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17/03/2018

Comunhão dos Santos

Vivei uma particular Comunhão dos Santos: e cada um sentirá, à hora da luta interior, e à hora do trabalho profissional, a alegria e a força de não estar só. (Caminho, 545)


Há instantes, antes do lavabo, invocámos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que abençoasse o Sacrifício oferecido ao Seu Santo Nome. Terminada a purificação, dirigimo-nos à Trindade – Suscipe, Sancta Trinitas –, para que receba o que apresentamos em memória da Vida, da Paixão, da Ressurreição e da Ascensão de Cristo, em honra de Maria, sempre Virgem, e em honra de todos os santos.


A oblação deve redundar em benefício de todos – Orate, fratres, reza o sacerdote –, porque este sacrifício é meu e vosso, de toda a Igreja Santa. Orai, irmãos, mesmo que sejam poucos os que se encontram reunidos, mesmo que se encontre materialmente presente apenas um cristão ou até só o celebrante, porque uma Missa é sempre o holocausto universal, o resgate de todas as tribos e línguas e povos e nações!



Todos os cristãos, pela comunhão dos Santos, recebem as graças de cada Missa, quer se celebre diante de milhares de pessoas, quer haja apenas como único assistente um menino, possivelmente distraído, a ajudar o sacerdote. Tanto num caso como noutro, a Terra e o Céu unem-se para entoar com os Anjos do Senhor: Sanctus, Sanctus, Sanctus... (Cristo que passa, 89)

Temas para meditar e reflectir

Juízos



Procuremos sempre ver as virtudes e coisas boas que virmos nos outros, e tapar os seus defeitos com os nossos grandes pecados.



(SANTA TERESA DE JESUS, Vida, 13, 6)





Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Jo 7, 40-53

40 Então, entre a multidão de pessoas que escutaram estas palavras, dizia-se: «Ele é realmente o Profeta.» 41 Diziam outros: «É o Messias.» Outros, porém, replicavam: «Mas pode lá ser que o Messias venha da Galileia?! 42 Não diz a Escritura que o Messias vem da descendência de David e da cidade de Belém, donde era David?» 43 Deste modo, estabeleceu-se um desacordo entre a multidão, por sua causa. 44 Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão. 45 Depois os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: «Porque é que não o trouxestes?» 46 Os guardas responderam: «Nunca nenhum homem falou assim!» 47 Replicaram-lhes os fariseus: «Será que também vós ficastes seduzidos? 48 Porventura acreditou nele algum dos chefes, ou dos fariseus? 49 Mas essa multidão, que não conhece a Lei, é gente maldita!» 50 Nicodemos, aquele que antes fora ter com Jesus e que era um deles, disse-lhes: 51 «Porventura permite a nossa Lei julgar um homem, sem antes o ouvir e sem averiguar o que ele anda a fazer?» 52 Responderam-lhe eles: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia não sairá nenhum profeta.» 53 E cada um foi para sua casa.

Comentário:

 Os chefes do povo fazem uma afirmação terrível considerando o povo comum e anónimo como ‘malditos porque não conhecem a Lei’.

É como hão-de conhecê-la com tais mestres?

Estes até podem conhecer a Lei, mas como não a praticam de pouco lhes vale.

Quem serão, pois, “os malditos”?


(AMA, comentário sobre Jo 7, 40-53, HGSA, 01.03.2017)


Leitura espiritual

TEMA 21 A Eucaristia (III)

A fé na presença real de Cristo na Eucaristia levou a Igreja a tributar culto de latria ao Santíssimo Sacramento, tanto durante a liturgia da Missa, como fora da sua celebração.
 
1. A presença real eucarística

Na celebração da Eucaristia torna-se presente a Pessoa de Cristo – o Verbo encarnado, que foi crucificado, morreu e ressuscitou pela salvação do mundo –, com uma presença misteriosa, sobrenatural e única. Encontramos o fundamento desta doutrina na própria instituição da Eucaristia, quando Jesus identificou os dons que oferecia, com o seu Corpo e com o seu Sangue («isto é o meu Corpo… este é o cálice do meu Sangue…»), ou seja, com a sua corporeidade inseparavelmente unida ao Verbo e, portanto, com a sua Pessoa total. Jesus Cristo está certamente presente, de múltiplas maneiras, na sua Igreja: na sua Palavra, na oração dos fiéis (cf. Mt 18, 20), nos pobres, doentes e prisioneiros (cf. Mt 25, 3146), nos sacramentos e especialmente na pessoa do ministro sacerdote. Mas, sobretudo, está presente sob as espécies eucarísticas (cf. Catecismo, 1373). A singularidade da presença eucarística de Cristo está no facto de que o Santíssimo Sacramento contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo e o Sangue, juntamente com a Alma e a Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus verdadeiro e Homem perfeito, o mesmo que nasceu da Virgem Maria, morreu na Cruz e agora está sentado nos céus à direita de Deus Pai. «Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (Catecismo, 1374). O termo substancial procura indicar a consistência da presença pessoal de Cristo na Eucaristia: esta não é simplesmente uma “figura”, capaz de “significar” e de estimular a mente a pensar em Cristo, realmente presente noutro lugar, no Céu; nem é um simples “sinal”, através do qual se nos oferece a “virtude salvadora” – a graça –, que provém de Cristo. A Eucaristia é, pelo contrário, presença objectiva, do ser-em-si (a substância) do Corpo e do Sangue de Cristo, ou seja, da sua inteira Humanidade – inseparavelmente unida à Divindade pela união hipostática –, embora velada sob as “espécies” ou aparências do pão e do vinho. Por conseguinte, «a presença do verdadeiro Corpo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento, "não a apreendemos pelos sentidos, diz São Tomás, mas só pela fé, que se apoia na autoridade de Deus"» (Catecismo, 1381). Isto o exprime muito bem a seguinte estrofe do hino Adoro te devote: «Visus, tactus, gustus in te fállitur, Sed audítu solo tuto créditur. Credo, quidquid dixit Dei Fílius: Nil hoc verbo Veritátis vérius» (A vista, o tacto, o gosto, nada sabem. Só no que o ouvido sabe se há-de crer. Creio em tudo o que o Filho de Deus veio dizer, nada mais verdadeiro pode ser do que a própria Palavra da Verdade.)

2. A transubstanciação

A presença verdadeira, real e substancial de Cristo na Eucaristia supõe uma conversão extraordinária, sobrenatural e única. Tal conversão tem o seu fundamento nas próprias palavras do Senhor: «Tomai e comei: Isto é o Meu Corpo… Bebei dele todos. Porque isto é o Meu Sangue, o sangue da nova Aliança» (Mt 26, 26-28). Com efeito, estas palavras tornam-se realidade só se o pão e o vinho deixam de ser pão e vinho para se converterem no Corpo e no Sangue de Cristo, porque é impossível que uma mesma coisa possa ser simultaneamente dois seres diferentes: pão e corpo de Cristo, vinho e Sangue de Cristo. Sobre este ponto, o Catecismo da Igreja Católica recorda: «O Concílio de Trento resume a fé católica declarando: “Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação”» (Catecismo, 1376). No entanto, permanecem inalteradas as aparências de pão e de vinho, ou seja “as espécies eucarísticas”. Apesar dos sentidos captarem verdadeiramente as aparências do pão e do vinho, a luz da fé dá-nos a conhecer que sob o véu das espécies eucarísticas o que realmente se contém é a substância do Corpo e do Sangue do Senhor. Graças à permanência das espécies sacramentais do pão, podemos afirmar que o Corpo de Cristo – a sua inteira Pessoa – está realmente presente no altar, na píxide ou no Sacrário.
3. Propriedades da presença eucarística

O modo da presença de Cristo na Eucaristia é um mistério admirável. Segundo a fé católica, Jesus está integralmente presente, com a sua corporeidade glorificada, sob cada uma das espécies eucarísticas, e está íntegro em cada uma das partes resultantes da divisão das espécies, de modo que a fracção do pão não divide Cristo (cf. Catecismo, 1377)[1]. Trata-se de uma modalidade de presença singular, porque é invisível e intangível, e além disso, é permanente, no sentido de que, uma vez realizada a consagração, dura todo o tempo que subsistam as espécies eucarísticas.
4. O culto da Eucaristia

A fé na presença real de Cristo na Eucaristia levou a Igreja a tributar culto de latria (quer dizer, de adoração), ao Santíssimo Sacramento, tanto durante a liturgia da Missa (por isso indicou que ajoelhemos ou nos inclinemos profundamente ante as espécies consagradas), como fora da celebração: conservando com o maior cuidado as hóstias consagradas no Sacrário (ou Tabernáculo), apresentando-as aos fiéis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão, etc. (cf. Catecismo, 1378). A Sagrada Eucaristia conserva-se no sacrário[2]: - Principalmente para poder dar a Sagrada Comunhão aos doentes e a outros fiéis impossibilitados de participar na Santa Missa. - Além disso, para que a Igreja possa prestar culto de adoração a Deus Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento (de modo especial durante a Exposição da Santíssima Eucaristia, na Bênção com o Santíssimo; na Procissão com o Santíssimo Sacramento na Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, etc.).

- E para que os fiéis possam adorar sempre o Senhor com frequentes visitas. Neste sentido, afirma S. João Paulo II: «A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera por nós neste Sacramento do Amor. Não nos mostremos avaros com o nosso tempo para nos irmos encontrar com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e pronta para reparar as grandes culpas e os crimes do mundo. Não cesse nunca a nossa adoração»[3]; Há duas grandes festas (solenidades) litúrgicas em que se celebra de modo especial este Sagrado Mistério: a Quinta-Feira Santa (comemora-se a instituição da Eucaristia e da Ordem Sagrada) e a solenidade do Corpo e do sangue de Cristo (destinada principalmente à adoração e à contemplação do Senhor na Eucaristia).
5. A Eucaristia, Banquete Pascal da Igreja
5.1. Porque é que a Eucaristia é o Banquete Pascal da Igreja?

«A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua Páscoa [a passagem deste mundo ao Pai através da sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão gloriosa[4], nos dá o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos une a si e entre nós no seu sacrifício» (Compêndio, 287).
5.2. Celebração da Eucaristia e Comunhão com Cristo

«Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está toda orientada para a união íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo, que Se ofereceu por nós» (Catecismo, 1382). A Santa Comunhão, ordenada por Cristo («tomai e comei… bebei dele todos…», Mt 26, 26-28; cf. Mc 14, 22-24; Lc 22, 14-20; 1 Cor 11, 23-26), forma parte da estrutura fundamental da celebração da Eucaristia. Só quando Cristo é recebido pelos fiéis como alimento de vida eterna, alcança sentido pleno tornar-se alimento para os homens, e se cumpre o memorial por Ele instituído[5]. Por isso, a Igreja recomenda vivamente a comunhão sacramental a todos os que participem na celebração eucarística e possuam as devidas disposições para receber dignamente o Santíssimo Sacramento[6].

5.3. Necessidade da Sagrada Comunhão

Quando Jesus prometeu a Eucaristia afirmou que este alimento não só é útil, mas necessário: é uma condição de vida para os seus discípulos. «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós» (Jo 6, 53). Comer é uma necessidade para o homem. E, como o alimento natural mantém o homem na vida e lhe dá forças para caminhar por este mundo, de modo semelhante a Eucaristia mantém o cristão na vida de Cristo, recebida no Baptismo, e dá-lhe forças para ser fiel ao Senhor nesta terra, até à chegada à Casa do Pai. Os Padres da Igreja interpretaram o pão e a água, que o Anjo ofereceu ao Profeta Elias, como tipo da Eucaristia (cf. 1 Rs 19, 1-8): depois de receber o dom, ele que estava esgotado recupera o seu vigor e é capaz de cumprir a missão de Deus. Por conseguinte, a Comunhão não é um elemento que possa ser acrescentado arbitrariamente à vida cristã; não é necessária só para alguns fiéis especialmente comprometidos na missão da Igreja, mas é vital para todos: só pode viver em Cristo e difundir o seu Evangelho quem se nutre da própria vida de Cristo. O desejo de receber a Santa Comunhão deveria estar sempre presente nos cristãos, como permanente deve ser a vontade de alcançar o fim último da nossa vida. Este desejo de receber a Comunhão, explícito ou pelo menos implícito, é necessário para alcançar a salvação. Além disso, de facto, a recepção da Comunhão é necessária, com necessidade de preceito eclesiástico, para todos os cristãos no uso da razão: «A Igreja impõe aos fiéis a obrigação (…) de receber a Eucaristia ao menos uma vez em cada ano, se possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da Reconciliação» (Catecismo, 1389). Este preceito eclesiástico indica apenas o mínimo, que nunca será suficiente para desenvolver uma autêntica vida cristã. Por isso, a Igreja «recomenda vivamente aos fiéis que recebam a santa Eucaristia aos domingos e dias de festa, ou ainda mais vezes, mesmo todos os dias» (Catecismo, 1389).
5.4. Ministro da Sagrada Comunhão

O ministro ordinário da Santa Comunhão é o bispo, o presbítero e o diácono[7]. O acólito é ministro extraordinário permanente da distribuição da Comunhão[8]. Podem ser ministros extraordinários da distribuição da Comunhão outros fiéis a que o Bispo do lugar atribuiu a faculdade de distribuir a Eucaristia, quando o julgue necessário na pastoral dos fiéis e não esteja presente um sacerdote, um diácono ou um acólito[9]. «Não está permitido que os fiéis tomem a hóstia consagrada nem o cálice sagrado “por si mesmos, e muito menos que o passem entre si de mão em mão”»[10]. A propósito desta norma, é oportuno considerar que a Comunhão tem valor de signo sagrado; este signo deve manifestar que a Eucaristia é um dom de Deus ao homem; por isso, em condições normais, deve-se distinguir, na distribuição da Eucaristia, entre o ministro que dispensa o dom, oferecido pelo próprio Cristo, e o sujeito que o acolhe com gratidão, na fé e no amor.
5.5. Disposições para receber a Sagrada Comunhão

Disposições da alma. Para comungar dignamente é necessário estar na graça de Deus. «Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente – proclama S. Paulo –, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação» (1 Cor 11, 27-29). Portanto, ninguém se deve aproximar da Sagrada Comunhão com a consciência de ter cometido um pecado mortal, por muito contrito que lhe pareça estar, sem a preceder da confissão sacramental (cf. Catecismo, 1385). Para comungar frutuosamente requer-se, além de estar na graça de Deus, um sério empenho em receber o Senhor com a maior devoção possível: preparação (remota e próxima); recolhimento; actos de amor e de reparação, de adoração, de humildade, de acção de graças, etc. Disposições do corpo A reverência interior ante a Sagrada Eucaristia deve-se reflectir também nas disposições do corpo. A Igreja prescreve o jejum. Para os fiéis do rito latino o jejum consiste em se abster de qualquer alimento ou bebida (excepto água ou fármacos) uma hora antes de comungar[11].
 Também se deve cuidar a higiene corporal, o modo de vestir adequado, os gestos de veneração que manifestem respeito e amor ao Senhor, presente no Santíssimo Sacramento, etc. (cf. Catecismo, 1387). O modo tradicional de receber a Sagrada Comunhão no rito latino – fruto da fé, do amor e da piedade plurissecular da Igreja – é de joelhos e na boca. Os motivos que deram origem a este piedoso e antiquíssimo costume continuam plenamente válidos. Também se pode comungar de pé e, nalgumas dioceses do mundo, está permitido – nunca imposto – receber a comunhão na mão[12].
5.6. Idade e preparação para receber a primeira Comunhão

O preceito da comunhão sacramental obriga a partir do uso da razão. Convém prepará-la muito bem e não atrasar a Primeira Comunhão das crianças. «Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles» (Mc 10, 14) [13]. Para se poder receber a Primeira Comunhão, exige-se que a criança tenha conhecimento, segundo a sua capacidade, dos principais mistérios da nossa fé, e que saiba distinguir o Pão eucarístico do pão vulgar. «Os pais em primeiro lugar, e os que fazem a suas vezes, assim como também o pároco, têm obrigação de procurar que as crianças, que chegaram ao uso da razão, se preparem convenientemente e se nutram, quanto antes, com prévia confissão sacramental, deste alimento divino»[14].
5.7. Efeitos da Sagrada Comunhão

O que o alimento produz no corpo para bem da vida física, assim produz na alma a Eucaristia, de modo infinitamente mais sublime, o bem da vida espiritual. Mas enquanto o alimento se converte na nossa substância corporal, ao recebermos a Sagrada Comunhão, somos nós os que nos convertemos em Cristo: «Não me converterás tu em ti, como a comida na tua carne, mas que tu te converterás em Mim»[15].
Mediante a Eucaristia a nova vida em Cristo, iniciada no crente com o Baptismo (cf. Rm 6, 3-4; Gal 3, 27-28), pode consolidar-se e desenvolver-se até alcançar a sua plenitude (cf. Ef 4, 13), permitindo ao cristão levar a bom termo o ideal enunciado por S. Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20) [16].
Por conseguinte, a Eucaristia configura-nos com Cristo, faz-nos participantes do ser e da missão do Filho, identifica-nos com as suas intenções e sentimentos, dá-nos a força para amar como Cristo nos pede (cf. Jo 13, 34-35), para inflamar todos os homens e mulheres do nosso tempo com o fogo do amor divino que Ele veio trazer à Terra (cf. Lc 12, 49). Tudo isto deve manifestar-se efectivamente na nossa vida: «Se fomos renovados com a recepção do Corpo do Senhor, temos de o manifestar com obras. Que os nossos pensamentos sejam sinceros: de paz, de entrega, de serviço. Que as nossas palavras sejam verdadeiras, claras, oportunas; que saibam consolar e ajudar, que saibam sobretudo levar aos outros a luz de Deus. Que as nossas acções sejam coerentes, eficazes, acertadas: que tenham esse bonus odor Christi, o bom odor de Cristo, por recordarem o seu modo de Se comportar e de viver» [17].
Na Sagrada Comunhão, Deus aumenta a graça e as virtudes, perdoa os pecados veniais e a pena temporal, preserva dos pecados mortais e concede a perseverança no bem: numa palavra, estreita os laços de união com Ele (cf. Catecismo, 1394-1395). Mas a Eucaristia não foi instituída para o perdão dos pecados mortais; isto é próprio do Sacramento da Confissão (cf. Catecismo, 1395). A Eucaristia fomenta a unidade de todos os cristãos no Senhor, isto é, a unidade da Igreja, Corpo Místico de Cristo (cf. Catecismo, 1396). A Eucaristia é penhor ou garantia da glória futura, ou seja, da ressurreição e da eterna felicidade junto de Deus, Uno e Trino, dos Anjos e de todos os Santos: «Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da glória junto d'Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos» (Catecismo, 1419).

ÁNGEL GARCÍA IBÁÑEZ
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 1373-1405. . - S. João Paulo II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 17-IV-2003, 15; 21-25; 34-46. - Bento XVI, Ex. Ap. Sacramentum caritatis, 22-II-2007, 14-15; 30-32; 66-69. - Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 25-III-2004, 80-107; 129-145; 146-160.
Leituras recomendadas
- S. Josemaria, Homilia «Na Festa do Corpo de Deus», em Cristo que Passa, 150-161. - J. Ratzinger, Deus próximo de nós. A Eucaristia centro da vida, Tenacitas, Coimbra 2005, pp. 17-32; 85-132.
- J. Echevarría, Eucaristia e Vida Cristã, Diel, Lisboa 2009, pp. 21-58; 101-188. - J. R. Villar – F. M. Arocena – L. Touze, Eucaristía, en C. Izquierdo (dir.), Diccionario de Teología, Eunsa, Pamplona 2006, pp. 360-361; 366-370.


Notas 

Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?