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Temas para reflectir e meditar

Desprendimento


Pergunto-te a ti, alma cristã. 

Se te dissesse o que disse àquele rico: 

Vai, vende tu também todas as coisas e terás um tesouro no céu, e vem e segue Cristo, ir-te-ias triste como ele?


(Stº agostinhoSermão 301, A, 5)


Evangelho e comentário



TEMPO DE PÁSCOA




Evangelho: Jo 3, 7-15

7 Não te admires por Eu te ter dito: ‘Vós tendes de nascer do Alto.’ 8 O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.» 9 Nicodemos interveio e disse-lhe: «Como pode ser isso?» 10 Jesus respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas? 11 Em verdade, em verdade te digo: nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12 Se vos falei das coisas da terra e não credes, como é que haveis de crer quando vos falar das coisas do Céu? 13 Pois ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. 14 Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, 15 a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

Comentário:

A conversa de Jesus com Nicodemos não pode ser mais esclarecedora.
O fariseu é, sem dúvida, uma pessoa bem-intencionada e com evidente vontade de conhecer em profundidade a doutrina de Jesus e conhecer a Sua Pessoa.
Por isso mesmo o Senhor o esclarece num tom e com argumentos que deixam antever uma especial relação entre os dois.

Nicodemos é um homem sereno e justo e, para Jesus Cristo, estas são qualidades absolutamente necessárias a quem quer intimar com Ele.

Podemos legitimamente presumir que as conversas entre os dois foram inúmeras e que Jesus se comprazia em atender e acolher aquele homem bem-intencionado que O procurava com honestidade intelectual e sinceros desejos de compreender para poder acreditar.

(AMA, comentário sobre Jo 3, 7-15, 14.01.2019)

Amemos a direcção espiritual!


Abriste sinceramente o teu coração ao teu Director, falando na presença de Deus... E foi maravilhoso verificar como tu sozinho ias encontrando resposta adequada às tuas próprias tentativas de evasão. Amemos a direcção espiritual! (Sulco, 152)

Conhecem muito bem as obrigações do vosso caminho de cristãos, que os hão-de levar sem parar e com calma à santidade; também estão precavidos contra as dificuldades, praticamente contra todas, porque já se vislumbram desde o princípio do caminho. Agora insisto em que se deixem ajudar e guiar por um director de almas, a quem confiem todos os entusiasmos santos, os problemas diários que afectarem a vida interior, as derrotas que sofrerem e as vitórias.

Nessa direcção espiritual mostrem-se sempre muito sinceros: não deixem nada por dizer, abram completamente a alma, sem medo e sem vergonha. Olhem que, se não, esse caminho tão plano e tão fácil de andar complica-se e o que ao princípio não era nada acaba por se converter num nó que sufoca.

(...) Lembram-se da história do cigano que se foi confessar? Não passa de uma história, de uma historieta, porque da confissão nunca se fala e, além disso, estimo muito os ciganos. Coitadinho! Estava realmente arrependido: Senhor Padre, acuso-me de ter roubado uma arreata... – pouca coisa, não é? – e atrás vinha uma burra...; e depois outra arreata...; e outra burra... e assim até vinte. Meus filhos, o mesmo acontece no nosso comportamento: quando cedemos na arreata, depois vem o resto, a seguir vem uma série de más inclinações, de misérias que aviltam e envergonham; e acontece o mesmo na convivência: começa-se com uma pequena falta de delicadeza e acaba-se a viver de costas uns para os outros, no meio da indiferença mais gelada. (Amigos de Deus, 15)

Leitura espiritual


O DESTINO E O FUTURO


1. Podemos adivinhar o futuro?

- Baseados na experiência poderemos prever algo que acontecerá. A fidedignidade depende da maior ou menor ligação entre as causas presente e os efeitos futuros. Assim se fazem as previsões meteorológicas: estuda-se o presente tendo em conta o passado e tiram-se conclusões mais ou menos certeiras sobre o futuro.


2. Adivinha-se o futuro através das cartas/tarot, horóscopos/astrologia, quiromancia, etc.?

- Não, não. Simplesmente permitem que a imaginação humana se distraia inventando fábulas de acordo com palavras, os gestos ou desenhos inventados por outros homens quem também não conhecem o futuro. (E que ganham dinheiro com esta diversão que proporcionam).

O mesmo sucede no espiritismo, com um perigo adicional da possível intervenção de demónios.


3. Os anjos e os santos podem adivinhar o futuro?

- As sua previsões podem sem mais certeiras que as nossas devido à sua maior inteligência e melhores dados.

No entanto, o futuro só o conhece Deus nosso Senhor que é eterno.

4. Pode Deus comunicar-nos o futuro?

- A Bíblia mostra-nos abundantes profecias onde Deus anuncia algum futuro. Esses vaticinios costumam estar unidos a um convite ao esforço e à conversão.
O Senhor manifesta-nos o que necessitamos e quando nos convém.


5. Alguns exemplos de futuro que já conhecemos?

- Sabemos que vamos a morrer e que nos apresentaremos ante o juízo de Deus.
Sabemos que aqueles que praticam o mal serão castigados (inferno), enquanto que se praticarmos o bem seremos premiados com o céu futuro, além de sermos mais felizes na terra.


6. O que sucederia se conhecêssemos o futuro por completo?

- Além de tranquilizar a nossa curiosidade, a consequência principal seria a de deixar de esforçar-se. Para quê lutar se, faça o que fizer, sei o que me vai acontecer? Por isto, Deus nosso Senhor prefere não nos anunciar todo o futuro.


7. Se Deus sabe o que faremos, somos livres?

- Deus conhece o que livremente decidiremos realizar, mas esta visão não diminui a nossa liberdade. Por exemplo, quem vê um jogo diferido conhece o resultado e o que farão os jogadores, mas são eles quem joga.

(No caso de Deus, o jogo não se jogou, mas está a jogar-se).

Outro exemplo, o Senhor conhece os números da lotaria, no entanto, o sorteio é real e sem batota.
De qualquer modo, este tema é algo complicado e é melhor não andar com ele às voltas.
Basta que tomemos decisões agradáveis a Deus e assim dirigimos a nossa vida ao melhor destino possível: o céu.


8. Há algum modo humano de conhecer o futuro?

- Há um modo curioso de conhecer algo do futuro próprio.

Para tal é necessário ter e exercitar a virtude da lealdade.
Esta virtude é o hábito de cumprir a palavra dada, bem como os compromissos adquiridos.
Como consequência, se uma pessoa leal se compromete a algo, adivinha parte do seu futuro pois sabe que cumprirá a sua palavra.

Por exemplo, quem se compromete a cuidar de jardim de 5 a 7 de um mês, conhece bastante bem duas horas diárias do seu futuro.

Curioso.

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Temas para reflectir e meditar.


Segue-me

Estava ali, sentado naquela cadeira de café.
Não é meu hábito mas, naquela tarde, estava um pouco cansado de uma caminhada pelas ruas da cidade e apeteceu-me descansar um pouco.

Ouvi distintamente alguém que dizia:

- Tu segue-me!

Que estranho! Uma frase que eu conheço perfeitamente e sobre a qual medito bastante:
Refiro-me ao “chamamento típico” de Jesus Cristo que os Evangelistas referem por várias vezes.

Fez-me confusão, confesso. Estarei a ouvir “coisas”? Estou tontinho?

Olhei em volta e as sete ou oito pessoas que estavam por ali sentadas continuaram a conversar normalmente.
Enfim… gente comum, uns três ou quatro homens, duas senhoras e três jovens “agarrados” aos telemóveis.
Pois… não podia ser…

Mas, de facto, tornei a ouvir talvez com um acento de insistência:
- Tu segue-me!

Bom… desta vez a coisa pareceu-me séria e tive de fazer um esforço para não me levantar imediatamente persignando-me.
Mas, sou teimoso, muito teimoso, e nada dado nem a “visões” nem a “audições” estranhas como vindas “do Além”.
Por isso resolvi “entrar no jogo” e perguntei em silêncio:

- Senhor, estás a falar comigo?

E ouvi:
- Claro que estou a falar contigo. Vem e segue-me!

Fiquei estarrecido!
O Senhor estava a falar comigo, sentado a uma mesa de café, numa rua qualquer da cidade onde vivo.
O esforço agora, para me comportar sem dar nas vistas, era tentar reter a torrente lágrimas que sentia impetuosa a vir-me aos olhos.
Deixei de ouvir os ruídos das conversas à minha volta, os barulhos do bulício normal de uma rua de cidade, dos automóveis, nada. Como se uma espécie de “bolha” invisível me tivesse encerrado isolando-me do mundo exterior.

Pensei:
‘O que faço agora?’

Ali perto há uma Igreja aberta ao público. Quase como um zombie levantei-me e fui até lá.
O Templo estava deserto pelo que me senti muito à vontade e comecei num monólogo íntimo, mas aceso e confiante.

‘Pronto, Senhor, não sabia onde ir, ou antes, onde querias que fosse para seguir-Te por isso vim aqui. Desculpa a minha ousadia e a minha pouca fé mas, se há mais alguma coisa…

E não acabei porque Ele, - tive então a certeza absoluta que era Ele – disse-me:

- Fizeste exactamente o que Eu queria.
Sabes: estou aqui neste Sacrário há mais de quatro horas e não aparece ninguém para me fazer um pouco de companhia, ou, sequer, para Me cumprimentar!
Que bom! Agora estás aqui e podemos passar uns bons momentos juntos.

Para mim já não havia quaisquer “barreiras” ou impedimentos de falsa vergonha e por isso comecei a falar como se tivesse de repente aberto as portas do meu coração, da minha alma, e deixasse vir cá para fora quanto guardava cioso da minha Fé e do meu Amor.
Sentia-me tão contente e feliz por ter merecido – sem merecimento – o convite do Senhor que nem sei quanto tempo ali estive, nem o que Lhe disse ou contei.
Nunca me interrompeu e eu fui falando, falando ininterruptamente até que uma senhora com alguma idade entrou na Igreja.

Nessa altura disse-me:

- Pronto! Gostei do nosso convívio, podes ir-te embora.
- Ah! E obrigado por Me teres seguido!

AMA, reflexões, 13.03.19

Evangelho e comentário



TEMPO DE PÁSCOA




Evangelho: Mt 11, 25-30

25 Naquela ocasião, Jesus tomou a palavra e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.» 28 «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»

Comentário:

Nos dias de hoje a "pressão" sobre as pessoas é quase insuportável.

Os "media" encarregam-se de nos fazer chegar em profusão notícias preocupantes de toda a ordem e, muitos, não sabemos os que fazer e, até, o que pensar.

São as sociedades - os países - a desfazer-se nos princípios, nas raízes, nos costumes.


É a "sanha" legislativa que atenta contra os mais elementares direitos das pessoas, das famílias, de sociedades inteiras impondo - ou pelo menos tentado impor - leis atentatórias da moral mais básica e elementar, os direitos decorrentes da própria dignidade do ser humano.


De facto, nada disto é inteiramente novo, - basta-nos ler as Epístolas de São Paulo - mas a facilidade de comunicação e difusão actuais tornam-nos como que participantes involuntários e não podemos ignorar ou descartar o perigo - autêntico, real - para os mais novos, desprotegidos, ignorantes.


Os "pequeninos" de que Jesus fala!


Ponhamo-nos a Seu lado e confiemos na Sua protecção e Amor, rezemos sem descanso por todos esses "que não sabem o que fazem", mas que são nossos irmãos em Cristo.


(AMA, comentário sobre Mt 11, 25-30, 04.29.2017)

Ide a José e encontrareis Jesus


Ama muito S. José, quer-lhe com toda a tua alma, porque é a pessoa que, com Jesus, mais amou Santa Maria e quem mais conviveu com Deus: quem mais o amou, depois da Nossa Mãe. Merece o teu carinho e convém-te dar-te com ele, porque é Mestre de vida interior e pode muito ante Nosso Senhor e ante a Mãe de Deus. (Forja, 554)

José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior? A vida interior não é outra coisa senão o convívio assíduo e intimo com Cristo, para nos identificarmos com Ele. E José saberá dizer-nos muitas coisas sobre Jesus. Por isso, não deixeis nunca de conviver com ele; ite ad Joseph, como diz a tradição cristã com uma frase tomada do Antigo Testamento.

Mestre da vida interior, trabalhador empenhado no seu trabalho, servidor fiel de Deus em relação contínua com Jesus: este é José. Ite ad Joseph. Com S. José o cristão aprende o que é ser Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o mundo. Ide a José e encontrareis Jesus. Ide a José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré. (Cristo que passa, nn. 56)

A Igreja inteira reconhece S. José como seu protector e padroeiro. Ao longo dos séculos tem-se falado dele, sublinhando diversos aspectos da sua vida, sempre fiel à missão que Deus lhe confiara. Por isso, desde há muitos anos, me agrada invocá-lo com um título carinhoso: Nosso Pai e Senhor.

S. José é realmente Pai e Senhor, protegendo e acompanhando no seu caminho terreno aqueles que o veneram, como protegeu e acompanhou Jesus enquanto crescia e se fazia homem. (Cristo que passa, nn. 39)

Leitura espiritual


O RELATIVISMO

A.  O QUÉ É O RELATIVISMO? TIPOS.

1. Há verdades objectivas e tudo depende de o que cada um pense?

As coisas são como são, e cada um interpreta-as à sua maneira aproximando-se mais ou menos da realidade. Ainda que Dumbo seja una boa película, na realidade os elefantes não voam.

2. Tudo é opinável?

Pode opinar-se sobre qualquer coisa, mas nem todos os pareceres são certos. Pode opinar-se que os homens não morrem ou que não existe Pekín, mas são ideias erradas.

3. É o mesmo uma opinião que outra?

Quanto ao seu conteúdo, serão melhores as opiniões mais próximas da realidade.
Quanto a quem opina, serão mais valiosos os comentários de pessoas sinceras e entendidas na matéria.

4. O que é O relativismo?

O relativismo é a postura ou teoria de rejeitar a existência de verdades e defender que tudo é opinável, que tudo depende do ponto de vista. (Mas se não há verdades tampouco o relativismo é verdadeiro).

5. Não depende todo do ponto de vista?

O ponto de vista pode fixar-se mais num aspecto que outro, e acertar mais ou menos com a realidade. Mas a realidade é como é, independentemente de quem veja.

6. Não depende tudo da cultura? (relativismo cultural).

Cada cultura pode acertar mais o menos com a realidade. Mas a realidade não depende de las culturas. Por exemplo, o teorema de Pitágoras é uma verdade universal e não só para os triângulos do seu povo.

7. Que problemas provoca o relativismo?

O relativismo origina sérias dificuldades:
Trava a procura da verdade: Sendo igual uma teoria ou outra, deixa-se de investigar.
Com o relativismo surgem as mais fortes ditaduras: se tudo é opinável, nada é mais conveniente, e se executará o que decida o mais forte.
Se tudo é o mesmo, despreza-se a experiencia e o conselho de outros, e o homem fica só.
Levado ao máximo, o relativismo conduz a uma forma de loucura ou desvario mental onde nada é real, o imaginário mistura-se e confunde-se com o real.

8. Relativismo religioso: é a mesma coisa uma religião que outra?

Não, não. Todas as religiões têm aspectos bons e correctos, mas só uma é completamente verdadeira, pois só há um único Deus.

9. Relativismo moral: Tanto faz obrar de uma forma ou outra?

Obviamente não é igual assassinar e roubar que consolar e servir. Tira a carteira a um relativista e comprovarás que neste ponto não é o mesmo qualquer opinião.

10. Como encontrar a verdade?

Este é o problema. A verdade encontra-se mediante a inteligência. Mas o nosso entendimento julga por vezes erroneamente - por exemplo, deixando-se influenciar pelas paixões (sentimentos) -. Então a melhor maneira de buscar a verdade segue três passos:
O estudo sério das coisas, empregando bem a própria inteligência.
Pedir conselho a pessoas de vida exemplar, aproveitando s sua sabedoria.
Rogar humildemente a Deus a sua ajuda. Ele é a Verdade.

11. Algum remédio face ao relativismo?

- A formação e o interesse pela verdade. Uma pessoa pode ser relativista para com o que desconhece ou não estima, mas não é fácil sê-lo se se sabe o valor de algo e aprecia. Por exemplo, ninguém costuma ser relativista com respeito ao dinheiro da sua carteira, e prefere que ali continue. Não lhe é indiferente que as suas notas passem para o bolso de um ladrão. Conhece e aprecia o dinheiro e não lhe é indiferente que lho tirem. De qualquer forma, quem sabe somar assegura que 2+2=4, e afirma-o com segurança, mas quem desconhece os números e a operação de somar não se importa que sejam 4, 5 ou 7; qualquer opinião lhe parece válida.
Por isto, o remédio face ao relativismo é a formação nesse terreno. Quem é relativista em matemáticas basta que as estude e deixará de lhe ser indiferente um resultado ou outro. Quem é relativista em assuntos religiosos basta que aprenda mais sobre religião... O remédio é buscar a verdade. Ao ir encontrando-a desaparecem as trevas da in diferença.

B. RELATIVISMO e DEMOCRACIA. RELATIVISMO e DIÁLOGO

1. É melhor aceitar firmemente ou duvidar?

- O correcto é aceitar com segurança as verdades que são razoavelmente certas, e duvidar em algum grau das opiniões menos claras. A dificuldade aparece ao distinguir umas das outras.

2. Aceitar verdades com firmeza é pouco democrático?

- A democracia é um bom sistema político, mas mau método científico, desaconselhável para a investigação. Na procura da verdade escutam-se opiniões, mas aceita-se o mais razoável, independentemente de se muitas vozes o apoiam.

3. O relativismo evita posturas fanáticas?

- Quem aceita verdades apoia-se no razoável, e mudará a sua postura se encontra algo mais razoável. Em troca se tudo é relativo, não se decide nada ou tomam-se decisões sem pensar, e isto é menos humano. Em ambos os casos evita-se o fanatismo se há humildade para reconhecer os erros.

4. O relativismo melhora a compreensão e tolerância entre as pessoas?

- São coisas independentes: a compreensão e tolerância são facetas ligadas à caridade, e esta virtude pode praticar-se sendo-se relativista ou não, pois dependerá de se a caridade se inclui entre os valores apreciados. Um relativista pode dizer: cada qual deve viver segundo a sua moral e a minha reclama ser violento e intolerante.

5. A firmeza na verdade é pouco dialogante?

- Ambos aspectos actuam em campos diferentes. a segurança nas afirmações é consequência da certeza de um facto. Enquanto a atitude dialogante opera no trato pessoal e vai unida à caridade. Portanto, é possível manter a verdade com caridade. É igualmente possível duvidar de tudo tiranicamente, pretendendo obrigar todos a duvidar.

6. O relativismo favorece o diálogo?

- Depende de o que se pretenda alcanzar con O diálogo:

Se se busca encontrar una verdade, então o relativismo é um grande obstáculo pois assegura que não há verdades.
Se se deseja aprender o partilhar conhecimentos, também o relativismo é uma dificuldade, já que os conhecimentos são verdades adquiridas.
Se com o diálogo se tenta só um pacto, ainda que se oponha ao verdadeiro e correcto, então é melhor o relativismo, pois como nada interessa, pode ceder-se em tudo.

Temas para reflectir e meditar.


Para que sirvo eu, Senhor?

Tantas vezes Te faço esta pergunta que me aperta o coração!
Para que Te sirvo eu?
Que préstimo tenho?
O que esperas de mim?

E, Tu, num silêncio ensurdecedor vais-me dizendo: VIVE!

Como?, pergunto com a desfaçatez de quem não sabe  a resposta.

Como sabes e podes, vencendo-te cada segundo do teu dia-a-dia, entregando-te nas minhas mãos que te amparam e guiam:

´Vive!`

E, eu, pobre de mim, faço o possível por… viver como queres…

Mas… sem Ti… como poderei?

AMA, reflexão, 27.02.2019)

Evangelho e comentário



TEMPO DE PÁSCOA



Domingo da Divina Misericórdia

Evangelho: Jo 20, 19-31

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» 20 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. 21 E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» 22 Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.» 24 Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» 26 Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» 27 Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» 28 Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» 29 Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!» 30 Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.

Comentário:

O Evangelista São João termina o “seu” Evangelho com a descrição de uma cena entranhável: a confissão do Apóstolo Tomé:

«Meu Senhor e meu Deus!»

Não é uma confissão “qualquer” mas um “grito” que vem do fundo da alma do Apóstolo incrédulo.

Perante a evidência, o seu coração não pode mais que confessar a verdade que intimamente reconhece e podemos sem esforço adivinhar a reacção dos outros Apóstolos que estavam presentes: a necessidade concreta de repetirem cada um, a declaração de Tomé.

A partir deste momento, cessam todas as dúvidas, ficam liminarmente transparentes todas as questões.

Também nós, quando o Sacerdote eleva sobre o Altar a Hóstia Consagrada, repetimos com convicção e com toda a nossa alma:

«Meu Senhor e meu Deus!»

(AMA, comentário sobre Jo 20, 1-9, 14.01.2019)