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21/01/2018

Ele nos anima, ensina, guia

"Iesus Christus, perfectus Deus, perfectus Homo" – Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem! Muitos são os cristãos que seguem Cristo, pasmado com a sua divindade, mas que O esquecem como Homem... e fracassam no exercício das virtudes sobrenaturais (apesar de todo o aparato externo de piedade), porque não fazem nada por adquirir as virtudes naturais. (Sulco, 652)


Enamora-te da Santíssima Humanidade de Jesus Cristo.

– Não te dá alegria que tenha querido ser como nós? Agradece a Jesus este cúmulo de bondade. (Forja, 547)


Obrigado, meu Jesus, porque quiseste fazer-te perfeito Homem, com um Coração amante e amabilíssimo, que ama até à morte e sofre; que se enche de júbilo e de dor; que se entusiasma com os caminhos dos homens, e nos mostra o que nos leva ao Céu; que se sujeita heroicamente ao dever, e se guia pela misericórdia; que vela pelos pobres e pelos ricos; que cuida dos pecadores e dos justos...

Obrigado, meu Jesus, e dá-nos um coração à medida do Teu! (Sulco, 813)


Nisto se define a verdadeira devoção ao Coração de Jesus: em conhecer a Deus e conhecermo-nos a nós mesmos, e em olhar para Jesus e recorrer a Ele – que nos anima, nos ensina, nos guia. A única superficialidade que pode haver nesta devoção é a do homem que não é integralmente humano e que, por isso, não consegue aperceber-se da realidade de Deus feito carne.


Cristo na Cruz, com o Coração trespassado de Amor pelos homens, é uma resposta eloquente – as palavras não são necessárias – à pergunta sobre o valor das coisas e das pessoas. (Cristo que passa, nn. 164–165) 

Temas para reflectir e meditar

O tempo


O tempo é precioso, o tempo passa, o tempo é uma fase experimental da nossa sorte decisiva e definitiva. Das provas que damos da fidelidade aos deveres próprios depende a nossa sorte futura e eterna.

O tempo é um dom de Deus: é uma interpelação do amor de Deus à nossa livre e - pode dizer-se - resposta decisiva. 
Devemos ser avaros do tempo, para empregá-lo bem, com intensidade no fazer, amar e sofrer. Que não exista jamais para o cristão o ócio, o aborrecimento.

O descanso sim, quando for necessário (Cf. Mt 6,31), mas sempre com vistas a uma vigilância que só no último dia se abrirá a uma luz sem ocaso.


(SÃO PAULO VI, Homilia, 1976.01.01)



Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mc 1, 14-20

14 Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, 15 dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.» 16 Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 17 E disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens.» 18 Deixando logo as redes, seguiram-no. 19 Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco a consertar as redes, e logo os chamou. 20 E eles deixaram no barco seu pai Zebedeu com os assalariados e partiram com Ele.

Comentário:

São Marcos descreve com pormenores o chamamento de Jesus aos primeiros Apóstolos, aqueles que, como diríamos hoje em dia, constituiriam o “núcleo duro” para O acompanharem na Sua missão apostólica.

Neste passo acontecem duas coisas dignas de nota: todos são pescadores e dois grupos de irmãos.

O serem pescadores é significativo, porque são homens simples, habituados a um trabalho duro em que a paciência da espera e, também, a frustração de resultados não obtidos, lhes conferem um carácter sólido e perseverante.

Serem dois grupos de irmãos também porque se conhecem melhor, estão habituados a conviver e a trabalhar juntos, têm confiança e sentido de entreajuda.

A prontidão na resposta confere aos quatro, duas características fundamentais:

Avaliação de quem lhes fala como credível e sincero;
Decisão pronta e incondicional.

Homens assim, não podemos surpreender-nos que tenham sido os pilares da Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo fundou.21

(AMA, comentário sobre Mc 1,14-20, 29.09.2017)








Leitura espiritual

CAPÍTULO IV

«ELE É O VERDADEIRO DEUS
E A VIDA ETERNA»

Divindade de Cristo e anúncio da eternidade

2. Cristo, síntese de eternidade e tempo

1.   Dos dois “tempos” às duas “naturezas” de Cristo.

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Na mesma carta, São João – considerado o mais ontologista dos autores do Novo Testamento – fala de Cristo como da vida eterna que estava com o Pai e que se tornou visível» [i]. A fórmula: «A vida eterna tornou-se visível» pertence claramente ao mesmo molde da outra: «O Verbo Se fez carne» [ii].
Ela exprime na chave de eternidade e tempo, aquilo que no prólogo está expresso na chave de Palavra e carne, ou seja, de realidades ontológicas.
A cristologia antiga foi buscar e desenvolveu, também aqui,  a fórmula «Verbo carne», e edificou-se mesmo sobre ela, restando ainda por valorizar a outra expressão também ela tão cheia de significado para o homem.
Essa fórmula proclama, de facto, que em Cristo a eternidade se tornou visível, isto é, entrou no tempo e veio, por assim dizer, ao nosso encontro.

Este aspecto do mistério de Cristo não só continua intacto na Bíblia, onde nós o podemos saborear, mas também, refazendo a história do desenvolvimento do dogma, não tardamos a apercebermo-nos de que ele nunca esteve ausente do pensamento patrístico, que aliás sempre acompanhou, mesmo que em surdina, como se fosse uma espécie de nota secundária.
Santo Inácio de Antioquia, por exemplo, fala de Cristo como d’Aquele que estava acima do tempo e era intemporal (achronos) e que Se tornou visível [iii].
São Leão Magno fala da Encarnação como do acontecimento graças ao qual «Aquele que existia antes do tempo começou a existir no tempo» [iv].

Em Cristo não se dá, portanto, somente a união «sem confusão e sem divisão» entre Deus e o homem, mas também, entre eternidade e tempo.
Cristo juntou em Si - escreveu São Máximo, Confessor, explicando a definição de Calcedónia – o modo de ser segundo a natureza como o modo de ser acima da natureza; juntou os extremos, isto é, a imanência e a transcendência [v].

Tudo isto, porém, como eu dizia atrás, tinha ficado como uma “nota secundária”.
Quem a fez sair como uma mola dominante foi Kierkegaard.
O mistério de Cristo que em São Máximo, e nos Padres em geral, se exprimia de preferência como mistério de transcendência e imanência, isto é, em relação ao espaço, em Kierkegaard é expresso como o paradoxo e temporalidade, isto é, em relação ao “tempo”.
«O paradoxo – escreve ele – consiste principalmente no facto de que Deus, o eterno, veio ao tempo como um homem singular» [vi].
A Encarnação é o ponto de intercepção entre eternidade e tempo. É a novidade absoluta e irrepetível.

Isto quer dizer que Jesus – que é o «mediador entre Deus e o homem» [vii] - é também o mediador entre a eternidade e o tempo. É a ponte lançada sobre o abismo, que permite a passagem de uma para a outra margem.
«A novidade vem do salto» [viii] e toda a novidade de Cristo vem precisamente do “salto” que n’Ele se operou da eternidade para o tempo.
Todavia é um salto muito especial, como o de alguém que, ficando com um pé sobre a margem em que já estava, se estende até atingir, com o outro pé, a margem oposta.
Cristo efectivamente, como dizia São Leão Magno, «permanecendo fora do tempo, começa a existir no tempo».

Cristo representa então a única realidade capaz de salvar o homem do desespero.
Ele muda o destino do homem e de um «ser para a morte» [ix] faz um «ser para a eternidade».
O dogma cristológico é o único que pode dar uma razão objectiva para superar a angústia existencial.

Não é necessário dizer o que é o tempo e o que é a eternidade.
Sabemos que a eternidade e o tempo não são menos incomensuráveis e irredutíveis entre si do que o são a divindade e a humanidade, Espírito e carne.
Eles são, por isso, uma transposição adequada, sob o plano existencial e histórico, do dogma de Cristo Deus e homem.
A infinita diferença qualitativa entre tempo e eternidade tornou-se n’Ele numa infinita vizinhança.
Ele é uma e outra coisa ao mesmo tempo, na mesma pessoa, «sem confusão e sem separação».


(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Cfr. 1 Jo 1,2
[ii] Cfr. 1 Jo 1,14
[iii] Santo Inácio de Antioquia, Carta a Policarpo, 3,2
[iv] Denzinger – Schonmetzer, n. 294
[v] São Máximo Confessor, Ambígua, 5 (PG 91, 1053 B); cfr. Também Santo Atanásio, De incarnatione, 17 (PG 25,125). Sobre a união entre Deus e o homem em Cristo, como união entre eternidade e tempo, insiste Santo Agostinho, em Sermones, 187,4; 188,2 (PI. 38, 1003. 1004)
[vi] S. Kierkegaard, «Postilla conclusiva», 5; in Obras.
[vii] 1 Tm 2,5
[viii] S. Kierkegaard, «O conceito de angústia», 3; in Obras, «op. Cit.», p. 111
[ix] M. Heidegger, Ser e tempo, § 51

Tratado da vida de Cristo 188

Os sacramentos em geral

Questão 60: Dos Sacramentos

Art. 3 — Se o sacramento não é sinal senão de uma só coisa.


O terceiro discute-se assim. Parece que o sacramento não é sinal senão de uma só coisa.

1. Pois, o que significa muitas coisas é um sinal ambíguo e, por consequência, ocasião de engano; tais os nomes equívocos. Ora, nenhuma falácia pode atribuir-se à religião cristã, segundo o Apóstolo: Estai sobre aviso para que ninguém vos engane com filosofias e com os seus falaces sofismas. Logo, parece que o sacramento não é sinal de várias coisas.

2. Demais. — Como se disse, o sacramento significa uma coisa sagrada enquanto causa de santificação humana. Ora, uma só é a causa da santificação humana, a saber, o sangue de Cristo, segundo o Apóstolo: Jesus, para que santificasse ao povo pelo seu sangue, padeceu fora da porta. Logo, parece que o sacramento não significa várias coisas.

3. Demais. — Como se disse, o sacramento significa propriamente o fim próprio da santificação. Ora, o fim da santificação é a vida eterna, segundo o Apóstolo: Tendes o vosso fruto em santificação e por fim a vida eterna. Logo, parece que o sacramento não significa senão uma só coisa, isto é, a vida eterna.

Mas, em contrário, o sacramento do Altar tem dupla significação — o corpo de Cristo verdadeiro e místico, como diz Agostinho.

Como dissemos, o sacramento chama-se propriamente o que se ordena a significar a nossa santificação. Na qual podemos distinguir tríplice elemento: a causa própria da nossa santificação que é a Paixão de Cristo; a forma da nossa santificação, que consiste na graça e nas virtudes; e o fim último da nossa santificação, que é a vida eterna. E tudo isto os sacramentos o significam. Por isso o sacramento é: o sinal rememorativo do que passou, isto é, da Paixão de Cristo; e demonstrativo do que em nós obra a Paixão de Cristo, isto é, da graça; e prognóstico, isto é, prenunciativo da futura glória.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ­O sinal ambíguo é ocasião de engano, quando significa muitas coisas, das quais uma não se ordena à outra. Mas, quando significa muitas, mas de modo que constituam de certo modo uma unidade, então o sinal não é ambíguo, mas certo. Assim, a palavra homem significa a alma e o corpo, enquanto constitutivos da natureza humana. E, assim, o sacramento tem a tríplice significação deferida, enquanto há aí a unidade, numa certa ordem.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O sacramento, enquanto significativo da coisa santificante, há de necessariamente significar o efeito, compreendido da causa mesma santificante, como tal.

RESPOSTA À TERCEIRA. — O sacramento, na sua noção, baste que signifique a perfeição, como, forma; nem é necessário signifique só a perfeição, como fim.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?