Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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29/09/2018
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.
Lembrar-me:
Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para reflectir e meditar
Para "ajudar" a
direcção espiritual será muito útil a leitura diária de um texto - livro - de
espiritualidade.
Nesta leitura deve incluir-se
a do Evangelho do dia e as duas deverão ter um tempo de mais ou menos quinze
minutos.
Claro que estas leituras
devem ser "vividas", isto é, pausadas e meditadas para que delas
tiremos os frutos que nos oferecem.
Sugere-se que estes quinze
minutos estejam considerados no nosso plano de vida.
A leitura espiritual
contribuirá decididamente para a nossa formação e, claro está, habilitar-nos a
melhor fundamentar o nosso trabalho de apostolado.
Evangelho e comentário
São
Gabriel, São Rafael, São Miguel - Arcanjos
Evangelho: Jo 1, 47-51
47
Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um
verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48 Disse-lhe Natanael: «Donde
me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando
estavas debaixo da figueira!» 49 Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de
Deus! Tu és o Rei de Israel!» 50 Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter
dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51 E
acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos
de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Comentário:
A existência dos Santos Anjos é
iniludivelmente confirmada pelo próprio Senhor.
Estes seres magníficos que contemplam permanentemente a Face de Deus
estão dispostos para nos ajudar a nós, humanos, durante a nossa vida
terrena
exactamente para nos conduzir até onde habitam.
(ama,
comentário sobre Jo 1 47-51 2014.09.29)
É curto o nosso tempo para amar
Um
filho de Deus não tem medo da vida nem medo da morte, porque o fundamento da
sua vida espiritual é o sentido da filiação divina: Deus é meu Pai, pensa, e é
o Autor de todo o bem, é toda a Bondade. – Mas tu e eu procedemos, de verdade,
como filhos de Deus? (Forja, 987)
Para
nós, cristãos, a fugacidade do caminho terreno deve incitar-nos a aproveitar
melhor o tempo, não a temer Nosso Senhor, e muito menos a olhar a morte como um
final desastroso. Um ano que termina – já foi dito de mil modos, mais ou menos
poéticos – com a graça e a misericórdia de Deus, é mais um passo que nos
aproxima do Céu, nossa Pátria definitiva.
Ao
pensar nesta realidade, compreendo perfeitamente aquela exclamação que S. Paulo
escreve aos de Corinto: tempus breve est!,
que breve é a nossa passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas
palavras soam, no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de
generosidade e como um convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso
tempo para amar, para dar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o
malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela
fora. Não podemos desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de
nós.
(…)
Há-de chegar também para nós esse dia, que será o último e não nos causa medo.
Confiando firmemente na graça de Deus, estamos dispostos desde este momento,
com generosidade, com fortaleza, pondo amor nas pequenas coisas, a acudir a
esse encontro com o Senhor, levando as lâmpadas acesas, porque nos espera a
grande festa do Céu. (Amigos de Deus,
39–40)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo que passa
131
Nós, os cristãos, trazemos
em vasos de barro os grandes tesouros da graça:
Deus confiou os seus dons
à frágil e débil liberdade humana e, embora a sua força certamente nos assista,
a nossa concupiscência, o nosso comodismo e o nosso orgulho repelem-na por
vezes e levam-nos a cair em pecado.
Em muitas ocasiões, de há
mais de um quarto de século para cá, ao recitar o Credo e ao afirmar a minha fé
na divindade da Igreja, una, santa, católica e apostólica, costumo acrescentar:
apesar dos pesares.
Quando alguma vez me
acontece comentar este costume e alguém me pergunta a que quero referir-me,
respondo: aos teus pecados e aos meus.
Tudo isto é certo, mas não
autoriza de maneira nenhuma a julgar a Igreja por critérios humanos, sem fé
teologal, atendendo apenas ao maior ou menor valor de certos eclesiásticos ou
de certos cristãos. Proceder assim é ficar à superfície.
O mais importante na
Igreja não é ver como correspondemos nós, os homens, mas sim o que Deus
realiza.
A Igreja é isto mesmo:
Cristo presente entre nós; Deus que vem até à humanidade para a salvar,
chamando-nos com a sua revelação, santificando-nos com a sua graça,
sustentando-nos com a sua ajuda constante, nos pequenos e grandes combates da
vida de todos os dias.
Podemos chegar a
desconfiar dos homens, e cada um está obrigado a desconfiar pessoalmente de si
mesmo e a concluir cada um dos seus dias com um mea culpa, com um acto de
contrição profundo e sincero. Mas não temos o direito de duvidar de Deus.
E duvidar da Igreja, da
sua origem divina, da eficácia salvífica da sua pregação e dos seus
sacramentos, é duvidar do próprio Deus; é não acreditar plenamente na realidade
da vinda do Espírito Santo.
Antes de Cristo ser
crucificado, - escreve S. João Crisóstomo - não havia nenhuma reconciliação. E,
enquanto não houve reconciliação, não foi enviado o Espírito Santo...
A ausência do Espírito
Santo era sinal da ira divina.
Agora que O vês enviado em
plenitude, não duvides da reconciliação. Mas, se perguntarem: onde está agora o
Espírito Santo?
Falar da sua presença
quando se davam milagres, quando eram ressuscitados os mortos e curados os
leprosos, era possível; mas como saber, agora, que está deveras presente?
Não vos preocupeis. Hei-de
demonstrar-vos que o Espírito Santo está também agora entre nós...
Se não existisse o
Espírito Santo, não poderíamos dizer Senhor, Jesus, pois ninguém pode invocar
Jesus como Senhor senão no Espírito Santo (I Cor. 12,3).
Se não existisse o
Espírito Santo, não poderíamos orar com confiança, porque ao rezar dizemos Pai
Nosso, que estais nos Céus (Mat. 6,9).
Se não existisse o
Espírito Santo, não poderíamos chamar Pai a Deus. Como sabemos isso?
É porque o Apóstolo nos
ensina:
E, porque somos filhos,
Deus mandou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba Pai
(Gal, 4,6).
Portanto, quando invocares
Deus Pai, recorda-te de que foi o Espírito Santo que, ao mover a tua alma, te
deu essa oração.
Se não existisse o Espírito
Santo, não haveria na Igreja palavra alguma de sabedoria ou de ciência, pois
está escrito: Porque... a um é dada pelo Espírito a palavra da sabedoria (I
Cor, 12, 8)...
Se o Espírito Santo não
estivesse presente, a Igreja não existiria. Mas, se a Igreja existe, é certo
que o Espírito Santo não falta.
Acima das deficiências e
limitações humanas, repito, a Igreja é isto: sinal e, de certo modo - não no
sentido estrito em que dogmaticamente se definiu a essência dos sete
sacramentos da Nova Aliança - o sacramento universal da presença de Deus no
Mundo.
Ser cristão é ter sido
regenerado por Deus e enviado aos homens para lhes anunciar a salvação. Se
tivéssemos fé firme e viva e déssemos a conhecer Cristo com audácia, veríamos
que ante os nossos olhos se realizariam milagres como os da era apostólica.
Porque a verdade é que
também agora se dá vista aos cegos, que tinham perdido a capacidade de olhar
para o Céu e de contemplar as maravilhas de Deus; também agora se dá liberdade
a coxos e entrevados, que se encontravam tolhidos pelas próprias paixões e cujo
coração já não sabia amar; também agora se dá ouvido aos surdos, que não
desejavam o conhecimento de Deus, e se consegue que falem os mudos, que tinham
amordaçada a língua por não quererem confessar as suas derrotas; também agora
se ressuscitam mortos, em que o pecado destruíra a vida.
Mais uma vez se verifica
que a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada
de dois gumes.
E, como os primeiros fiéis
cristãos, também nós nos alegramos ao admirar a força do Espírito Santo e a sua
acção na inteligência e na vontade das suas criaturas.
132
Dar a conhecer a Cristo
Todos os acontecimentos da
vida - os de cada existência individual e, de algum modo, os das grandes encruzilhadas
da História - vejo-os como outros tantos chamamentos que Deus faz aos homens
para olharem de frente a verdade e como ocasiões oferecidas a nós, cristãos,
para anunciarmos com as nossas obras e as nossas palavras, auxiliados pela
graça, o Espírito a que pertencemos.
Cada geração de cristãos
deve redimir e santificar o seu tempo: para tanto, precisa de compreender e de
compartilhar os anseios dos homens, seus iguais, a fim de lhes dar a conhecer,
com dom de línguas, como corresponder à acção do Espírito Santo, à efusão
permanente das riquezas do Coração divino.
A nós, cristãos, compete
anunciar nestes dias, ao mundo a que pertencemos e em que vivemos, a antiga e
sempre nova mensagem do Evangelho.
Não é verdade que toda a
gente de hoje - assim, em geral ou em bloco - esteja fechada ou permaneça
indiferente ao que a fé cristã ensina sobre o destino e o ser do Homem.
Não é certo que os homens
do nosso tempo se ocupem só das coisas da Terra e se desinteressem de olhar
para o Céu.
Embora não faltem ideologias
- e pessoas para as sustentarem - que estão fechadas, na nossa época não há
apenas atitudes rasteiras, mas também altos ideais; não há apenas cobardia, mas
heroísmo, e ao lado das desilusões permanecem grandes aspirações.
Há pessoas que sonham com
um mundo novo, mais justo e mais humano, enquanto outras, talvez decepcionadas
diante do fracasso dos seus primeiros ideais, se refugiam no egoísmo de
buscarem a sua própria tranquilidade ou de se deixarem ficar mergulhadas no
erro.
A todos os homens e todas as
mulheres, estejam onde estiverem, em momentos de exaltação ou de crise ou de
derrota, devemos fazer chegar o anúncio solene e claro de S. Pedro, durante os
dias que se seguiram ao Pentecostes: Jesus é a pedra angular, o Redentor, tudo
da nossa vida, pois fora d'Ele não foi dado outro nome, aos homens, debaixo do
céu, pelo qual possamos ser salvos.
133
Entre os dons do Espírito
Santo, eu diria que há um de que todos nós, cristãos, temos especial
necessidade: o dom da Sabedoria, que, fazendo-nos conhecer a Deus e tomar-Lhe o
sabor, nos coloca em condições de poder julgar com verdade as situações e as
coisas da vida presente.
Se fôssemos consequentes
com a nossa fé, quando olhássemos à nossa volta e contemplássemos o espectáculo
da História e do Mundo, não poderíamos deixar de sentir crescer nos nossos
corações os mesmos sentimentos que animaram o de Jesus Cristo: ao ver aquelas
multidões, compadeceu-se delas, porque estavam maltratadas e fatigadas e como
ovelhas sem pastor.
Não é que o cristão não
veja todo o bem que há na Humanidade, não aprecie as alegrias puras, não
participe dos anseios e dos ideais terrenos.
Pelo contrário, sente tudo
isso desde o mais recôndito da alma e compartilha-o e vive-o com especial
intensidade, pois conhece melhor do que ninguém os arcanos do espírito humano.
A fé cristã não nos torna
pusilânimes nem cerceia os impulsos nobres da alma, pois é ela que os
engrandece, ao revelar o seu verdadeiro e mais autêntico sentido: não estamos
destinados a uma felicidade qualquer, porque fomos chamados à intimidade
divina, a conhecer e amar Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo e, na
Trindade e na Unidade de Deus, todos os anjos e todos os homens.
Essa é a grande ousadia da
fé cristã: proclamar o valor e a dignidade da natureza humana e afirmar que,
mediante a graça que nos eleva à ordem sobrenatural, fomos criados para
alcançar a dignidade de filhos de Deus.
Ousadia certamente
incrível, se não se baseasse no desígnio salvador de Deus Pai e não houvesse
sido confirmada pelo Sangue de Cristo e reafirmada e tornada possível pela
acção constante do Espírito Santo.
Temos de viver de Fé,
crescer na Fé, até poder dizer de cada um de nós, de cada cristão, o que há
muitos séculos escreveu um dos grandes Doutores da Igreja Oriental:
Da mesma maneira que os
corpos transparentes e límpidos, quando recebem os raios luminosos, se tornam
resplandecentes e irradiam brilho, assim as almas que são conduzidas e
iluminadas pelo Espírito Santo se tornam também espirituais e levam às outras a
luz da graça.
Do Espírito Santo procede
o conhecimento das coisas futuras, a inteligência dos mistérios, a compreensão
das verdades ocultas, a distribuição dos dons, a cidadania celeste, a
conversação com os Anjos. D'Ele, a alegria que nunca termina, a perseverança em
Deus, a semelhança com Deus e - a coisa mais sublime que pode ser pensada - a
transformação em Deus
A consciência da grandeza
da dignidade humana - de um modo eminente e inefável, pois fomos, pela acção da
graça, constituídos filhos de Deus - é no cristão uma só coisa com a humildade,
visto que não são as nossas forças que nos salvam e nos dão a vida, mas o favor
divino.
É uma verdade que não se
pode esquecer, porque senão pervertia-se o nosso endeusamento, convertendo-se
em presunção, em soberba e, mais cedo ou mais tarde, em ruína espiritual
perante a experiência da nossa fraqueza e miséria.
Atrever-me-ei a dizer que
sou santo? - perguntava a si mesmo Santo Agostinho - Se dissesse santo como
santificador e não necessitado de ninguém que me santificasse, seria soberbo e
mentiroso. Mas, se entendo por santo o santificado, segundo aquilo que se lê no
Levítico: sede santos, porque Eu, Deus, sou santo, então também o corpo de
Cristo, até ao último homem situado nos confins da Terra, poderá dizer ousadamente,
unido à sua Cabeça e a ela subordinado: sou santo.
Amemos a Terceira Pessoa
da Santíssima Trindade; escutemos na intimidade do nosso ser as moções divinas
- alentos, censuras - ; caminhemos sobre a Terra dentro da luz derramada na
nossa alma; e o Deus da esperança nos encherá de todas as formas de paz, para
que essa esperança vá crescendo em nós cada vez mais, pela virtude do Espírito
Santo.
(cont)