Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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26/09/2018
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Simplicidade e modéstia.
Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.
Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.
Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para reflectir e meditar
Penso que
depender de Deus - para tudo - é a melhor coisa que pode acontecer ao
homem.
Sim,
no fim e ao cabo, é depender do supremo bem e se depender significa servir como
não Lhe agradecer - a Ele que de nada precisa - essa extraordinária
benesse que representa servi-Lo?
Por isso
mesmo não podemos regatear uma disponibilidade permanente expressa num
grito da alma de que já falámos:
Domine, quid me vis facere!
O que
faz o servo?
Serve,
claro!
Como?
O melhor que
pode e sabe tentando sempre ir ao encontro do seu Senhor e, por isso mesmo
devemos ter constantemente presente esse pedido, sincero, forte genuíno:
Domine, quid me vis facere... agora, neste preciso
momento!
Ontem, há
pouco, fiz a minha vontade, o que me apeteceu, mas, agora NÃO.
Quero
recomeçar!
Agora!
NUNC COEPI!
(AMA, reflexões)
Evangelho e comentário
Evangelho: Lc 9, 1-6
1
Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e
para curarem doenças. 2 Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar
os doentes, 3 e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem
alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em
que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. 5 Quanto aos que vos não receberem,
saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra
eles.» 6 Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a
Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.
Comentário:
O que é necessário para
fazer apostolado?
Qualidades, meios, autoridade?
Evidentemente que sim. Mas…
só?
Não! O é absolutamente
necessário é a convicção plena de que se actua por Jesus Cristo e em Seu Nome.
Da “nossa lavra” não temos
de pôr absolutamente nada, tudo consta na doutrina e ensinamentos do Senhor
contidos nos Evangelhos.
Qualidades para arrastar
pessoas, oratória, dom de palavra?
Não nos preocupemos com
isso, o Espírito Santo nos ensinará o que dizer e como dizer.
Mas, de facto, o mais
importante de tudo, o que melhor convence e atrai é o exemplo que damos, ou
seja, numa palavra, que as nossas acções correspondam ao que apregoamos.
(AMA,
comentário sobre Lc 9, 1-6, 26.09.2017)
Não esperes pela velhice para ser santo
Começa agora, seriamente, gozosamente,
alegremente, através das tuas obrigações, do teu trabalho, da vida
quotidiana...
Não esperes pela velhice para ser santo,
porque, além de ser um grande erro – insisto –, não sabes se chegará para ti. (Forja, 113)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo que passa
121
Olhai: a Redenção, que
ficou consumada quando Jesus morreu na vergonha e na glória da Cruz, escândalo
para os judeus, loucura para os gentios, por vontade de Deus continuará a
fazer-se até que chegue a hora do Senhor.
Não é compatível viver de
acordo com o Coração de Jesus Cristo e não nos sentirmos enviados como Ele,
peccatores salvos facere, a salvar todos os pecadores, convencidos de que nós
mesmos precisamos de confiar cada dia mais na misericórdia de Deus.
Daí, o desejo veemente de
nos considerarmos corredentores com Cristo, de salvar com Ele todas as almas,
porque somos, queremos ser, ipse Christus, o próprio Jesus Cristo e Ele deu-se
a si mesmo em resgate de todos.
Temos uma grande tarefa à
nossa frente.
Não é possível a atitude
de ficarmos passivos porque o Senhor declarou expressamente: negociai até eu
vir.
Enquanto esperamos o
regresso do Senhor que voltará a tomar posse plena do seu Reino, não podemos
estar de braços cruzados.
A extensão do Reino de
Deus não é só tarefa oficial dos membros da Igreja que representam Cristo, por
d'Ele terem recebido os poderes sagrados.
Vos autem estis corpus
Christi, vós também sois Corpo de Cristo, ensina-nos o Apóstolo, com o mandato
concreto de negociar até ao fim.
Ainda está tanta coisa por
fazer!
Será que em vinte séculos
não se fez nada?
Em vinte séculos
trabalhou-se muito.
Não me parece, nem
objectivo nem honrado o afã de alguns em menosprezar a tarefa daqueles que nos
precederam.
Em vinte séculos
realizou-se um grande trabalho e, com frequência, foi muito bem realizado.
Outras vezes houve
desacertos, regressões, como também há agora retrocessos, medo, timidez, ao
mesmo tempo que não falta valentia, generosidade.
Mas a família humana
renova-se constantemente; em cada geração é preciso continuar com o empenho de
ajudar o homem a descobrir a grandeza da sua vocação de filho de Deus e é
necessário inculcar o mandamento do amor ao Criador e ao nosso próximo.
122
Cristo ensinou-nos, definitivamente,
o caminho desse amor a Deus: o apostolado é o amor de Deus, que transborda,
dando-se aos outros. A vida interior supõe crescimento na união com Cristo,
pelo Pão, e pela Palavra.
E o afã de apostolado é a
manifestação exacta, adequada, necessária à vida interior.
Quando se saboreia o amor
de Deus sente-se o peso das almas.
Não se pode dissociar a
vida interior do apostolado, como não é possível separar em Cristo o seu ser de
Deus-Homem e a sua função de Redentor.
O Verbo quis encarnar para
salvar os homens, para fazê-los com Ele uma só coisa.
Esta é a razão da sua
vinda ao mundo: por nós e pela nossa salvação, desceu do Céu, rezamos no Credo.
Para o cristão, o
apostolado resulta conatural; não é algo que se acrescente, que se justaponha,
alheio à sua actividade diária, à sua ocupação profissional.
Tenho-o dito sem cessar,
desde que o Senhor dispôs que surgisse o Opus Dei!
Trata-se de santificar o
trabalho vulgar, de santificar-se nessas ocupações e de santificar os outros
com o exercício da profissão, cada um no seu próprio estado.
O apostolado é como a
respiração do cristão: um filho de Deus não pode viver sem esse pulsar
espiritual.
A festa de hoje
recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandato amoroso do Senhor, que, ao
subir para a sua glória, nos envia como testemunhas suas pelo mundo inteiro.
Grande é a nossa
responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo significa, antes de mais
nada, procurarmos comportar-nos segundo a Sua doutrina, lutar para que a nossa
conduta faça recordar Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Precisamos de
conduzir-nos de tal maneira, que os outros ao ver-nos possam dizer: este é
cristão, porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático,
porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta
sentimentos de paz, porque ama.
123
O trigo e o joio
Tracei-vos, com a doutrina
de Cristo, não com as minhas ideias, um caminho ideal para o cristão.
Concordais que é elevado,
sublime, atractivo. Mas talvez nos interroguemos: será possível viver assim na
sociedade de hoje?
É certo que o Senhor nos
chamou em momentos em que muito se fala de paz e não há paz: nem nas almas, nem
nas instituições, nem na vida social, nem entre os povos.
Fala-se continuamente de
igualdade e de democracia e abundam as castas: fechadas, impenetráveis.
Chamou-nos num tempo em
que se clama pela compreensão e a compreensão brilha pela sua ausência,
inclusivamente entre pessoas que agem de boa-fé e querem praticar a caridade,
porque - não esqueçais - a caridade, mais do que em dar, está em compreender.
Atravessamos uma época em
que os fanáticos e os intransigentes - incapazes de admitir as razões dos
outros - se põem a salvo, tachando de violentos e agressivos os que são as suas
vítimas.
Chamou-nos, enfim, quando
se ouve tagarelar muito sobre unidade e talvez seja difícil conceber que possa
tolerar-se maior desunião entre os próprios católicos, para não falar já dos
homens em geral.
Eu nunca faço
considerações políticas, porque esse não é o meu ofício. Para descrever
sacerdotalmente a situação do mundo actual, é suficiente que pensemos de novo
numa parábola do Senhor: a do trigo e do joio.
O reino dos céus é
semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.
Porém, enquanto os
trabalhadores dormiam, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e
foi-se embora.
Está claro: o campo é
fértil e a semente é boa; o Senhor do campo lançou às mãos cheias a semente no
momento propicio e com arte consumada; além disso, preparou toda uma vigilância
para proteger a recente sementeira.
Se depois apareceu o joio,
é porque não houve correspondência, já que os homens - os cristãos
especialmente - adormeceram e permitiram que o inimigo se aproximasse.
Quando os servidores
irresponsáveis perguntam ao Senhor porque cresceu o joio no seu campo, a
explicação salta aos olhos: inimicus homo hoc fecit, foi o inimigo!
Nós, os cristãos, que
devíamos estar vigilantes para que as coisas boas, postas pelo Criador no
mundo, se desenvolvessem ao serviço da verdade e do bem, adormecemos - triste
preguiça, esse sono! -, enquanto o inimigo e todos os que o servem se moviam
sem descanso.
Bem vedes como cresceu o
joio: que sementeira tão abundante espalhada por todos os sítios!
Não tenho vocação de
profeta de desgraças.
Não desejo com as minhas
palavras apresentar-vos um panorama desolador, sem esperança.
Não pretendo queixar-me
destes tempos em que vivemos pela providência do Senhor.
Amamos esta nossa época,
porque é o âmbito em que temos de alcançar a nossa santificação pessoal.
Não admitimos nostalgias
ingénuas e estéreis; o mundo nunca esteve melhor.
Desde sempre, desde os
princípios da Igreja, quando mal se acabava de ouvir a pregação dos primeiros
doze, já surgiram violentas perseguições, começaram as heresias, propalou-se a
mentira e desencadeou-se o ódio.
Mas não é lógico negar que
o mal parece ter prosperado.
Dentro de todo este campo
de Deus, que é a Terra, herança de Cristo, irrompeu o joio: Não apenas joio,
mas abundância de joio!
Não podemos deixar
enganar-nos pelo mito do progresso perene e irreversível.
O progresso rectamente
ordenado é bom e Deus quere-o.
Contudo, tem-se mais em
conta o outro falso progresso que cega os olhos a tanta gente, porque com
frequência não percebe que a Humanidade, nalguns dos seus passos, volta atrás e
perde o que tinha conquistado antes.
O Senhor - repito -
deu-nos o mundo por herança.
Temos de ter a alma e a
inteligência despertas; temos de ser realistas, sem derrotismos.
Só uma consciência
cauterizada, só a insensibilidade produzida pela rotina, só o estouvamento
frívolo podem permitir que se contemple o mundo sem ver o mal, a ofensa a Deus,
o dano por vezes irreparável para as almas.
É preciso sermos
optimistas, mas com um optimismo que nasça da fé no poder de Deus - Deus não perde
batalhas - com um optimismo que não proceda da satisfação humana, duma
complacência néscia e presunçosa.
(cont)