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10/01/2018

Diante de Deus tu és uma criança

Diante de Deus, que é Eterno, tu és uma criança mais pequena do que, diante de ti, um miúdo de dois anos. E, além de criança, és filho de Deus. – Não o esqueças. (Caminho, 860)

Se reparardes bem, é muito diferente a queda de uma criança e a queda de uma pessoa crescida. Para as crianças, uma queda, em geral, não tem importância; tropeçam com tanta frequência! E se começam a chorar, o pai lembra-lhes: os homens não choram. Assim se encerra o incidente com o empenho do miúdo por contentar o seu pai.

(…) Se procurarmos portar-nos como eles, os tropeções e os fracassos – aliás inevitáveis – na vida interior, nunca se transformarão em amargura. Reagiremos com dor, mas sem desânimo, e com um sorriso que brota, como a água límpida, da alegria da nossa condição de filhos desse Amor, dessa grandeza, dessa sabedoria infinita, dessa misericórdia, que é o nosso Pai. Aprendi durante os meus anos de serviço ao Senhor a ser filho pequeno de Deus. E isto vos peço: que sejais quasi modo geniti infantes, meninos que desejam a palavra de Deus, o pão de Deus, o alimento de Deus, a fortaleza de Deus para se comportarem de agora em diante, como homens cristãos. (Amigos de Deus, 146)

Temas para reflectir e meditar

O supérfluo e o necessário


O supérfluo dos ricos é o necessário dos pobres.


Possuem-se coisas alheias quando se possuem coisas supérfluas.



(SANTO AGOSTINHO, Comentários sobre o Salmo 147.)




Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mc 1, 29-39

29 Saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. 32 À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33 e a cidade inteira estava reunida junto à porta. 34 Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. 35 De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. 36 Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. 37 E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.» 38 Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» 39 E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.

Comentário:

Jesus Cristo é, de facto, um verdadeiro “médico de família” atento e disponível para assistir os doentes quando necessário seja qual for o mal que os aflige.

Uma simples febre!

E, Deus Nosso Senhor, O Todo Poderoso, não tem qualquer pejo em assistir a sogra de Pedro.

Ficamos comovidos com esta simplicidade de Jesus, comovidos e tranquilos porque temos a segurança do Seu desvelo, interesse e disponibilidade para nos acudir quando necessário

(AMA, comentário sobre Mc 1, 29-39, 11.01.2017)






Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

CAPÍTULO II

JESUS CRISTO, O HOMEM NOVO

1.   Obediência e novidade

Resta-nos agora clarificar brevemente a última questão:
Como se apresenta o homem novo revelado por Cristo e qual é o traço essencial que o distingue do homem «velho»?
De facto, temos de conhecer este homem novo, já que fomos chamados a «revestir-nos dele».
Chegámos também, desta vez, ao ponto em que devemos passar do querigma para a paréneses, passar da contemplação de Cristo homem «novo» para a imitação da novidade que é a Sua.

A diferença entre os dois tipos de humanidade é resumida por São Paulo na antítese: desobediência-obediência.
«Assim como, pela desobediência de um só homem, todos os outros se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos» [i].
Por isso, dizia eu mais atrás que, para se descobrir que «tipo de homem é Jesus», é preciso olhar também para o mistério pascal. Porque é lá que o novo Adão se revela obediente.

O homem novo é um homem que nada faz «por Si mesmo», ou «para Si mesmo» ou para Sua glória. É Aquele cujo alimento é fazer a vontade do Pai. É Aquele que leva a Sua obediência até à morte e à morte na cruz. O homem novo é Aquele que vive em total e absoluta dependência de Deus e encontra nessa dependência a Sua força, a sua Alegria e a Sua liberdade. Não encontra nela o Seu limite, mas o caminho para superar o Seu limite, numa palavra, encontra nessa dependência o Seu ser:
«Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, - disse Jesus – então sabereis que Eu sou, e que não faço nada por Mim mesmo, mas como o Pai Me ensinou, assim Eu faço» [ii].
«Eu sou» porque «nada faço por Mim mesmo». O ser de Cristo radica-se na Sua submissão ao Pai. Ele «é» porque «obedece».

O ser do homem mede-se pelo grau da sua dependência de Deus, seu criador, até coincidir no seu último vértice que é Jesus Cristo, com o Ser absoluto que é o próprio Deus, e poder dizer também como homem: «Eu sou»! Eis em que consiste a verdadeira «afirmação» do homem e o verdadeiro «humanismo». Os seguidores de outro tipo de humanismo podem não aceitar esta afirmação e até revoltar-se contra ela, mas nós sabemos que é a verdade. Se o homem não é só natureza, mas também, vocação, é aqui que se realiza a vocação do homem e é a de se à imagem e semelhança de Deus.

Os crentes devem fazer duas coisas, acerca deste homem novo: proclamá-lo e revestir-se dele., isto é, vivê-lo.
Ao proclamá-lo servem-nos de exemplo os grandes Padres da Igreja do século IV: Basílio, Gregório Nazianzeno, Gregório Nisseno, Agostinho… todos eles eram homens embebidos pela cultura do seu tempo; podiam dizer falando dos seus interlocutores:
«São Gregos? Também eu!»
Mas eles converteram-se, tornando-se estultos aos olhos dos sábios, abraçando a humanidade de Cristo, e tornaram-se assim o «berço» em tomou forma um novo modo de pensar, uma nova visão do homem, o «cadinho» em que o helenismo se cristianizou e o cristianismo se helenizou, no bom sentido, isto é, se fez «grego com os gregos».
Eles assumiram a ideia de homem da sua cultura, aproveitando o que ela tinha de válido – como por exemplo, a afirmação de que «nós somos da linhagem de Deus» [iii] - e corrigindo o que havia de errado, como a afirmação de que «a carne não é capaz de salvação».
O mesmo devemos fazer nós hoje também, na nossa cultura que não tem dificuldade em admitir a salvação e a bondade da matéria, ao passo que tem dificuldade em admitir que «somos da linhagem de Deus», criados por Ele.
Eles, os Padres, salvaram também a sua cultura, obrigando-a a abrir-se por dentro a novos horizontes. Souberam também reconhecer as grandes conquistas da cultura do seu tempo e não apontar-lhe somente as suas carências; o mesmo devemos fazer nós também.
No seu tempo um dos pontos nevrálgicos era constituído pela «sabedoria»; hoje um dos pontos nevrálgicos «é a liberdade».
São Paulo dizia:
«Os gregos procuram a sabedoria; nós pregamos a Cristo crucificado, o que é um escândalo para os gentios, mas para aqueles que são chamados é virtude de Deus e liberdade de Deus!».

Todas as aberrações que hoje se ouvem acerca da humanidade de Cristo e das Sua presumíveis lutas e rebeliões, como a ideia, por exemplo, de que Cristo não seria completo se não tivesse uma «personalidade humana», derivam do facto de que se acabou por aceitar o pressuposto do humanismo ateu segundo o qual existe uma surda rivalidade e incompatibilidade entre Deus e o homem e «onde nasce Deus, morre o homem».
Em vez de destruir os raciocínios que se levantam contra a fé e submetendo à fé toda a inteligência humana, é à fé que, desate modo, se sujeita a inteligência humana.

2.       «Se o Filho vos libertar…»

Proclamar Cristo homem «sem pecado» não tem certamente por finalidade refutar o undo e o homem de hoje, mas pelo contrário, incutir-lhe confiança e esperança. Poucos são os temas evangélicos que têm tanta força libertadora como este.
Lembro-me ainda da primeira vez que «descobri» a santidade de Cristo. Fazendo um exame de consciência aos meus actos e aos meus pensamentos eu ia com clareza que não havia um único desses actos que se pudesse considerar totalmente puro e que de algum modo não estivesse inquinado pelo meu «eu» de pecado. Esta situação leva-me a procurara com o pensamento uma saída como quando São Paulo exclamou:
«Quem me libertará deste corpo de morte?» [iv].
Foi então que descobri «Jesus sem pecado» e compreendi pela primeira vez o valor incomensurável que este incisivo «absque peccato» tem na Bíblia! Esta visão incutia-me na alma uma grande paz e confiança, como o náufrago que encontrou qualquer coisa a que se agarrar. O pecado, portanto – repetia comigo mesmo – não é omnipresente e se não é omnipresente também não é omnipotente!
Houve – e existe ainda – um ponto no universo onde começou a sua retirada, a qual se concluirá irremediavelmente com a sua definitiva irradicação. Veio-me então o desejo de abrir a Bíblia com a esperança de entrar nela uma palavra que, de algum modo, me falasse deste Jesus sem pecado. E o meu olhar fixou-se no texto de São João no qual Jesus diz:
«Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado… Por isso, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres» [v].
Compreendi que Jesus não fala aqui de toda a liberdade ou da liberdade em geral, mas da libertação do pecado: se o Filho vos libertar do pecado sereis verdadeiramente livres. Um dia também nós seremos livres do pecado, isto é, «verdadeiramente» livres, teremos uma liberdade que agora nem sequer conseguimos imaginar.
Comentando o texto (Onde está o espírito do Senhor aí está a liberdade» [vi], Santo Agostinho revela-nos o segredo da verdadeira liberdade:
«Onde está o Espírito do Senhor já não se é aliciado pelo prazer de pecar, e isto é a liberdade.
Onde não está o espírito do Senhor é-se aliciado pelo prazer de pecar e isto é a escravidão»[vii ].
O Espírito do Senhor é o Espírito do Senhor Jesus!

(cont)

rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Rm 5,19
[ii] Jo 8,28
[iii] Act 17,28
[iv] Rm 7,24
[v] Jo 8,34-36
[vi] 2Cor 3,17
[vii] Santo Agostinho, De Spiritu et Littera, 16,28 (CSEL 60,181

AS “NOTÍCIAS” SOBRE A IGREJA

As “notícias” nos jornais, televisões, revistas, etc., sucedem-se a um ritmo impressionante, criando casos, ou “denunciando”, segundo eles, ataques ao Papa Francisco, obviamente pelos sectores ditos conservadores da Igreja, Cardeais, Bispos, Sacerdotes, Leigos, etc., etc.

Este tipo de jornalismo tem apenas um fim: desacreditar a Igreja e a religião católica.

Aproveitando o facto do Papa Francisco ser muito mais mediático do que os seus antecessores, dá-se notícia de todos os problemas, (a que chamam oposição), para sustentar esta teoria do ataque ao Papa Francisco.
Quem se quiser lembrar, (e é fácil procurar), poderá constatar que Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, (para referir apenas estes), sofreram os mesmos problemas, ou idênticos, mas que, por não serem tão mediáticos, não foram notícia maciça na comunicação social.
Desenganemo-nos, pois este tipo de jornalismo não está preocupado com o Papa Francisco nem com a Igreja, está preocupado sim em fazer passar o seu desiderato de afirmação do politicamente correcto, das ditas causas fracturantes, que destroem a família e a sociedade, e para isso, claro, é preciso desacreditar a Igreja Católica e o Cristianismo.

Mas todos nós, ou pelo menos uma grande parte de nós, que falamos, escrevemos, opinamos, etc., publicamente nas redes sociais e não só, somos também culpados, porque publicamos tais “notícias”, criamos debates sobre as mesmas, e assim, provocamos muito mais divisão do que união.

A Igreja, graças a Deus, vive da unidade, reconhecendo a sua diversidade.
A Igreja, como Cristo, não exclui, mas apenas inclui, ou deve incluir.
Desde que em unidade com aquilo que a Igreja diz na sua Doutrina, na sua Tradição, nos seus Documentos Dogmáticos, e portanto em união com o Papa e o Magistério, as Missas podem ser em latim, (com mais ou menos pompa), a Comunhão pode fazer-se na mão, (desde que seguindo os preceitos para tal estabelecidos), e tantas outras coisas que são alvo de discussão entre os chamados conservadores e os chamados progressistas, tudo é possível e tudo é agradável a Deus, porque é vivido em unidade de Igreja.

Aliás a imagem da Igreja como Corpo de Cristo, é particularmente interessante quando pensamos nisto.
O corpo é um todo, com mãos, pernas, etc., e não é perfeito se lhe faltar alguma parte.
No entanto eu posso preferir usar a mão esquerda ou a direita, posso preferir cruzar a perna direita ou a esquerda, mas nada disso impede que o corpo não seja corpo e não esteja unido e coeso.
Não faz sentido, (e ninguém o faria porque causava dor a si próprio), cortar uma mão, um braço ou uma perna, por exemplo, porque por qualquer razão essa parte do seu corpo não lhe é querida.

Assim, todos têm lugar na Igreja, desde que respeitem tudo aquilo que a Igreja é, ou melhor, que Jesus Cristo quer que seja, e isso está bem determinado ao longo dos séculos que a mesma Igreja já tem de longevidade, pela graça de Deus, até aos dias de hoje e para sempre, guiada pelo Espírito Santo.

Não demos a quem está de fora e deseja destruir a Igreja, razões para acreditar que o pode fazer, mas unamo-nos no amor a Deus e aos irmãos, (todos sem excepção), e rezemos unidos, embora vivendo a fé na diversidade de cada um ou de cada grupo, mas unidos em Igreja.

Os problemas de uma família discutem-se em família.
Ninguém traz para a praça pública a discussão dos seus problemas de família.

Assim devemos também fazer em Igreja, para não darmos azo a que outros, a quem move apenas o mundo, o politicamente correcto, possam vir deitar “achas na fogueira” da discórdia, da divisão, porque apenas um fogo deve consumir a Igreja e os seus membros, e esse fogo é o Espírito Santo.

Rezemos pelo Papa Francisco, pela Igreja e por todos nós que vivemos a fé em Igreja, e não demos “audiência” a quem não procura a verdade, mas pelo contrário, apenas pretende impor o seu modo de vida, conduzido pelo príncipe do mundo.


Joaquim Mexia Alves,
Marinha Grande, 3 de Janeiro de 2018

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Perguntas e respostas

A EUTANÁSIA


8. E se é incurável?


A palavra incurável soa mais dolorosa que se fossem cinquenta anos, ainda que muitas vezes a morte chegue de modo natural antes desse tempo de doença.

A palavra incurável suprime a esperança e então o sofrimento perde sentido e se pensa inclusivamente na eutanásia

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?