Páginas

03/01/2018

Devemos amar a Santa Missa

Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda a jornada se converta num acto de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar... (Forja, 69)

Não compreendo como se possa viver cristãmente sem sentir a necessidade de uma amizade constante com Jesus na Palavra e no Pão, na oração e na Eucaristia. E entendo perfeitamente que, ao longo dos séculos, as sucessivas gerações de fiéis tenham vindo a concretizar essa piedade eucarística. Umas vezes com práticas multitudinárias, professando publicamente a sua fé; outras, com gestos silenciosos e calados, na sagrada paz do templo ou na intimidade do coração.

Antes de mais, devemos amar a Santa Missa, que deve ser o centro do nosso dia. Se vivemos bem a Missa, como não havemos depois de continuar o resto da jornada com o pensamento no Senhor, com o desejo ardente de não nos afastarmos da sua presença, para trabalhar como Ele trabalhava e amar como Ele amava? Aprendemos então a agradecer ao Senhor essa sua outra delicadeza: não quis limitar a sua presença ao momento do Sacrifício do Altar, mas decidiu permanecer na Hóstia Santa que se reserva no Tabernáculo, no Sacrário. (Cristo que passa, n. 154)

Temas para reflectir e meditar

A força do Silêncio, 286


Querendo controlar tudo e tudo colocar sob o signo da revolta, o homem corre o risco de não remeter nada para Deus.
E fica só, perante os seus limites e a sua impotência.
Ora, o homem sem Deus está perdido.
Sem a fé vivida no silêncio confiante, ele afasta-se do seu Deus e do seu Redentor.


CARDEAL ROBERT SARAH

Evangelho e comentário

Tempo de Natal

Santíssimo Nome de Jesus

Evangelho: Jo 1, 29-34

29 No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30 É aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’ 31 Eu não o conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.» 32 E João testemunhou: «Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. 33 E eu não o conhecia, mas quem me enviou a baptizar com água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre Ele, é o que baptiza com o Espírito Santo’. 34 Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é o Filho de Deus.» 

Comentário:

João declara que não conhecia bem Jesus, o que é natural porque, embora fossem primos com apenas seis meses de diferença de idades um vivia em Nazaré e outro nas montanhas de Judá.

Esperou por um sinal – tal como lhe fora dito – para ter a certeza e, quando esse sinal foi evidente faz a primeira declaração conhecida da verdadeira identidade de Cristo:

O Filho de Deus!

Natanael, passados tempos, fará o mesmo e também de uma forma absolutamente clara e convicta.

Também, neste caso, houve um sinal: «vi-te quando estavas debaixo da figueira».

Entender, perceber e aceitar os sinais que ao longo da vida Deus nos vai mandando é fundamental para consolidar a nossa Fé e aumentar o nosso Amor a Deus.

Mas, atenção, é preciso estar bem disposto e usar de são critério com um espírito livre e sem preconceitos ou ideias pré-concebidas.

(ama, comentário sobre Jo 1, 29-34, 15.01.2017)








Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

CAPÍTULO I

«SEMELHANTE A NÓS EM TUDO, EXCEPTO NO PECADO»

A santidade da humanidade de Cristo

3. «Tu solus Sanctus»

A liturgia da Igreja convida-nos à contemplação desta santidade de Cristo, quando, no «Glória», dirigindo-se a Ele em oração, exclama: «Tu solus Sanctus!», só Tu és Santo.
«Só» deve entender-se, não no seio da Trindade.
Só Tu és o totalmente e plenamente santo, o verdadeiro «Santo dos Santos» [i]
É precisamente pela Sua santidade que Jesus constitui o vértice absoluto de toda a verdade e da História.
Pascal formulou o célebre princípio das três ordens ou planos da realidade:
A ordem dos corpos ou da matéria;
A ordem do espírito ou da inteligência,
E a ordem da santidade.

Há uma distância infinita, qualitativa, a separar a ordem da inteligência da ordem da matéria, mas há uma distância «infinitamente mais infinita» que separa a ordem da santidade da ordem da inteligência, porque aquela está acima da natureza.
Os génios que pertencem à ordem da inteligência, não precisam das grandezas carnais e materiais; essas grandezas não lhes vêm acrescentar maiores faculdades.
Também os santos, que pertencem à ordem da caridade, «não precisam das grandezas carnais e intelectuais, as quais não lhes aumentam nem diminuem as boas qualidades.
Eles são apreciados por Deus e pelos anjos, não por pessoas e mentes estranhas: a eles só Deus basta».
Assim sucede com o Santo dos Santos, Jesus Cristo.
«Jesus, sem riquezas e sem sinal algum de ciência, está na Sua própria ordem de santidade.
E não fez inventos, não reinou; pelo contrário, foi humilde, paciente, santo, santo para Deus, terrível para o demónio, sem pecado...
A Nosso Senhor Jesus Cristo, teria sido inútil, para resplandecer no Seu reino de santidade, vir ao mundo como um rei; pelo contrário, veio com o esplendor próprio da Sua ordem» [ii]
Jesus não é somente o vértice da ordem de santidade, mas também a sua fonte, porque é dele que emana historicamente toda a santidade dos Santos e da Igreja.
A santidade de Cristo é o reflexo da própria santidade de Deus, a Sua manifestação visível, a Sua imagem.
Os Padres atribuem a Cristo o título de «imagem da bondade de Deus» [iii] dado à sabedoria [iv]
Aquilo que a epístola aos Hebreus diz de Cristo em relação à glória e à substância do Pai, tem a ver também em relação à Sua santidade:
«O Filho é a irradiação e a marca da Sua santidade» [v]
A própria exclamação «Tu solus Sanctus», que a Igreja dirige a Cristo, é a mesma que, no Apocalipse, é dirigida a Deus:
«Quem Te não temerá, é Senhor, e quem não glorificará o Teu nome? Porque só Tu és Santo» [vi]

«Santo», Qadosh, é a mais excelsa denominação de Deus que existe na Bíblia.
Nada nos consegue dar a ideia de Deus como a proximidade e a percepção da Sua santidade.
A impressão mais forte com que o profeta Isaías ficou após a sua visão de Deus, foi a da Sua santidade, proclamada pelos Serafins com as palavras:
«Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos» [vii]
Também em relação a Jesus acontecia algo semelhante.

O termo bíblico Qadosh sugere a ideia de separação, de diversidade.
Deus é Santo porque é o «Totalmente Outro», a respeito de tudo aquilo que o homem pode pensar e fazer.
È o Absoluto, no sentido originário de ab-solutus, isto é, separado de tudo e à parte de tudo.
É o Transcendente, no sentido de que está para além das nossas categorias.
Mas tudo isto deve ser entendido no sentido não só metafísico como moral, isto é, naquilo que diz respeito não somente à essência, mas, sobretudo, às obras de Deus.
Santos ou Justos são chamados, na Bíblia, sobretudo os desígnios de Deus, as Sua obras e os Seus caminhos. [viii]
Todavia, santo não é um conceito principalmente negativo que indica separação ou ausência de mal e de mistura em Deus, mas sim um conceito sumamente positivo.
Indica uma «pura plenitude».
Em nós, a «plenitude» nunca condiz com a «pureza».
Uma contradiz a outra.
A nossa pureza é obtida sempre «por artes de correcção», isto é, purificando-nos, tirando o mal das nossas acções.
Em Deus e no homem Jesus de Nazaré, não se passa assim,
A plenitude e a pureza coexistem juntamente e constituem a suma «simplicidade» e a santidade de Deus.
A Bíblia exprime este conceito, dizendo que a Deus «nada pode ser acrescentado e nada tirado» [ix]
Como suma pureza que é, nada Lhe deve ser tirado; e como suma plenitude, nada Lhe pode ser acrescentado.

Neste sentido, a santidade de Cristo, como pura plenitude, coincide com a Sua beleza.
Contemplar a santidade de Jesus é contemplar, ao mesmo tempo, a Sua inefável beleza.
Alguns ícones orientais de Cristo Senhor e Pancreator, como por exemplo o de Rubley, parecem exprimir plasticamente a ideia do Deus que é «majestoso em santidade» [x]

Nos Evangelhos encontramos frequentemente o sentimento de bondade e santidade de Jesus expresso mediante o conceito de beleza.
«Fez todas as coisas de forma bela (kalós)», dizem dele as multidões. [xi]
O próprio Jesus define-se a Si mesmo como o «belo (kalós) Pastor» e diz ter mostrado aos homens muitas obras belas (kalá). [xii]
Pedro, no Tabor, exclamou:
«Senhor, é belo (kalós) para nós ficarmos aqui». [xiii]

A palavra belo, assim como a palavra santo, significam, na Bíblia, tudo aquilo que está relacionado com Deus.
São Gregório Nisseno escreveu:
«Excepto Tu, ninguém me parece belo, és o único verdadeiramente belo. E não és somente belo; Tu és a própria essência eterna e pessoal da beleza» [xiv]
Dostoiewsky, que tinha tentado representar numa sua personagem o ideal de uma beleza feita de bondade, sem todavia o ter conseguido inteiramente, escrevia numa carta:
«No mundo só existe um ser absolutamente belo, o Cristo, mas a aparição deste ser infinitamente belo é certamente um infinito milagre» [xv]
Também a Igreja exprime esta sensação de beleza que se sente na presença de Cristo e fá-lo dirigindo-lhe a exclamação do salmo:
«Tu és o mais belo dos filhos dos homens!» [xvi]
«Veio com o esplendor próprio da Sua ordem» [xvii]

(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Dn 9.240
[ii] B. Pascal, Pensamentos. 793 Brunsvic.
[iii] Sb 7, 26
[iv] Cfr. orígenes, In Ioh. Evang. XIII, 36 (pg 14,461)
[v] Hb 1,3
[vi] Ap 15,4
[vii] Is 6,3
[viii] Dt 32,4; Dn 3,27; Ap 16,7
[ix] Eclo 42,21
[x] Ex 15,11
[xi] Jo 10, 11.32
[xii] Jo 10,111.32
[xiii] Mt 17,4
[xiv] S. Gregório Nisseno, In Cant. Hom. IV (Pg 44,836)
[xv] F. Dostoiewsky, Carta à sobrinha Sonja Ivánova, in O Idiota, Milão, 1982, p. XII.
[xvi] L 45,2
[xvii] B. Pascal, Pensamentos. 793 Brunsvic.

Perguntas e respostas

A EUTANÁSIA


6. Nestes casos pode-se aplicar a eutanásia?


Não, não.
Para entendê-lo pode ser suficiente pensar na questão temporal: se em vez de ser incurável, fosse uma enfermidade que durasse uma semana ou um mês, seria correcta a eutanásia?...
E se em vez de um mês durasse um ano ou três a curar-se?...
E se fossem oito ou quinze?
E se a saúde voltasse ao fim de 30 ou 40 anos?...
E se fosse ao fim de cinquenta anos que se restabelecesse, seria correcto matá-lo agora?...
E se ao cabo de uns anos os médicos descobrissem um antídoto ou uma prótese, ou uma técnica por computador nova?...

Definitivamente, uma circunstância de tempo não legitima um assassinato.

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?