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LEGENDA MAIOR 

Vida de São Francisco de Assis)

ALGUNS MILAGRES REALIZADOS APÔS A MORTE DE SÃO FRANCISCO



CAPÍTULO III

ALGUNS QUE SÃO FRANCISCO SALVOU DO PERIGO DA MORTE

9. Certo dia, um homem chamado Nicolau, de Ceprano, caiu nas mãos dos seus inimigos.
Estes crivaram-no de ferimentos de tal forma que lhes parecia bem morto.
Mas Nicolau, ao receber o primeiro golpe, exclamara em alta voz: “São Francisco, socorro! São Francisco, socorro!”
Ouviram estas palavras muitos que estavam à distancia, mas não puderam socorrê-lo.
Levado por fim à sua casa e todo ensanguentado, afirmava cheio de confiança que não morreria em consequência daquelas feridas e que no momento não sofria nada porque São Francisco lhe estava prestando socorro e havia conseguido de Deus a vida para fazer penitência.
Confirmou-se tudo isso em breve, pois uma vez que lhe lavaram aquele sangue, levantou-se ele completamente curado, contra toda expectativa dos presentes.



10. Em São Geminiano, havia um nobre que tinha um filho tão gravemente enfermo que, perdida toda a esperança, parecia nos últimos momentos de vida. Saía de seus olhos um fio de sangue, como acontece quando se abre uma veia no braço, e em todo o corpo apareceram os sinais que prenunciam a morte.
Ao vê-lo sem movimento, sem uso dos sentidos e mesmo da respiração, todos o consideravam morto. Os parentes e amigos Já se haviam reunido para prantear o morto e dar-lhe sepultura.
Mas o pai do jovem, cheio de confiança no Senhor, foi apressadamente à igreja de São Francisco, edificada no mesmo povoado, e com o cíngulo no pescoço, prostrou-se em terra com toda humildade.
E nessa atitude longamente orou, multiplicando as suas promessas e obtendo pelas suas lágrimas e suspiros ter São Francisco como seu advogado diante de Deus.
Voltou ao lugar onde se encontrava o filho e, encontrando inteiramente curado, trocou as lágrimas pela alegria.


11. Prodígio semelhante operou Deus pelos méritos de São Francisco numa menina natural de Tamarit, na Catalunha, e com outra dos arredores de Ancona, as quais encontravam-se tão gravemente enfermas, que quase já haviam entrado na fase da agonia.
Mas tendo os pais invocado a protecção do bem-aventurado Francisco, ficaram repentinamente curadas.

12. Em Alba, havia um clérigo, chamado Mateus, que tendo bebido um veneno mortífero, ficou tão doente, que, não podendo falar de modo algum, só lhe restava exalar o último suspiro.
Um sacerdote aconselhou-o que se confessasse.
Mas não conseguiu pronunciar uma só palavra. Contudo, orava o enfermo com todo fervor a Deus no íntimo de seu coração, pedindo-lhe se dignasse livrá-lo da morte por intermédio de seu servo Francisco.
No mesmo instante, confortado pelo Senhor, pronunciou com grande devoção diante de todos os presentes o nome de Francisco, expeliu o veneno e deu graças ao seu libertador.

CAPÍTULO IV


Náufragos socorridos

1. Certos marinheiros, surpreendidos por uma violenta tempestade a dez milhas do porto de Barletta, viram-se em grave perigo e, já sem esperança de sobreviver, lançaram âncoras.
Os ventos, porém, enfureceram-se ainda mais levantando ondas enormes, que acabaram rompendo as amarras deixando a embarcação sem âncora e ao léu das correntes do mar revolto.
Serenado enfim o mar por disposição divina, esforçaram-se os marinheiros por recuperar as âncoras, cujos cabos flutuavam sobre o mar. E como não podiam conseguir seu intento por próprias forças, invocaram a protecção de vários santos.
Apesar de tudo e dos esforços ingentes, não conseguiram em todo um dia recolher nenhuma das âncoras.
Entre os navegantes havia um chamado Perfeito, mas que estava muito distante ainda de o ser nas atitudes.
Este, em tom chistoso, disse aos companheiros: “Vede, camaradas! Invocastes o auxílio de todos os santos e, como percebeis, nenhum deles nos socorre.
Que tal invocarmos um certo Francisco, um santo bem novo. Quem sabe se ele não dá um mergulho nas águas e nos traz de volta as âncoras perdidas?”
Concordaram os companheiros, não jocosamente, mas aceitando de verdade a proposta de Perfeito, e repreendendo-o pelas suas palavras desrespeitosas, fizeram todos uma promessa ao santo.
No mesmo instante, sem que os marinheiros fizessem qualquer coisa, viram flutuar as âncoras, como se a natureza pesada do ferro se houvesse transformado na leveza da madeira.

2. Certo peregrino, extremamente debilitado por causa de uma febre muito forte, da qual apenas estava se recuperando, seguia viagem a bordo de um navio procedente de além-mar.
Era muito devoto de São Francisco e o havia escolhido como advogado ante o Rei celeste. E como ainda não se livrara da enfermidade, sentia-se abrasado de uma sede ardente, quando, faltando água para se refrigerar, começou a exclamar: “Ide, marinheiros, tende confiança; trazei-me água a beber, porque o bem-aventurado Francisco encheu de água meu vaso”.
Foram os marinheiros e efectivamente encontraram cheio de água até às bordas o vaso que pouco antes haviam deixado inteiramente vazio.
Outro dia, tendo-se levantado uma tempestade violenta, as ondas enfurecidas ameaçavam afundar o navio, e todos temiam o naufrágio. Mas aquele mesmo enfermo começou repentinamente a gritar: “Levantai-vos todos e ide ao encontro de Francisco. Eis que ele vem nos salvar!”
E assim falando, caiu em terra, com grandes clamores e lágrimas, para venerá-lo.
No mesmo instante, com a aparição do santo, o enfermo ficou São e o mar serenou.

3. Frei Tiago de Rieti, depois de atravessar um rio numa pequena barca, e deixando na margem os companheiros, dispunha se a desembarcar. A barca, porém, virou, salvando-se a nado o que a dirigia, enquanto. Frei Tiago ia ao fundo.
Entretanto, os Irmãos, postos de joelhos na margem, invocavam com grande fervor o seráfico Patriarca, pedindo-lhe entre lá grimas se dignasse socorrer aquele que era seu filho. Da mesma forma, Frei Tiago, submerso nas profundezas das água, implorava em seu coração, já que não podia com os lábios, o auxílio de seu piedosíssimo Pai.
Então, protegido pela presença de São Francisco, caminhava no fundo como se fora por um caminho real e, entrando na embarcação, chegou de novo à margem.
O seu hábito, por incrível que pareça, não estava molhado. Nem uma gota de água atingira a sua túnica.

4. Um Irmão chamado Boaventura estava atravessando com outros dois homens um lago, quando a pequena embarcação se partiu por causa da força da corrente, indo ao fundo a barca e seus tripulantes. Do fundo daquele lago de miséria, invocavam com grande confiança o misericordioso Pai São Francisco, e subitamente apareceu o santo conduzindo-a sobre a água, e felizmente chegou ao porto com seus tripulantes. Semelhantemente ficou livre por intercessão de São Francisco um Irmão de Ascoli que caíra no lugar mais fundo de um rio.
Aconteceu também no lago de Rieti que, encontrando-se vários homens e mulheres em semelhante perigo, invocaram o nome de Francisco e ficaram felizmente livres de um iminente naufrágio.

5. Alguns marinheiros de Ancona, surpreendidos por uma tremenda tempestade, encontravam-se em perigo de afundar-se.
Desesperados, suplicaram humildemente a São Francisco. Apareceu então sobre a nau uma grande luz e com ela a bonança, como a indicar que o homem de Deus possuí o estupendo poder de ordenar aos ventos e ao mar.
Parece-me impossível narrar um a um os grandes prodígios que operou e ainda opera no mar nosso bem-aventurado Pai, como também as muitíssimas vezes que salvou milagrosamente aos que estavam para naufragar. E não admira que se tenha concedido poder sobre as águas àquele que reina no céu, quando sabemos que a ele mesmo, enquanto vivia neste mundo, lhe serviam as criaturas como faziam com o primeiro homem nos felizes dias da inocência.

(cont

São Boaventura
Revisão da versão portuguesa por AMA

Deus conduz-nos sem pausas


Enquanto houver luta, luta ascética, há vida interior. Isso é o que o Senhor nos pede: a vontade de querer amá-Lo com obras, nas coisas pequenas de cada dia. Se venceste no pequeno, vencerás no grande. (Via Sacra, 3ª Estação, n. 2)

Devo prevenir-vos contra uma artimanha de que Satanás – ele nunca tira férias! – não desdenha servir-se para nos arrancar a paz. Talvez em algum instante se insinue a dúvida, a tentação de pensar que se retrocede lamentavelmente ou de que mal se avança; até ganha força a convicção de que, apesar do empenho por melhorar, se piora. Garanto-vos que, em regra, esse juízo pessimista só reflecte uma falsa ilusão, um engano que convém repelir. (…) Lembrai-vos de que a Providência de Deus nos conduz sem pausas e não regateia o seu auxílio – com milagres portentosos e com milagres pequenos – para fazer progredir os seus filhos.

Militia est vita hominis super terram, et sicut dies mercenarii, dies eius, a vida do homem sobre a terra é milícia e os seus dias decorrem com o peso do trabalho. Ninguém escapa a este imperativo; nem os comodistas que põem resistência em aceitá-lo: desertam das fileiras de Cristo e afadigam-se noutras contendas para satisfazerem a sua preguiça, a sua vaidade, as suas ambições mesquinhas; são escravos dos seus caprichos. (...)

Renovai todas as manhãs com um serviam decidido – servir-te-ei, Senhor! – o propósito de não ceder, de não cair na preguiça ou na apatia, de enfrentar as tarefas com mais esperança, com mais optimismo, persuadidos de que, se sairmos vencidos em alguma escaramuça, poderemos superar esse desaire com um acto de amor sincero. (Amigos de Deus, 217)

Evangelho e comentário


Tempo comum



Evangelho: Lc 17, 26-37

26 Como sucedeu nos dias de Noé, assim sucederá também nos dias do Filho do Homem: 27 comiam, bebiam, os homens casavam-se e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca e veio o dilúvio, que os fez perecer a todos. 28 O mesmo sucedeu nos dias de Lot: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam; 29 mas, no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus fez cair do céu uma chuva de fogo e enxofre, que os matou a todos. 30 Assim será no dia em que o Filho do Homem se revelar. 31 Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver as suas coisas em casa não desça para as tirar; e, do mesmo modo, quem estiver no campo não volte atrás. 32 Lembrai-vos da mulher de Lot. 33 Quem procurar salvar a vida, há-de perdê-la; e quem a perder, há-de conservá-la. 34 Digo-vos que, nessa noite, estarão dois numa cama: um será tomado e o outro será deixado. 35 Duas mulheres estarão juntas a moer: uma será tomada e a outra será deixada. 36 Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado.» 37 Tomando a palavra, os discípulos disseram-lhe: «Senhor, onde sucederá isso?» Respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo, lá se juntarão também os abutres.»

Comentário:

Muitos se interrogam como serão “os últimos dias”.
É natural e compreende-se.

Há, no entanto, algo a considerar: essa interrogação prende-se, normalmente, com o receio, o temor a inquietação.

E… porquê?

As pessoas devem preocupar-se com o momento presente, aquele em que vivem e, esta preocupação – ou melhor, cuidado – tem a ver com o desejo sincero de fazer, em tudo a vontade de Deus.
Com esta certeza não haverá lugar nem a temores ou mesmo expectativas, porque, em paz, a alma sente-se segura e pronta para o que vier.

O momento presente, insisto, não outro qualquer, breve ou longínquo – que não o sabemos – mas este mesmo que Deus nos concede viver e que devemos viver como se fosse o último.


(AMA, comentário sobre Lc 17, 26-37, 17.11.2017)




Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 108


Solidão - 4

Chegamos a um ponto inevitável:
Que solução?
Que fazer?

Parece-me que os cristãos têm um "trunfo" eficaz e sempre disponível.

Recorrer ao Anjo da sua Guarda!
Porquê e como?

Em primeiro lugar porque é um nosso amigo íntimo com poderes -  ou melhor - capacidades que em muito ultrapassam as nossas.
Foram colocados por Deus ao nosso lado com a eminente função de nos acompanhar, guiar, proteger e assistir em cada momento das nossas vidas.
Mas - atenção - nunca tomarão a iniciativa de qualquer acção sem que expressamente lha solicitemos.
Ora, como parece lógico, se não temos intimidade com ele - intimidade que resulta da devoção que devemos ter - como numa situação anómala como é a solidão, nos lembraremos de a ele recorrer?

Atrevo-me a garantir - sem qualquer receio de estar enganado - que ele tudo fará do que estiver ao seu alcance para nos assistir e ajudar insinuando no nosso espírito o melhor caminho a seguir, a acção mais conveniente a tomar.

Principalmente o que se obtém de imediato é esse "consolo" de se sentir realmente acompanhado podendo estabelecer um diálogo vivo - até, porque não - de viva voz com esse excelente amigo e protector.

Quem lê estas linhas facilmente percebe que elas contêm experiência própria e... é verdade!

AMA, reflexões.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?