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20/12/2017

A luta contra a soberba há-de ser constante

“Grande coisa é saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo” (Sulco, 260)


O outro inimigo, escreve S. João, é a concupiscência dos olhos, uma avareza de fundo que nos leva a valorizar apenas o que se pode tocar. Os olhos ficam como que pegados às coisas terrenas e, por isso mesmo, não sabem descobrir as realidades sobrenaturais. Podemos, portanto, socorrer-nos desta expressão da Sagrada Escritura para nos referirmos à avareza dos bens materiais e, além disso, àquela deformação que nos leva a observar o que nos rodeia - os outros, as circunstâncias da nossa vida e do nosso tempo - só com visão humana.

Os olhos da alma embotam-se; a razão crê-se auto-suficiente para compreender todas as coisas, prescindindo de Deus. É uma tentação subtil, que se apoia na dignidade da inteligência, da inteligência que o nosso Pai, Deus, deu ao homem para que O conheça e O ame livremente. Arrastada por essa tentação, a inteligência humana considera-se o centro do universo, entusiasma-se de novo com a falsa promessa da serpente, sereis como deuses, e, enchendo-se de amor por si mesma, volta as costas ao amor de Deus.


(...) A luta contra a soberba há-de ser constante, pois não se disse já, dum modo tão gráfico, que essa paixão só morre um dia depois da morte da pessoa? É a altivez do fariseu, a quem Deus se mostra renitente em justificar por encontrar nele uma barreira de auto-suficiência. É a arrogância que conduz a desprezar os outros homens, a dominá-los, a maltratá-los, porque, onde houver soberba aí haverá também ofensa e desonra. (Cristo que passa, 6)

Temas para meditar

A força do Silêncio, 140


O silêncio não é o exílio da palavra.

É o amor da única Palavra.

Num sentido inverso, a abundância de palavras é sintoma de dúvida.

A incredulidade é sempre faladora.



CARDEAL ROBERT SARAH

Evangelho e comentário

Tempo do Advento


Evangelho: Lc 1, 26-38

26 Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. 28 Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29 Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. 31 Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.» 34 Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36 Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, 37 porque nada é impossível a Deus.» 38 Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Comentário:

Como num filme cujo realizador é o próprio Deus Todo Poderoso, uma novel actriz desempenha um papel inesquecível!

A cena é entranhável de simplicidade grandiosa e de extraordinária dignidade.

O que é dito pelos intervenientes é o essencial, o que verdadeiramente importa para a esta primeira cena do filme da Salvação humana.


(ama, comentário sobre Lc 1, 26-38, 08.12.2015)








Leitura espiritual

A PAZ NA FAMÍLIA

VOCAÇÃO DIVINA, VOCAÇÃO DE AMOR

“Compreender a obra sobrenatural que supõe a fundação de uma família”, ter “consciência da própria missão”.
Para muitas moças e rapazes, frases como as que acabamos de ler devem parecer-lhes belas palavras ou sonhos irreais. E, no entanto, desses ideais sobre o casamento e a família, que eles ainda não entendem, “dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida: a sua felicidade”.
O casamento e a família, como qualquer outra vocação, significam para um cristão um chamamento pessoal de Cristo, um apelo para segui-Lo.
Se alguém quiser vir após mim – diz Jesus Cristo –, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16, 24). Estamos nos antípodas do utilitarismo egoísta. Em vez de dizer: “Procure-se a si mesmo, realize-se a si mesmo”, diz-nos: “Não pense em si, doe-se generosamente”.
Esse apelo à renúncia e ao esquecimento próprio não é, absolutamente, uma tristonha anulação da personalidade, nem um abafamento da alegria de viver. É exatamente o contrário: as palavras de Cristo estão a mostrar-nos o rosto do amor. E o amor é a seiva vivificante da família.
Será preciso lembrar que o amor cristão se formula assim: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (Jo 13, 34)? Será que há alguma dúvida sobre como Ele, Cristo, nos amou? Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13).
Com Cristo, um amor inédito entrou no mundo, um amor que o mundo pagão desconhecia totalmente. Era um amor à medida do Amor de Deus, que os cristãos designaram com uma palavra nova: “agápe”, em grego; “caritas” – caridade –, em latim. Era um amor à imagem e semelhança do amor de Cristo.
O que fizemos desse amor? No mundo de hoje, é preciso reaprendê-lo; é urgente – para todos, mas especialmente para os jovens – redescobrir a beleza inefável do Amor com maiúscula, que vem de Deus (1 Jo 44, 7). A nossa alma tem uma necessidade vital de experimentar o deslumbramento feliz de São João, quando exclamava: Nisto conhecemos o amor: em que Jesus deu a sua vida por nós, e também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos (1 Jo 3, 16). Desse João Apóstolo que, com quase cem anos de idade, acrescentava, extasiado: Nós conhecemos o amor de Deus e acreditamos nele!... Se Deus nos amou assim, também nós nos devemos amar-nos uns aos outros (1 Jo 4, 11.16).
Não duvidemos: é aí, e somente aí, nas profundezas do amor cristão, que finca as suas raízes a paz familiar.

A SABEDORIA DE SÃO TOMÁS

Antes de terminar esta panorâmica – “a família em perspectiva” –, talvez valha a pena acrescentar ainda, como complemento útil, umas breves reflexões. São considerações que procedem de boa fonte, de São Tomás de Aquino.
Na sua Suma Teológica, a certa altura, o santo doutor, na esteira de Aristóteles, formula várias perguntas sobre o amor e – como se estivesse a dizer a coisa mais óbvia do mundo – escreve que há dois tipos de amor:
Um é o que chama amor de concupiscência (que não significa só o amor sexual, pois a palavra latina concupiscentia designa os desejos em geral). Dá-se esse amor quando “em vez de querer o bem de quem amamos, queremos que ele seja um bem para nós, como quando dizemos que amamos o vinho ou um cavalo...” São Tomás parece brincar, mas fala com a maior seriedade. Não sei se o que vou dizer não será rude demais, mas creio que o amante egoísta, descrito nas páginas anteriores, encara a esposa – ou o marido, ou os filhos, ou os pais – com a mesma mentalidade com que degusta um vinho ou experimenta o trote de um cavalo.
O outro tipo de amor – acrescenta São Tomás – é o que se chama amor de amizade.
“Não é – diz – um amor qualquer, mas o amor que possui a benevolência, isto é, o amor que existe quando amamos alguém de tal maneira que queremos o seu bem”  [i].
Pronto. Poucas palavras para enormes verdades. Há um amor que busca só o bem e o interesse próprios. Há outro amor que busca e trabalha pelo bem da pessoa amada. Este último – amor de amizade –, vivificado pela capacidade de querer que nos infunde o Espírito Santo (cf. Rom 5, 5), é o amor cristão. E é só com esse tipo de amor que se faz, de verdade, família e nela se consegue a paz.
Enquanto escrevo estas últimas linhas, vem-me ao pensamento – e comove-me novamente – a lembrança de um casal amigo, excelentes pessoas, unidas e fiéis após longos anos de convívio. Com uma lucidez plácida e simples, o marido, bom cristão, dizia-me: “O senhor sabe? Depois de tantos anos, cheguei à conclusão de que o amor entre marido e mulher só é amor mesmo quando os dois se tornam amigos, quando são dois bons amigos.
O verdadeiro amor é amizade”.
E, com isto, finalizamos a nossa digressão sobre a “família em perspectiva”. As considerações gerais que acabamos de fazer serão o ponto de partida para as que faremos a seguir comentando atitudes e gestos concretos que, brotando do amor, podem construir a paz familiar.

CONSTRUIR A PAZ FAMILIAR
UM COMBATE PELA PAZ

Na introdução a estas páginas, transcrevíamos umas palavras de São Paulo que põem à mostra – dizíamos ali – as cordas da paz. Vamos agora rever e meditar com calma esse texto, que nos pode ajudar a encontrar os caminhos da paz (cf. Lc 1, 79) pelos quais Deus quer que andemos.
Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, mansidão, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se um tiver contra outro motivo de queixa. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição. Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a formar um único corpo. E sede agradecidos (Col 3, 12-15).
Relendo essas linhas, facilmente podemos observar nelas quatro ideias claras:
Primeira: São Paulo quer mostrar o caminho para que a paz “triunfe nos corações”.
Reparemos que ele não diz: para que a paz “surja”, “permaneça” ou se “assente” em vossos corações, mas para que “triunfe em vossos corações”. E é que a paz da alma – que transborda em paz para os outros – é sempre “consequência da guerra”; é uma conquista, resultante – como dizia Mons. Escrivá – de uma luta íntima “contra tudo o que na vida não for de Deus: contra a soberba, a sensualidade, o egoísmo, a superficialidade, a estreiteza de coração” [ii].
Segunda ideia: essa luta trava-se praticando virtudes concretas, não bastando sentimentos e boas vontades: é preciso exercitar a misericórdia, a bondade, a doçura, a mansidão, a paciência, o perdão.
Terceira ideia: essas virtudes constituem uma força eficaz, apta para produzir a paz, só quando estão bem amarradas, como um feixe, pela caridade (pelo amor à medida do amor de Cristo), formando assim um conjunto firme e coeso. Este é exactamente o significado da expressão: o amor é o vínculo da perfeição.
Quarta ideia: essa luta pela paz – e concretamente pela paz na família – é um dever que decorre da nossa vocação. Por isso São Paulo começa esse parágrafo afirmando que devemos exercitar as virtudes que levam à paz justamente por sermos eleitos de Deus, santos – chamados à santidade – e amados.
Após este olhar geral sobre as palavras de São Paulo, vamos agora ativar o zoom e fazer uma aproximação das virtudes mencionadas por ele, juntamente com outras que lhes são conexas.

UMA ENTRANHADA MISERICÓRDIA

Que quer dizer misericórdia na família? Entenderemos bem essa virtude, se nos lembramos de que a misericórdia do cristão deve imitar a misericórdia de Deus: Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso (Lc 6, 36).
Deus é misericordioso porque vê as nossas misérias – por dizê-lo de um modo humano – “com coração”. A palavra misericórdia significa, com efeito, “miséria” que toca o “coração”. Quer isto dizer que Deus olha para os nossos pecados, os nossos defeitos, as nossas ofensas – que não pode aprovar –, não com a dureza de um justiceiro, mas com um olhar compreensivo, compassivo e sempre predisposto ao perdão.
A pessoa misericordiosa sabe “olhar com coração”. Mas não fica só nisso. “O verdadeiro significado da misericórdia – diz João Paulo II – não consiste apenas no olhar, por mais penetrante e cheio de compaixão que seja, com que se encara o mal moral, físico ou material. A misericórdia manifesta-se com a sua fisionomia verdadeira e própria quando reavalia, promove e sabe tirar o bem de todas as formas de mal existentes no mundo e no homem”. A misericórdia – acrescenta – é um amor “que não se deixa «vencer pelo mal», mas «vence o mal com o bem» (cf. Rom 12, 21)”11.
Retenhamos bem essas ideias: a virtude da misericórdia começa por “olhar” o outro, por “vê-lo” com um olhar “penetrante” e “cheio de compaixão”; e completa-se quando, a partir desse olhar compreensivo, nos esforçamos por tirar um bem do mal que vemos nos outros. Duas atitudes que, por si sós, já seriam um excelente programa para a paz da família.
Mas bem poucos as conseguem viver na prática.

(cont)

FRANCISCO FAUS [iii]




[i]  São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. XXIII, art. 1, concl.;
[ii] Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, n. 73; (11) Encíclica Dives in misericordia, n. 4;
[iii] Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direito Canónico pela Universidade de São Tomás de Aquino de Roma. Ordenado sacerdote em 1955, reside em São Paulo, onde exerce uma intensa atividade de atenção espiritual entre estudantes universitários e profissionais. Autor de diversas obras literárias, algumas delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, os títulos:
O valor das dificuldades; O homem bom; Lágrimas de Cristo, lágrimas dos homens; A língua; A paciência; A voz da consciência.

Tratado da vida de Cristo 187

Questão 59: Do poder judiciário de Cristo


Art. 5 — Se além do juízo proferido no tempo presente haverá um outro juízo universal.

O quinto discute-se assim. — Parece que além do juízo proferido no tempo presente, não haverá nenhum outro juízo, universal.

1. — Pois, é inútil acrescentar qualquer juízo, depois da atribuição dos últimos prémios. Ora, no tempo presente é que se faz a atribuição dos prémios e das penas. Assim, o Senhor disse ao ladrão, na cruz: Hoje serás comigo no paraíso. E noutro lugar o Evangelho diz: Morreu o rico e foi sepultado no inferno. Logo, é vão esperar o juízo final.

2. Demais. — A Escritura, segundo outra letra: Deus não julgará duas vezes a mesma causa. Ora, no tempo presente o juízo de Deus se exerce na ordem temporal e na espiritual. Logo, parece que não devemos esperar nenhum juízo final.

3. Demais. — O prémio e a pena correspondem ao mérito e ao demérito. Ora, o mérito e o demérito não recaem sobre o corpo senão enquanto instrumento da alma. Logo, nem o prémio ou a pena são devidos aos corpos senão por causa da alma. Logo, não há necessidade de nenhum juízo final para ser o homem premiado ou punido no seu corpo, além daquele pelo qual são punidas ou premiadas as almas.

Mas em contrário, o Evangelho: A palavra que eu tenho falado, essa o julgará no dia último. Logo, haverá em juízo no dia último além do juízo exercido no presente.

Um ser mutável não pode ser julgado perfeitamente senão depois de consumado. Assim, nenhum juízo perfeito sobre a qualidade de uma acção pode ser proferido, antes de consumada, em si e nos seus efeitos. Pois, muitas acções, que parecem úteis, demonstram-se nocivas pelos seus efeitos. Semelhantemente, nenhum juízo perfeito pode ser proferido de um homem, enquanto não se lhe terminar a vida; porque pode de muitos modos mudar do bem para o mal ou vice-versa, ou do bem para o melhor, ou do mal para o pior. Donde o dizer o Apóstolo: Está decretado aos homens que morram uma só vez e que depois disto se siga o juízo. Devemos, porém, saber que, embora a morte termine a vida de um homem em si mesma, contudo permanece, de certo modo, dependente do futuro. — Primeiro, por viver ainda na memória dos outros, que às vezes dele guardam uma fama boa ou má, que não corresponde à verdade. — Segundo, por perdurar nos filhos, que são como parte do pai, segundo a Escritura: Morreu o pai dele e foi como se não morresse, porque deixou depois de si um seu semelhante. E contudo, muitos que foram bons deixaram maus filhos e inversamente. — Terceiro, quanto ao efeito das suas obras; assim, o sofisma de Ari e de outros sedutores gerarão a infidelidade até ao fim do mundo, bem como até o fim progredirá a fé nascida da pregação dos Apóstolos. — Quarto, quanto ao corpo que umas vezes é dado honras e, outras, é deixado insepulto; e contudo, vem ao cabo a resolver-se de todo em cinzas. — Quinto, quanto às coisas em que o homem fixou o seu afecto, por exemplo, em certos bens temporais, dos quais uns acabam mais depressa e outros duram mais diuturnamente. Ora, todas essas coisas estão sujeitas à estimativa do juízo divino. Donde, elas não podem todas ser perfeita e manifestamente julgadas, enquanto dura o curso desta vida. Donde a necessidade de um juízo final, no dia derradeiro, quando o que concerne a cada homem em particular, perfeitamente e de qualquer modo, será perfeita e manifestamente julgado.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Alguns foram de opinião que nem as almas dos santos serão premiadas no céu, nem as dos condenados punidas no inferno, até o dia do juízo. O que é manifestamente falso, pelo dito do Apóstolo: Temos confiança e ansiosos queremos mais ausentar-nos do corpo e estar presentes ao Senhor; o que é já não andar por fé, mas por visão, como resulta da sequência do texto. Ora, isso é ver a Deus em essência, no que consiste a vida eterna, conforme está claro no Evangelho. Donde é manifesto que as almas separadas do corpo vivem na vida eterna. Donde se conclui que depois da morte, no concernente à alma, o homem está posto num estado imutável. E assim, para prémio da alma não é necessário que seja o juízo diferido para depois. Mas, como há outras causas que dizem respeito ao homem e se desenrolam em todo o decurso do tempo e que são alheias ao juízo divino, é necessário que de novo, ao fim dos tempos, sejam trazidas a juízo. Embora, pois, por elas o homem não mereça nem desmereça, contudo lhe redundam de certo modo em prémio ou em pena. E por isso é necessário seja tudo ponderado no juízo final.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Deus não julgará duas vezes a mesma causa, isto é, à mesma luz. Mas, a luzes diversas, nenhum inconveniente há em julgar ele duas vezes.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora o prémio ou a pena do corpo dependa do prémio ou da pena da alma, contudo, não sendo a alma mutável, em virtude do corpo, senão por acidente, desde que estiver separada dele ficará num estado imutável e receberá então a sua sentença. Ao contrário, o corpo permanecerá mutável até ao fim dos tempos. Logo e necessariamente, no juízo final é que há de receber o prémio ou a pena.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Perguntas e respostas

A EUTANÁSIA


2. Porque está mal o homicídio? (Falamos agora do homicídio normal, não da eutanásia).


Há vários motivos para não matar um ser humano, como também não queremos que nos matem a nós:

A dignidade humana reclama um respeito especial aos homens.
No nosso interior sabemos que não devemos fazê-lo: a natureza humana pede-o e a nossa consciência capta esta exigência (lei natural).

O Criador do homem proibiu-o expressamente: "não matarás" (mandamentos).

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?