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Temas para meditar

A força do Silêncio, 57


Não há nada mais pequeno, mais doce e silencioso do que Cristo presente na Hóstia consagrada.

Esse pequeno pedaço de pão encarna a humildade e o silêncio perfeito do Deus, a sua ternura e o seu amor por nós.

Se queremos crescer e encher-nos do amor de Deus, precisamos de alicerçar a nossa vida em três grandes realidades: a Cruz, a hóstia consagrada e a Virgem: crux, hostia et virgo
São três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar, santificar a nossa vida e conduzir-nos a Jesus.

E são três mistérios a contemplar no silêncio.



CARDEAL ROBERT SARAH

Reflectindo

Anjo da Guarda



Com especial fervor e devoção, falo com o meu Anjo da Guarda, com uma intimidade respeitosa, de amigo antigo e verdadeiro.

Digo-lhe quanto me vai na alma, os meus desejos de santidade, a fraqueza da minha vontade, a minha tendência para o protagonismo.

Tudo isto ele sabe e conhece, mas, não intervém sem que eu lho peça, por isso, aqui me tens a urgir-te:

Faz-me Santo!


(AMA, reflexões, 26.07.2017)

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Lc 21, 12-19

12 «Mas, antes de tudo, vão deitar-vos as mãos e perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e metendo-vos nas prisões; hão-de conduzir-vos perante reis e governadores, por causa do meu nome. 13 Assim, tereis ocasião de dar testemunho. 14 Gravai, pois, no vosso coração, que não vos deveis preocupar com a vossa defesa, 15 porque Eu próprio vos darei palavras de sabedoria, a que não poderão resistir ou contradizer os vossos adversários. 16 Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos. Hão-de causar a morte a alguns de vós 17 e sereis odiados por todos, por causa do meu nome. 18 Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19 Pela vossa constância é que sereis salvos.»

Comentário:

Na sequência do Evangelho que a Liturgia nos propôs ontem, continua o discurso de Jesus que se refere aos últimos tempos.

O que revela sobre as dissensões, lutas, perseguições e violências de toda a ordem, sabemos bem, são uma triste realidade ainda nos dias de hoje um pouco por toda a parte.

Mas, a verdade também, é que a semente regada com o sangue dos cristãos perseguidos e sacrificados, continua a frutificar talvez com mais vigor e pujança e nunca têm faltado – nem faltarão – esses ”heróis da cristandade” sobre os quais se vai construindo a Igreja Santa que o Nosso Senhor fundou e é a Cabeça.



(AMA, comentário sobre Lc 21, 12-19, 31.07.2017)

Leitura espiritual

São Josemaria Escrivá

CRISTO QUE PASSA
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O renascimento baptismal

Esta realidade profunda que o texto da Sagrada Escritura nos dá a conhecer não é uma simples recordação do passado, de uma espécie de idade de ouro da Igreja, perdida na História.
Por cima das misérias e dos pecados de cada um de nós, continua a ser a realidade da Igreja de hoje e da Igreja de todos os tempos.
Eu rogarei ao Pai - anunciou o Senhor aos seus discípulos - e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco eternamente.
Jesus cumpriu as suas promessas: ressuscitou, subiu aos Céus e, em união com o Eterno Pai, envia-nos o Espírito Santo para nos santificar e nos dar a vida.

A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra.
O Espírito Santo continua a assistir à Igreja de Cristo, para que ela seja - sempre e em tudo - sinal erguido diante das nações, anunciando à Humanidade a benevolência e o amor de Deus.
Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados.
A presença e a acção do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara.

Também nós, tal como aqueles primeiros que se aproximaram de S. Pedro no dia de Pentecostes, fomos baptizados.
 No baptismo, o Nosso Pai, Deus, tomou posse das nossas vidas, incorporou-nos na vida de Cristo e enviou-nos o Espírito Santo.
O Senhor, diz-nos a Sagrada Escritura, salvou-nos fazendo-nos renascer pelo baptismo, renovando-nos pelo Espírito Santo, que Ele difundiu sobre nós abundantemente por Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados pela sua graça, sejamos herdeiros da vida eterna, segundo a esperança.

A experiência da nossa debilidade e das nossas faltas, a desedificação que pode produzir o espectáculo doloroso da pequenez ou mesmo mesquinhez de alguns que se chamam cristãos, o aparente fracasso ou a desorientação de algumas iniciativas apostólicas, tudo isso - a comprovação da realidade do pecado e das limitações humanas - pode constituir, no entanto, uma provação para a nossa fé e fazer com que se insinuem em nós a tentação e a dúvida: onde estão a força e o poder de Deus?
É o momento de reagirmos, de pormos em prática da maneira mais pura e firme a nossa esperança e, portanto, de procurarmos ser mais firme na nossa fidelidade.

129
          
Permiti-me narrar um facto da minha vida pessoal, ocorrido já há muitos anos.
Certo dia, um amigo de bom coração, mas que não tinha fé, disse-me, indicando um mapa-mundi:
- Ora veja, de norte a sul e de leste a oeste.
- Que queres que eu veja?
- O fracasso de Cristo.
Tantos séculos a procurar meter na vida dos homens a sua doutrina, e veja os resultados.
Num primeiro momento, enchi-me de tristeza: é uma grande dor, efectivamente, considerar que são muitos os que ainda não conhecem o Senhor e que, entre aqueles que O conhecem, são muitos também os que vivem como se O não conhecessem.

Mas essa impressão durou apenas um instante, para logo dar lugar ao amor e à acção de graças, porque Jesus quis que cada um dos homens fosse cooperador livre da sua obra redentora.
Cristo não fracassou: a sua doutrina está continuamente a fecundar o Mundo.
A redenção realizada por Ele é suficiente e superabundante.

Deus não quer escravos, mas sim filhos e, portanto, respeita a nossa liberdade.
A salvação continua e nós participamos dela: é vontade de Cristo que - segundo as palavras fortes de S. Paulo - cumpramos na nossa carne, na nossa vida, o que falta à sua Paixão, pro Corpore eius, quod est Ecclesia, em benefício do seu corpo, que é a Igreja.

Vale a pena jogar a vida, entregar-se por inteiro, para corresponder ao amor e à confiança que Deus deposita em nós.
Vale a pena, acima de tudo, que nos decidamos a tomar a sério a nossa fé cristã.
Quando recitamos o Credo, professamos crer em Deus Pai Todo-Poderoso, em seu Filho Jesus Cristo que morreu e foi ressuscitado, no Espírito Santo, Senhor que dá a vida.
Confessamos que a Igreja una, santa, católica e apostólica, é o corpo de Cristo, animado pelo Espírito Santo.
Alegramo-nos com a remissão dos nossos pecados e com a esperança da futura ressurreição.
Mas, essas verdades penetrarão até ao fundo do coração ou ficarão apenas nos lábios?
A mensagem divina de vitória, alegria e paz do Pentecostes deve ser o fundamento inquebrantável do modo de pensar, de reagir e de viver de todo o cristão.

130
          
Força de Deus e fraqueza humana

Non est abbreviata manus Domini, a mão de Deus não diminuiu; Deus não é menos poderoso hoje do que em outras épocas, nem é menos verdadeiro o seu amor pelos homens.
A nossa fé ensina-nos que a criação inteira, o movimento da Terra e dos astros, as acções rectas das criaturas e tudo quando há de positivo no decurso da História, tudo, numa palavra, veio de Deus e a Deus se ordena.

A acção do Espírito Santo pode passar-nos despercebida, porque Deus não nos dá a conhecer os seus planos e porque o pecado do Homem turva e obscurece os dons divinos.
Mas a Fé recorda-nos que o Senhor age constantemente:
Ele é que nos criou e nos conserva no ser; Ele, com a sua graça, conduz a criação inteira para a liberdade da glória dos filhos de Deus.

Por isso, a Tradição cristã resumiu a atitude que devemos adoptar para com o Espírito Santo num só conceito: docilidade.
Sermos sensíveis àquilo que o Espírito divino promove à nossa volta e em nós mesmos: aos carismas que distribui, aos movimentos e instituições que suscita, aos efeitos e decisões que faz nascer nos nossos corações...
O Espírito Santo realiza no Mundo as obras de Deus. Como diz o hino litúrgico, é dador das graças, luz dos corações, hóspede da alma, descanso no trabalho, consolo no pranto.
Sem a sua ajuda nada há no homem que seja inocente e valioso, pois é Ele que lava o que está sujo, que cura o que está doente, que aquece o que está frio, que corrige o extraviado, que conduz os homens ao porto da salvação e do gozo eterno.

Mas esta nossa fé no Espírito Santo deve ser plena e completa. Não é uma crença vaga na sua presença no mundo; é uma aceitação agradecida dos sinais e realidades a que quis vincular a sua força de um modo especial.
Quando vier o Espírito de Verdade - anunciou Jesus - Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará.
O Espírito Santo é o Espírito enviado por Cristo, para operar em nós a santificação que Ele nos mereceu para nós na Terra.

É por isso que não pode haver fé no Espírito Santo, se não houver fé em Cristo, na doutrina de Cristo, nos sacramentos de Cristo, na Igreja de Cristo.
Não é coerente com a fé cristã, não crê verdadeiramente no Espírito Santo, quem não ama a Igreja, quem não tem confiança nela, quem se compraz apenas em mostrar as deficiências e limitações dos que a representam, quem a julga por fora e é incapaz de se sentir seu filho.

E sou levado a considerar até que ponto será extraordinariamente importante e abundantíssima a acção do Divino Paráclito enquanto o sacerdote renova o sacrifício do Calvário, quando celebra a Santa Missa nos nossos altares.

(cont)


Tratado da vida de Cristo 184

Questão 59: Do poder judiciário de Cristo


Art. 2 — Se o poder judiciário convém a Cristo enquanto homem.

O segundo discute-se assim. — Parece que o poder judiciário não convém a Cristo enquanto homem.

1. — Pois, diz Agostinho, que o juízo é atribuído ao Filho, enquanto a lei primeira da verdade. Ora, isto é próprio de Cristo, como Deus. Logo, o poder judiciário não convém a Cristo, enquanto homem, mas enquanto Deus.

2. Demais. — Ao poder judiciário pertence premiar os que procedem bem, assim como punir os maus. Ora, o prémio das boas obras é a beatitude eterna, só dada por Deus. Assim, diz Agostinho, que pela participação de Deus, e não pela de nenhuma alma santa, é que a alma se torna feliz. Logo, parece que o poder judiciário não compete a Cristo, enquanto homem, mas enquanto Deus.

3. Demais. — Ao poder judiciário de Cristo pertence o poder de julgar as cogitações ocultas dos corações, segundo o Apóstolo: Não julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só porá às claras o que se acha escondido nas mais profundas trevas, mas descobrirá ainda o que há de mais secreto nos corações. Ora, isso só ao poder divino pertence, conforme a Escritura: Depravado é o coração de todos e impenetrável: quem o conhecerá? Eu sou o Senhor, que esquadrinha o coração e que sondo os afectos, que dou a cada um segundo o seu caminho. Logo, o poder judiciário não convém a Cristo, enquanto homem, mas enquanto Deus.

Mas, em contrário: o Evangelho: Deu-lhe o poder de exercitar o juízo porque é Filho do homem.

Crisóstomo parece ser de opinião que o poder judiciário não convém a Cristo enquanto homem, mas só enquanto Deus. E por isso expõe assim o lugar citado de João: Deu-lhe o poder de exercitar o juízo, Nem vos admireis disso, pois, é o Filho de Deus. Assim, não recebeu o exercício do juízo por ser homem; mas por ser o Filho do Deus inefável, por isso é juiz. Como, porém, exceda tudo o que dizia à capacidade humana, por isso o Evangelho resolve a dificuldade dizendo: Não vos admireis, ser Filho do homem, pois esse mesmo é também Filho de Deus. E isso o prova pelo efeito da ressurreição, e acrescenta: Porque veio à hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz de Deus.

Devemos, porém, notar que, embora em Deus resida a autoridade primeira de julgar, contudo comete aos homens o poder judiciário relativamente dos que lhes estão sujeitos à jurisdição. Donde o dizer a Escritura: Julgai o que for justo; acrescentando depois - Porque é o juízo de Deus, isto é, pela autoridade dele é que julgais. Ora, como dissemos, Cristo, mesmo na sua natureza humana, é a cabeça de toda a Igreja, pois debaixo de seus pés Deus sujeitou todas as coisas. Por isso lhe pertence, mesmo enquanto homem exercer o poder judiciário. Donde o dizer Agostinho, que o lugar citado do Evangelho deve ser entendido como significando: Deu-lhe o poder de proferir juízo, por ser o Filho do Homem. Não certamente pela condição da natureza humana, porque então todos os homens teriam tal poder como objecta Crisóstomo, mas por lhe pertencer como graça de chefe que Cristo como homem recebeu.

Deste modo cabe, pois, a Cristo, enquanto homem, o poder judiciário, por três razões. — Primeiro, pela sua união e afinidade com os homens. Pois, assim como Deus obra, por causas mediatárias, como as mais próximas dos efeitos, assim julga os homens por meio de Cristo homem, para se lhes tornar o juízo mais suave. Donde o dizer o Apóstolo: Não temos um pontífice que não possa compadecer-se das nossas enfermidades, mas que foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança, exceto o pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça. — Segundo, porque no juízo final, como ensina Agostinho, haverá a ressurreição dos corpos dos mortos, que Deus ressuscitará mediante o Filho do Homem; assim como peio mesmo Cristo ressuscita as almas, enquanto Filho de Deus. — Terceiro, porque, como ensina Agostinho, era justo que os que iam ser julgados vissem o juiz. Ora, iam ser julgados os bons e os maus. Restava, pois, que no juízo a forma de servo se manifestasse aos bons e aos maus, mas a forma de Deus fosse reservada só para os bons.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O juízo deve ter na verdade a sua regra; mas ao homem conformado com a verdade pertence julgar enquanto fazendo com ela uma só realidade, quase como a lei e a justiça animada. Por isso, no mesmo lugar Agostinho aduz o passo do Apóstolo: O espiritual julga de todas as coisas. Ora, a alma de Cristo, mais que as outras criaturas, estava unida à verdade e dela cheia, segundo o Evangelho: Vimo-lo cheio de graça e de verdade. E, assim sendo, à alma de Cristo sobretudo pertence julgar de todas as coisas.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Só Deus pode tornar, pela sua participação; as almas bem-aventuradas. Mas, levar o homem à bem-aventurança pode-o Cristo enquanto cabeça e autor da salvação deles, segundo o Apóstolo: Havendo de levar muitos filhos à glória, convinha consumasse pela paixão o autor da salvação deles.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Conhecer as cogitações ocultas dos corações e julgar delas essencialmente só Deus o pode; mas pela refluência da divindade na alma de Cristo, pode também ele conter e julgar os segredos do coração, como dissemos quando tratamos da ciência de Cristo. Por isso diz o Apóstolo: No dia em que Deus há de julgar as coisas ocultas dos homens por Jesus Cristo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Um Casamento não se mantém pelo Desejo, mas pela Vontade

Permanecer fiel num casamento não é algo que se faça por desejo, mas por vontade. 

A sede de outras mulheres não desaparece, mas aumenta com o tempo. 

Contudo, o respeito, o amor e o medo de arriscar uma relação preciosa mantêm uma pessoa afastada do adultério. 

Muitos homens escondem o seu desejo por outras mulheres tão profundamente dentro de si que ficam horrorizados quando ainda vêem as suas cintilações. 

Outros olham isso com desprendimento, como para um animal numa jaula, uma jaula da sua vontade. Mas até que ponto esta jaula é de confiança?


Alexander Puschkine, in 'Diário Secreto'

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?







Perguntas e respostas

A CONFISSÃO

7. Como confessar-se bem?


Para confessar-se procura-se um sacerdote e pede-se a sua ajuda para fazer bem a confissão. 

Começa-se dizendo o tempo aproximado desde a última confissão. 

Depois indicam-se os todos os pecados, tendo em conta que devem dizer-se todos os pecados mortais, distinguindo-os uns dos outros e expondo o número de vezes aproximado que se cometeram; por exemplo: faltei cinco domingos à missa, emborrachei-me duas vezes, etc. 

Dos pecados veniais não é necessário precisar o número; basta dizer, por exemplo, tive preguiça, aborreci-me…