Páginas

01/11/2018

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?






Temas para meditar e reflectir

Novíssimos


Em Novembro a Liturgia faz apelo repetidamente a este tema: novíssi­mos!

Logo no início leva-nos a considerar todos os santos e todos os fiéis defuntos; e, depois pelo mês fora vai insistindo em temas ligados à escatologia que è a ciência das últimas coisas.

Para muitos - até cristãos - este é um assunto e difícil abordagem talvez não por medo ou receio no verdadeiro sentido das palavras, mas porque "incomoda".
Os temas ligados à morte, ao juízo final, etc., são como que tabus para muitas pessoas.

Evidentemente que há uma explicação por assim dizer, primária: trata-se de algo misterioso ou que, de qualquer modo, o ser humano não tem domínio nem pode prever ou alterar.

Habituados à liberdade que Deus nos concedeu, quando encontramos algo onde essa liberdade não pode exercer-se, temos tendência a rebelar-nos ou a colocar o assunto de lado.
Mas, a verdade, é que podemos encarar a morte, o juízo final, os novíssimos, enfim, com consciência e liberdade.

Como?

Vivendo naturalmente considerando que a inevitabilidade não tem que ser um drama antes um estado natural a que chegaremos quando como Deus quiser.
Preparar esses momentos parece não só lógico como conveniente e para quem, como nós cristãos, acredita na vida eterna, é absolutamente necessário que o façamos.

Temos muita dificuldade em compreender a eternidade porque estamos como que trânsito, isto é, não estamos fixos definitivamente. Sobretudo não sabemos quando começa a eternidade.

Pois bem a eternidade começa no exacto momento da nossa morte.
Não há, portanto, como que um hiato, enquanto se processam vários trâmites, por assim dizer.
O Juízo acontece já na eternidade, e acontece como um relâmpago que cruza os céus, como disse Cristo e isto compreende-se porque a eternidade é a total ausência de tempo.
Sim é verdade que se escreve e pensa muito sobre o juízo, a intervenção de Nossa Senhora, do Anjo da Guarda, mas isso que gostamos de considerar não quer dizer que precise de algum tempo, humanamente falando.

Subitamente entramos na vida eterna de onde não há nem remissão, nem evolução no lugar que será o nosso para todo o sempre.

Esse lugar, efectivamente, foi escolhido por nós inteira liberdade não tendo Deus interferido nunca a não ser com as inspirações e auxílios que sempre disponibiliza aos Seus filhos quem conhece as fraquezas e necessidades.


(AMA, reflexões, 07.10.2016)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Todos os Santos

Evangelho: Mt 5, 1-12

1 Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. 2 Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os que choram, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.12 Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»

Comentário:

Este discurso de Jesus ficará para sempre como um legado extraordinário da misericórdia divina.
Qualquer ser humano pode encontrar a alegria, a paz e a consolação de saber que as suas acções e comportamento terão um prémio, encontrarão eco no Coração Amantíssimo de Deus, eco esse que terá um efeito de grande, enorme importância para a vida de todos os dias, individual e colectiva.

(AMA, comentário sobre Mt 5, 1-12, 12.06.2017)




Deus não te arranca do teu ambiente


Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, quer-te santo! (Forja, 362)

Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial e inseparável da nossa condição de cristãos. O Senhor quer que sejais santos no lugar onde estais e no trabalho que haveis escolhido pelas razões que vos aprouveram: pela minha parte, todos me parecem bons e nobres – desde que não se oponham à lei divina – e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus. (...).

Temos de evitar o erro de considerar que o apostolado se reduz ao testemunho de algumas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas, ao mesmo tempo e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com obrigações bem nítidas que temos de cumprir exemplarmente, se deveras queremos santificar-nos. É Jesus Cristo que nos estimula: Vós sois a luz do mundo. (Amigos de Deus,  60–61)

Leitura espiritual

Resultado de imagem para são francisco de assis
LEGENDA MAIOR 

Vida de São Francisco de Assis)

SEGUNDA PARTE

CAPITULO 11

Conhecimento das Escrituras e espírito de profecia

1. Pelo exercício contínuo da oração e pela prática de alma que, sem haver adquirido pelo estudo o conhecimento dos santos livros, mas iluminado pelas luzes do alto, penetrava com espantosa acuidade ao mais profundo das Escrituras.
O seu espírito, livre de toda mancha, penetrava os mais ocultos mistérios, e onde não podia chegar a ciência adquirida, penetrava o afecto do discípulo amante. Lia às vezes os livros santos, e tudo o que a sua inteligência captava  a sua memória retinha tenazmente, pois o ouvido atento da sua alma percebia o que o coração amante repassava sem descanso. Alguns irmãos um dia pediram-lhe, para aqueles que haviam estudado, a permissão de se dedicarem aos estudos da Sagrada Escritura.
Respondeu: “Permito, contanto que não se esqueçam de se dedicar também à oração, como Cristo, que, como se lê, mais rezou do que estudou, e contanto que não estudem unicamente para saber como falar, mas para pôr em prática primeiro aquilo que tiverem aprendido e, depois de terem posto em prática, para ensinar aos outros aquilo que eles devem fazer.
Quero que os meus irmãos sejam discípulos do Evangelho e que os seus progressos no conhecimento da verdade sejam tais, que eles cresçam ao mesmo tempo na pureza da simplicidade.
Dessa forma não hão de separar aquilo que o Mestre uniu com sua palavra bendita: a simplicidade da pomba e a prudência da serpente”.

2. Encontrando-se na cidade de Sena, perguntou-lhe certo religioso, doutor em teologia, acerca de algumas questões difíceis de compreender e respondeu-lhe com tanta propriedade e descobriu tão claramente os mistérios da divina sabedoria, que aquele homem erudito muito se admirou e disse maravilhado aos circunstantes:
“Na verdade, a teologia desse santo Pai, adquirida com as asas da pureza e da contemplação, é mais clara e penetrante que a vista da águia elevada sobre as nuvens; por outro lado, a nossa ciência enfatuada arrasta-se como um vil animal pela terra”.
Efectivamente, embora leigo na arte da palavra, resolvia com muita ciência as dúvidas que lhe apresentavam e lançava luzes sobre os pontos obscuros.
Não admira, pois, que o santo tenha recebido de Deus a inteligência das Escrituras: toda sua actividade, imitação perfeita de Cristo, era exclusivamente a prática da verdade contida nas Escrituras. E toda a sua vida interior era total hospitalidade ao Espírito, intérprete das Escrituras, docilidade a seus ensinamentos.

3. Também brilhava nele o espírito de profecia, de modo que previa claramente as coisas futuras, penetrava os mais íntimos segredos do coração, via as coisas ausentes como se acontecessem diante de si e não poucas vezes se fazia presente de modo maravilhoso aos que se achavam muito distantes do lugar em que ele se encontrava.
Quando o exército cristão estava cercando Damieta, o homem de Deus já se achava munido não de armas mas da fé.
Chegou o dia da batalha em que os cristãos haviam decidido atacar a cidade. Ao saber dessa resolução, ficou muito contrariado e disse ao companheiro:
“O Senhor me mostrou que se os cristãos fizerem hoje o assalto à cidade, não se sairão bem; mas se eu disser tal coisa, hão-de considerar-me um louco, e se me calar, guardarei remorsos para sempre. Que te parece melhor?”
Respondeu o companheiro:
“Irmão, não te preocupes com o parecer dos homens; não é de hoje que te consideram um louco. Livra a tua consciência desse encargo e tem mais temor de Deus do que dos homens”.
A essas palavras o arauto de Cristo, cheio de coragem, enfrentou os cruzados e, preocupado com salvá-los do perigo, tentou impedir o ataque, anunciando a derrota. Os soldados desprezaram o vaticínio, endureceram o coração e não quiseram desistir da empresa. Avistaram-se os exércitos, travaram a batalha e as tropas cristãs viram-se obrigadas a bater em vergonhosa retirada, sendo para elas a luta não um triunfo, mas uma derrota completa.
Com tão tremenda desgraça ficou muito reduzido o exército cristão, pois entre mortos e prisioneiros ficaram fora de combate cerca de seis mil soldados.
Uma lição ficou bem patente, clara e imperativa: a sabedoria de um pobre não se trata com desprezo, pois a alma do justo costuma dizer a verdade algumas vezes bem melhor do que sete sentinelas postos no alto como atalaias” (Eclo 37,18).

4. Noutra ocasião, após voltar dos países de além- mar, veio a Celano pregar e um cavaleiro que lhe tinha muita devoção convidou-o à sua mesa, com muita insistência.
Aceitou o convite e toda a família ficou muito contente com a chegada dos seus hóspedes, os pobres. Antes de sentar-se à mesa, o santo, como de costume, rezou e louvou a Deus, de pé, olhos voltados para o céu, mas quando terminou, chamou à parte aquele cavaleiro generoso e disse-lhe:
 “Irmão hóspede, eis-me aqui vencido pelos teus rogos: entrei em tua casa para comer; agora, porém, escuta e põe logo em prática os meus conselhos, porque não aqui mas em outro local muito em breve hás de comer. Faz portanto agora uma boa confissão dos teus pecados, acompanhada de uma verdadeira dor de tuas culpas e não deixes de manifestar tudo o que for matéria do sacramento. Deves saber que o Senhor te recompensará hoje mesmo a devoção com que convidaste e recebeste os seus pobres”.
O homem obedeceu imediatamente a estas palavras do santo, confessou todos os seus pecados ao irmão que o acompanhava e após “haver posto ordem em sua casa”, estava preparado da melhor forma possível a receber a morte.
Enfim, sentaram-se todos à mesa e os convivas começaram a comer, quando, de repente, o cavaleiro morreu, levado por uma morte repentina, como havia predito o homem de Deus. Tão generosa hospitalidade merecera-lhe a recompensa prometida pelo Verbo que é a Verdade:
Aquele que recebe um profeta receberá uma recompensa de profeta(cf. Mt 10,41).
A predição do santo valeu- lhe a preparação para uma morte súbita e fortalecido com as armas da penitência, conseguiu escapar à condenação eterna e entrar na pátria celeste.

5. No tempo em que o santo jazia doente em Rieti, trouxeram-lhe estendido sobre um leito um cónego de nome Gedeão, homem sensual e mundano, atingido de grave doença. O cónego pedia-lhe chorando, juntamente com os presentes, que o abençoasse com o sinal-da-cruz. Mas o santo replicou:
“Como poderei assinalar-te com a cruz, se até agora viveste segundo os instintos da carne, sem temer os juízos de Deus? Em vista das orações e devoção dos que intercedem por ti, marcar-te-ei com o sinal-da-cruz, em nome do Senhor. Mas sabe que te acontecerão coisas bem piores se voltares ao vómito depois de curado, pois os ingratos caem num estado pior que o primeiro!” Traçou o sinal-da-cruz sobre ele, e o homem que jazia paralítico levantou-se muito contente, prorrompendo em louvores ao Senhor, e exclamou como fora de si: “Já estou curado!”
Ouviram-se então nos seus ossos uns estalidos semelhantes aos que se percebem quando se partem com a mão gravetos secos. Mas por desgraça, não levou muito tempo, esqueceu-se de Deus e entregou-se de novo às desordens da sensualidade.
Uma noite, havendo ceado na casa de um outro cónego, aí ficara para passar a noite, quando o telhado desabou. Todos escaparam à morte, menos o infeliz que ficou sob os escombros.
Por um justo juízo de Deus, o último castigo desse homem foi pior que o primeiro, em razão de seu duplo pecado de ingratidão e de desprezo para com Deus.
É preciso mostrar-se sempre reconhecido pelos benefícios recebidos. A recaída no vício é uma dupla ofensa.
Outra vez, uma mulher nobre e muito piedosa aproximou-se do santo, contou-lhe da dor que a oprimia e pediu-lhe o remédio acertado. Tinha um marido extremamente cruel que a privava de tudo quanto pertencia ao serviço de Deus; e entristecida por tal desgraça, pedia instantemente a Francisco que fizesse uma oração por ele para conseguir que Deus, com a sua amorosa clemência, abrandasse o seu coração endurecido. Ao ouvir essas queixas da mulher, disse-lhe o santo:
“Vai em paz, filha, e fica certa de que muito em breve receberás de teu marido um grande consolo”. E logo acrescentou: “Diz ao teu marido, da parte de Deus e da minha parte, que agora é tempo de misericórdia e de perdão, mas que depois virá o tempo da justiça rigorosa”.
Recebida a bênção do santo, a mulher regressou à sua casa e encontrando-se com o seu marido, referiu-lhe o acontecido. De repente desceu o Espírito Santo sobre aquele homem e o transformou num homem novo, que com grande mansidão assim falou à mulher: “Amada esposa, entreguemos-nos desde agora ao serviço do Senhor e trabalhemos com empenho pela salvação de nossa alma”. Por sugestão da sua santa esposa, eles praticaram a castidade durante vários anos e no mesmo dia partiram para o Senhor.
Que maravilha a virtude profética do santo: o seu poder restituía a vida aos membros já secos e conseguia fazer chegar a piedade aos corações mais duros.
Por outro lado, a sua penetração estendia-se até aos acontecimentos do futuro e perscrutava o mistério das consciências, como um segundo Eliseu que herdara o duplo espírito do profeta Elias!

(cont)

São Boaventura
Revisão de versão portuguesa por AMA

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 95

A pessoa de Jesus....

Jesus Cristo não faz acepção de pessoas mas isso não quer dizer que não sinta afectos especiais por outros. Tal é bem patente no episódio que São Lucas narra "o jovem rico".

Nunca foge às questões ou perguntas por mais absurdas ou mal-intencionadas que possam ser.
É óbvio que o faz sobretudo para instrução dos muitos que sempre O rodeiam.
Nos Evangelhos consta uma única vez que Jesus não respondeu ou fez qualquer comentário: tal aconteceu com Herodes.
O Seu Coração Amantíssimo não suportou a presença daquela criatura execrável que pretendia apenas gozar um espectáculo, talvez um milagre.

Não verdade o que move Jesus a praticar um milagre vem do Seu Coração Amantíssimo, das Suas entranhas de Misericórdia para com o sofrimento dos homens Seus irmãos.
Embora os milagres sejam um meio de confirmar os outros na Fé n'Ele, consta nos Evangelhos que frequentemente recomendava segredo, discrição.

Porque o faria?

Principalmente porque não queria ser conhecido como "um milagreiro", ou que os milagres que operava se reduzissem aos visíveis, mas, sobretudo aos milagres da alma.
Por isso mesmo afirma com frequência: 'A tua fé te salvou'!

Cristo como que confirma que a salvação ou a perdição eternas dependem exclusivamente de cada um.

AMA, reflexões.