Páginas

03/11/2018

A Morte

Ela aí está, presente, indiscutível, definitiva!

A morte é, assim, o acabar a vida, o terminar de sonhos e esperanças, projectos e planeamentos o não se "vai passar mais nada"!

A Morte!

Choca, faz estremecer, sobretudo os vivos, os que ficam e que subitamente se dão conta que ela chegou e levou consigo quem tanto queríamos, de quem tanto gostávamos.
Um travo amargo de perda irreparável, de algo sem remédio nem solução e ficamos como que tontos pensando: como é - como foi - possível?

Mas foi! E é! A morte está presente desde o dia em que nascemos e que, pela primeira vez fomos uma pessoa.

Sim, quando perguntamos por alguém cuja situação é grave e respondemos: está entre a vida e a morte esquecemos que esta resposta deve ser a de sempre, desde que vimos pela primeira vez a luz do dia.

A Morte faz parte da condição humana, esta é a verdade e, mais, súbita ou expectável, sucede sempre.

O que podemos fazer, nós que amámos tanto a pessoa que morreu?
Nada, absolutamente nada!

Guardamos como tesouro genuíno as lembranças todas. De repente, como por milagre, só nos lembramos das coisas boas.

Quem morreu deixou, de repente, de ter defeitos, fraquezas, coisas que nos desiludiram ou magoaram.

A Morte tem esse efeito regenerador, converte a pessoa em excelente criatura que fez muito bem e, sobretudo, nos faz muita falta.

O que fazer?


Para um cristão esta é, deve ser, uma consolação, um lenitivo para a dor da ausência física para passar a ser uma certeza de que a memória permanece talvez mais viva e actuante que nunca.

(AMA, na morte do meu querido sobrinho Pedro, 03.11.2015)

Leitura espiritual

Resultado de imagem para são francisco de assis LEGENDA MAIOR 

Vida de São Francisco de Assis)

SEGUNDA PARTE

CAPITULO 11

Conhecimento das Escrituras e espírito de profecia

7. Em Sena, havia predito a um amigo seu algumas coisas que deveriam acontecer-lhe nos seus últimos dias. Então aquele douto religioso que, como recordamos acima, de tempos em tempos vinha discutir com ele sobre textos da Escritura, lhe perguntou se ele dissera realmente aquelas coisas que lhe haviam relatado.
Francisco não se contentou com reconhecer que as dissera, mas insistiu e predisse a morte daquele que vinha se preocupar com a dos outros; enfim, para ter mais certeza de sensibilizar sua alma, revelou-lhe, por um outro milagre, uma inquietação que lhe roía a consciência, e ele não tivera coragem de confessá-la a ninguém.
Deu-lhe a solução para o caso e conseguiu mediante os seus conselhos lhe tirar aquele sofrimento da alma.
Todas essas predições se realizaram, pois o religioso terminou seus dias exactamente como o servo de Cristo lhe havia anunciado.

8. Ao tempo que voltou do ultramar, tendo por companheiro a Frei Leonardo de Assis, aconteceu que Francisco, extenuado de cansaço, montou alguns instantes sobre um humilde jumentinho.
Seguia-o o companheiro, também exausto, e como era fraco de virtude, começou a dizer em seu íntimo: “Os pais dele e os meus não eram de igual condição, e no entanto ele anda agora a cavalo e eu, soldado, a pé, conduzo seu jumento”.
Estando nessas reflexões, apeou-se o santo do animal imediatamente e disse-lhe:
“Tens razão, irmão, não fica bem que eu vá comodamente montado e tu andes a pé, pois no século foste muito mais nobre e poderoso do que eu”.
O companheiro ficou atónito, e corrido de vergonha ao ver descobertos seus mais secretos pensamentos, prostrou-se banhado em lágrimas aos pés do seráfico Pai, a quem confessou sua culpa, pedindo humildemente o perdão.

9. Um irmão, muito devoto e admirador do servo de Deus, vivia remoendo em seu íntimo este pensamento: será digno da graça do céu aquele a quem o santo concede sua familiaridade e afecto; e ao contrário, aquele que o santo trata como um estranho se há de considerá-lo excluído do número dos eleitos.
Atormentado com essa ideia perturbadora, suspirava para que o servo de Deus lhe concedesse a sua familiaridade, mas a ninguém revelava o segredo do seu coração.
O Pai piedoso, porém, chamou-o amavelmente e disse-lhe:
“Que não te perturbe nenhum pensamento, filho, pois te considero como o mais caro entre todos aqueles que me são particularmente caros e de boa mente te ofereço minha familiaridade e minha estima”.
O irmão ficou maravilhado e mais devoto ainda se tornou desde então. Não só cresceu no amor ao santo, mas, por obra e graça do Espírito Santo, enriqueceu-se de dons sempre maiores.
Ao tempo em que no monte Alverne ficou recluso na sua cela, um dos seus companheiros sentia um grande desejo: de ter algumas palavras ao menos da Sagrada Escritura escritas pelo próprio punho do santo. Alimentava a convicção de que com esse recurso poderia eliminar ou ao menos suportar com menor sofrimento a grave tentação que o atormentava: tentação não dos sentidos, mas do espírito. Perseguido por esse pensamento, sentia-se oprimido na sua alma, pois, dominado pela vergonha, não ousava manifestar este seu desejo ao santo. Mas este, embora não lho tivesse revelado homem algum, soube do que se passava por revelação divina. Por essa razão mandou ao referido companheiro que lhe trouxesse papel e tinta e, conforme os seus desejos, escreveu pela sua própria mão no papel alguns louvores ao Senhor e ao final acrescentou sua bênção:
“Toma para ti este escrito e guarda-o com cuidado até ao dia da tua morte”.
Logo que recebeu aquele presente, a tentação desapareceu inteiramente.
Ainda se conserva o documento, e os milagres que ele realizou testemunham em favor das virtudes de Francisco.

10. Havia num convento um irmão que - a julgar pelas aparências - era de uma santidade extraordinária.
Levava uma vida exemplar, mas totalmente singular. Estava continuamente ocupado a rezar. Guardava um silêncio tão rigoroso, que chegava mesmo a confessar-se não por palavras mas por sinais. Aconteceu que o santo Pai certo dia veio ao lugar onde se encontrava esse religioso para vê-lo e falar a respeito dele com os outros irmãos.
Todos ponderavam e louvavam a grande virtude desse irmão.
O santo, porém, respondeu-lhes: “Não queirais, irmãos, elogiar nesse homem aquilo que não passa de ardis de Satanás! Sabei que na realidade tudo são tentação e embustes do demónio!”
Os irmãos não queriam se convencer desse facto, pois lhes parecia impossível que a fraude pudesse disfarçar-se tão bem com as aparências, de santidade. Mas o referido irmão abandonou a Ordem pouco depois e todos viram a penetração do olhar profundo que assim havia descoberto o que se passava no fundo daquele coração.
Houve igualmente muitos irmãos assim ditos de notável santidade cuja queda ele predisse e mais ainda de pecadores cuja conversão ele previu, demonstrando-se desse modo que havia chegado a contemplar já aqui o espelho da eterna Luz cuio brilho permitia aos olhos da sua alma enxergar como se estivessem presentes acontecimentos distantes no espaço e no tempo.

11. Em outra ocasião aconteceu que seu vigário celebrava o capítulo no momento em que ele se encontrava orando em sua cela, fazendo o ofício de intercessor e medianeiro entre Deus e seus irmãos.
Havia um entre eles, que, coberto com a capa de injustas pretensões, queria subtrair-se ao rigor da disciplina regular.
O santo chamou um de seus companheiros e disse-lhe:
“Irmão, vi o demónio montado sobre os ombros desse irmão desobediente e apertando-lhe fortemente o pescoço; cavalgado por um cavaleiro desses, ele sacode o freio da obediência e não obedece senão às rédeas de seus instintos. Mas eu roguei a Deus por ele e o demónio fugiu envergonhado.
Vai, pois, dizer-lhe que submeta de novo o pescoço ao jugo da santa obediência”.
 Às palavras do mensageiro, o irmão arrependeu-se imediatamente e atirou-se aos pés do vigário com toda humildade.

(cont)

São Boaventura
Revisão de versão portuguesa por AMA

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Lc 14, 1 7-11

1 Tendo entrado, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição, todos o observavam.
7 Observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, disse-lhes esta parábola: 8 «Quando fores convidado para um banquete, não ocupes o primeiro lugar; não suceda que tenha sido convidado alguém mais digno do que tu, 9 venha o que vos convidou, a ti e ao outro, e te diga: ‘Cede o teu lugar a este.’ Ficarias envergonhado e passarias a ocupar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, senta-te no último lugar; e assim, quando vier o que te convidou, há-de dizer-te: ‘Amigo, vem mais para cima.’ Então, isto será uma honra para ti, aos olhos de todos os que estiverem contigo à mesa. 11 Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.»

Comentário:

As palavras lapidares com que termina este trecho do Evangelho (Lc 14, 11), são suficientemente fortes para dispensar qualquer comentário.
Muitos glosaram este tema (como Camões, por exemplo) porque ele está presente nas nossas vidas.
O desejo de proeminência e importância pessoal levam, quase sempre, a atitudes senão ridículas, pelo menos reprováveis.

Haverá sempre um momento em virão a nu as nossas obras e, essas, sim, serão motivo de admiração ou descrédito.

(AMA, comentário sobre Lc 14, 1 7-11, 20.09.2018)

Não queiramos esquivar-nos à sua Vontade


Esta é a chave para abrir a porta e entrar no Reino dos Céus: "qui facit voluntatem Patris mei qui in coelis est, ipse intrabit in regnum coelorum" – quem faz a vontade de meu Pai..., esse entrará! (Caminho, 754)

Não te esqueças: muitas coisas grandes dependem de que tu e eu vivamos como Deus quer. (Caminho, 755)

Nós somos pedras, silhares, que se movem, que sentem, que têm uma libérrima vontade. O próprio Deus é o estatuário que nos tira as esquinas, desbastando-nos, modificando-nos, conforme deseja, a golpes de martelo e de cinzel.

Não queiramos afastar-nos, não queiramos esquivar-nos à sua Vontade, porque, de qualquer modo, não poderemos evitar os golpes. – Sofreremos mais e inutilmente, e, em lugar de pedra polida e apta para edificar, seremos um montão informe de cascalho que os homens pisarão com desprezo. (Caminho, 756)

A aceitação rendida da Vontade de Deus traz necessariamente a alegria e a paz; a felicidade na Cruz. – Então se vê que o jugo de Cristo é suave e que o seu peso é leve. (Caminho, 758)
Um raciocínio que conduz à paz e que o Espírito Santo oferece aos que querem a Vontade de Deus: "Dominus regit me, et nihil mihi deerit" – o Senhor é quem me governa; nada me faltará.
Que é que pode inquietar uma alma que repita sinceramente estas palavras? (Caminho, 760)

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 97


Serão hoje muito diferentes os comportamentos de muitas pessoas?

Basta olhar para as multidões que procuram ansiosamente outras paragens onde possam encontrar uma vida pacífica e digna e para os muitos que declaradamente os ignoram e não lhes prestam assistência.

Jesus Cristo é o mesmo de sempre, não mudou nem mudará nunca e certamente que o Seu Coração Amantíssimo não deixará de acudir aos que a Ele recorram.

Mas como podem recorrer a Ele se não O conhecem?
No mistério da Misericórdia Divina, há sempre lugar para todos e, não esqueçamos, que Ele afirmou que muitos dos últimos serão os primeiros!

A verdade, quando penso em Jesus Cristo, é que fico sempre como que esmagado pela consideração da Sua Pessoa humana e divina indissociáveis como numa dupla identidade. Deus e Homem autênticos e indissociáveis.
Sem dúvida, trata-se de um mistério mas, nem por o ser me impede de me sentir como que mergulhado na sua profundidade abissal.

AMA, reflexões.

Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?