessidades, condenamo-nos a viver com pouca alegria, porque – como disse Jesus – «a felicidade está mais em dar do que em receber».[v]
A família deve ser sempre o lugar onde uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular com ela. Tudo desculpa. O elenco é completado com quatro expressões que falam duma totalidade: «tudo». Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Assim se destaca vigorosamente o dinamismo contracorrente do amor, capaz de enfrentar qualquer coisa que o possa ameaçar. Em primeiro lugar, diz-se que «tudo desculpa – panta stégei».
É diferente de «não ter em conta o mal», porque este termo tem a ver com o uso da língua; pode significar «guardar silêncio» a propósito do mal que possa haver noutra pessoa. Implica limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável: «Não condeneis e não sereis condenados».[vi]
Embora isto vá contra o uso que habitualmente fazemos da língua, a Palavra de Deus pede-nos: «Não faleis mal uns dos outros, irmãos».[vii] Deter-se a danificar a imagem do outro é uma maneira de reforçar a própria, de descarregar ressentimentos e invejas, sem se importar com o dano causado. Muitas vezes esquece-se que a difamação pode ser um grande pecado, uma grave ofensa a Deus, quando afecta seriamente a boa fama dos outros, causando-lhes danos muito difíceis de reparar.
Por isso a Palavra de Deus se mostra tão dura com a língua, dizendo que «é um mundo de iniquidade [que] contamina todo o corpo»,[viii] «um mal incontrolável, carregado de veneno mortal».[ix] Se «com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus»,[x] o amor faz o contrário, defendendo a imagem dos outros e com uma delicadeza tal que leva mesmo a preservar a boa fama dos inimigos. Ao defender a lei divina, é preciso nunca esquecer esta exi­gência do amor.
Os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo o caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior. Também não é a ingenuidade de quem pretende não ver as dificuldades e os pontos fracos do outro, mas a perspectiva ampla de quem coloca estas fraquezas e erros no seu contexto; lembra-se de que estes defeitos constituem apenas uma parte, não são a totalidade do ser do outro: um facto desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento. Assim é possível aceitar, com simplicidade, que todos somos uma complexa combinação de luzes e sombras. O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que isso. E, pela mesma razão, não lhe exijo que seja perfeito o seu amor para o apreciar: ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o facto de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. É real, mas limitado e terreno. Por isso, se eu lhe exigir demais, de alguma maneira mo fará saber, pois não poderá nem aceitará desempenhar o papel dum ser divino nem estar ao serviço de todas as minhas necessidades. O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado. Confia. «Panta pisteuei – tudo crê». Pelo contexto, não se deve entender esta «fé» em sentido teológico, mas no sentido comum de «confiança». Não se trata apenas de não suspeitar que o outro esteja mentindo ou enganando; esta confiança básica reconhece a luz acesa por Deus que se esconde por detrás da escuridão, ou a brasa ainda acesa sob as cinzas.
É precisamente esta confiança que torna possível uma relação em liberdade. Não é necessário controlar o outro, seguir minuciosamente os seus passos, para evitar que fuja dos meus braços. O amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar. Esta liberdade, que possibilita espaços de autonomia, abertura ao mundo e novas experiências, consente que a relação se enriqueça e não se transforme numa endogamia sem horizontes. Assim, ao reencontrar-se, os cônjuges podem viver a alegria de partilhar o que receberam e aprenderam fora do circuito familiar. Ao mesmo tempo torna possível a sinceridade e a transparência, porque uma pessoa, quando sabe que os outros confiam nela e apreciam a bondade basilar do seu ser, mostra-se como é, sem dissimulações. Pelo contrário, quando alguém sabe que sempre suspeitam dele, julgam-no sem com­paixão e não o amam incondicionalmente, preferirá guardar os seus segredos, esconder as suas quedas e fraquezas, fingir o que não é.
Concluindo, uma família, onde reina uma confiança sólida, carinhosa e, suceda o que suceder, sempre se volta a confiar, permite o florescimento da verdadeira identidade dos seus membros, fazendo com que se rejeite espontaneamente o engano, a falsidade e a mentira.

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)



[i] (Lc 23, 34)
[ii] Francisco, Catequese (13 de Maio de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 14/V/2015), 16.
[iii] João Paulo II, Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 21: AAS 74 (1982), 106.
[iv] (2 Cor 9, 7)
[v] (At 20, 35)
[vi] (Lc 6, 37)
[vii] (Tg 4, 11)
[viii] (Tg 3, 6)
[ix] (Tg 3, 8)
[x] (Tg 3, 9)