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06/10/2018

Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Cristo que passa 159 a 162 

159
         
O optimismo cristão

Alguma vez poderá surgir a tentação de pensar que tudo isto é tão belo como um sonho irrealizável.
Falei-vos de renovar a fé e a esperança; permanecei firmes, com a certeza absoluta de que as nossas aspirações serão ultrapassadas pelas maravilhas de Deus.
Mas torna-se indispensável que nos apoiemos verdadeiramente na virtude cristã da esperança.

Não nos acostumemos aos milagres que se operam perante nós: ao admirável portento que é o Senhor descer todos os dias às mãos do sacerdote.
Jesus quer que estejamos despertos, para que nos convençamos da grandeza do seu poder, e para que ouçamos novamente a sua promessa: venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum, se Me seguirdes, far-vos-ei pescadores de homens; sereis eficazes e atraireis as almas a Deus.
Devemos, portanto, confiar nessas palavras do Senhor: meter-se na barca, pegar nos remos, içar as velas e lançar-nos a esse mar do mundo que Cristo nos deixa em herança.
Duc in altum et laxate rectia vestra in capturam!: fazei-vos ao largo e lançai as vossas redes para pescar.

Este zelo apostólico que Cristo infundiu no nosso coração não se deve esgotar - extinguir - por uma falsa humildade.
Se é verdade que arrastamos connosco as nossas misérias, também é verdade que o Senhor conta com os nossos erros.
Não escapa ao seu olhar misericordioso que nós, os homens, somos criaturas com limitações, com fraquezas, com imperfeições, inclinadas ao pecado.
Por isso, manda-nos lutar, reconhecer os nossos defeitos; não para nos acobardarmos, mas para nos arrependermos e fomentarmos o desejo de sermos melhores.

Aliás, temos de lembrar-nos sempre de que somos apenas instrumentos: Que é, pois, ApoIo? e que é Paulo? Ministros daquele em quem vás crestes, segundo o dom que o Senhor deu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas Deus é que deu o crescimento.
A doutrina, a mensagem que temos de difundir, tem uma fecundidade própria e infinita, que não é nossa, mas de Cristo.
É o próprio Deus quem está empenhado em realizar a obra salvadora, em redimir o, mundo.

160
         
Tenhamos, pois, Fé, sem permitir que o desalento nos domine; sem nos determos em cálculos meramente humanos.
Para superar os obstáculos, há que começar a trabalhar, metendo-se em cheio nessa tarefa, de maneira que o nosso próprio esforço nos leve a abrir novos caminhos.
Perante qualquer dificuldade, o remédio é este: santidade pessoal, entrega ao Senhor.

Ser santos é viver tal como o nosso Pai do Céu dispôs que vivêssemos.
Dir-me-eis que é difícil.
Sim, o ideal é muito elevado.
Mas ao mesmo tempo é fácil: está ao alcance da mão.
Quando uma pessoa adoece, nem sempre se consegue encontrar o remédio adequado para a tratar.
Mas no plano sobrenatural não acontece assim.
O remédio está sempre perto de nós: é Jesus Cristo, presente na Sagrada Eucaristia, que também nos dá a sua graça nos outros Sacramentos que instituiu.

Repitamos com a palavra e com as obras: Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia.
Não temos por que pedir a Deus grandes milagres.
Temos de lhe suplicar, pelo contrário, que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade.
Jesus está sempre junto de nós e permanece fiel.

Desde o começo da minha pregação, preveni-vos contra um falso endeusamento.
Não te assustes ao veres-te tal como és: assim, feito de barro.
Não te preocupes.
Porque, tu e eu somos filhos de Deus, - este é o endeusamento bom - escolhidos desde a eternidade, com uma vocação divina: escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mando, para que sejamos santos diante dele.
Nós, que somos especialmente de Deus, seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza.
As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fraqueza.

Se sentimos desalento ao experimentar - talvez de um modo particularmente vivo - a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus.
Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno, pedindo uma esmola.
Alexandre parou e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades.
O pobre, confundido e atordoado, exclamou: eu não pedia tanto!
E Alexandre respondeu: tu pediste como quem és; eu dou-te como quem sou.

Mesmo nos momentos em que percebemos mais profundamente a nossa limitação, podemos e devemos olhar para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, sabendo-nos participantes da vida divina.
Nunca existe razão suficiente para voltarmos atrás: o Senhor está ao nosso lado.
Temos que ser fiéis, leais, encarar as nossas obrigações, encontrando em Jesus o amor e o estímulo para compreender os erros dos outros e superar os nossos próprios erros.
Assim, todos esses desalentos - os teus, os meus, os de todos os homens - servem também de suporte ao reino de Cristo.

Reconheçamos as nossas fraquezas, mas confessemos o poder de Deus.
O optimismo, a alegria, a convicção firme de que o Senhor quer servir-se de nós têm de informar a vida cristã.
Se nos sentirmos parte dessa Igreja Santa, se nos considerarmos sustentados pela rocha firme de Pedro e pela acção do Espírito Santo, decidir-nos-emos a cumprir o pequeno dever de cada instante: semear todos os dias um pouco.
E a colheita fará transbordar os celeiros.

161
         
Terminemos este tempo de oração.
Recordai - saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina - que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança.
Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.

Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores.
Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo.

162
         
Deus Pai dignou-Se conceder-nos, no Coração do Filho, infinitos dilectionis thesauros, tesouros inesgotáveis de amor, de misericórdia, de ternura.
Se quisermos descobrir com evidência que Deus nos ama - que não só escuta as nossas orações, mas até Se nos antecipa - basta-nos seguir o mesmo raciocínio de S. Paulo: Aquele que nem ao seu próprio Filho perdoou, mas O entregou à morte por nós, corno não nos dará, com Ele, todas as coisas?

A graça renova o homem por dentro e converte-o, de pecador e rebelde, em servo bom e fiel.
E a fonte de todas as graças é o amor que Deus tem por nós e nos revelou - e não só com palavras, também com actos.
O amor divino faz com que a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima, o Verbo, o Filho de Deus Pai, tome a nossa carne, isto é, a nossa condição humana, menos o pecado.
E o Verbo, a Palavra de Deus, é Verbum spirans amorem, a Palavra de que procede o Amor.

O Amor revela-se na Encarnação, nessa caminhada redentora de Jesus Cristo pela Terra, até ao sacrifício supremo da Cruz.
E na Cruz manifesta-se com um novo sinal: um dos soldados abriu o lado de Jesus com uma lança e no mesmo instante saiu sangue e água .
Água e sangue de Jesus que nos falam de uma entrega realizada até ao último extremo, até ao consummatum est , ao "tudo está consumado", por amor.

Na festa de hoje, ao considerarmos uma vez mais os mistérios centrais da nossa fé, maravilhamo-nos de que as realidades mais profundas - o amor de Deus Pai que entrega o seu Filho; o amor do Filho que O leva a caminhar sereno até ao Gólgota - se traduzam em gestos muito próximos dos homens.
Deus não Se nos dirige numa atitude de poder e de domínio; aproxima-Se de nós tomando a forma de servo, tornado semelhante aos homens.
Nunca Jesus Se mostra distante e altivo.
Por vezes, durante os anos de pregação, podemos vê-Lo desgostoso por lhe doer a maldade humana.
Mas, se repararmos melhor, logo perceberemos que o que Lhe provoca o desgosto ou a cólera é o amor, que o desgosto e a cólera são apenas um novo modo de nos arrancar à infidelidade e ao pecado. Porventura quero Eu a morte do ímpio - diz o Senhor Deus - e não que se converta do seu mau caminho e que viva?
Essas palavras explicam-nos toda a vida de Cristo e fazem-nos compreender por que Se apresentou perante nós com um coração de carne, com um coração como o nosso, prova irrefutável de amor e testemunho constante do mistério inenarrável da caridade divina.


(cont)


Temas para reflectir e meditar

Formação humana e cristã - 72

Sim… já sei que, por vezes, este meu Amigo parece voltar-me as costas ou fingir que não está interessado na “minha conversa”.

Fico, assim, parado e pergunto-me:

Mas que é isto? Que se passa?

E, por vezes, penso que Ele tem toda a razão! Talvez esteja um bocadinho “farto” das minhas conversas!

Será?

Não será, antes, que eu não estou a dialogar com Ele mas a ter um simples monólogo?

Vou pensando que não presto para nada, que não valho nada, que não sou nada e, portanto…
Caio em mim e vejo, com meridiana clareza que não tenho “autoridade” para pensar desta forma.

Estou a tentar ser juiz e árbitro em causa própria e encontrar uma razão para o que penso seja um súbito “desinteresse” do Senhor por mim.

E, chego, uma vez mais, à triste conclusão, que sou um ingrato.

Um teimoso incorrigível.

(AMA, reflexões)

A maior doação de Deus aos homens


Quando o receberes, diz-lhe: – Senhor, espero em Ti; adoro-te, amo-te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas. (Forja, 832)

Creio que não vou dizer nada de novo, se afirmar que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa Missa e que ela é para muitos um mero rito exterior, quando não um convencionalismo social. Isto acontece, porque os nossos corações, de si tão mesquinhos, são capazes de viver com rotina a maior doação de Deus aos homens. Na Santa Missa, nesta Missa que agora celebramos, intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima. Para corresponder a tanto amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma, pois vamos ouvir Deus, falar com Ele, vê-Lo, saboreá-Lo. E se as palavras não forem suficientes, poderemos cantar, incitando a nossa língua – Pange, lingua! – a que proclame, na presença de toda a Humanidade, as grandezas do Senhor.

Viver a Santa Missa é manter-se em oração contínua, convencermo-nos de que, para cada um de nós, este é um encontro pessoal com Deus, em que O adoramos, O louvamos, Lhe pedimos, Lhe damos graças, reparamos os nossos pecados, nos purificamos e nos sentimos uma só coisa em Cristo com todos os cristãos. (Cristo que passa, nn. 87–88)

Evangelho e comentário


Tempo comum



Evangelho: Lc 10, 17-24

17 Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!» 18 Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.» 21 Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho houver por bem revelar-lho.» 23 Voltando-se, depois, para os discípulos, disse-lhes em particular: «Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. 24 Porque - digo-vos - muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!»

Comentário:

Jesus termina a conversa com os setenta e dois que tinha enviado em missão apostólica, a primeira de uma sucessão de muitos milhares ao longo dos tempos, exactamente com palavras que nos enchem de alegria.

Nós, cristãos, não vimos nem ouvimos o que os setenta e dois tiveram a graça de ver e ouvir, mas, a verdade, é que sabemos muito mais que eles, na altura sabiam, conhecemos Jesus Cristo tão intimamente que O recebemos na Comunhão Eucarística.

Mas a verdade é sem esses setenta e dois e os milhares que lhes sucederam, sem o seu testemunho, exemplo e perseverança, não teríamos tido essa oportunidade, recebido essa graça.

(AMA, comentário sobre Lc 10, 17-24,10.07.2018)