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07/04/2018

Fortes e pacientes: serenos

Se, por teres o olhar fixo em Deus, souberes manter-te sereno no meio das preocupações; se aprenderes a esquecer as ninharias, os rancores e as invejas; pouparás muitas energias, que te fazem falta para trabalhar com eficácia, em serviço dos homens. (Sulco, 856)

Quem sabe ser forte não se deixa invadir pela pressa de conquistar logo o fruto da sua virtude; é paciente. A fortaleza leva-nos realmente a saborear a virtude humana e divina da paciência. Mediante a vossa paciência, possuireis as vossas almas (Lc XXI, 19). A posse da alma exprime-se na paciência, que, na verdade, é raiz e custódia de todas as virtudes. Nós possuímos a alma com a paciência, porque, aprendendo a dominar-nos a nós mesmos, começamos a possuir aquilo que somos. E é esta paciência que nos leva também a ser compreensivos com os outros, persuadidos de que as almas, como o bom vinho, melhoram com o tempo.


Fortes e pacientes: serenos. Mas não com a serenidade daquele que compra a tranquilidade pessoal à custa de se desinteressar dos seus irmãos ou da grande tarefa, que corresponde a todos, de difundir ilimitadamente o bem por todo o mundo. Serenos, porque há sempre perdão, porque tudo tem remédio, menos a morte, e, para os filhos de Deus, a morte é vida. Serenos, ainda que seja só para poder actuar com inteligência: quem conserva a calma está em condições de reflectir, de estudar os prós e os contras de cada problema, de examinar judiciosamente os resultados das acções previstas. E depois, sossegadamente, pode intervir com decisão. (Amigos de Deus, 78–79).

Temas para meditar e reflectir

Tranquilidade


Não é primeira vez que o tema é objecto de reflexão e isto porque a situação que vivo me arrasta - sem eu querer e sem aviso - para consideração de factos, situações etc., que me inquietam e perturbam.

Tranquilidade tem obviamente que ver com a paz espírito pelo que, se o espírito está em paz a tranquilidade é consequente.

Não se trata de ignorar os problemas e muito menos de os adiar, mas sim a certeza que tudo na vida tem remédio porque nada é definitivo.

Paz, foi e é, a principal recomendação de Cristo, Ele próprio o Príncipe da Paz, porque Ele sabia muito bem - e disse-o claramente - que a Sua vinda a este mundo iria provocar lutas e dissensões um pouco por todo o lado e em todas as sociedades humanas.

Mas também afirmou que tinha vencido o mundo é que, portanto, nada teríamos a tremer.

«Tende paz em vós», disse.

É o que ambicionamos e lhe pedimos ajuda para a conseguir.

Tranquilos, pois, tudo tem solução e nada adianta preocupar-nos se ela tarda em concretizar-se.

Acontecerá, tenhamos a certeza, quando o Senhor quiser e achar conveniente.

Nunca nos abandonará!

Não é este um motivo mais que suficiente para estar tranquilos?



(ama, reflexões, 2016.11.21)

Evangelho e comentário

Tempo de Páscoa

Evangelho: Mc 16, 9-15

9 Tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, Jesus apareceu primeiramente a Maria de Magdala, da qual expulsara sete demónios. 10 Ela foi anunciá-lo aos que tinham sido seus companheiros, que viviam em luto e em pranto. 11 Mas eles, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram. 12 Depois disto, Jesus apareceu com um aspecto diferente a dois deles que iam a caminho do campo. 13 Eles voltaram para trás a fim de o anunciar aos restantes. E também não acreditaram neles. 14 apareceu, finalmente, aos próprios Onze quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração em não acreditarem naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15 E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura

Comentário:

O evangelista é parco nas palavras.

Realmente São Marcos - que escreve o que ouviu da boca de Pedro -  não foi testemunha directa dos acontecimentos após a ressurreição do Senhor e, portanto, toda a emoção e choque de sentimentos que outros deixam entrever não está presente no que escreve.

Mas, o deveras importante é reter as instruções e mandatos do Mestre, o que deseja que façam e como.

É isso que deve interessar aos Seus seguidores que somos todos nós os baptizados.


(ama, comentário sobre Mc 16 9-15, 22.04.2017)

Leitura espiritual

O HOMEM BOM

A BONDADE REAL

Retomemos uma ideia anterior. Bom, de verdade, é somente aquele que nos faz bem, e o bem é acima de tudo o valor moral e espiritual de uma pessoa. Portanto, bom mesmo é somente aquele que nos ajuda a ser melhores.
Quando já vivemos um bom pedaço da vida e olhamos para trás, contemplamos um vasto panorama de vicissitudes diversas, de erros e acertos, de perigos que nos ameaçaram, de dúvidas que nos paralisaram, de alegrias e tristezas. Mas, no meio dessas lembranças, todos nós podemos ver brilhar uns pontos de luz que jamais esqueceremos: pessoas que, no momento em que mais precisávamos, nos fizeram bem: “Fulano – dizemos – ajudou-me muito”, “significou muito para mim”; “graças a Sicrano, consegui superar um problema grave (ou uma crise ou um estado de ânimo) que poderia ter-me arrasado”...
Mesmo sem darmos por isso e sem dizê-lo explicitamente, estamos falando de “homens bons”. Inconscientemente, possuímos a convicção de que foram bons, para nós, aqueles que nos despertaram para ideais mais nobres, que nos deram a mão para levar-nos a encontrar um sentido mais alto da vida, que iluminaram as nossas escuridões interiores fazendo-nos compreender aquilo por que vale a pena viver.
Em suma, foram “bons” os que nos elevaram a um maior nível de dignidade moral e nos ajudaram a ser melhores, mesmo que para isso tivessem precisado, em algum momento, de fazer-nos sofrer. Contribuíram, em suma, para que descobríssemos e abraçássemos o bem, e não se contentaram com deixar que nos “sentíssemos bem”...
Se, para tanto, foi necessário que nos aplicassem uma enérgica e paciente “cirurgia”, não duvidaram em fazê-lo, mesmo sabendo que, de início, não os compreenderíamos. Souberam ter a coragem – pensemos, por exemplo, nos pais e educadores – de dizer-nos serenamente “não” e de manter essa sua posição, em defesa do nosso bem, ainda que nós a interpretássemos como teimosia prepotente e irracional. Passado o tempo, compreendemos e agradecemos o que essa energia
amorosa significou para nós.
O homem bom recusa-se a tomar como princípio de comportamento o infeliz ditado segundo o qual “aquele que diz as verdades perde as amizades”. Pratica a lealdade sincera quando o nosso bem está em jogo. Certamente, não confunde a sinceridade com a franqueza rude, que se limita a lançar-nos em rosto os nossos erros e defeitos em tom áspero e acusatório. Mas arrisca-se de bom grado a ser incompreendido, a ser tachado de moralista e de intrometido, quando percebe que precisa falar-nos claramente, caridosamente mas sem ambiguidades, e não hesita em praticar aquela excelente obra de misericórdia que consiste em “corrigir o que erra”, a fim de levá-lo a encontrar a retidão do caminho moral.
Calar-se, deixando o barco correr... e afundar-se é, sem dúvida, mais cômodo. Alhear-se, ou até mostrar-se conivente com os erros alheios, atrai benevolências e simpatias. Mas é uma forma covarde de omissão e uma triste colaboração com o mal.

ESBOÇO DO HOMEM BOM

Homem bom é, pois, aquele que exerce sobre nós uma influência benfazeja, uma influência que tem como efeito elevar-nos, ajudar-nos a alcançar uma maior altura moral.
Por isso, o homem bom tem, principalmente, uma qualidade: o dom de despertar-nos do sono espiritual, da letargia moral, da mediocridade e da acomodação. É alguém que nos impele a “olhar para cima” e nos ajuda – sobretudo com o seu exemplo – a ver a bondade como uma meta acessível.
O ambiente que nos cerca leva-nos facilmente a ser medíocres. Os idealistas são poucos, e não raro parecem ingênuos ou tolos, se os compararmos com muitos dos que vemos triunfar ou, pelo menos, singrar na vida: os egoístas, os espertos e os aproveitadores. Com efeito, aspirar a pautar a vida pela honestidade, pela fidelidade, pelo mérito, pelo desprendimento ou pela sinceridade – para falar apenas de algumas facetas do ideal moral – pode ser algo de muito belo na teoria, mas dá a impressão de ser muito pouco útil na prática, pouco eficaz na luta pela vida. Na “selva” do mundo, parecem apagar-se as fronteiras que separam o “bom” do “bobo”.
Daí que, lá no fundo, muitos prefiram ser “como todo o mundo”. E se um idealismo maior lhes bate às portas da alma, afastam-no com desconfiança: não vamos complicar a vida – dizem –, não vamos ser tolos, é mais garantido ficar na “média”, como todos fazem; os Ícaros que pretendem voar muito alto com asas de cera acabam despencando ao chão.
Até que, numa hora qualquer da vida, deparamos com um homem bom. O primeiro choque que experimentamos ao tomar contacto com ele é o desconcerto. Começamos a vislumbrar nessa pessoa algo de inexplicável – pois foge aos padrões habituais – e, ao mesmo tempo, de estranhamente atraente.
Percebemos que é alguém que pensa de maneira diferente, vive de maneira diferente.
Acredita em valores mais altos, abraça-os com serena convicção e não vacila em pautar por eles a sua vida. Prescinde tranquilamente do que a maioria considera imprescindível para ser feliz: o egoísmo interesseiro, o comodismo, o culto do prazer e do bem-estar, o jogo de pequenos e grandes enganos para obter vantagens... Abraça com firmeza a honestidade, a dedicação desinteressada, o sacrifício, o amor serviçal, a renúncia voluntária, para fazer felizes os outros... Parece estar a um milímetro da utopia, da loucura ou da estupidez. E, no entanto, deixa-nos a impressão indestrutível de ser infinitamente mais alegre, mais realizado e vitalmente mais rico do que a massa anódina sobre a qual, mesmo sem o pretender, ele se eleva.
É por isso que o homem bom nos obriga a olhar “para cima” e também “por cima” dos nossos esquemas mentais e das nossas opções rotineiras. É como que uma bandeira que incita a entrar por caminhos novos, caminhos que lá no fundo da alma nós desejaríamos trilhar para curar o coração cansado de sábias espertezas e de prudentes mediocridades. E, com o seu exemplo, vem a dizer-nos que esses caminhos são possíveis e mostra-nos o roteiro a seguir.
A limpa autenticidade do homem bom faz-nos descobrir o norte, o verdadeiro norte da vida, e para ele nos atrai. Dele irradia, sem palavras, um apelo que nos sugere: vale a pena viver assim e é possível viver assim; se nós o conseguíssemos, alcançaríamos a plenitude de paz e felicidade que sempre sonhamos e ainda não conquistamos.

BONDADE E COERÊNCIA

Mas o homem bom não se limita a despertar-nos para a bondade. Faz-nos acreditar nela.
Todos sabemos por experiência que tudo quanto tem “cheiro de falsidade”, de hipocrisia, inspira desconfiança; e, pelo contrário, tudo o que é autêntico desperta credibilidade.
A verdadeira bondade infunde confiança precisamente porque está marcada de modo simples, sem ostentações, pelo selo da verdade. Neste caso, da coerência. Um homem realmente bom possui uma harmonia habitual entre palavra e vida, entre interior e exterior, entre vida privada e vida profissional ou social. Não tem duas caras, não tem duas vidas, não é duplo. É sempre o mesmo.
O hipócrita bem-falante pode enfeitar-se de belas frases, gestos elevados e propostas sublimes. Mas todos se apercebem de que tudo isso não passa de um balão colorido, acobertando um imenso vazio. É uma pura encenação, é uma triste farsa. Cristo chamaria a tudo isso o brilho da cal branca sobre o sepulcro de um morto (cfr. Mt 23, 27).
O homem bom, pelo contrário, se fala de valores e de ideais, é porque os vive: as suas sugestões, os seus conselhos, as suas correções – quando se trata de corrigir – têm o frescor fecundo das águas vivas que brotam do manancial da alma. São sangue do seu sangue. Por isso movem, tocam, incentivam, atraem. Transmitem o calor da autenticidade. E despertam o desejo de imitação.
Nunca deixa de nos atingir positivamente, e de nos incitar a melhorar, o exemplo ou a palavra de um homem reto e coerente. Todos nos sentimos instintivamente dispostos a levar a sério a opinião, o juízo ou o conselho de uma pessoa que mantém tranquilamente a mesma altura moral e o mesmo grau de bondade em qualquer ambiente. Quer seja no lar, na rua, no escritório ou na roda de amigos, é sempre idêntico a si mesmo: aberto, dedicado, paciente, solícito, construtivo, alegre, cheio de fé. Não tem virtudes de ocasião ou qualidades de feira. Não é o camaleão que se adapta aos diversos ambientes com o afã de “ficar bem”. Possui um quilate moral que atravessa, sem distorcer-se, todas as vicissitudes e situações.
Seria bom que os pais pensassem nisto, pois a sua falta de coerência costuma destruir as mais belas falas. E os filhos têm um radar sensibilíssimo para captar o “fundo falso” de todos os sermões dos pais que dizem e não fazem (cfr. Mt 23, 3).

VITÓRIA SOBRE A MESQUINHEZ

Devemos acrescentar ainda mais alguns traços a essas qualidades que desenham o retrato do homem bom. É evidente que ser bom não significa ser impecável. Quando o jovem rico do Evangelho se atirou aos pés de Cristo, perguntando-lhe com os olhos a brilhar: Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?, Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas bom? Ninguém bom senão só Deus (Mc 10, 17-18).
Somente Deus possui a perfeição sem defeito, em plenitude. Os homens somos todos falíveis, e os nossos melhores esforços e qualidades vão sempre acompanhados pelo contraponto dos erros, pecados e misérias. Seria, pois, uma ilusão imaginar que o homem de uma só peça que acabamos de retratar não tivesse fissuras nem brechas.
Mas, dentro deste quadro da inevitável debilidade humana, o homem verdadeiramente bom possui uma qualidade marcante: nunca o vemos dominado por fraquezas mesquinhas ou baixas. E este é um ponto importante.
O homem bom pode ter – e realmente tem – momentos de ira, de cansaço, de impaciência ou de preguiça. Mas não é escravo de sentimentos pequenos: no seu coração, nunca lançam raízes as paixões baixas do calculismo – não regateia, querendo baratear a sua doação –, da inveja, do melindre, da suscetibilidade, do ressentimento ou da vingança. É um homem fraco e pecador – como todos os homens –, mas ao mesmo tempo é um coração livre da triste teia de aranha que amesquinha muitas almas: o egoísmo e seu irmão gêmeo, o amor-próprio doentio. Tem um coração maior que essas misérias.
Este é outro dos motivos por que a sua bondade irradia, com um calor atraente. A mesquinhez ensombrece e degrada a bondade. Quando admiramos alguém, e inesperadamente descobrimos que está dominado por alguma dessas pequenas paixões que acabamos de mencionar, sentimos uma profunda decepção. É como se a luz divina, que até então iluminava nele ideais de grandeza, de repente se tivesse empanado.
Nobre pela sua coerência e livre de mesquinhez, o homem bom se nos revela assim em toda a sua riqueza espiritual. Só ele é capaz de harmonizar traços morais que, na maioria dos homens, apenas se encontram de forma parcial ou conflitante.
A verdadeira bondade sabe conjugar estavelmente a energia na atuação e a compreensão com as pessoas; o entusiasmo pelos ideais, trabalhos e objetivos, e o desprendimento; a firmeza de critério e a prudente flexibilidade; a equanimidade e o ardor; a serenidade e a paixão; a grandeza de alma, que não se conforma com a mediocridade, e a humildade de coração; a capacidade de ser, ao mesmo tempo, um grande despertador de inquietações – alguém que nos sacode a inércia e o comodismo – e um transmissor de paz.
Qualidades que parecem contrárias, e até incompatíveis, convivem em equilíbrio na alma do homem bom. São como as cores diversas, que se fundem numa única luz. Por isso, o homem bom deixa-nos sempre a impressão de ser um homem “completo”, em que as virtudes atingem a medida certa e compõem um conjunto de rara beleza e equilíbrio. É isso que as torna sugestivas e atraentes e incita à imitação.

Francisco Faus [i]




[i] Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direito Canónico pela Universidade de São Tomás de Aquino de Roma. Ordenado sacerdote em 1955, reside em São Paulo, onde exerce uma intensa atividade de atenção espiritual entre estudantes universitários e profissionais. Autor de diversas obras literárias, algumas delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, entre outros, os títulos O valor das dificuldades, O homem bom, Lágrimas de Cristo, lágrimas dos homens, Maria, a mãe de Jesus, A voz da consciência e A paz na família.

Se Deus está “no” céu, onde fica o céu?

Resultado de imagem para veritatis splendorO Pai-Nosso começa dizendo que Deus está "no" Céu. Isto não sugere que o Céu é um lugar? E se é um lugar, onde fica?
Céu é onde Deus está. Então, onde está Deus? Em todo lugar. Então por que dizemos que Deus está no Céu, como se esse fosse um lugar particular em oposição a todo lugar?

A resposta é que, quando falamos de Deus ou do Céu, devemos usar a linguagem das coisas criadas, mesmo que Deus seja, por natureza, infinitamente maior do que qualquer criatura.

Já que, por nossa experiência, as coisas criadas encontram-se em lugares, quando falamos que Deus está no Céu parece soar como se estivéssemos nos referindo a um lugar físico. Mas o Céu não é um lugar físico, muito embora os mórmons acreditem que o Pai Celestial viva em um planeta próximo de uma estrela chamada “Kolob”.

Dizer que Deus está no Céu é um modo de dizer que Ele não “preso” à Terra. Uma rápida reflexão nos diz que Ele também não está “preso” ao espaço. Caso contrário, Ele seria limitado, significando que seria imperfeito e, portando, não verdadeiramente Deus. O Criador do universo, em sua natureza divina, não pode ser parte do universo que Ele criou.

Ao mesmo tempo, os teólogos dizem que Deus é onipresente: Ele está em todo lugar. Como, então, podemos dizer que Ele não faz parte do universo? Se Deus está em todo lugar, parece que Ele deva estar também no universo e, por consequência, seja parte do universo.

Considere, no entanto, o que dissemos sobre Deus não ser limitado ou confinado a um lugar específico. Por definição, estar em todo lugar simultaneamente significa não estar apenas em um lugar particular. A onipresença de Deus não significa que Ele se espalha sobre o espaço do mesmo modo que a margarina se espalha sobre uma fatia de pão ou a água se encontra distribuída por todo o volume de uma piscina.

Este é o erro do movimento de Nova Era, quer na forma de panteísmo (que afirma que tudo é Deus), quer na forma de panenteísmo (que afirma que Deus está em tudo assim como o açúcar encontra-se no suco).

Deus está em todo lugar – dizem os teólogos e filósofos – por seu poder, sua essência e seu conhecimento. Por seu poder infinito, Ele está em todo lugar pois Ele dá existência a todas as coisas. Ele está em todo lugar por sua essência pois o que Deus é (sua essência) não é separável daquilo que Ele pode fazer (seu poder). Deus está em todo lugar por seu conhecimento pois Ele sabe de tudo em todos os tempos.

Uma outra forma de enxergar a onipresença de Deus é pensar na Criação como uma novela divina e Deus como roteirista. O autor de uma novela está, em certo sentido, em todas as páginas que ele escreve. Ele cria o conjunto, os personagens e os eventos da sua novela. Apesar disso, ele mesmo se encontra fora da novela. Seria igualmente verdade dizer que a novela está dentro de seu autor – isto é, em sua mente.

Deus está fora do universo que Ele criou e sustenta (eis a sua transcendência), e, ao mesmo tempo, dentro dele (eis a sua imanência), por seu poder, essência e conhecimento.

Veritatis Splendor, Set 05, 2017

Para um conhecimento mais aprofundado sobre o céu, sugerimos a leitura do livro “Everything You Ever Wanted to Know About Heaven” (“Tudo o que você sempre quis saber sobre o céu”), de Peter Kreeft, disponível no catálogo da Catholic Answers.


Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?