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Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 57 


Sempre com o pensamento focado nesta realidade: Jesus Cristo perfeito homem e Deus perfeito. 

O Seu convite aparentemente tão simples - tu... segue-me - parece por vezes ganhar uma força que o torna irrecusável. 
A convicção contida nas Suas palavras, parece não deixar-nos alternativa ou se O segue ou O perdemos. 
Mas seguir Cristo implica que o façamos de perto caso contrário, podemos deixar de O ver.
Estando perto ouviremos as Suas palavras de Vida Eterna, poderemos ver nos Seus olhos a alegria, a expectativa e, também, a Sua tristeza ou desilusão.

Daqui resulta que possamos reagir prontamente e corrigir o que não estiver bem ou tomar a atitude mais adequada.

Nada nos fará mais felizes que contemplar a alegria na Face de Jesus Cristo Nosso Senhor.

(AMA, reflexões)

Doutrina – 451

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA

Pergunta:

230. Porque motivo os sacramentos são necessários para a salvação?


Resposta:

Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são necessários para a salvação dos que crêem em Cristo, porque conferem as graças sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos de Deus, a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja.
O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os recebem.

Evangelho e comentário


Tempo comum


São Mateus – Apóstolo e Evangelista

Evangelho: Mt 9, 9-13

9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. 10 Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. 11 Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» 12 Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

Comentário:

O Senhor cruza-se constantemente connosco nos caminhos da vida.
De facto, procura-nos com verdadeiro e legítimo desejo de nos encontrar.

Verdadeiro, desde logo, porque, Ele, é a VERDADE!

Legítimo porque somos – todos os homens – Seus irmãos!

O que faz uma pessoa quando se encontra com um irmão?
Pois, naturalmente, sente uma grande alegria e vontade de conviver, saber o que se passa com ele, contar-lhe o que se passa consigo.

Se descobrem pontos em comum – como é natural entre irmãos – a convivência aprofunda-se cada vez mais até se tornaram “inseparáveis”.

É o desejo – íntimo do Senhor – tornar-se “inseparável” do homem que encontra, num “crescendo de intimidade cada vez mais forte, de uma união sempre crescente até que, possamos dizer como São Paulo:
«Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim».

(AMA, comentário sobre Mt 9, 9-13, 07.07.2017)



Um querer sem querer é o teu

Um querer sem querer é o teu, enquanto não afastares decididamente a ocasião. – Não te queiras iludir dizendo-me que és fraco. És... cobarde, o que não é o mesmo. (Caminho, 714)

O mundo, o Demónio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho dum prazer – que nada vale – lhes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no Sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade. (Caminho, 708)

Outra queda..., e que queda!... Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. – Um "miserere" e, coração ao alto!

– A começar de novo. (Caminho, 711)

Bem fundo caíste. – Começa os alicerces a partir daí. – Sê humilde. – "Cor contritum et humiliatum, Deus, non despicies". – Não desprezará Deus um coração contrito e humilhado. (Caminho, 712)

Tu não vais contra Deus. – As tuas quedas são de fragilidade. – Concordo. Mas são tão frequentes essas fragilidades (não sabes evitá-las), que, se não queres que te tenha por mau, hei-de ter-te por mau e tolo. (Caminho, 713)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Cristo que passa     
102
         
Cristo vive.
Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé.
Jesus, que morreu na cruz, ressuscitou; triunfou da morte, do poder das trevas, da dor e da angústia.
Não temais - foi com esta invocação que um anjo saudou as mulheres que iam ao sepulcro.
Não temais.
Procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ressuscitou; não está aqui.
Haec est dies quam fecit Dominus, exultemus et laetemur in ea - este é o dia que o Senhor fez; alegremo-nos.

O tempo pascal é tempo de alegria, de uma alegria que não se limita a esta época do ano litúrgico, mas mora sempre no coração dos cristãos.
Porque Cristo vive.
Cristo não é uma figura que passou, que existiu em certo tempo e que se foi embora, deixando-nos uma recordação e um exemplo maravilhosos.
Não.
Cristo vive.
Jesus é Emanuel: Deus connosco.
A sua Ressurreição revela-nos que Deus não abandona os seus.
Pode a mulher esquecer o fruto do seu seio e não se compadecer do filho das suas entranhas?
Pois ainda que ela se esquecesse, eu não me esquecerei de ti, havia-nos Ele prometido.
E cumpriu a promessa.
Deus continua a ter as suas delícias entre os filhos dos homens.

Cristo vive na sua Igreja. "Digo-vos a verdade: convém-vos que Eu vá; porque se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei".
Esses eram os desígnios de Deus: Jesus morrendo na Cruz, dava-nos o Espírito de Verdade e de Vida.
Cristo permanece na sua Igreja: nos seus sacramentos, na sua liturgia, na sua pregação, em toda a sua actividade.

De modo especial, Cristo continua presente entre nós nessa entrega diária que é a Sagrada Eucaristia.
Por isso a Missa é o centro e a raiz da vida cristã.
Em todas as Missas está sempre presente o Cristo total, Cabeça e Corpo.
Per Ipsum, et cum Ipso, et in Ipso.
Porque Cristo é o Caminho, o Mediador.
Nele tudo encontramos; fora d'Ele a nossa vida torna-se vazia. Em Jesus Cristo, e instruídos por Ele, atrevemo-nos a dizer - audemus dicere - Pater noster, Pai nosso.
Atrevemo-nos a chamar Pai ao Senhor dos Céus e da Terra.

A presença de Jesus vivo na Sagrada Hóstia é a garantia, a raiz e a consumação da sua presença no Mundo.

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Cristo vive no cristão.
A fé diz-nos que o homem, em estado de graça, está endeusado. Somos homens e mulheres; não anjos.
Seres de carne e osso, com coração e paixões, com tristezas e alegrias; mas a divinização envolve o homem todo, como antecipação da ressurreição gloriosa.
Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram. Porque, assim como por um homem veio a morte, também veio por um homem a ressurreição.
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também em Cristo todos são vivificados.

A vida de Cristo é vida nossa, segundo o que prometera aos seus Apóstolos no dia da última Ceia: Todo aquele que me ama observará os meus mandamentos, e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada.
O cristão, portanto, deve viver segundo a vida de Cristo, tornando seus os sentimentos de Cristo de tal modo que possa exclamar com S. Paulo: Non vivo ego, vivit vero in me Christus; não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim.

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Jesus Cristo, fundamento da vida cristã

Quis recordar, embora brevemente, alguns dos aspectos do viver actual de Cristo - Iesus Christus heri et hodie; ipse et in saecula; Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem e hoje, e por toda a eternidade - porque aí está o fundamento de toda a vida cristã.
Se olharmos ao nosso redor e considerarmos o decurso da história da Humanidade, observaremos progressos, avanços: a Ciência deu ao homem uma consciência maior do seu poder; a Técnica domina a Natureza melhor do que em épocas passadas; e permite à Humanidade sonhar com um nível mais alto de cultura, de vida material, de unidade.

Talvez alguns se sintam levados a matizar este quadro, recordando que os homens padecem agora injustiças e guerras maiores ainda do que as passadas.
E não lhes falta razão.
Mas, por cima dessas considerações, prefiro recordar que, no domínio religioso, o homem continua a ser homem e Deus continua a ser Deus.
Neste campo, o cume do progresso já se deu; é Cristo, alfa e ómega, princípio e fim.

No terreno espiritual não há nenhuma nova época a que chegar.
Já tudo se deu em Cristo, que morreu e ressuscitou, e vive, e permanece para sempre.
Mas é preciso unirmo-nos a Ele pela fé, deixando que a sua vida se manifeste em nós, de maneira que se possa dizer que cada cristão é, não já alter Christus, mas ipse Christus, o próprio Cristo.

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Instaurare omnia in Christo, é o lema que S. Paulo dá aos cristãos de Éfeso: dar forma a tudo segundo o espírito de Jesus; colocar Cristo na entranha de todas as coisas: Si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum: quando Eu for levantado sobre a terra, tudo atrairei a mim.
Cristo, com a sua Encarnação, com a sua vida de trabalho em Nazaré, com a sua pregação e os seus milagres por terras da Judeia e da Galileia, com a sua morte na Cruz, com a sua Ressurreição, é o centro da Criação, Primogénito e Senhor de toda a criatura.

A nossa missão de cristãos é proclamar essa Realeza de Cristo; anunciá-la com a nossa palavra e com as nossas obras.
O Senhor quer os seus em todas as encruzilhadas da Terra.
A alguns, chama-os ao deserto, desentendidos das inquietações da sociedade humana, para recordarem aos outros homens, com o seu testemunho, que Deus existe.
Encomenda a outros o ministério sacerdotal.
À grande maioria, o Senhor quere-a no mundo, no meio das ocupações terrenas.
Estes cristãos, portanto, devem levar Cristo a todos os ambientes em que se desenvolve o trabalho humano: à fábrica, ao laboratório, ao trabalho do campo, à oficina do artesão, às ruas das grandes cidades e às veredas da montanha.

Gosto de recordar a este propósito o episódio da conversa de Cristo com os discípulos de Emaús.
Jesus caminha junto daqueles dois homens que perderam quase toda a esperança, de modo que a vida começa a parecer-lhes sem sentido. Compreende a sua dor, penetra nos seus corações, comunica-lhes algo da vida que Nele habita.
Quando, ao chegar àquela aldeia, Jesus faz menção de seguir para diante, os dois discípulos retêm-No e quase O forçam a ficar com eles.
Reconhecem-No depois ao partir o pão: - O Senhor, exclamam, esteve connosco! Então disseram um para o outro: Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração dentro de nós enquanto nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras?
Cada cristão deve tornar Cristo presente entre os homens; deve viver de tal maneira que todos com quem contacte sintam o bonus odor Christi, o bom odor de Cristo, deve actuar de forma que, através das acções do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre.

(cont)