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Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Temas para reflectir e meditar


Pergunta importante

Talvez que o título desta reflexão devesse ser: “Pergunta responsável”

A pergunta é:
‘Senhor que queres Tu de mim?’

Parece-me que é muito frequente esta interrogação quando nas encruzilhadas da vida nos parece que as opções são poucas ou não muito claras ou, o que também sucede, estamos algo cansados – poderia dizer “fartos” de fazer sempre as mesmas coisas e, quase sempre, com os mesmos resultados.
Como temos a certeza que o Senhor tem um plano pessoal para cada um de nós, nada mais natural que querermos saber qual é esse plano, no fim e ao cabo, para cumprirmos o que ansiamos: fazer a Vontade de Deus.

Porque proponho, em alternativa, o título: “Pergunta responsável”?

Porque ela não pode ser uma simples emoção retórica, um desabafo cansado e algo desiludido ou, talvez, a procura de uma inspiração súbita clara e iniludível que nos deixes descansados.
Ah! Porque se assim for, temos a responsabilidade de corresponder à resposta caso contrário não estamos a proceder honestamente mas apenas por curiosidade.

Como rarissimamente obtemos essa resposta como acima descrevo podemos concluir duas coisas:
A primeira é que o Senhor já nos terá respondido inúmeras vezes e não prestámos atenção;
A segunda é que, precisamente, não estamos a proceder honestamente, ou seja, a resposta que obtiver é a que me convém seguir.

Embora tenhamos absoluta certeza que o Senhor nunca nos pedirá nada que vá além das nossas capacidades, a verdade é que, muitas vezes, temos algum receio ou – pelo menos – ansiedade em relação ao que Ele possa pedir-nos.

Somos santos – queremos ser santos – e, a santidade, não tem nenhuma medida a não ser essa medida que é cumprir a Vontade de Deus em tudo, do mais simples ao eventualmente complexo, tudo…

Daí que, talvez que, quando nos surgir esse desejo – ou necessidade - de fazer a pergunta devamos acrescentar:
‘Ajuda-me a seguir o que desejas que faça – NUNC, AGORA – sem titubeios, hesitações ou dúvidas. Fazer e… pronto!’

AMA, reflexões, Junho 2018

Evangelho e comentário


Tempo comum

Evangelho: Lc 6, 12-19

12 Naqueles dias, Jesus foi para o monte fazer oração e passou a noite a orar a Deus. 13 Quando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: 14 Simão, a quem chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago, João, Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelote; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. 17 Descendo com eles, deteve-se num sítio plano, juntamente com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sídon, 18 que acorrera para o ouvir e ser curada dos seus males. Os que eram atormentados por espíritos malignos ficavam curados; 19 e toda a multidão procurava tocar-lhe, pois emanava dele uma força que a todos curava.

Comentário:

As multidões acorriam a Jesus. Como hoje, igualmente, Ele atrai todos os homens em busca de consolo, auxilio, salvação.

Um refúgio, uma segurança, um porto seguro onde estacionar o barco onde navegamos nas agitadas águas desta vida.

Com confiança de filhos, de irmãos de amigos verdadeiros porque temos a certeza absoluta que nunca nos negará socorro, auxílio.

Como sabemos isto?
Como temos esta certeza?

Então… Ele não deu a vida por nós?


(AMA, comentário sobre Lc 6, 12-19, 12.09.2017)




"Veio revelar-nos o amor"


Cristo, que subiu à Cruz com os braços abertos de par em par, com gesto de Sacerdote Eterno, quer contar connosco - que não somos nada! - para levar a "todos" os homens os frutos da sua Redenção. (Forja, 4)

Porque a vida corrente e ordinária, a vida de cada homem entre os seus concidadãos e seus iguais, não é coisa baixa e sem relevo; é precisamente nessas circunstâncias que o Senhor quer que se santifique a imensa maioria dos seus filhos.

É necessário repetir uma e mais vezes que Jesus não se dirigiu a um grupo de privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus. Todos os homens são amados por Deus; de todos eles espera amor, de todos, quaisquer que sejam a sua condição, a sua posição social, a sua profissão ou oficio. A vida corrente e ordinária não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da Terra podem ser uma ocasião de encontro com Cristo, que nos chama a identificar-nos com Ele, para realizarmos - no lugar onde estamos - a sua missão divina.

Deus chama-nos através dos incidentes da vida de cada dia, no sofrimento e na alegria das pessoas com quem convivemos, nas preocupações dos nossos companheiros, nas pequenas coisas da vida familiar. Deus também nos chama através dos grandes problemas, conflitos e ideais que definem cada época histórica, atraindo o esforço e o entusiasmo de grande parte da Humanidade. (Cristo que passa, 110)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá


Cristo que passa 65 a 67

65
         
Que estranha capacidade tem o homem de esquecer as coisas mais maravilhosas e de se acostumar ao mistério!
Reparemos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial.
Estando plenamente metido no seu trabalho habitual, entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem de estar, ao mesmo tempo, imerso totalmente em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma feliz verdade, um mistério consolador. A filiação divina enche a nossa vida espiritual, porque nos ensina a conviver intimamente com o nosso Pai do Céu, a conhecê-Lo, a amá-Lo, e assim enche de esperança a nossa luta interior e dá-nos a simplicidade confiante dos filhos pequenos.
Mais ainda: precisamente por sermos filhos de Deus, essa realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai, Criador.
E deste modo somos contemplativos no meio o mundo, amando o mundo.

Na Quaresma, a Liturgia considera as consequências do pecado de Adão na vida do homem.
Adão não quis ser um bom filho de Deus e revoltou-se.
Mas também se faz ouvir continuamente o eco dessa felix culpa - culpa feliz, ditosa - que a Igreja inteira cantará, cheia de alegria, na vigília do Domingo de Ressurreição.

Deus Pai, chegada a plenitude dos tempos, enviou ao mundo o seu Filho unigénito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertos do jugo do pecado, capazes de participar na intimidade divina da Trindade.
E assim se tomou possível a este homem novo, a esta nova enxertia dos filhos de Deus libertar a Criação inteira da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.

É tempo de penitência, pois.
Mas, como vimos, não se trata de uma tarefa negativa.
A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que vive na nossa alma.
O Senhor chama-nos para que nos acerquemos d'Ele, desejando ser como Ele: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados, colaborando humildemente, mas fervorosamente, no divino propósito de unir o que está quebrado, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de conduzir ao seu fim o que está desencaminhado, de restabelecer a divina concórdia de todas as criaturas.

66
         
A liturgia da Quaresma toma por vezes acentos trágicos, fruto da consideração do que significa para o homem afastar-se de Deus.
Mas esta consideração não é a última palavra.
A última palavra pertence a Deus, é a palavra do seu amor salvador e misericordioso e, portanto, a palavra da nossa filiação divina.
Por isso vos repito com S. João: vede que amor teve por nós o Pai, querendo que nos chamássemos filhos de Deus e que o fôssemos na verdade! Filhos de Deus, irmãos do Verbo feito carne, d'Aquele de Quem foi dito: n'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens! Filhos da Luz, irmãos da Luz - isso é o que somos!
Portadores da única chama capaz de iluminar os corações feitos de carne!

Calando-me eu agora e continuando a Santa Missa, cada um de vós deve pensar no que lhe pede o Senhor; que propósitos, que decisões a acção da graça quer provocar dentro de si.
E, ao reconhecer essas exigências sobrenaturais e humanas de entrega e de luta, lembrai-vos de que o nosso modelo é Jesus Cristo, e que Jesus, sendo Deus, permitiu que O tentassem, para que assim nos enchêssemos de ânimo e ficássemos certos da vitória.
Porque Ele não perde batalhas; estando unidos a Ele, nunca seremos vencidos, mas poderemos chamar-nos e ser realmente vencedores - bons filhos de Deus.

Vivamos contentes.
Eu estou contente.
Não o deveria estar olhando para a minha vida, fazendo esse exame pessoal de consciência que este tempo litúrgico da Quaresma nos pede...
Mas sinto-me contente, porque vejo que o Senhor me procura uma vez mais, que o Senhor continua a ser meu Pai.
Sei que vós e eu, decididamente, com o resplendor e a ajuda da graça, veremos que coisas há que queimar, e queimá-las-emos; que coisas há que entregar, e entregá-las-emos!

A tarefa não é fácil.
Mas contamos com uma orientação clara, com uma realidade de que não devemos nem podemos prescindir: somos amados por Deus e deixaremos que o Espírito Santo actue em nós e nos purifique, para podermos abraçar-nos assim ao Filho de Deus na Cruz, ressuscitando depois com Ele, porque a alegria da Ressurreição está enraizada na Cruz.

Maria, nossa Mãe, auxilium christianorum, refugium peccatorum, intercede junto de teu Filho para que nos envie o Espírito Santo, que desperte em nossos corações a decisão de caminharmos com passo firme e seguro, fazendo soar no mais fundo da nossa alma o chamamento que encheu de paz o martírio de um dos primeiros cristãos: veni ad Patrem - vem, volta ao teu Pai, que te espera!

67
          
Lemos na Santa Missa um texto do Evangelho segundo S. João, que nos relata a cena da cura milagrosa do cego de nascença. Suponho que todos nos comovemos uma vez mais perante o poder e a misericórdia de Deus, que não olha com indiferença para a desgraça humana.
Mas preferia agora centrar-me sobre outros aspectos, para que vejamos, em concreto, que quando há amor de Deus, o cristão não pode ficar indiferente perante a sorte dos outros homens e deve tratar toda a gente com respeito; e que, além disso, que quando esse amor diminui, surge o perigo de se invadir, fanática e impiedosamente, a consciência alheia.

E, passando Jesus, - diz o Santo Evangelho - viu um homem cego de nascença. Jesus, que passa...
Entusiasma-me com frequência esta forma simples de narrar a clemência divina. Jesus passa e apercebe-se imediatamente da dor. Reparai, em contrapartida, como eram diferentes os pensamentos dos discípulos.
Perguntam-lhe: Mestre, quem pecou: este ou os seus pais, para que nascesse cego?

Os falsos juízos

Não deve causar estranheza que muitas pessoas, mesmo das que se têm por cristãs, se comportem de forma semelhante.
Antes de mais nada, pensam mal dos outros.
Sem prova alguma, partem desse princípio.
E não só o pensam, como até se atrevem a exprimi-lo em juízos temerários diante de toda a gente.

Com um pouco de benevolência, a conduta dos discípulos poderia considerar-se leviana.
Naquela sociedade, como hoje - nisto pouco se mudou - havia outros, os fariseus, que faziam dessa atitude uma norma.
Recordai como Jesus os denuncia: Veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Ele tem demónio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis um glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicamos, e dos pecadores.

Ataque sistemático à fama, denegrição de condutas irrepreensíveis. Esta crítica mordaz, cruel, sofreu-a Jesus Cristo e não é raro que alguns reservem o mesmo tratamento para aqueles que, conscientes das suas lógicas e naturais misérias e dos seus erros pessoais, pequenos e inevitáveis - acrescentaria - dada a fraqueza humana, desejam seguir o Mestre.
Mas a verificação dessas realidades não deve levar-nos a justificar tais pecados e delitos - ou "tagarelices", como se lhes chama com suspeita compreensão - contra o bom nome de quem quer seja. Jesus anuncia que, se apodaram ao pai de família de Belzebu, não é de esperar que tratem melhor com os da sua casa; mas esclarece também que o que chamar louco ao seu irmão, será condenado ao fogo da geena.

Como nascerá esta apreciação injusta dos outros?
Dir-se-ia que algumas pessoas usam continuamente uma espécie de lentes que lhes altera a visão.
Não acreditam, por princípio, que seja possível a rectidão ou, pelo menos, a luta constante por se portar bem.
Tudo recebem, como reza o antigo adágio filosófico, de acordo com o recipiente: com a sua própria deformação.
Para eles, até o que há de mais recto reflecte, apesar de tudo, uma intenção retorcida que procura hipocritamente uma aparência de bondade.
Quando descobrem claramente o bem, escreve S. Gregório, esquadrinham tudo para examinar se há, para além disso, algum mal oculto.

(continua)