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04/01/2018

A nossa tendência para o egoísmo não morre

Não ponhas o teu "eu" na tua saúde, no teu nome, na tua carreira, na tua ocupação, em cada passo que dás... Que coisa tão maçadora! Parece que te esqueceste que "tu" não tens nada, é tudo d'Ele. Quando ao longo do dia te sentires, talvez sem razão, humilhado; quando pensares que o teu critério deveria prevalecer; quando notares que a cada instante borbota o teu "eu", o teu, o teu, o teu..., convence-te de que estás a matar o tempo e que estás a precisar que "matem" o teu egoísmo. (Forja, 1050)

Convém deixar o Senhor meter-se nas nossas vidas e entrar confiadamente sem encontrar obstáculos nem recantos obscuros. Nós, os homens, tendemos a defender-nos, a apegar-nos ao nosso egoísmo. Sempre tentamos ser reis, ainda que seja do reino da nossa miséria. Entendei através desta consideração por que motivo temos necessidade de recorrer a Jesus: para que Ele nos torne verdadeiramente livres e, dessa forma, possamos servir a Deus e a todos os homens. Só assim perceberemos a verdade daquelas palavras de S. Paulo: Agora, porém, livres do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santificação e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, ao passo que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo.


Estejamos precavidos, portanto, visto que a nossa tendência para o egoísmo não morre e a tentação pode insinuar-se de muitas maneiras. Deus exige que, ao obedecer, ponhamos em exercício a fé, porque a sua vontade não se manifesta com aparato ruidoso; às vezes o Senhor sugere o seu querer como que em voz baixa, lá no fundo da consciência; e é necessário escutar atentamente para distinguir essa voz e ser-Lhe fiel. (Cristo que passa, 17)

Temas para reflectir e meditar

O que é um mistério


Evidentemente que estando a referir-me a coisas do espírito tenho de concluir que mistério é algo que não sei explicar na sua essência.

Este facto não impede que aceite e acolha o mistério, ao contrário, deve levar-me a pedir compreensão e ciência fruto e dom do Espírito Santo.

Meditar ou discorrer sobre um mistério não é um “desafio”, mas uma atitude honesta de aprofundar para conhecer melhor e, assim, amar com amor mais esclarecido.


(AMA, reflexões,01.08.2017)

Temas para reflectir e meditar

Ânimo


Oh, valha-me Deus!

Quando Vós, Senhor, quereis dar ânimo, que pouco fazem todas as contradições!


(Santa Teresa de Jesus, Fundaciones, 3 4, trad ama)



Evangelho e comentário

Tempo de Natal


Evangelho: Jo 1, 35-42

35 No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. 36 Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus!» 37 Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. 38 Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi - que quer dizer Mestre - onde moras?» 39 Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Eram as quatro da tarde. 40 André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. 41 Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o Messias!» - que quer dizer Cristo. 42 E levou-o até Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas» - que significa Pedra.

Comentário:

De facto, a melhor forma de informar alguém é mostrar-lhe o que quer ver.

É o que faz Jesus, à pergunta responde com um convite: vinde ver.

E ao irem com Ele e ter com Ele o primeiro contacto pessoal terá sido algo tão extraordinário que jamais o esquecerão… até a hora em que aconteceu…

Sabemos, todos nós, muito bem, o que é encontrar Jesus na nossa vida, talvez O julgássemos distante, no espaço sideral e quando nos damos conta que está ali, ao nosso lado -sempre – ficamos também a saber que Ele nunca Se afasta, mas somos nós que O deixamos.

Temos uma certeza: Ele esperará por nós, pacientemente, talvez toda a nossa vida, que regressemos ao Seu convívio, à intimidade serena e confiante.

No Sacrário espera, tantas vezes completamente só, por uma visita nossa, por breve que seja como se Lhe fizéssemos um favor quando, afinal, somos nós quem recebe a Generosidade e Amor que nos quer entregar.

E, de facto, uma visita ao Santíssimo Sacramento é tão fácil, tão simples que parece inacreditável que não a façamos amiúde.

(AMA, comentário sobre Jo 1, 35-42, 04.01.2017)







Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

CAPÍTULO I

«SEMELHANTE A NÓS EM TUDO, EXCEPTO NO PECADO»

A santidade da humanidade de Cristo

4. Santificados em Cristo Jesus

Passemos agora a considerar aquilo que a santidade de Cristo significa para nós e exige de nós.
Noutras palavras, passemos do querigma a parénese, daquilo que está feito àquilo que se deve fazer.
Mas, antes de tudo, eis uma boa nova.
Existe de facto, uma boa notícia e uma alegre nova a propósito da santidade de Cristo, e esta alegre nova, que agora queremos receber, não é tanto porque Jesus é o Santo de Deus, ou o facto de que também nós devemos ser santos e puros, mas sim que Jesus nos comunica, nos dá a Sua santidade; que a Sua santidade é também a nossa.
Mais ainda: que Ele mesmo é a nossa santidade.
Está escrito, na verdade, que Ele mesmo Se tornou, para nós, sabedoria, santificação e redenção. [i]

Cada pai pode transmitir aos filhos aquilo que tem, mas não aquilo que é.
Se o pai for um artista, um cientista, ou até mesmo um santo, não quer dizer que os filhos nasçam também artistas, cientistas e santos.
O mais que ele pode fazer é que os filhos apreciem estas coisas, e ensinar-lhas, mas não transmitir-lhas como se de uma hereditariedade se tratasse.
Pelo contrário, no baptismo, Jesus não só nos transmite aquilo que tem, mas também aquilo que é.
Ele é santo e faz-nos santos; é Filho de Deus e faz-nos filhos de Deus.

Depois de termos contemplado a santidade e impecabilidade de Cristo, resta-nos, pois, apropriar-nos ou fazer nossa tão maravilhosa santidade; revestir-nos dela e cobrir-nos também nós «com o manto da justiça» [ii].
Foi escrito que «aquilo que é de Cristo é mais pertença nossa do que aquilo que é nosso» [iii].
De facto, como pertencemos a Cristo mais que a nós próprios, [iv] assim, reciprocamente, Cristo pertence-nos em maior grau e é-nos mais íntimo que nós próprios.
Compreende-se, então, porque é que S. Paulo desejava ser julgado, não pela sua justiça ou santidade pessoal, mas pela santidade e justiça que brota da fé em Cristo, isto é, pela santidade que procede de Deus [v].
Considerava como sua, não a própria santidade, mas a de Cristo!

Chegámos, noutras palavras, à doutrina da graça de Cristo que distingue a fé cristã de qualquer outra fé e religião conhecidas.
Para ela, Cristo não é somente um sublime modelo de santidade, ou um simples «mestre de justiça», mas é infinitamente mais.
É a causa e forma da nossa santidade.
Para se compreender a novidade desta visão, pode ajudar uma comparação com outras religiões, por exemplo com o que sucede no budismo.
A libertação budista é uma libertação individual e incomunicável.
O discípulo não tem diante de si um modelo que possa ser objecto de repetição mística ou salvífica; não possui a graça.
Ele tem de encontrar a salvação em si próprio.
Buda fornece-lhe uma doutrina, mas não o assiste de modo algum na sua realização.
Pelo contrário, Jesus diz:
«Se o Filho vos libertar sereis verdadeiramente livres» [vi].
Não existe para o cristão uma autolibertação.
Se somos livres é porque somos libertados por Cristo.

Dizer que participamos da santidade de Cristo, é o mesmo que dizer que participamos do Espírito Santo, que provém dele.
Estar ou viver «em Cristo Jesus», equivale para S. Paulo, estar ou viver no «Espírito Santo».
«Nisto – escreve por sua vez São João – se conhece que nós permanecemos nele, e Ele em nós: pois que nos deu o Seu Espírito» [vii].
Cristo permanece em nós e nós permanecemos em Cristo, graças ao Espírito Santo.
Portanto, é o Espírito Santo que nos santifica.
Não o Espírito Santo em geral, mas o Espírito Santo que esteve em Jesus de Nazaré, que santificou a Sua humanidade, que se abrigou nele como num vaso de alabastro e que, no Pentecostes, derramou sobre a Igreja.
Por isso, a santidade que há em nós não é uma santidade diferente, ainda que operada pelo mesmo Espírito, mas é a mesma santidade de Cristo.
Nós somos verdadeiramente «santificados em Cristo Jesus» [viii].

(cont)

rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] 1Cor 1,30
[ii] Is 61,10
[iii] N. Cabasillas, Vida em Cristo, IV, 6 (PG 150,613
[iv] 1Cor 6,19-20
[v] Fl 3,9
[vi] Jo 8,36
[vii] 1 Jo 4,13
[viii] 1 Cor 6,11

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?