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17/08/2018

A oração deve enraizar-se na alma


A verdadeira oração, a que absorve todo o indivíduo, não a favorece tanto a solidão do deserto como o recolhimento interior. (Sulco, 460)


O caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve enraizar-se pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa.

Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem aqueles que se querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa que amam.

Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos de Deus, nn. 295–296)

Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã – 36

Refere-se uma vez mais essa acção especialíssima de Deus junto dos homens, neste caso três simples crianças que irão ser protagonistas directos de factos históricos que virão a influenciar de forma profunda e imorredoira toda a humanidade a partir daquele ano de 1917 num humilde local de Portugal.

Ao revermos toda a sequência histórica das Aparições de Fátima, mais se adensa no nosso espírito a nossa incapacidade para compreender totalmente os planos Deus e, sobretudo, porque age de uma forma de não de outra.

Os Pastorinhos não são - por assim dizer - "tratados por igual": Lúcia vê, ouve e fala com a Senhora, Francisco só vê a Santíssima Virgem, mas não ouve nem fala e, Jacinta vê e ouve, mas não fala.

Que quer isto dizer? Como explicar?

Tal como entendo, parece-me que Deus deseja ter um único intérprete - por assim dizer o que me parece absolutamente compreensível e lógico.

A mensagem que tem a transmitir - embora composta - é única e singular de forma que só deva ter uma única interpretação.

(AMA, reflexões)

Doutrina – 446


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA

Pergunto:

226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja?

Respondo:

Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.

Tratado das Virtudes


Questão 67: Da duração das virtudes depois desta vida.

Art. 2 — Se as virtudes intelectuais perduram depois desta vida.

O segundo discute-se assim. — Parece que as virtudes intelectuais não perduram depois desta vida.

1. — Pois, como diz o Apóstolo (1 Cor 13, 8), a ciência será abolida, porque conhecemos em parte. Ora, assim como o conhecimento da ciência é parcial, i. é, imperfeito, o mesmo se dá com o conhecimento das outras virtudes intelectuais, enquanto durar esta vida. Logo, depois dela, todas desaparecerão.

2. Demais. — O Filósofo diz, que a ciência, sendo um hábito, é uma qualidade dificilmente removível, pois não o perdemos facilmente, senão só por alguma forte transmutação ou doença [2]. Ora, nada opera maior mudança no corpo humano que a morte. Logo, a ciência e as demais virtudes intelectuais não perduram depois desta vida.

3. Demais. — As virtudes intelectuais tornam a inteligência apta a operar rectamente o seu acto próprio. Ora, depois desta vida o intelecto já não age, porque a alma não pode inteligir nada sem o fantasma, como se disse [3]; ora, os fantasmas que só podem existir em órgãos corpóreos, não permanecem depois desta vida. Logo, também não perduram, depois dela, as virtudes intelectuais.

Mas, em contrário, o conhecimento do universal e do necessário é mais estável que o do particular e contingente. Ora, o homem continua a ter, depois desta vida, o conhecimento do particular e do contingente, p. ex., daquilo que fez ou sofreu, conforme a Escritura (Lc 16, 25): lembra-te que recebestes os teus bens em tua vida, e que Lázaro, semelhantemente, teve os seus males. Logo, com maior razão, permanece o conhecimento do universal e do necessário, objecto da ciência e das outras virtudes intelectuais.


SOLUÇÃO. — Como já dissemos na Primeira Parte [4], uns ensinaram que as espécies inteligíveis não permanecem no intelecto possível, senão enquanto ele intelige em acto; e quando cessa a intelecção actual, as espécies só se conservam na imaginativa e na memória, que, como potências sensitivas são actos de órgãos corpóreos. Ora, tais potências se dissolvem com a dissolução do corpo. E portanto, sendo assim, a ciência, nem qualquer outra virtude intelectual, perdurará, depois desta vida, uma vez corrupto o corpo.

Mas esta opinião é contra a doutrina de Aristóteles, que diz que o intelecto possível se actualiza quando, se torna cada uma das coisas singulares, como ciente, embora seja potencial em relação ao conhecimento actual [5]. Também é contra a razão, por serem as espécies inteligíveis recebidas pelo intelecto possível ao seu modo, imovelmente; sendo por isso que ele se chama lugar das espécies [6], quase conservador das espécies inteligíveis. Ao passo que os fantasmas, dependentemente dos quais o homem intelige nesta vida, aplicando-lhes as espécies inteligíveis, como dissemos na Primeira Parte [7], desaparecem com a dissolução do corpo.

Donde, no concernente aos fantasmas, que lhes são como materiais, as virtudes intelectuais destroem-se com a destruição do corpo; perduram porém no atinente às espécies inteligíveis, existentes no intelecto possível. Ora, as espécies são como as formas das virtudes intelectuais. Donde, depois desta vida, elas permanecem, pelo que têm de formal; não porém pelo que têm de material, como já dissemos a respeito das virtudes morais [8].

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — As palavras do Apóstolo devem-se entender relativamente ao que há de material na ciência e ao modo de inteligir; porque, nem os fantasmas continuarão a existir depois da destruição do corpo, nem haverá então uso da ciência dependente dos fantasmas.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Pela doença se destrói o que há de material no hábito da ciência, isto é, no referente aos fantasmas; não porém, no concernente às espécies inteligíveis, existentes no intelecto possível.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A alma separada, depois da morte, tem outro modo de inteligir, sem se converter nos fantasmas, como dissemos na Primeira Parte [9]. E, assim, a ciência permanece, não porém quanto ao mesmo modo de operar, como já dissemos ao tratar das virtudes morais [10].

(Revisão da versão portuguesa por AMA)




[1] (I, q. 89, a. 5, 6 ; III Sent., dist. XXXI, q. 2, a. 4 ; IV, dist. I, q. 1, a. 2; I Cor., cap. XIII, lect. III).
[2] Praedicamentis (cap. VI).
[3] III De anima (lect. XII).
[4] Q. 79, a. 6.
[5] III De anima (lect. VIII).
[6] Ibid., lect. VII.
[7] Q. 84, a. 7.
[8] Q. 67, a. 1.
[9] Q. 89, a. 1.
[10] Q. 67, a. 1

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Evangelho e comentário


Evangelho: Mt 19, 3-12


Comentário:

Quase que apetece não ler mais estes trechos do Evangelho escrito por São Mateus, porque temos de fazer um esforço para vencer a repulsa que sentimos por esta gente maldosa, cheia de preconceitos, sempre procurando uma oportunidade ou ensejo para atacar e apoucar Jesus.

Mas, depois, reparamos no exemplo que nos dá, de simplicidade humilde, respondendo, esclarecendo naturalmente em benefício de todos os outros que precisam de conhecer a verdade tal qual é.

(AMA, comentário sobre Mt 19, 3-12, Convento 18.08.2017)