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22/02/2018

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Temas para reflectir e meditar

Defeitos - 5


Defeito dominante - 1

O que vem a ser o “defeito dominante”?

Sintetizando, diria que é aquele defeito que, pelas suas características, arrasta consigo outros defeitos ou, se se quiser, consequências colaterais.

Um exemplo: O orgulho!

O orgulho é algo que arrasta a pessoa para situações, íntimas ou não, nas quais se perturba mais ou menos gravemente a lucidez, a objectividade, a clareza do raciocínio, quando se trata de examinar o comportamento próprio.
Desde logo, traz consigo uma tendência para a desculpa, a desvalorização de algum mal praticado.
O orgulho como que “avaliza” os sentimentos e os actos sem distinguir nem valores nem princípios.


(AMA, reflexões, Monte Real, 08.03.2017)

Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Cadeira de São Pedro

Evangelho: Mt 16, 13-19

13 Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». 14 Eles responde­ram: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». 15 Jesus disse-lhes: «E vós quem di­zeis que Eu sou?». 16 Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». 17 Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventu­rado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. 18 E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».

Comentários:

As Chaves do Reino de Deus!
Nem mais nem menos!

O Senhor entrega a Pedro, um simples Pescador da Galileia, um poder extraordinário sem comparação com qualquer outro.

Poder que se mantém desde então nas mãos da cabeça visível da Igreja, o Papa.

É obrigação dos cristãos apoiar com orações e carinho o Vigário de Cristo ajudando-o a carregar tão enorme responsabilidade.

Dominus conservat eum et vivificat eum et beatum faciat eum in terra et non tradat eum in animam inimicorum eius.
[i]

(ama, comentário sobre Mt 16, 13-19, 29.06.2015) 2016




[i] Deus o conserve e vivifique e o faça santo na terra e não o deixe sucumbir ao ânimo dos seus inmimigos

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 10 A Paixão e Morte na Cruz

Jesus morreu pelos nossos pecados [i] para nos libertar deles e nos resgatar para a vida divina.

 1. O sentido geral da Cruz de Cristo.

 1.1. Algumas premissas:

O mistério da Cruz enquadra-se na linha geral do projecto de Deus e da vinda de Jesus ao mundo.
O sentido da criação é dado pela sua finalidade sobrenatural, que consiste na união com Deus.
No entanto, o pecado alterou profundamente a ordem da criação: o homem deixou de ver o mundo como uma obra cheia de bondade e converteu-o numa realidade equívoca.
Pôs a sua esperança nas criaturas e fixou como meta falsos fins terrenos.
A vinda de Jesus Cristo ao mundo tem como finalidade reimplantar no mundo o projecto de Deus e conduzi-lo eficazmente ao seu destino de união com Ele.
Para isso, Jesus, verdadeira Cabeça do género humano [ii], assumiu toda a realidade humana degradada pelo pecado, fê-la sua, e ofereceu-a filialmente ao Pai.
Deste modo, Jesus restituiu a cada relação e situação humana o seu verdadeiro sentido na dependência de Deus Pai.

Este sentido ou fim, da vinda de Jesus realiza-se com a sua vida inteira, com cada um dos seus mistérios nos quais Jesus glorifica plenamente o Pai.

Cada acontecimento e cada etapa da vida de Cristo têm uma finalidade específica em ordem a este objectivo salvador [iii].

1.2. Aplicação ao mistério da Cruz:

A finalidade própria do mistério da Cruz é tirar o pecado do mundo [iv], algo completamente necessário para que se possa realizar a união filial com Deus.
Esta união é, como dissemos, o objectivo último do plano de Deus [v].

Jesus retira o pecado do mundo carregando-o sobre os seus ombros e anulando-o na justiça do seu coração santo [vi].

Nisto consiste essencialmente o mistério da Cruz:
a) Carregou com os nossos pecados.
Indica-o, em primeiro lugar, a história da sua paixão e morte relatada nos Evangelhos.
Estes factos, sendo a história do Filho de Deus encarnado e não de um homem qualquer, mais ou menos santo, têm um valor e uma eficácia universais que abarcam toda a raça humana.
Neles vemos que Jesus foi entregue pelo Pai nas mãos dos pecadores [vii] e que Ele próprio permitiu voluntariamente que a sua maldade (deles) determinasse em tudo a Sua sorte.
Como diz Isaías ao apresentar a impressionante figura de Jesus: [viii]
 «era maltratado e ele sofria e não abria a boca; era como um cordeiro levado ao matadouro, e como ovelha muda nas mãos do tosquiador e não abriu a boca» [ix].
Cordeiro sem mancha, aceitou livremente os sofrimentos físicos e morais impostos pela injustiça dos pecadores, e nela, assumiu todos os pecados dos homens, toda a ofensa a Deus.
Cada agravo humano é, de algum modo, causa da morte de Cristo. Dizemos, neste sentido, que Jesus “carregou" com os nossos pecados no Gólgota [x].

b) Eliminou o pecado com a sua entrega.
Mas Cristo não se limitou a carregar os nossos pecados, mas também os “destruiu", eliminou-os.
Pois levou os sofrimentos na justiça filial, na união obediente e amorosa para com o seu Pai Deus e na justiça inocente, de quem ama o pecador, embora este não o mereça: de quem procura perdoar as ofensas por amor [xi].
Ofereceu ao Pai os seus sofrimentos e a sua morte em nosso favor, para nosso perdão: «nas suas chagas fomos curados» [xii].

2. A Cruz revela a misericórdia e a justiça de Deus em Jesus Cristo
 
Fruto da Cruz é, portanto, a eliminação do pecado.
Desse fruto se apropria o homem através dos sacramentos (sobretudo da Confissão sacramental) e se apropriará definitivamente depois desta vida, se foi fiel a Deus.
Da Cruz procede a possibilidade para todos os homens de viverem afastados do pecado e de integrarem os sofrimentos e a morte no próprio caminho para a santidade.
Deus quis salvar o mundo pelo caminho da Cruz, mas não porque ame a dor ou o sofrimento, pois Deus só ama o bem e fazer o bem.
Não quis a Cruz com uma vontade incondicional, como quer, por exemplo, que existam as criaturas, mas qui-lapraeviso peccato, no pressuposto do pecado.
Há cruz porque existe o pecado, mas também porque existe o Amor.
A Cruz é fruto do amor de Deus face ao pecado dos homens.
Deus quis enviar o seu Filho ao mundo para que realizasse a salvação dos homens com o sacrifício da sua própria vida, e isto diz, em primeiro lugar, muito do próprio Deus.
Concretamente a Cruz revela a misericórdia e a justiça de Deus:
a) A misericórdia.
A Sagrada Escritura refere com frequência que o Pai entregou o seu Filho nas mãos dos pecadores [xiii], que não poupou o seu próprio Filho.
Pela unidade das Pessoas divinas na Trindade, em Jesus Cristo, Verbo encarnado, está sempre presente o Pai que O envia.
Por este motivo, depois da decisão livre de Jesus de entregar a sua vida por nós, está a entrega que o Pai nos faz do seu Filho amado, entregando-O aos pecadores.
Esta entrega manifesta, mais do qualquer outro gesto da história da salvação, o amor do Pai para com os homens e a Sua misericórdia.

b) A Cruz revela-nos também a justiça de Deus.
Esta não consiste tanto em fazer pagar o homem pelo pecado, mas antes em conduzir o homem ao caminho da verdade e do bem, restaurando os bens que o pecado destruiu.
A fidelidade, a obediência e o amor de Cristo ao seu Pai Deus; a generosidade, a caridade e o perdão de Jesus aos seus irmãos os homens; a sua veracidade, a sua justiça e inocência, mantidas e afirmadas na hora da paixão e morte, cumprem esta função: esvaziam o pecado da sua força condenatória e abrem os nossos corações à santidade e à justiça, pois entrega-Se por nós.
Deus livra-nos dos nossos pecados pela via da justiça, pela justiça de Cristo. Como fruto do sacrifício de Cristo e pela presença da sua força salvadora, podemos sempre comportar-nos como filhos de Deus, em qualquer situação por que passemos.

3. A Cruz na sua realização histórica

Jesus conheceu, desde o princípio e do modo adequado, o progresso da sua missão e da sua consciência humana, que o rumo da sua vida o conduziria à Cruz.
E aceitou-o plenamente; veio cumprir a vontade do Pai até aos últimos pormenores [xiv], e esse cumprimento levou-O a «dar a sua vida para redenção de todos» [xv].
Na realização da tarefa que o Pai Lhe tinha encomendado, encontrou a oposição das autoridades religiosas de Israel, que consideravam Jesus um impostor.
 De modo que «alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o Templo de Jerusalém, e em particular, contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte» [xvi].
Os que condenaram Jesus pecaram ao recusar a Verdade que é Cristo.
Na realidade, todo o pecado é uma recusa de Jesus e da verdade que Ele nos trouxe da parte de Deus.
Neste sentido, todo o pecado encontra lugar na Paixão de Jesus.
«A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente ao conjunto dos judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço.
Cada pecador, ou seja, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais frequentemente caem no pecado e se deleitam nos vícios» [xvii].

ANTONIO DUCAY

(CONT)






[i] cf. Rm 4, 25
[ii] É nossa Cabeça, porque é o Filho de Deus e porque se fez solidário connosco em tudo excepto no pecado (cf. Hb 4, 15).
[iii] A infância de Jesus, a sua vida de trabalho, o seu baptismo no Jordão, a sua pregação…, tudo contribui para a Redenção dos homens. Referindo-se à vida de Cristo em Nazaré, dizia São Josemaria: «Esses anos ocultos do Senhor não são coisa sem significado, nem uma simples preparação dos anos que viriam depois, os da sua vida pública. Desde 1928 compreendi claramente que Deus deseja que os cristãos tomem exemplo de toda a vida do Senhor. Entendi especialmente a sua vida escondida, a sua vida de trabalho corrente no meio dos homens: o Senhor quer que muitas almas encontrem o seu caminho nos anos de vida calada e sem brilho», Cristo que Passa, 19.
[iv] cf. Jo 1,29
[v] cf. Rm 8,28-30
[vi] Cfr. Col 1, 19-22; 2, 13-15; Rm 8, 1-4; Ef 2, 14-18; Hb 9, 26.
[vii] cf. Mt 26,45
[viii] Os quatro poemas dedicados ao misterioso “Servo de Yahvé" constituem uma esplêndida profecia no Antigo Testamento da Paixão de Cristo (Is 42, 1-9; 49, 1-9; 50, 4-9; 52, 13-53, 12).
[ix] Is 53, 7
[x] cf. 1 Pe 2,24
[xi] cfr. Lc 22, 42; 23, 34
[xii] Is 53, 5
[xiii] cfr. Mt 26, 54
[xiv] cfr. Jn 19, 28-30
[xv] Mc 10, 45
[xvi] Compêndio, 113
[xvii] Compêndio, 117

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?