Páginas

09/04/2018

Chama cada um à santidade

A oração não é prerrogativa de frades; é incumbência de cristãos, de homens e mulheres do mundo, que se sabem filhos de Deus. (Sulco, 451)

Sentimo-nos tocados, com o coração a bater com mais força, quando ouvimos com toda a atenção este brado de S. Paulo: esta é a vontade de Deus: a vossa santificação. Hoje, mais uma vez o repito a mim mesmo e também o recordo a cada um e à Humanidade inteira: esta é a vontade de Deus, que sejamos santos.

Para pacificar as almas com uma paz autêntica, para transformar a Terra, para procurar Deus Nosso Senhor no mundo e através das coisas do mundo, é indispensável a santidade pessoal. Nas minhas conversas com gente de tantos países e dos ambientes sociais mais diversos, perguntam-me com frequência: – Que diz aos casados? E aos que trabalhamos no campo? E às viúvas? E aos jovens?

Respondo sistematicamente que tenho uma só panela. E costumo fazer notar que Jesus Cristo Nosso Senhor pregou a Boa Nova para todos, sem qualquer distinção. Uma só panela e um único alimento: o meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que me enviou e dar cumprimento à sua obra. Chama cada um à santidade, pede amor a cada um: jovens e velhos, solteiros e casados, sãos e doentes, cultos e ignorantes, trabalhem onde quer que trabalhem, estejam onde quer que estejam. Há um único modo de crescer na familiaridade e na confiança com Deus: a intimidade da oração, falar com Ele, manifestar-Lhe – de coração a coração – o nosso afecto.


Invocar-me-eis e Eu vos ouvirei. E invocamo-lo conversando, dirigindo-nos a Ele. Por isso temos de pôr em prática a exortação do Apóstolo: sine intermissione orate; rezai sempre, aconteça o que acontecer. Não apenas de coração, mas com todo o coração. (Amigos de Deus, nn. 294–295)

Temas para reflectir e meditar

Recolhimento


O silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disponibilidade para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres.

Ensina-nos a necessidade e o valor da preparação do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração secreta que só Deus vê.


(SÃO PAULO VI, Aloc. em Nazaré 1964.01.05



Evangelho e comentário

Tempo de Páscoa

Anunciação do Senhor

Evangelho: Lc 1, 26-38

26 Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. 28 Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29 Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31 Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.» 34 Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37 porque nada é impossível a Deus.» 38 Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Comentário:

Este é um trecho do Evangelho escrito por São Lucas que sabemos – todos os cristãos – praticamente de cor.

E é bom que assim seja porque se trata do relato do maior e mais importante acontecimento para a humanidade.

Deus, Nosso Senhor, resolve que é chegado o momento de cumprir o prometido e dar início à salvação dos Seus filhos, os homens e, de maneira completa e definitiva, como que pôr um “ponto final” nas relações perturbadas pelo pecado dos nossos primeiros Pais.

Aquela que, desde o princípio dos tempos, determinara que seria a Mãe do Salvador está disposta e disponível para aceitar a Sua Vontade com a simples humildade de uma escrava que não tem outra vontade que a do seu Senhor.

O diálogo breve e intenso travado entre o Seu mensageiro e a Virgem é profunda e totalmente esclarecedor, nada fica por dizer, nenhuma dúvida por colocar.

Este é o início da “nossa história” de filhos de Deus; gravemo-la de forma indelével no nosso coração considerando a grandeza e honra que, sem qualquer mérito da nossa parte, nos foram concedidas.


(AMA, comentário sobre, Lc 1, 26-38, 07.10.2017)

Leitura espiritual

Fortaleza

6. “In patientia vestra possidebitis animas vestras(Lc 21,19)

Parte da fortaleza é a virtude da paciência, que Joseph Ratzinger descreveu como “a forma quotidiana do amor” [24].
A razão pela qual se deu, tradicionalmente, no cristianismo uma importância notável a esta virtude.
Pode deduzir-se de umas palavras de Santo Agostinho no seu tratado sobre a paciência, que descreve como “um dom tão grande de Deus, que deve ser proclamada como uma marca de Deus que reside em nós” [25].

A paciência é, pois, uma característica do Deus da história da salvação [26], como ensinava Bento XVI no início do seu pontificado: “Este é o distintivo de Deus: Ele próprio é amor.
Quantas vezes desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte!
Que actuasse duramente, derrotasse o mal e criasse um mundo melhor.
Todas as ideologias do poder se justificam assim, justificam a destruição do que se oporia ao progresso e à libertação da humanidade.
Nós sofremos pela paciência de Deus. E, não obstante, todos necessitamos da Sua paciência.
O Deus, que se fez cordeiro, diz-nos que o mundo se salva pelo Crucificado e não pelos crucificadores.
O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens” [27].

Muitas consequências práticas se podem deduzir desta consideração. A paciência conduz a saber sofrer em silêncio, a ultrapassar as contrariedades que se desprendem do cansaço, do carácter alheio, das injustiças, etc.
A serenidade de ânimo torna assim possível que procuremos fazer tudo para todos [28], adaptar-nos aos outros, levando connosco o nosso próprio ambiente, o ambiente de Cristo.
Por isso mesmo o cristão procura não pôr em perigo a sua fé e a sua vocação por uma concepção equivocada da caridade, sabendo que – para utilizar uma expressão coloquial – pode chegar até às portas do inferno, mas não mais além, porque aí não se pode amar a Deus.
Deste modo, se cumprem nele as palavras de Jesus: “com a vossa paciência possuireis as vossas almas” [29].

7. “Aquele que perseverar até aofim, será salvo(Mt 10, 22)

A paciência está em estreita correspondência com a perseverança. Esta costuma ser definida como a persistência no exercício de obras virtuosas apesar da dificuldade e do cansaço derivados do seu prolongamento no tempo.
Mais precisamente, costuma-se falar de constância quando se trata de vencer a tentação de abandonar o esforço face ao aparecimento de um obstáculo concreto; enquanto que se fala de perseverança quando o obstáculo é simplesmente o prolongamento no tempo desse esforço [30].

Não se trata somente de uma qualidade humana, necessária para atingir objectivos mais ou menos ambiciosos.
A perseverança, a imitação de Cristo, que foi obediente ao desígnio do Pai até ao fim [31], é necessária para a salvação, de acordo com as palavras evangélicas: “aquele que perseverar até ao fim, será salvo” [32].
Percebe-se então a verdade da afirmação de São Josemaria: “Começar é de todos; perseverar, de santos” [33].
Daí o amor deste santo sacerdote pelo trabalho bem acabado, que descrevia como um saber pôr as “últimas pedras” em cada trabalho realizado [34].
“Toda a fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a duração [...]. É fácil ser coerente por um dia, ou por alguns dias [...]. Só se pode chamar fidelidade a uma coerência que dura ao longo de toda a vida” [35].
Estas palavras do Servo de Deus João Paulo II ajudam a compreender a perseverança a uma luz mais profunda, não como um mero persistir mas, antes de mais, como autêntica coerência de vida; uma fidelidade que acaba por merecer o louvor do senhor da parábola dos talentos e que cabe considerar como uma fórmula evangélica de canonização:
Muito bem, servo bom e fiel; porque foste fiel no pouco, eu te confiarei o muito: entra na alegria do teu senhor[36].

8. “Magnus in prosperis, in adversis maior

“Grande na prosperidade, maior na adversidade”. Estas palavras do epitáfio do rei inglês Jacob II, na igreja de Saint Germain em Layes, próxima de Paris, exprimem a harmonia entre as diferentes componentes da virtude da fortaleza: por um lado, a paciência e a perseverança, que se relacionam com o ato de resistir no bem e que já considerámos; por outro, a magnificência e a magnanimidade, que fazem referência directa ao acto de atacar, de empreender grandes façanhas, também nas pequenas empresas da vida corrente.
Com efeito, de acordo com a teologia moral, “a fortaleza, como virtude de apetite irascível, não só domina os nossos medos (cohibitiva timorum) como, além disso, modera as acções atrevidas e audazes (moderativa audaciarum).
Assim, a fortaleza ocupa-se do medo e da audácia, impedindo o primeiro e impondo um equilíbrio à segunda” [37].

A magnanimidade ou grandeza de alma é a prontidão para tomar a decisão de empreender obras virtuosas excelentes e difíceis, dignas de grande honra.
Por seu lado, a magnificência refere-se à efectiva realização de obras grandes e em particular a procura e emprego dos recursos económicos e materiais adequados ao cumprimento de grandes empresas ao serviço de Deus e do bem comum [38].

 São Josemaria descrevia a pessoa magnânima nestes termos: “ânimo grande, alma grande onde cabem muitos.
É a força que nos dispõe a sairmos de nós próprios, a fim de nos prepararmos para empreender obras valiosas, em benefício de todos.
No homem magnânimo não tem lugar a mesquinhez; não entra a medida estreita, o cálculo egoísta ou a deslealdade interesseira.
O magnânimo dedica sem reservas as suas forças ao que vale a pena; por isso é capaz de se entregar a si próprio.
Não se conforma apenas com dar: dá-se. E então consegue compreender a maior prova de magnanimidade: dar-se a Deus” [39].

Requer-se magnanimidade para empreender, diariamente, a empresa da própria santificação e do apostolado no meio do mundo, das dificuldades que sempre haverá, com a convicção de que tudo é possível para aquele que crê [40].
Neste sentido, o cristão magnânimo não teme proclamar e defender com firmeza, nos ambientes em que se move, os ensinamentos da Igreja, também em momentos em que isso possa supor ir contra-corrente [41], aspecto que tem uma profunda raiz evangélica.
Assim, o cristão conduzir-se-á com compreensão para com as pessoas e simultaneamente com uma santa intransigência na doutrina [42], fiel ao lema paulino veritatem facientes in caritate, vivendo a verdade com caridade [43], que traz consigo defender a totalidade da fé sem violência. Isto implica também que a obediência e docilidade ao Magistério da Igreja não se contrapõem à liberdade de opinião; pelo contrário, ajudam a distinguir bem a verdade da fé, daquilo que são simples opiniões humanas.

* * *

No início fez-se referência à paciente resistência de Maria ao pé da Cruz.
A fortaleza exemplar de Nossa Senhora inclui também a grandeza de alma que a levou a exclamar diante da sua prima Isabel:
Magnificat anima mea Dominum ... quia fecit mihi magna qui potens est, a minha alma glorifica o Senhor... porque fez em mim grandes coisas [44].
A exultação de Maria contém uma importante lição para nós, como recorda Bento XVI: “O homem é grande, só se Deus é grande.


Diálogos apostólicos

O DIVÓRCIO 

AS LEIS FAVORÁVEIS AO DIVÓRCIO

Pergunto:

Diante de problemas matrimoniais convém recorrer a leis e a advogados?

Respondo:


Não é boa ideia. É melhor conversar entre ambos em momentos de serenidade ou recorrer a pessoas prudentes que desejem ajudá-los a manter o seu casamento. Pode-se ir a um advogado com critério e como mediador, para resolverem juntos algum tema ou prever abusos. Mas a ideia de recorrer a um advogado costuma estar unida à ideia de conflito e não se luta com quem se ama.

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?