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12/02/2018

Há-de urgir-te a caridade de Cristo

Tens necessidade de vida interior e de formação doutrinal. Exige-te! – Tu, cavalheiro cristão, mulher cristã, tens de ser sal da terra e luz do mundo, porque estás obrigado a dar exemplo com um santo descaramento. Há-de urgir-te a caridade de Cristo e, ao sentires-te e saberes-te outro Cristo a partir do momento em que lhe disseste que o seguias, não te separarás dos teus semelhantes – os teus parentes, os teus amigos, os teus colegas –, da mesma maneira que o sal não se separa do alimento que condimenta. A tua vida interior e a tua formação abrangem a piedade e o critério que deve ter um filho de Deus, para temperar tudo com a sua presença activa. Pede ao Senhor para seres sempre esse bom condimento na vida dos outros. (Forja, 450)

Um cristão não pode reduzir-se aos seus problemas pessoais, pois tem de viver face à Igreja universal, pensando na salvação de todas as almas.

Deste modo, até aquelas facetas que poderiam considerar-se mais íntimas e privadas – a preocupação pelo progresso interior – não são, na realidade, individuais, visto que a santificação forma uma só coisa com o apostolado. Havemos de esforçar-nos, na nossa vida interior e no desenvolvimento das virtudes cristãs, pensando no bem de toda a Igreja, dado que não poderíamos fazer o bem e dar a conhecer Cristo, se na nossa vida não se desse um esforço sincero por realizar os ensinamentos do Evangelho.

Impregnadas deste espírito, as nossas orações, ainda que comecem por temas e propósitos aparentemente pessoais, acabam sempre por ir ter ao serviço dos outros. E, se caminharmos pela mão da Virgem Santíssima, Ela fará com que nos sintamos irmãos de todos os homens, porque todos somos Filhos desse Deus de que Ela é filha, esposa e mãe.


Os problemas dos outros devem ser os nossos problemas. A fraternidade cristã deve estar bem no fundo da nossa alma, de tal modo que nenhuma pessoa nos seja indiferente. Maria, Mãe de Jesus, que O criou, O educou e O acompanhou durante a sua vida terrena e agora está junto d'Ele nos Céus, ajudar-nos-á a reconhecer Jesus em quem passa ao nosso lado, tornado presente para nós nas necessidades dos nossos irmãos, os homens. (Cristo que passa, 145)

Temas para meditar e reflectir

Ter razão


Quase sempre tenho razão!

Isto é o que pensamos de nós próprios.

Não interessa a que propósito, sobre o quê ou a respeito de quem… temos razão e acabou-se!

A propósito, uma pequena história: [i]

"Dois judeus discutiam entre si sobre vários assuntos, mas sem chegar a qualquer acordo já que cada um tinha ideias muito díspares das do outro.

Resolveram, então, ir consultar o Rabi que decidiria qual deles tinha razão.

Veio o primeiro, expôs o assunto e, o Rabi disse-lhe:

‘Tens razão!’

Retirou-se o judeu muito satisfeito e, claro, cheio de orgulho.

Veio o segundo, revelou os seus pontos de vista e, o Rabi declarou:

‘Tens razão!’

O homem foi-se embora contentíssimo, e, evidentemente, cheio de empáfia.

A mulher do Rabi que ouvira as conversas indignou-se e disse ao marido:

‘Como é que tu foste capaz de uma coisa destas! Dizer aos dois que tinham razão quando pensavam de modos tão diferentes!

Acho que fizeste muito mal!’

O Rabi ripostou:

‘Tens razão!' “

Pois é… temos sempre razão…


(ama, reflexões, 19.11.2016)



[i] (Mencionado por Mons. António Barbosa numa recolecção no Porto)

Evangelho e comentário

Tempo Comum

Evangelho: Mc 8, 11-13

11 Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu para o pôr à prova. 12 Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta geração.» 13 E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.

Comentários:

Muitos pedem “sinais” aduzindo que precisam deles para acreditar.
Mas… que sinais?

Se não conseguem ver os numerosos, abundantes, sinais que Deus vai dando gratuitamente ao longo das nossas vidas, como conseguiriam ver ou distinguir outros quaisquer.

Mais: além de tentarem Deus – o que é um pecado grave – mostram uma desonestidade intelectual gritante que nada convencerá ou será alguma vez suficiente para os satisfazer.


(AMA, comentário sobre Mc 8, 11-13, 13.02.2017)

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 6 A Criação


1. O acto criador

1.4. Criação e salvação

A criação é «o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo» [i].

Na Bíblia a criação está aberta à actuação salvífica de Deus na história, que tem a sua plenitude no mistério pascal de Cristo e que alcançará a sua perfeição final no fim dos tempos.
A criação está feita com vista ao Sábado, o sétimo dia em que o Senhor descansou, dia em que culmina a primeira criação e que se abre ao oitavo dia em que começa uma obra ainda mais maravilhosa: a Redenção, a nova criação em Cristo [ii].

Mostra-se, assim, a continuidade e unidade do desígnio divino de criação e redenção.
Entre ambas não há nenhum hiato, pois o pecado dos homens não corrompeu totalmente a obra divina, mas o vínculo.
A relação entre ambas – criação e salvação – pode expressar-se dizendo que, por um lado, a criação é o primeiro acontecimento salvífico e, por outro, que a salvação redentora tem as características de uma nova criação.
Esta relação ilumina importantes aspectos da fé cristã, como a ordenação da natureza à graça ou a existência de um único fim sobrenatural do homem.

2. A realidade criada

O efeito da acção criadora de Deus é a totalidade do mundo criado, “céus e terra” [iii].

Deus é «Criador de todas as coisas, das visíveis e das invisíveis, espirituais e corporais; que pela sua omnipotente virtude ao mesmo tempo, desde o princípio do tempo, criou do nada uma e outra criatura, a espiritual e a corporal, ou seja, a angélica e a mundana e depois a humana, como comum, composta de espírito e de corpo» [iv].

O cristianismo supera quer o monismo (que afirma que a matéria e o espírito se confundem, que a realidade de Deus e do mundo se identificam), quer o dualismo (segundo o qual matéria e espírito são princípios originários opostos).
A acção criadora pertence à eternidade de Deus, mas o efeito de tal acção está marcado pela temporalidade.

A Revelação afirma que o mundo foi criado como mundo com um início temporal [v], quer dizer, que o mundo foi criado juntamente com o tempo, o que se mostra muito congruente com a unidade do desígnio divino de se revelar na história da salvação.

2.1. O mundo espiritual: os anjos

«A existência de seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente anjos, é uma verdade de fé.
O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição» [vi].

Ambos os mostram na sua dupla função de louvar a Deus e serem mensageiros do seu desígnio salvador.
O Novo Testamento apresenta os anjos em relação com Cristo, criados por Ele e para Ele [vii], rodeiam a vida de Jesus desde o seu nascimento até à Ascensão, sendo os anunciadores da sua segunda vinda gloriosa [viii].

Assim, estão também presentes desde o início da vida da Igreja, que beneficia da sua ajuda poderosa e na sua liturgia une-se a eles na adoração a Deus.

A vida de cada homem é acompanhada, desde o seu nascimento, por um anjo protector e pastor para o guiar na vida [ix].

A teologia – especialmente São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico – e o Magistério da Igreja aprofundaram na natureza destes seres puramente espirituais, dotados de inteligência e vontade, afirmando que são criaturas pessoais e imortais que excedem, em perfeição, todas as criaturas visíveis [x].

Os anjos foram criados num estado de prova.
Alguns rebelaram-se irrevogavelmente contra Deus.
Caídos no pecado, Satanás e os outros demónios – que tinham sido criados bons, mas por si próprios se fizeram maus – instigaram os nossos primeiros pais a pecar [xi].

2.2. O mundo material

Deus «criou o mundo visível em toda a sua riqueza, a sua diversidade e a sua ordem.

A Sagrada Escritura apresenta a obra do Criador, simbolicamente, como uma sequência de seis dias “de trabalho” divino que terminam no “repouso” do sétimo dia [xii]» [xiii].

«A Igreja, em diversas ocasiões, viu-se na necessidade de defender a bondade da criação, mesmo a do mundo material [xiv]» [xv].

«Pela própria condição da criação, todas as coisas estão dotadas de firmeza, verdade e bondade próprias e de uma ordem» [xvi].

A verdade e bondade do criado procedem do único Deus Criador que é, ao mesmo tempo, Trino.

Assim, o mundo criado é um certo reflexo da actuação das Pessoas divinas: «em todas as criaturas se encontra uma representação da Trindade à maneira de vestígio» [xvii].

O cosmos tem uma beleza e uma dignidade, enquanto obra de Deus. Há solidariedade e hierarquia entre os seres, as quais hão-de conduzir à atitude contemplativa de respeito para com o criado e para com as leis naturais que o regem [xviii].

Certamente, o cosmos foi criado para o homem, que recebeu de Deus o mandato de dominar a terra [xix].
Tal mandato não é um convite à exploração despótica da natureza, mas à participação no poder criador de Deus: mediante o seu trabalho o homem colabora no aperfeiçoamento da criação.
O cristão partilha das justas exigências que a sensibilidade ecológica pôs em evidência nas últimas décadas, sem cair numa vaga divinização do mundo e afirmando a superioridade do homem sobre o resto dos seres como «o ponto culminante da obra da criação» [xx].

(cont)

Santiago Sanz

Notas





[i] Compêndio, 51
[ii] 2 Cor 5, 7; cf. Catecismo, 345-349
[iii] Gn 1, 1
[iv] Concílio Lateranense IV (1215), DS 800.
[v] Assim o ensina o Concílio Lateranense IV e, referindo-se a ele, o Concílio Vaticano I (cf. respectivamente DS 800 y 3002). Trata-se de uma verdade revelada, que a razão não pode demonstrar, como ensinou São Tomás na famosa disputa medieval sobre a eternidade do mundo: cf. Contra Gentiles, lib. 2, cap. 31-38; e o seu opúsculo filosófico De Aeternitate Mundi.
[vi] Catecismo, 328
[vii] Col 1, 16
[viii] cf. Catecismo, 333
[ix] cf. Catecismo, 334-336
[x] cf. Catecismo, 330
[xi] cf. Catecismo, 391-395
[xii] Gn 1, 1-2, 4
[xiii] Catecismo, 337
[xiv] cf. DS 286; 455-463; 800; 1333; 3002
[xv] Catecismo, 299
[xvi] GS 36, 2
[xvii] São Tomás, Summa Theologiae, I, q. 45, a. 7, co.; cf. Catecismo, 237.
[xviii] cf. Catecismo, 339, 340, 342, 354
[xix] cf. Gn 1, 28
[xx] Catecismo, 343

Diálogos apostólicos

O DIVÓRCIO – 8 

A. O PROBLEMA DO DIVÓRCIO


Pergunto:

O que fazer nos casos difíceis (por exemplo se o marido abandona o lar)?


Respondo:

Cada caso terá um conselho adequado.
Quando um cônjuge abandona o lar, a família mantém-se ainda que os vínculos com esse cônjuge se debilitem.
Ele não cumpre as suas obrigações familiares, mas continua sendo o pai.
Se não se pode contar com ele, deverá levar-se a família sem a sua colaboração.

Mas acrescentar outro pai não resolve as coisas introduzindo, no entanto, mais um conflito.

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?