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Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 62

Penso que depender de Deus - para tudo - é a melhor coisa que pode acontecer ao homem. 
Sim,  no fim e ao cabo, é depender do supremo bem e se depender significa servir como não Lhe agradecer - a Ele que de nada precisa - essa extraordinária  benesse que representa servi-Lo?
Por isso mesmo não podemos regatear uma disponibilidade permanente expressa num grito da alma de que já falámos:

Domine, quid me vis facere!

O que faz o servo?
Serve, claro!
Como? 
O melhor que pode e sabe tentando sempre ir ao encontro do seu Senhor e, por isso mesmo devemos ter constantemente presente esse pedido, sincero, forte genuíno:

Domine, quid me vis facere... agora, neste preciso momento! 
Ontem, há pouco, fiz a minha vontade, o que me apeteceu, mas, agora NÃO.
Quero recomeçar! 
Agora!
NUNC COEPI!

(AMA, reflexões)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Lc 9, 1-6

1 Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2 Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, 3 e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. 5 Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» 6 Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.

Comentário:

O que é necessário para fazer apostolado?
Qualidades, meios, autoridade?
Evidentemente que sim. Mas… só?
Não! O é absolutamente necessário é a convicção plena de que se actua por Jesus Cristo e em Seu Nome.
Da “nossa lavra” não temos de pôr absolutamente nada, tudo consta na doutrina e ensinamentos do Senhor contidos nos Evangelhos.
Qualidades para arrastar pessoas, oratória, dom de palavra?
Não nos preocupemos com isso, o Espírito Santo nos ensinará o que dizer e como dizer.

Mas, de facto, o mais importante de tudo, o que melhor convence e atrai é o exemplo que damos, ou seja, numa palavra, que as nossas acções correspondam ao que apregoamos.

(AMA, comentário sobre Lc 9, 1-6, 26.09.2017)




Não esperes pela velhice para ser santo


Não esperes pela velhice para ser santo: seria um grande erro!

Começa agora, seriamente, gozosamente, alegremente, através das tuas obrigações, do teu trabalho, da vida quotidiana...

Não esperes pela velhice para ser santo, porque, além de ser um grande erro – insisto –, não sabes se chegará para ti. (Forja, 113)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Cristo que passa 

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Olhai: a Redenção, que ficou consumada quando Jesus morreu na vergonha e na glória da Cruz, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, por vontade de Deus continuará a fazer-se até que chegue a hora do Senhor.
Não é compatível viver de acordo com o Coração de Jesus Cristo e não nos sentirmos enviados como Ele, peccatores salvos facere, a salvar todos os pecadores, convencidos de que nós mesmos precisamos de confiar cada dia mais na misericórdia de Deus.
Daí, o desejo veemente de nos considerarmos corredentores com Cristo, de salvar com Ele todas as almas, porque somos, queremos ser, ipse Christus, o próprio Jesus Cristo e Ele deu-se a si mesmo em resgate de todos.

Temos uma grande tarefa à nossa frente.
Não é possível a atitude de ficarmos passivos porque o Senhor declarou expressamente: negociai até eu vir.
Enquanto esperamos o regresso do Senhor que voltará a tomar posse plena do seu Reino, não podemos estar de braços cruzados.
A extensão do Reino de Deus não é só tarefa oficial dos membros da Igreja que representam Cristo, por d'Ele terem recebido os poderes sagrados.
Vos autem estis corpus Christi, vós também sois Corpo de Cristo, ensina-nos o Apóstolo, com o mandato concreto de negociar até ao fim.

Ainda está tanta coisa por fazer!
Será que em vinte séculos não se fez nada?
Em vinte séculos trabalhou-se muito.
Não me parece, nem objectivo nem honrado o afã de alguns em menosprezar a tarefa daqueles que nos precederam.
Em vinte séculos realizou-se um grande trabalho e, com frequência, foi muito bem realizado.
Outras vezes houve desacertos, regressões, como também há agora retrocessos, medo, timidez, ao mesmo tempo que não falta valentia, generosidade.
Mas a família humana renova-se constantemente; em cada geração é preciso continuar com o empenho de ajudar o homem a descobrir a grandeza da sua vocação de filho de Deus e é necessário inculcar o mandamento do amor ao Criador e ao nosso próximo.

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Cristo ensinou-nos, definitivamente, o caminho desse amor a Deus: o apostolado é o amor de Deus, que transborda, dando-se aos outros. A vida interior supõe crescimento na união com Cristo, pelo Pão, e pela Palavra.
E o afã de apostolado é a manifestação exacta, adequada, necessária à vida interior.
Quando se saboreia o amor de Deus sente-se o peso das almas.
Não se pode dissociar a vida interior do apostolado, como não é possível separar em Cristo o seu ser de Deus-Homem e a sua função de Redentor.
O Verbo quis encarnar para salvar os homens, para fazê-los com Ele uma só coisa.
Esta é a razão da sua vinda ao mundo: por nós e pela nossa salvação, desceu do Céu, rezamos no Credo.

Para o cristão, o apostolado resulta conatural; não é algo que se acrescente, que se justaponha, alheio à sua actividade diária, à sua ocupação profissional.
Tenho-o dito sem cessar, desde que o Senhor dispôs que surgisse o Opus Dei!
Trata-se de santificar o trabalho vulgar, de santificar-se nessas ocupações e de santificar os outros com o exercício da profissão, cada um no seu próprio estado.

O apostolado é como a respiração do cristão: um filho de Deus não pode viver sem esse pulsar espiritual.
A festa de hoje recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandato amoroso do Senhor, que, ao subir para a sua glória, nos envia como testemunhas suas pelo mundo inteiro.
Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo significa, antes de mais nada, procurarmos comportar-nos segundo a Sua doutrina, lutar para que a nossa conduta faça recordar Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Precisamos de conduzir-nos de tal maneira, que os outros ao ver-nos possam dizer: este é cristão, porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama.

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O trigo e o joio

Tracei-vos, com a doutrina de Cristo, não com as minhas ideias, um caminho ideal para o cristão.
Concordais que é elevado, sublime, atractivo. Mas talvez nos interroguemos: será possível viver assim na sociedade de hoje?

É certo que o Senhor nos chamou em momentos em que muito se fala de paz e não há paz: nem nas almas, nem nas instituições, nem na vida social, nem entre os povos.
Fala-se continuamente de igualdade e de democracia e abundam as castas: fechadas, impenetráveis.
Chamou-nos num tempo em que se clama pela compreensão e a compreensão brilha pela sua ausência, inclusivamente entre pessoas que agem de boa-fé e querem praticar a caridade, porque - não esqueçais - a caridade, mais do que em dar, está em compreender.

Atravessamos uma época em que os fanáticos e os intransigentes - incapazes de admitir as razões dos outros - se põem a salvo, tachando de violentos e agressivos os que são as suas vítimas.
Chamou-nos, enfim, quando se ouve tagarelar muito sobre unidade e talvez seja difícil conceber que possa tolerar-se maior desunião entre os próprios católicos, para não falar já dos homens em geral.

Eu nunca faço considerações políticas, porque esse não é o meu ofício. Para descrever sacerdotalmente a situação do mundo actual, é suficiente que pensemos de novo numa parábola do Senhor: a do trigo e do joio.
O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.
Porém, enquanto os trabalhadores dormiam, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e foi-se embora.
Está claro: o campo é fértil e a semente é boa; o Senhor do campo lançou às mãos cheias a semente no momento propicio e com arte consumada; além disso, preparou toda uma vigilância para proteger a recente sementeira.
Se depois apareceu o joio, é porque não houve correspondência, já que os homens - os cristãos especialmente - adormeceram e permitiram que o inimigo se aproximasse.

Quando os servidores irresponsáveis perguntam ao Senhor porque cresceu o joio no seu campo, a explicação salta aos olhos: inimicus homo hoc fecit, foi o inimigo!
Nós, os cristãos, que devíamos estar vigilantes para que as coisas boas, postas pelo Criador no mundo, se desenvolvessem ao serviço da verdade e do bem, adormecemos - triste preguiça, esse sono! -, enquanto o inimigo e todos os que o servem se moviam sem descanso.
Bem vedes como cresceu o joio: que sementeira tão abundante espalhada por todos os sítios!

Não tenho vocação de profeta de desgraças.
Não desejo com as minhas palavras apresentar-vos um panorama desolador, sem esperança.
Não pretendo queixar-me destes tempos em que vivemos pela providência do Senhor.
Amamos esta nossa época, porque é o âmbito em que temos de alcançar a nossa santificação pessoal.
Não admitimos nostalgias ingénuas e estéreis; o mundo nunca esteve melhor.
Desde sempre, desde os princípios da Igreja, quando mal se acabava de ouvir a pregação dos primeiros doze, já surgiram violentas perseguições, começaram as heresias, propalou-se a mentira e desencadeou-se o ódio.

Mas não é lógico negar que o mal parece ter prosperado.
Dentro de todo este campo de Deus, que é a Terra, herança de Cristo, irrompeu o joio: Não apenas joio, mas abundância de joio!
Não podemos deixar enganar-nos pelo mito do progresso perene e irreversível.
O progresso rectamente ordenado é bom e Deus quere-o.
Contudo, tem-se mais em conta o outro falso progresso que cega os olhos a tanta gente, porque com frequência não percebe que a Humanidade, nalguns dos seus passos, volta atrás e perde o que tinha conquistado antes.

O Senhor - repito - deu-nos o mundo por herança.
Temos de ter a alma e a inteligência despertas; temos de ser realistas, sem derrotismos.
Só uma consciência cauterizada, só a insensibilidade produzida pela rotina, só o estouvamento frívolo podem permitir que se contemple o mundo sem ver o mal, a ofensa a Deus, o dano por vezes irreparável para as almas.
É preciso sermos optimistas, mas com um optimismo que nasça da fé no poder de Deus - Deus não perde batalhas - com um optimismo que não proceda da satisfação humana, duma complacência néscia e presunçosa.

(cont)