Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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12/01/2019
Temas para reflectir e meditar
Misericórdia de Deus.
Impassibilis est Deus, sed non incompassibilis.
Impassibilis est Deus, sed non incompassibilis.
(São bernardo, Sobre o Cântico dos Cânticos, Sermão 26, n. 3)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.
Lembrar-me:
Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
A tarefa dos pais de família é importantíssima
Admira a bondade do nosso Pai Deus:
não te enche de alegria a certeza de que o teu lar, a tua família, o teu país,
que amas com loucura, são matéria de santidade? (Forja, 689)
Comove-me que o Apóstolo qualifique o
matrimónio cristão como "sacramentum
magnum", sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos
pais de família é importantíssimo.
– Participais do poder criador de Deus
e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração, à qual
Nosso Senhor, na sua providência amorosa, quer que outros livremente
renunciemos.
Cada filho que Deus vos concede é uma
grande bênção divina: não tenhais medo aos filhos! (Forja,
691)
Nas minhas conversas com tantos
casais, insisto em que, enquanto eles viverem e os filhos também viverem, devem
ajudá-los a ser santos, sabendo que na terra ninguém será santo. Não faremos
mais que lutar, lutar e lutar.
E acrescento: – Vós, mães e pais
cristãos, sois um grande motor espiritual, que manda aos vossos filhos
fortaleza de Deus para essa luta, para vencer, para que sejam santos. Não os
defraudeis! (Forja, 692)
Não tenhas medo de querer bem às
almas, por Ele; e não te importes de amar ainda mais aos teus, sempre que,
querendo-lhes muito, o ames a Ele milhões de vezes mais. (Sulco,
693)
Pela
tua intimidade com Cristo, estás obrigado a dar fruto: Fruto que sacie a fome
das almas, quando se aproximarem de ti, no trabalho, no convívio, no ambiente
familiar... (Forja, 981)
Evangelho e comentário
TEMPO DE EPIFANIA
Evangelho: Jo 3, 22-30
22
Depois disto, Jesus foi com os seus discípulos para a região da Judeia e ali
convivia com eles e baptizava. 23 Também João estava a baptizar em Enon, perto
de Salim, porque havia ali águas abundantes e vinha gente para ser baptizada.
24 João, de facto, ainda não tinha sido lançado na prisão. 25 Então levantou-se
uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, acerca dos ritos de
purificação. 26 Foram ter com João e disseram-lhe: «Rabi, aquele que estava contigo
na margem de além-Jordão, aquele de quem deste testemunho, está a baptizar, e
toda a gente vai ter com Ele.» 27 João declarou: «Um homem não pode tomar nada
como próprio, se isso não lhe for dado do Céu. 28 Vós mesmos sois testemunhas
de que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente.’ 29 O
esposo é aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do esposo, que está ao
seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo. Pois esta é a
minha alegria! E tornou-se completa! 30 Ele é que deve crescer, e eu diminuir.»
Comentário:
Ao
baptizar as gentes tal qual João fazia, Jesus Cristo valida e institui o
Baptismo.
O
Sacramento por excelência – poderíamos dizer – porque é aquele que nos converte
de simples criaturas em autênticos Filhos de Deus.
Quantas
crianças por baptizar, meu Deus?
Como
é possível negar a um inocente essa grandeza, esse extraordinário dom que Deus põe
à sua disposição?
E
se, por falta de fé ou outro motivo qualquer não baptizam o filho ou filha ainda
crianças, porque não lhes dão – ao longo da juventude -uma oportunidade de saber
o que é o Baptismo e poder decidir por si se o quer receber?
Então
um pai ou uma mãe não há-de querer o melhor para os seus filhos e, se acaso não
sabe, não tem o estrito dever de se informar?
(AMA
comentário sobre Jo 3, 22-30, 112.11.2018)
Leitura espiritual
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
GAUDETE ET EXSULTATE
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
GAUDETE ET EXSULTATE
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE A CHAMADA À
SANTIDADE
NO MUNDO ACTUAL
NO MUNDO ACTUAL
Capítulo IV
ALGUMAS CARATERÍSTICAS
DA SANTIDADE
NO MUNDO ATUAL
NO MUNDO ATUAL
122. O que ficou dito até agora não implica um espírito retraído,
tristonho, amargo, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O santo é
capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina
os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é «alegria
no Espírito Santo» (Rm 14, 17), porque, «do amor de caridade,
segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com
o amado. (...) Daí que a consequência da caridade seja a alegria». [i] Recebemos a beleza da
sua Palavra e abraçamo-la «em plena tribulação, com a alegria do Espírito
Santo» (1 Ts 1, 6). Se deixarmos que o Senhor nos arranque da nossa
concha e mude a nossa vida, então poderemos realizar o que pedia São Paulo:
«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Flp 4,
4).
123. Os profetas anunciavam o tempo de Jesus, que estamos a viver,
como uma revelação da alegria: «exultai de alegria» (Is 12, 6).
«Sobe a um alto monte, arauto de Sião. Grita com voz forte, arauto de
Jerusalém» (Is 40, 9). «Exulta de alegria, ó terra! Rompei em
exclamações, ó montes! Na verdade, o Senhor consola o seu povo e Se compadece
dos desamparados» (Is 49, 13). «Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu Rei vem a ti; Ele é
justo e vitorioso» (Zac 9, 9). E não esqueçamos a exortação de
Neemias: «não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa
força» (8, 10).
124. Maria, que soube descobrir a novidade trazida por Jesus,
cantava: «o meu espírito se alegra» (Lc 1, 47) e o próprio Jesus
«estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo» (Lc 10, 21).
Quando Ele passava, «a multidão alegrava-se» (Lc 13, 17). Depois da
sua ressurreição, onde chegavam os discípulos, havia grande alegria (cf. At 8,
8). Jesus assegurou-nos: «vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de
converter-se em alegria! (...) Eu hei-de ver-vos de novo! Então o vosso coração
há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16,
20.22). «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e
a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11).
125. Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode
destruir a alegria sobrenatural, que «se adapta e transforma, mas sempre
permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não
obstante o contrário, sermos infinitamente amados». [ii] É uma segurança
interior, uma serenidade cheia de esperança que proporciona uma satisfação
espiritual incompreensível à luz dos critérios mundanos.
126. Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelo sentido do
humor, tão saliente, por exemplo, em São Tomás Moro, São Vicente de Paulo, ou
São Filipe Néri. O mau humor não é um sinal de santidade: «lança fora do teu
coração a tristeza» (Qo 11, 10). É tanto o que recebemos do Senhor
«para nosso usufruto» (1 Tm 6, 17), que às vezes a tristeza tem a
ver com a ingratidão, com estar tão fechados em nós mesmos que nos tornamos
incapazes de reconhecer os dons de Deus. [iii]
127. Assim nos convida o seu amor paterno: «meu filho, se tens com
quê, trata-te bem (...). Não te prives da felicidade presente» (Sir 14,
11.14). Quer-nos positivos, agradecidos e não demasiado complicados: «no dia da
felicidade, sê alegre. (…) Deus criou os homens retos, eles, porém, procuraram
maquinações sem fim» (Qo 7, 14.29). Em cada situação, devemos
manter um espírito flexível, fazendo como São Paulo: aprendi a adaptar-me «às
situações em que me encontre» (Flp 4, 11). Isto mesmo vivia São
Francisco de Assis, capaz de se comover de gratidão perante um pedaço de pão
duro, ou de louvar, feliz, a Deus só pela brisa que acariciava o seu rosto.
128. Não estou a falar da alegria consumista e individualista
muito presente nalgumas experiências culturais de hoje. Com efeito, o
consumismo só atravanca o coração; pode proporcionar prazeres ocasionais e
passageiros, mas não alegria. Refiro-me, antes, àquela alegria que se vive em
comunhão, que se partilha e comunica, porque «a felicidade está mais em dar do
que em receber» (At 20, 35) e «Deus ama quem dá com alegria» (2
Cor 9, 7). O amor fraterno multiplica a nossa capacidade de alegria,
porque nos torna capazes de rejubilar com o bem dos outros: «alegrai-vos com os
que se alegram» (Rm 12, 15). «Alegramo-nos quando somos fracos e
vós sois fortes» (2 Cor 13, 9). Ao contrário, «concentrando-nos
sobretudo nas nossas próprias necessidades, condenamo-nos a viver com pouca
alegria». [iv]
129. Ao mesmo tempo, a santidade é parresia: é
ousadia, é impulso evangelizador que deixa uma marca neste mundo. Para isso ser
possível, o próprio Jesus vem ao nosso encontro, repetindo-nos com serenidade e
firmeza: «não temais!» (Mc 6, 50). «Eu estarei sempre convosco até
ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Estas palavras permitem-nos partir
e servir com aquela atitude cheia de coragem que o Espírito Santo suscitava nos
Apóstolos, impelindo-os a anunciar Jesus Cristo. Ousadia, entusiasmo, falar com
liberdade, ardor apostólico: tudo isto está contido no termo parresia,
uma palavra com que a Bíblia expressa também a liberdade duma existência aberta,
porque está disponível para Deus e para os irmãos (cf. At 4,
29; 9, 28; 28, 31; 2 Cor 3, 12; Ef 3,
12; Heb 3, 6; 10, 19).
130. O Beato Paulo VI mencionava, entre os obstáculos da
evangelização, precisamente a carência de parresia, «a falta de
ardor, tanto mais grave [porque] provém de dentro». [v] Quantas vezes nos
sentimos instigados a deter-nos na comodidade da margem! Mas o Senhor chama-nos
a navegar pelo mar dentro e lançar as redes em águas mais profundas (cf. Lc 5,
4). Convida-nos a gastar a nossa vida ao seu serviço. Agarrados a Ele, temos a
coragem de colocar todos os nossos carismas ao serviço dos outros. Oxalá
pudéssemos sentir-nos impelidos pelo seu amor (cf. 2 Cor 5,
14) e dizer com São Paulo: «ai de mim se eu não evangelizar!» (1 Cor 9,
16).
131. Olhemos para Jesus! A sua entranhada compaixão não era algo
que O ensimesmava, não era uma compaixão paralisadora, tímida ou envergonhada,
como sucede muitas vezes connosco. Era exactamente o contrário: era uma
compaixão que O impelia fortemente a sair de Si mesmo a fim de anunciar, mandar
em missão, enviar a curar e libertar. Reconheçamos a nossa fragilidade, mas
deixemos que Jesus a tome nas suas mãos e nos lance para a missão. Somos
frágeis, mas portadores dum tesouro que nos faz grandes e pode tornar melhores
e mais felizes aqueles que o recebem. A ousadia e a coragem apostólica são
constitutivas da missão.
132. A parresia é selo do Espírito, testemunho da
autenticidade do anúncio. É uma certeza feliz que nos leva a gloriar-nos do
Evangelho que anunciamos, é confiança inquebrantável na fidelidade da
Testemunha fiel, que nos dá a certeza de que nada «poderá separar-nos do amor
de Deus» (Rm 8, 39).
133. Precisamos do impulso do Espírito para não ser paralisados
pelo medo e o calculismo, para não nos habituarmos a caminhar só dentro de
confins seguros. Lembremo-nos disto: o que fica fechado acaba cheirando a mofo
e criando um ambiente doentio. Quando os apóstolos sentiram a tentação de
deixar-se paralisar pelos medos e perigos, juntaram-se a rezar pedindo parresia:
«agora, Senhor, tem em conta as suas ameaças e concede aos teus servos poderem
anunciar a tua palavra com toda a ousadia» (At 4, 29). E a resposta
foi esta: «tinham acabado de orar, quando o lugar em que se encontravam
reunidos estremeceu, e todos foram cheios do Espírito Santo, começando a
anunciar a palavra de Deus com ousadia» (At 4, 31).
134. À semelhança do profeta Jonas, sempre permanece latente em
nós a tentação de fugir para um lugar seguro, que pode ter muitos nomes:
individualismo, espiritualismo, confinamento em mundos pequenos, dependência,
instalação, repetição de esquemas preestabelecidos, dogmatismo, nostalgia,
pessimismo, refúgio nas normas. Talvez nos sintamos relutantes em deixar um
território que nos era conhecido e controlável. Todavia as dificuldades podem
ser como a tempestade, a baleia, o verme que fez secar o rícino de Jonas, ou o
vento e o sol que lhe dardejaram a cabeça; e, tal como para ele, podem ter a
função de nos fazer voltar para este Deus que é ternura e nos quer levar a uma
itinerância constante e renovadora.
135. Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e
a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins.
Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos,
sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de
resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Não tem medo!
Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias. Ele
próprio Se fez periferia (cf. Flp 2, 6-8; Jo 1,
14). Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos: Ele já estará
lá. Jesus antecipa-Se-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua
vida oprimida, na sua alma sombria. Ele já está lá.
136. É verdade que precisamos de abrir a porta a Jesus Cristo,
porque Ele bate e chama (cf. Ap 3, 20). Mas, pensando no ar
irrespirável da nossa auto-referencialidade, pergunto-me se às vezes Jesus não
estará já dentro de nós, batendo para que O deixemos sair. No Evangelho, vemos
como Jesus «ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia proclamando e
anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus» (Lc 8, 1). Mesmo depois da
ressurreição, quando os discípulos partiram para toda a parte, «o Senhor
cooperava com eles» (Mc 16, 20). Esta é a dinâmica que brota do
verdadeiro encontro.
137. A habituação seduz-nos e diz-nos que não tem sentido procurar
mudar as coisas, que nada podemos fazer perante tal situação, que sempre foi
assim e todavia sobrevivemos. Pela habituação, já não enfrentamos o mal e
permitimos que as coisas «continuem como estão» ou como alguns decidiram que
estejam. Deixemos então que o Senhor venha despertar-nos, dar-nos um abanão na
nossa sonolência, libertar-nos da inércia. Desafiemos a habituação, abramos bem
os olhos, os ouvidos e sobretudo o coração, para nos deixarmos mover pelo que
acontece ao nosso redor e pelo clamor da Palavra viva e eficaz do Ressuscitado.
138. Move-nos o exemplo de tantos sacerdotes, religiosas,
religiosos e leigos que se dedicam a anunciar e servir com grande fidelidade,
muitas vezes arriscando a vida e, sem dúvida, à custa da sua comodidade. O seu
testemunho lembra-nos que a Igreja não precisa de muitos burocratas e
funcionários, mas de missionários apaixonados, devorados pelo entusiasmo de
comunicar a verdadeira vida. Os santos surpreendem, desinstalam, porque a sua
vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora.
139. Peçamos ao Senhor a graça de não hesitar quando o Espírito
nos exige que demos um passo em frente; peçamos a coragem apostólica de
comunicar o Evangelho aos outros e de renunciar a fazer da nossa vida um museu
de recordações. Em qualquer situação, deixemos que o Espírito Santo nos faça
contemplar a história na perspectiva de Jesus ressuscitado. Assim a Igreja, em
vez de cair cansada, poderá continuar em frente acolhendo as surpresas do
Senhor.
(cont)
(revisão
da versão portuguesa por AMA)
[i] São Tomás de
Aquino, Summa Theologiae, I-II, q. 70, a. 3.
[iii] Recomendo a reza
desta oração atribuída a São Tomás Moro: «Dai-me, Senhor, uma boa digestão e
também qualquer coisa para digerir. Dai-me a saúde do corpo, com o bom humor
necessário para a conservar. Dai-me, Senhor, uma alma santa que saiba aproveitar
o que é bom e puro, e não se assuste à vista do pecado, mas encontre a forma de
colocar as coisas de novo em ordem. Dai-me uma alma que não conheça o tédio, as
murmurações, os suspiros e os lamentos, e não permitais que sofra
excessivamente por essa realidade tão dominadora que se chama “eu”. Dai-me,
Senhor, o sentido do humor. Dai-me a graça de entender os gracejos, para que
conheça na vida um pouco de alegria e possa comunicá-la aos outros. Assim
seja».
[iv] Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Amoris laetitia (19 de março de
2016), 110: AAS108 (2016), 354.
[v] Exort. ap. Evangelii
nuntiandi (8
de dezembro de 1975), 80: AAS 68 (1976), 73. É interessante
notar que, neste texto, o Beato Paulo VI liga intimamente a alegria à parresia.
Assim como lamenta «a falta de alegria e de esperança», assim também exalta a
«suave e reconfortante alegria de evangelizar» que está unida a «um impulso
interior que nada e ninguém pode extinguir», para que o mundo não receba o
Evangelho «de evangelizadores tristes e descoroçoados». Durante o Ano Santo de
1975, o próprio Paulo VI dedicou à alegria a Exortação apostólica Gaudete in
Domino (9
de maio de 1975): AAS 67 (1975), 289-322.