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24/10/2018

Vi os olhos de Jesus

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No Domingo passado, depois da Santa Missa no Convento de Cristo Rei, em Monte Real, uma irmã veio dizer-nos - a minha irmã e a mim – e a Madre Clara, Superiora do Convento, quero falar connosco.
Fomos para a sala de visitas, para nossa surpresa, com a Irmã Clara estava toda a comunidade.

Foram uns cinco minutos de cumprimentos, beijos afectuosos e amigos e, depois, seguiu-se uma troca de conversas interessantes e, como sempre, muito simples, francas, alegres e enternecedoras.

Tudo isto acontece pela familiaridade e carinho que existe entre nós porque nunca esquecemos que foram os meus Pais quem, durante anos abrigaram as irmãs – a maior parte expulsas do Convento do Louriçal, - até que se construiu o Mosteiro que os teve como Padrinhos.

Eu… só fui apanhado de surpresa numa coisa:

Uma irmã – não interessa o nome - já com alguma idade, quando me veio dar um beijo olhou-me nos olhos e deixou-me emocionado.

Os seus olhos pareceram-me mergulhar no fundo da minha alma, de um azul claro mas, sobretudo, com um brilho – diria iridiscente – um fulgor de alegria, bondade, pureza que foi difícil ficar calado e disse-lhe (mais ou menos):

‘Irmã! Os seus olhos são os olhos de Jesus!’

Não disse nada, um sorriso calmo, tranquilo e muito… muito alegre e, os olhos, se possível, brilharam ainda mais!

No regresso, profundamente emocionado comentei com a minha irmã:

Sabes?... Vi os olhos de Jesus!!!


AMA, Monte Real, 21.10.2018


Temas para reflectir e meditar

Formação humana e cristã – 87 

Não nos é possível abarcar toda a grandeza, magnificência e esplendor deste milagre mas, com as nossas limitações humanas iluminadas pela fé, aceitamos e elevamos o nosso coração em prece ardente dizendo-Lhe, como Tomé, Meu Senhor e Meu Deus!
Mas esta fé de que falo não parece ser suficiente porque temos de O comungar, de O receber na Comunhão Eucarística para, de certo modo, completar quanto O Senhor quis - e continua a querer - oferecer-nos.
Talvez nos aproximemos da Comunhão Eucarística repetindo no nosso íntimo as palavras de São Josemaria Escrivá: «Eu quero, Senhor, receber-te com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu a Vossa Santíssima Mãe, com o Espírito e o Fervor dos Santos».
E, então, tudo se transforma em nós porque, enquanto durarem as espécies que acabamos de receber, o nosso corpo, a nossa alma estão estreitíssimamente unidos com o Corpo e a Alma do Senhor nosso Salvador.
Somos, efectivamente, Sacrários Vivos!

Que honra! Que grandeza!

E a nossa alma em festa não pode mais que dar graças sentidas, profundas, amorosas por tão grande benefício.

AMA, reflexões.

Leitura espiritual

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LEGENDA MAIOR 

Vida de São Francisco de Assis

CAPITULO 6

Humildade e obediência, favores com que Deus o cumulava

1. A humildade, defesa e ornamento de todas as virtudes, havia cumulado o homem de Deus de bens superabundantes. Aos próprios olhos, era apenas um pobre pecador. Na realidade, porém, era o espelho resplendente de toda santidade.
Como um arquitecto prudente (cf. 1Cor 3,10), que começa pelas fundações, ele se empenhou. de corpo e alma a construir unicamente  sobre a humildade, conforme aprendera de Cristo. “O Filho de Deus, dizia ele, deixando o seio do Pai, desceu das alturas do céu até a nossa miséria para nos ensinar a humildade, Ele, que é o Senhor e o Mestre, tanto pelo exemplo quanto pela palavra”.
Por isso, como verdadeiro discípulo de Cristo, procurava diminuir-se aos próprios olhos e dos demais, recordando as palavras do Mestre: “O que para os homens é estimável, é abominável perante Deus(Lc 16,15).
E gostava de repetir esta máxima: “O homem é o que é diante de Deus, nem mais nem menos”.
Por isso considerava insensatez consumada envaidecer-se alguém com os favores do mundo, o conforme essa doutrina, se alegrava particularmente com as ofensas que recebia e se entristecia quando alguém o louvava. Pois preferia ouvir a seu respeito vitupérios e não louvores, sabendo que aqueles contribuíam eficazmente para sua própria emenda, enquanto os louvores poderiam causar-lhe algum dano à alma.
Segundo esse princípio, quando as pessoas exaltavam a sua elevada santidade, costumava ordenar a um dos irmãos que, sem receio, lhe dirigisse palavras de desprezo e humilhação. E quando o religioso, forçado pela obediência, o chamava de rústico, grosseiro, homem iletrado ou inútil para tudo, cheio de santa alegria, que se reflectia em seu semblante, Francisco lhe respondia: “Bendiga-te o Senhor, meu filho, pois és o único que dizes a verdade, e são estas as palavras que sempre deveria ouvir o filho de Pedro Bernardone”.

2. E para fazer-se desprezível aos outros, não hesitava, nas viagens de pregação que fazia, de revelar a todo o povo os seus próprios defeitos.
Um dia, doente e sem mais energias, viu-se obrigado a suavizar um pouco os rigores de seu jejum a fim de recuperar a saúde. Assim que recobrou as forças, não perdeu tempo em se expor ao desprezo dos outros, tanto ele mesmo se desprezava:
“Não é justo que as pessoas me tomem por um homem mortificado, enquanto ocultamente cuido de mim com demasiadas regalias”.
Levantou-se então imediatamente, impelido pelo espírito de santa humildade, e tendo convocado o povo para a praça da cidade de Assis, entrou na catedral com grande solenidade, acompanhado de muitos irmãos que trouxera consigo. Atou uma corda ao pescoço e nu, sem outras roupas que as necessárias para o decoro, apresentou-se diante de todos e em seguida ordenou que o conduzissem ao pelourinho onde era costume manter os criminosos que deveriam ser executados.
Subiu ao pelourinho, e no maior rigor do inverno e apesar de estar ardendo em febre e extremamente fraco, pregou com grande fervor de espírito, falando a seus ouvintes que não deveriam honrá-lo como se fosse um homem espiritual, mas desprezá-lo como um glutão e carnal.
Todos os assistentes, cheios de admiração diante desse espectáculo extraordinário e profundamente edificados, pois conheciam muito bem a sua austeridade, proclamaram que semelhante humildade era mais admirável do que imitável.
Suponhamos que se trate de uma dessas acções simbólicas habituais entre os profetas (cf. Is 20,3), e não propriamente um exemplo; assim mesmo, temos aí uma bela lição de humildade perfeita em que o discípulo de Cristo ensina que ele deve desprezar todos os testemunhos do louvor passageiro, reprimir toda vaidade e pretensão e depor a máscara da simulação hipócrita.

3. Muitas vezes praticava acções dessa espécie a fim de parecer externamente como um desses vasos de perdição e dessa forma ter em si o espírito de santificação. Quando as multidões o aclamavam, dizia: “Ainda poderei ter filhos e filhas: não me louveis como se já estivesse a salvo. Não se deve louvar a ninguém quando não se sabe como há de terminar”.
Falava assim aos seus admiradores. Mas a si mesmo dizia: “Francisco, se o Senhor houvesse conferido ao mais desalmado ladrão os dons que recebeste, saberia agradecê-los e corresponderia muito mais do que tu”.
Muitas vezes dizia assim aos irmãos:
“Ninguém deve iludir-se exaltando-se injustamente por coisas que também um pecador pode realizar. Pois um pecador pode jejuar, orar, chorar e disciplinar a própria carne. E só isto não pode fazer: ser fiel ao seu Senhor. Por isso devemos gloriar-nos somente nestes casos: rendendo a Deus a glória que lhe é devida; servindo-o com fidelidade; atribuindo-lhe tudo o que lhe pertence”.

4. Como o comerciante de que fala o Evangelho, querendo Francisco ganhar sempre mais e tornar produtivo cada um dos seus instantes, procurou ser súbdito e não superior, obedecer e não mandar; por essa razão, renunciou ao cargo de superior geral, pedindo um guardião a cuja vontade se submeteu em todas as circunstâncias.
Com efeito, dizia ele, o fruto da santa obediência é tão abundante, que nenhuma fracção de tempo transcorre sem vantagem para aqueles que submetem a cerviz ao jugo da obediência. Por isso tinha o hábito de prometer sempre obediência ao irmão com quem viajava e de observá-la.
Certa vez disse aos companheiros: “Entre os benefícios que Deus me concedeu em sua bondade, obtive a graça de estar pronto a obedecer com igual solicitude a um noviço de uma hora que me fosse dado como guardião como ao irmão mais antigo e mais experimentado. Um súbdito não deve considerar em seu superior o homem, mas aquele por amor do qual ele aceitou obedecer. Quanto menos digno o superior, tanto mais agrada a Deus a humildade daquele que obedece”.
Aos irmãos que lhe perguntavam um dia como reconhecer o religioso verdadeiramente obediente, propôs ele em parábola o exemplo do cadáver: “Tomai, disse ele, um corpo que a alma abandonou e colocai-o em qualquer lugar. Vereis que se o moverdes, não se há de opor; se o deixardes cair, não protestará; se o colocardes numa cátedra, não dirigirá seus olhos para o alto, mas para o mais baixo da terra; se o adornardes com vestido de púrpura, só aumentareis sua palidez cadavérica. Tal o verdadeiro obediente: não julga por que o movem de um lado para outro, não se preocupa com o lugar onde o coloquem, não insiste para que o removam de um convento para outro; se é elevado a um ofício honroso, conserva sua costumeira humildade, e quanto mais honrado se vê, tanto mais indigno se julga de toda honra”.

5. Um dia disse a um companheiro seu: “Não me julgarei nunca um verdadeiro irmão menor, enquanto não chegar ao estado de espírito que te vou descrever. Imagina que eu sou o superior de meus irmãos, vou ao capítulo, faço um sermão, dou meus conselhos e quando termino, alguém me diz: ‘Não tens o que é necessário para ficar connosco; não tens estudos, não és eloquente, não tens cultura, e és idiota e simples!’ E sou expulso vergonhosamente, desprezado de todos. Pois bem, se não ouvisse todos esses impropérios com igual serenidade de semblante, com a mesma alegria da alma e com igual tranquilidade de espírito como se fossem louvores, não seria certamente irmão menor”.
E não contente com isso acrescentava: “Uma dignidade é uma ocasião de queda; o louvor é um precipício escancarado; mas o lugar de súbdito é fonte de méritos para a alma. Por que desejar os riscos e não as vantagens, uma vez que é para nos enriquecer que o tempo nos foi dado?”
Compreende-se pois por que Francisco, modelo de humildade, quis que seus irmãos fossem chamados “frades menores”, e os superiores da Ordem “servos”, para assim empregar os próprios termos do Evangelho (cf. Mt 25,45) que ele aceitou seguir e ensinar a seus discípulos, recordando-lhes que haviam entrado na escola de Cristo de coração humilde precisamente para dele aprenderem a humildade. Jesus Cristo efectivamente, para ensinar a seus discípulos a santa humildade, havia dito:
Aquele dentre vós que quiser ser o maior deve fazer-se servidor de todos, e aquele de vós que quiser ser o primeiro, seja vosso servo(Mt 20,26-27).
Certo dia, falava o servo de Deus com o cardeal bispo de Óstia, protector e principal propagador da Ordem dos Frades Menores, que mais tarde, segundo a profecia do santo, chegou a ser Pontífice Romano, com o nome de Gregório IX.
Este perguntou-lhe se desejava que seus irmãos fossem promovidos às dignidades eclesiásticas, e Francisco respondeu-lhe: “Senhor, meus irmãos se chamam precisamente ‘menores’ para que nunca presumam elevar-se a coisas maiores. Se quereis, pois, que dêem fruto abundante na Igreja de Deus, deixai-os e conservai-os no estado de sua própria vocação e não permitais de modo algum que sejam promovidos aos honrosos cargos da Igreja”.

São Boaventura

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por AMA)

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Põe tudo nas mãos de Deus


Além da sua graça abundante e eficaz, Nosso Senhor deu-te a cabeça, as mãos, as faculdades intelectuais, para que faças frutificar os teus talentos. Deus quer realizar milagres constantes – ressuscitar mortos, dar ouvido aos surdos, vista aos cegos, possibilidades de andar aos coxos... –, através da tua actuação profissional santificada, convertida em holocausto grato a Deus e útil às almas. (Forja, 984)

A tua barca – os teus talentos, as tuas aspirações, os teus êxitos – não vale para nada, a não ser que a ponhas à disposição de Jesus Cristo, que permitas que Ele possa entrar nela com liberdade, que não a convertas num ídolo. Sozinho, com a tua barca, se prescindires do Mestre, sobrenaturalmente falando, encaminhas-te directamente para o naufrágio. Só se admitires, se procurares a presença e o governo de Nosso Senhor, estarás a salvo das tempestades e dos reveses da vida. Põe tudo nas mãos de Deus: que os teus pensamentos, as aventuras boas da tua imaginação, as tuas ambições humanas nobres, os teus amores limpos, passem pelo coração de Cristo. De outra forma, mais tarde ou mais cedo, irão a pique com o teu egoísmo. (Amigos de Deus, 21)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Lc 12, 39-48

39 Ficai a sabê-lo bem: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não teria deixado arrombar a sua casa. 40 Estai preparados, vós também, porque o Filho do Homem chegará na hora em que menos pensais.» 41 Pedro disse-lhe: «Senhor, é para nós que dizes essa parábola, ou é para todos igualmente?» 42 O Senhor respondeu: «Quem será, pois, o administrador fiel e prudente a quem o senhor pôs à frente do seu pessoal para lhe dar, a seu tempo, a ração de trigo? 43 Feliz o servo a quem o senhor, quando vier, encontrar procedendo assim. 44 Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. 45 Mas, se aquele administrador disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’ e começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46 o senhor daquele servo chegará no dia em que ele menos espera e a uma hora que ele não sabe; então, pô-lo-á de parte, fazendo-o partilhar da sorte dos infiéis. 47 O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou e não agiu conforme os seus desejos, será castigado com muitos açoites. 48 Aquele, porém, que, sem a conhecer, fez coisas dignas de açoites, apenas receberá alguns. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido.»

Comentário:

Como poderá alguém arguir contra esta forma de administrar a justiça?
E, tendo bem claro que a justiça avalia o bem e o mal e as razões ou circunstâncias que estiveram na génese não é - não pode ser - aplicada sem critério absolutamente imparcial.

Este é, por assim dizer, o critério divino.

Podemos estar tranquilos, desde que nos empenhemos a sério em viver conforme a Vontade de Deus, nada temos a temer.


(AMA, comentário sobre Lc 12, 39-48, 25.10.2017)