Páginas

20/10/2018

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 84 

Daí que, rezar pelos outros, anonimamente, não parece ser descabido nem sequer estultícia, porque Deus Nosso Senhor, como já referi, "aplica" as nossas orações como bem entende e, Ele, entende sempre o que é melhor.


Mas, de facto nem poderia ser de outro modo porque não sabemos que almas estão no Purgatório.
Podemos, isso sim, ter uma razoável certeza das que estão no Céu - fora claro está aquelas que a Igreja declarou como santas.
Mas aquelas pessoas que, nos últimos momentos das suas vidas, receberam o Sacramento da Unção dos Doentes, que tem o poder de perdoar todos os pecados, mesmo que não tenham tido oportunidade de os confessar, dá-nos essa razoável certeza.

Claro que pode existir um reato da pena que terá de ser remido no Purgatório, mas isso não nos compete saber e, por isso rezamos por todas as almas que já partiram ao encontro de Deus.

AMA, reflexões.

Leitura espiritual

Resultado de imagem para são francisco de assis
LEGENDA MAIOR 
(Vida de São Francisco de Assis)

CAPITULO 4

Progresso da Ordem sob a sua direcção e confirmação da Regra aprovada anteriormente

1. Com a graça de Deus e aprovação do papa, Francisco sentia-se agora confiante; e outra vez tomou O caminho pelo vale de Espoleto, onde resolveu pregar o Evangelho de Cristo e viver de acordo com ele. E confabulando pelo caminho com os seus companheiros, discutiam a maneira como observar com toda sinceridade a Regra que haviam recebido e como viveriam diante de Deus em santidade e justiça. Discutiam igualmente como se aperfeiçoariam e dariam aos outros o bom exemplo.
Já se fazia tarde e eles ainda prosseguiam o colóquio.
Estavam cansados pelo esforço contínuo do caminho e começaram a ficar com fome. Decidiram então parar num lugar solitário. Premidos por essa necessidade e não podendo de nenhum modo ir à procura de alimentos, experimentaram logo os efeitos da amorosa providência do Senhor.
Apareceu inesperadamente um homem carregando algum pão que lhes deu, desaparecendo logo a seguir, sem lhes deixar qualquer ideia de onde viera ou para onde seguira.
Os irmãos reconheceram então que a companhia do homem de Deus era para eles uma garantia da ajuda de Deus e sentiram-se saciados mais pelo dom da generosidade divina do que pelo alimento material recebido.
Ainda muito comovidos, decidiram firmemente e assumiram o compromisso irrevogável de jamais ser infiéis ao voto de pobreza, quaisquer que fossem sua escassez e trabalhos.

2. Chegaram finalmente ao vale de Espoleto, animados dessas boas disposições.
Começaram a discutir se haveriam de viver entre o povo ou procurar a solidão.
Francisco, que era um verdadeiro servo de Deus, recusou confiar apenas na sua própria opinião ou nas sugestões dos seus companheiros. Mas quis saber a vontade de Deus perseverando na oração. Depois, iluminado por uma revelação divina, sentiu que era enviado por Deus para conquistar para Cristo as almas que o demónio estava tentando roubar. Por isso resolveu viver para utilidade de todos e não apenas para si só, sentindo nisso o exemplo daquele que se dignou morrer pela salvação de todos os homens.

3. Retirou-se pois o servo de Deus com os seus companheiros para um tugúrio pobre e abandonado, perto de Assis.
Viviam aí trabalhando muito e passando penúria, de acordo com a altíssima pobreza, comprazendo-se em alimentar-se mais com o pão das lágrimas do que com a abundância e as delícias terrenas.
Entregavam-se ali a santos e piedosos exercícios; a sua oração devota e quase nunca interrompida era mais mental do que vocal, pois não dispunham de livros litúrgicos pelos quais pudessem recitar as horas canónicas do ofício divino. Mas, na falta desses, revolviam dia e noite o livro da cruz de Cristo, que sempre tinham à vista, incitados pelo exemplo e pela palavra do amantíssimo pai, que frequentemente lhes pregava com inefável doçura as glórias da cruz de Cristo. E como os irmãos lhe pedissem com insistência que os ensinasse a orar, disse-lhes:
“Quando quiserdes orar, dizei:
“Pai-nosso” e: “Nós vos adoramos, ó Cristo, em todas as igrejas que estão no mundo inteiro e vos bendizemos porque por vossa santa cruz remistes o mundo”. Ensinou-lhes também a louvar a Deus em todas as suas criaturas, a venerar com especial respeito os sacerdotes, a crer firmemente e confessar com simplicidade os dogmas da fé conforme crê e ensina a santa Igreja Romana.
Os discípulos seguiam fielmente a doutrina do seu santo mestre e todas as vezes que divisavam ao longe alguma igreja ou cruz, prostravam-se humildemente e adoravam-nas na forma que haviamaprendido.

4. Durante o tempo em que os irmãos moravam nesse lugar, foi o santo à cidade de Assis num Sábado para no Domingo fazer o sermão costumeiro na catedral.
Enquanto passava a noite em oração, conforme seu hábito, num tugúrio situado no jardim dos cónegos, longe dos seus filhos, eis que por volta da meia-noite - alguns irmãos dormiam, outros ainda oravam - um carro de fogo de maravilhoso esplendor encimado por um globo resplandecente, semelhante ao sol, que iluminava a noite, entrou pela porta da cabana e deu três voltas.
Os que vigiavam ficaram estupefactos e os que dormiam acordaram apavorados; os seus corações iluminaram-se mais que os seus corpos, embora a essa luz admirável pudessem ler às claras a consciência de cada um; eram capazes de penetrar os sentimentos uns dos outros, e acreditavam unanimemente que era o Pai que, embora ausente de corpo, se encontrava presente em espírito, aparecendo-lhes sob essa imagem, fulgurante e abrasado de amor.
Também tinham plena certeza de que o Senhor lhes queria mostrar por esse carro de fogo resplendente que eles seguiam, como verdadeiros israelitas, o novo Elias estabelecido por Deus para ser “o carro e o condutor” (cf. 4Rs 2,12) dos homens do Espírito.
Devemos crer que Deus, pela oração de Francisco, abriu os olhos desses homens simples para que contemplassem as suas grandezas, como outrora havia aberto os olhos do servo de Eliseu para que visse “a montanha coberta de carros de fogo e de cavalos que rodeavam o profeta” (cf. 4Rs 6,17).
Ao voltar o santo homem para junto de seus irmãos, penetrou os segredos das suas consciências, reanimou-lhes a coragem falando-lhes da visão extraordinária que haviam tido e fez-lhes numerosas predições com relação aos progressos da Ordem.
Ao ouvi-lo expor assim tantas coisas fora do alcance de uma inteligência humana, compreenderam os irmãos claramente que o Espírito do Senhor estava sobre seu servo Francisco com tal plenitude que para eles a escolha mais acertada era seguir a sua vida e doutrina.

5. Depois desses acontecimentos, Francisco, pastor da pequena grei, inspirado pela graça divina, conduziu os seus doze irmãos a Santa Maria da Porciúncula, pois desejava que a Ordem dos irmãos menores crescesse e se desenvolvesse sob a protecção da Mãe de Deus, naquele lugar em que, pelos méritos dela, havia dado os primeiros passos.
Como arauto do Evangelho, percorria cidades e vilas, anunciando o reino de Deus, “não por doutas palavras da sabedoria humana, mas pela virtude do Espírito Santo” (1Cor 2,13).
Parecia um homem do outro mundo, conservando a alma e o semblante continuamente voltados para o alto e procurando erguer da terra todos os corações.
Desde então a vinha do Senhor começou a produzir rebentos perfumados, flores de suavidade, de honra e de santidade e a dar frutos abundantes.


São Boaventura

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por AMA)

Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Não há trabalhos de pouca categoria


No serviço de Deus, não há trabalhos de pouca categoria: todos são de muita importância. A categoria do trabalho depende do nível espiritual de quem o realiza. (Forja, 618)

Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade? Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.
Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.
(...) 
Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia. Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel. Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas. (Amigos de Deus, 10–12)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Lc 12, 8-12

8 Digo-vos ainda: Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus. 9 Aquele, porém, que me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. 10 E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará. 11 Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, 12 pois o Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer.» 

Comentário:

Jesus alerta os discípulos para duas verdades importantíssimas:

Uma que não devem temer pela sua defesa, porque o Espírito Santo os ensinará o que dizer e fazer.

Outra que os pecados contra o Espírito Santo não têm perdão e isto porque quem os comete está por vontade própria a excluir-se da salvação e o Senhor respeita a liberdade do homem mesmo quando tal signifique a sua perdição eterna.

(AMA, comentário sobre Lc 12, 8-12, 11.07.2018)