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17/10/2018

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 82

Uma pequena história:

«Uma mulher que se encontrava grávida solicitou a um médico que a ajudasse a abortar.
O médico perguntou qual a razão e ela disse-lhe que já tinha três filhos e não tinha meios para sustentar mais um.
O médico perguntou  que idade tinha o filho mais velho ficando a saber que tinha treze anos.

Posto isto disse à mulher: 
´Vou fazer-lhe uma proposta: atendendo ao que me diz que ter um quarto filho é incomportável economicamente, traga-me o mais velho e eu dou-lhe uma injecção letal. A este deixamo-lo nascer.' E, antes que a mulher voltasse a si do espanto que tal proposta lhe provocara, explicou:
'Bem vê, quem provoca maior despesa na sua família é o seu filho mais velho, come mais, gasta mais roupa, os estudos, etc. etc.
Este pequenino, ao contrário, levará muitos anos a, digamos "gastos mínimos" porque, durante uns anos, comerá pouco, vestir-se-á com roupas já usadas pelos irmãos, etc. Não lhe parece lógico?'»

Pois... deveria parecer lógico e absolutamente correcto que, como neste caso, para evitar despesas deveria começar-se por eliminar quem mais contribui para elas.

AMA, reflexões.

Leitura espiritual

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LEGENDA MAIOR

(Vida de São Francisco de Assis)


CAPITULO l

Conversão definitiva e restauração de três igrejas

6. Chegou então a um mosteiro próximo onde pediu uma esmola.
Recebeu-a, mas ninguém o reconheceu nem lhe deu a mínima atenção. Em seguida dirigiu-se a Gúbio onde foi reconhecido e hospedado por um dos seus antigos amigos de quem aceitou uma de suas túnicas bem baratas, digna de um pobrezinho do Senhor.
Depois disso, no seu amor à verdadeira humildade, dedicou-se aos leprosos vivendo com eles, a todos servindo por amor a Deus.
Lavava-lhes os pés, tratava-lhes as feridas, retirava-lhes os pedaços de carne podre, fazia parar o pus; na sua extraordinária devoção, chegava mesmo a beijar-lhes as chagas purulentas: começo já bem significativo para o médico que seria ele mais tarde!
Por isso Deus lhe outorgou o poder de curar as doenças da alma e do corpo.
Entre muitas outras curas, por exemplo, merece referido este facto que se passou um pouco mais tarde, numa época em que o seu nome já era bem mais conhecido:
um homem do condado de Espoleto  tinha a boca e o maxilar corroídos por uma doença horrível, diante da qual toda a medicina nada podia fazer.
De volta de uma peregrinação ao túmulo dos Apóstolos aonde tinha ido pedir o socorro de Deus, encontrou Francisco e, por devoção, quis beijar-lhe os pés.
Mas o humilde homem de Deus não o permitiu e beijou na face, aquele que lhe queria beijar os pés.
Mal o servo dos leprosos, admirável no seu amor, tocou com seus lábios santos aquela chaga horrível, a doença desapareceu e o enfermo encontrou a saúde tanto tempo almejada.

Não sei o que mereça mais a nossa admiração: a humildade capaz de um beijo tão caridoso ou o poder que se patenteia num milagre tão espantoso.

Lançado pois este fundamento sólido da humildade desejada por Cristo, Francisco lembrou-se da ordem que recebera do Crucificado de restaurar a igreja de São Damião.
Como filho autêntico da obediência, voltou a Assis para atender à vontade divina ou ao menos mendigar o material necessário.
Por amor de Cristo pobre e crucificado, ele vai pedindo esmola sem qualquer vergonha junto àqueles mesmos que o haviam conhecido como grande senhor.
E apesar de fraco e extenuado pelos jejuns, carregava nas costas pesados fardos de pedras.
Com a ajuda de Deus e a cooperação do povo, conseguiu enfim chegar a termo com a restauração da igreja de São Damião.
E para não ficar de braços cruzados, encetou a reconstrução de outra igreja delicada a São Pedro, situada a boa distância da cidade.

Na autenticidade e pureza de sua fé, tinha Francisco grande devoção ao Príncipe dos Apóstolos.

8. Terminado esse trabalho, chegou a um lugar chamado Porciúncula, onde existia uma velha igreja dedicada à Virgem Mãe de Deus, abandonada e sem ninguém que dela cuidasse.
Francisco era grande devoto de Maria Senhora do Mundo, e quando viu a igreja naquele desamparo, começou a morar aí permanentemente a fim de poder restaurá-la.
Foi agraciado com a visita frequente dos santos anjos (o que aliás não estranho, uma vez que a igreja se chamava Santa Maria dos Anjos) e fixou-se neste local por causa de seu respeito pelos anjos e do seu amor à Mãe de Cristo.
Sempre amou esse lugar acima de qualquer outro no mundo, pois foi ai que ele principiou humildemente, progrediu na virtude e atingiu a culminância da felicidade.
Foi esse lugar que ele confiou aos irmãos ao morrer como particularmente caro à Santíssima Virgem.

Cabe aqui referir a visão que teve um irmão a esse respeito antes de se converter.
Viu ele em volta dessa igreja uma multidão incalculável de pobres cegos, de joelhos, braços erguidos e semblantes voltados para o céu; com gritos e lágrimas, todos imploravam misericórdia e a luz dos olhos.
E eis que uma luz brilhante desceu do céu e os envolveu a todos restituindo-lhes a visão e a saúde que almejavam.
Este é o lugar em que Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores por inspiração de Deus e foi a divina Providência que o fez restaurar três igrejas antes de fundar a Ordem e começar a pregar o Evangelho.
Isto significa que ele progrediu desde as coisas materiais em direcção às realizações mais espirituais, das coisas menores às maiores, na devida ordem, tudo sinal profético daquilo que ele haveria de realizar mais tarde.
E analogamente aos três edifícios que ele reconstruíra, a Igreja de Cristo se renovaria de três modos diferentes sob a orientação de Francisco e segundo sua Regra e doutrina, e o tríplice exército daqueles que devem ser salvos alcançaria vitória. Hoje podemos verificar que essa profecia se cumpriu.

CAPÍTULO 3
Fundação da Ordem e aprovação da Regra

1. Francisco permaneceu ainda algum tempo na igreja da Virgem Mãe de Deus, suplicando-lhe em instantes e contínuas preces que se tornasse sua advogada.
E pelos méritos da Mãe de misericórdia e junto daquela que concebera o Verbo cheio de graça e de verdade, ele também concebeu e deu à luz o espírito da verdade evangélica.

E foi assim que sucedeu:
Assistia ele à missa dos Apóstolos devotamente; o Evangelho falava da missão dos discípulos que Cristo envia a pregar ensinando-lhes a maneira evangélica de viver: não levar ouro nem prata, nem dinheiro no cinto, nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bastão.
Compreendeu imediatamente o sentido da passagem e, no seu amor pela pobreza apostólica, reteve essas palavras firmemente na memória e- cheio de indizível alegria, exclamou:
“É isso o que desejo ardentemente; é a isso que aspiro com todas as veras da alma”.
E sem mais delongas, arroja para longe os sapatos, abandona o bastão que levava, despreza bolsa e dinheiro e contente com vestir uma pobre túnica, se desfaz do cinto em que pendia a espada, cinge-se com uma corda áspera e nodosa, repele do coração toda a preocupação terrena e já não pensa em nada mais senão na maneira como haveria de pôr em execução aquela celestial doutrina para se conformar perfeitamente ao género de vida observado pelos apóstolos.

2. Movido assim pelo Espírito de Deus, começou Francisco a desejar vivamente a prática da perfeição evangélica e a convidar os outros a que abraçassem os salutares rigores da penitência.
E as palavras que para esse fim lhes dirigia não eram vãs nem ridículas, mas cheias de virtude celeste, e penetravam até o íntimo do coração, suscitando admirável compunção dos ouvintes.
Em todas as pregações anunciava a paz, saudando o povo no início dos sermões com estas palavras: “O Senhor vos dê a paz”. Porque, como ele atestou mais tarde, o Senhor mesmo lhe revelou esta forma de saudação.
Poderíamos dizer, aplicando a palavra do verso de Isaías: “Anunciou a paz, pregou a salvação e. por suas oportunas intervenções, reconciliou com a verdadeira paz aqueles que, longe de Cristo, estavam longe da salvação” (Is 52,7).

3. Dessa forma, muitos começaram a reconhecer a verdade da doutrina que o homem de Deus com simplicidade pregava e de sua vida.
Alguns sentiram-se impulsionados à penitência pelo seu exemplo e a associar-se a ele vestindo o mesmo hábito, levando a mesma vida e abandonando suas posses.
O primeiro deles foi o venerável Bernardo que, feito participante da vocação divina, mereceu ser o primogénito do santo Pai Francisco, primeiro no tempo e primeiro na santidade.
Depois de verificar pessoalmente a santidade do servo de Cristo, Bernardo decidiu seguir o seu exemplo, abandonando completamente o mundo.
Por fim o procurou para saber como realizar seu propósito.
Ao ouvi-lo, o servo de Deus sentiu um grande conforto espiritual, porque havia concebido seu primeiro filho, e exclamou:
“É a Deus que devemos pedir conselho”.
No dia seguinte de manhã, foram à igreja de São Nicolau, e depois de orar, Francisco, devoto adorador da Santíssima Trindade, por três vezes abriu o Evangelho, pedindo a Deus que por três vezes confirmasse o propósito de Bernardo.
À primeira abertura do livro dos Evangelhos, encontraram a passagem que diz: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuis e dá-o aos pobres(Mt 19,21). A segunda: “Nada leveis pelo caminho(Lc 9,3). A terceira: “Quem quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me(Mt 16,24).
“Esta é nossa vida e nossa regra - disse Francisco - e de todos aqueles que quiserem unir-se à nossa companhia.
Se quiseres ser perfeito, vai, e põe em prática o que acabaste de ouvir”.

São Boaventura

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









O trabalho, um sinal do amor de Deus


Está a ajudar-te muito, dizes-me, este pensamento: desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes terão sido santos? E queres demonstrar que também agora isso é possível... O Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)

O que sempre ensinei – desde há quarenta anos – é que todo o trabalho humano honesto, tanto intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação da sua dimensão divina – e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santifica-se, converte-se em obra de Deus, operatio Dei, opus Dei.

Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Génesis – que Deus criou o homem para que trabalhasse –, fixámo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, e cultivou e santificou. Vemos no trabalho – na nobre e criadora fadiga dos homens – não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e o ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor-dos-homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação. (Temas Actuais do Cristianismo, 10)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Lc 11, 42-46

42 Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as plantas e descurais a justiça e o amor de Deus! Estas eram as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas. 43 Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas sinagogas e de ser cumprimentados nas praças! 44 Ai de vós, porque sois como os túmulos, que não se vêem e sobre os quais as pessoas passam sem se aperceberem!» 45 Um doutor da Lei tomou a palavra e disse-lhe: «Mestre, falando assim, também nos insultas a nós.» 46 Mas Ele respondeu: «Ai de vós, também, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos insuportáveis e nem sequer com um dedo tocais nesses fardos!

Comentário:

Este é sem dúvida um dos momentos mais marcantes do “confronto” entre Jesus e os chefes do povo.

Sem rebuço o Senhor aponta com clareza os defeitos e as más práticas daqueles que deveriam dar o exemplo.

Quem O escuta dá-se conta de que as palavras que Jesus profere vão ao encontro do que realmente o povo anónimo pensa e como não obtém resposta - porque ela não existe – este mesmo povo apercebe-se de Quem deve seguir, onde está a verdadeira doutrina e, sobretudo, a honestidade de procedimento.

(AMA, comentário sobre Lc 11, 42-46, 10.07.2018)