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27/11/2017

Sendo crianças, não tereis penas

Sendo crianças, não tereis penas: os miúdos esquecem depressa os desgostos para voltar aos seus divertimentos habituais. – Por isso, com o "abandono", não tereis de vos preocupar, pois descansareis no Pai. (Caminho, 864)

Por volta dos primeiros anos da década de 40, eu ia muito a Valência. Não tinha então nenhum meio humano e, com os que – como vocês agora – se reuniam com este pobre sacerdote, fazia oração onde podíamos, algumas tardes numa praia solitária. (...)
Pois um dia, ao fim da tarde, durante um daqueles pores do Sol maravilhosos vimos que uma barca se aproximava da beira-mar e que saltaram para terra uns homens morenos, fortes como rochas, molhados, de tronco nu, tão queimados pela brisa que pareciam de bronze. Começaram a tirar da água a rede que traziam arrastada pela barca, repleta de peixes brilhantes como a prata. Puxavam com muito brio, os pés metidos na areia, com uma energia prodigiosa. De repente veio uma criança, muito queimada também, aproximou-se da corda, agarrou-a com as mãozinhas e começou a puxar com evidente falta de habilidade. Aqueles pescadores rudes, nada refinados, devem ter sentido o coração estremecer e permitiram que aquele pequeno colaborasse; não o afastaram, apesar de ele estorvar em vez de ajudar.

Pensei em vocês e em mim; em vocês, que ainda não conhecia e em mim; nesse puxar pela corda todos os dias, em tantas coisas. Se nos apresentarmos diante de Deus Nosso Senhor como esse pequeno, convencidos da nossa debilidade mas dispostos a cumprir os seus desígnios, alcançaremos a meta mais facilmente: arrastaremos a rede até à beira-mar, repleta de frutos abundantes, porque onde as nossas forças falham, chega o poder de Deus. (Amigos de Deus, 14)

Temas para meditar

A força do Silêncio, 52


O silêncio do coração consiste em fazer calara a e pouco os nossos miseráveis sentimentos humanos para nos tornarmos capazes dos mesmos sentimentos que teve Jesus.

O silêncio do coração é o silêncio das paixões.

É preciso morrer para si mesmo para alcançar em silêncio o Filho de Deus.


CARDEAL ROBERT SARAH

Reflectindo




Num misto de certezas e interrogações, apresento-me ao Senhor, presente no sacrário, com renovada esperança que Ele tenha piedade de mim e me conceda a graça de uma fé a toda a prova.

Só com uma fé assim poderei ser feliz e alcançar o que mais desejo e quero: a salvação Eterna.


(AMA, reflexões, 24.07.2017)

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Lc 21, 1-4

1 Levantando os olhos, Jesus viu os ricos deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas. 2 Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas 3 e disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4 pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.»

Comentário:

Possuir muito ou pouco não pode condicionar a esmola!

A esmola – neste caso o que se dá na Igreja – é uma obrigação de todos os cristãos que devem contribuir para o sustento do clero e manutenção dos templos.

Parece que quem é capaz a gastar algum dinheiro com o objectivo de ganhar mais algum – caso das lotarias, “raspadinhas”, etc., etc., não lhe ocorra que, o que – nestes casos - não passa de uma mera hipótese, a dinheiro dado na Igreja tem “retorno” garantido, seguro.


(AMA, comentário sobre Lc 21, 1-4, 31.07.2017)

Leitura espiritual

São Josemaria Escrivá

CRISTO QUE PASSA

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Olhai: a Redenção, que ficou consumada quando Jesus morreu na vergonha e na glória da Cruz, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, por vontade de Deus continuará a fazer-se até que chegue a hora do Senhor.
Não é compatível viver de acordo com o Coração de Jesus Cristo e não nos sentirmos enviados como Ele, peccatores salvos facere, a salvar todos os pecadores, convencidos de que nós mesmos precisamos de confiar cada dia mais na misericórdia de Deus.
Daí, o desejo veemente de nos considerarmos corredentores com Cristo, de salvar com Ele todas as almas, porque somos, queremos ser, ipse Christus, o próprio Jesus Cristo e Ele deu-se a si mesmo em resgate de todos.

Temos uma grande tarefa à nossa frente.
Não é possível a atitude de ficarmos passivos porque o Senhor declarou expressamente: negociai até eu vir.
Enquanto esperamos o regresso do Senhor que voltará a tomar posse plena do seu Reino, não podemos estar de braços cruzados.
A extensão do Reino de Deus não é só tarefa oficial dos membros da Igreja que representam Cristo, por d'Ele terem recebido os poderes sagrados.
Vos autem estis corpus Christi, vós também sois Corpo de Cristo, ensina-nos o Apóstolo, com o mandato concreto de negociar até ao fim.

Ainda está tanta coisa por fazer!
Será que em vinte séculos não se fez nada?
Em vinte séculos trabalhou-se muito.
Não me parece, nem objectivo nem honrado o afã de alguns em menosprezar a tarefa daqueles que nos precederam.
Em vinte séculos realizou-se um grande trabalho e, com frequência, foi muito bem realizado.
Outras vezes houve desacertos, regressões, como também há agora retrocessos, medo, timidez, ao mesmo tempo que não falta valentia, generosidade.
Mas a família humana renova-se constantemente; em cada geração é preciso continuar com o empenho de ajudar o homem a descobrir a grandeza da sua vocação de filho de Deus e é necessário inculcar o mandamento do amor ao Criador e ao nosso próximo.

122
          
Cristo ensinou-nos, definitivamente, o caminho desse amor a Deus: o apostolado é o amor de Deus, que transborda, dando-se aos outros. A vida interior supõe crescimento na união com Cristo, pelo Pão, e pela Palavra.
E o afã de apostolado é a manifestação exacta, adequada, necessária à vida interior.
Quando se saboreia o amor de Deus sente-se o peso das almas.
Não se pode dissociar a vida interior do apostolado, como não é possível separar em Cristo o seu ser de Deus-Homem e a sua função de Redentor.
O Verbo quis encarnar para salvar os homens, para fazê-los com Ele uma só coisa.
Esta é a razão da sua vinda ao mundo: por nós e pela nossa salvação, desceu do Céu, rezamos no Credo.

Para o cristão, o apostolado resulta conatural; não é algo que se acrescente, que se justaponha, alheio à sua actividade diária, à sua ocupação profissional.
Tenho-o dito sem cessar, desde que o Senhor dispôs que surgisse o Opus Dei!
Trata-se de santificar o trabalho vulgar, de santificar-se nessas ocupações e de santificar os outros com o exercício da profissão, cada um no seu próprio estado.

O apostolado é como a respiração do cristão: um filho de Deus não pode viver sem esse pulsar espiritual.
A festa de hoje recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandato amoroso do Senhor, que, ao subir para a sua glória, nos envia como testemunhas suas pelo mundo inteiro.
Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo significa, antes de mais nada, procurarmos comportar-nos segundo a Sua doutrina, lutar para que a nossa conduta faça recordar Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Precisamos de conduzir-nos de tal maneira, que os outros ao ver-nos possam dizer: este é cristão, porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama.

123
          
O trigo e o joio

Tracei-vos, com a doutrina de Cristo, não com as minhas ideias, um caminho ideal para o cristão.
Concordais que é elevado, sublime, atractivo. Mas talvez nos interroguemos: será possível viver assim na sociedade de hoje?

É certo que o Senhor nos chamou em momentos em que muito se fala de paz e não há paz: nem nas almas, nem nas instituições, nem na vida social, nem entre os povos.
Fala-se continuamente de igualdade e de democracia e abundam as castas: fechadas, impenetráveis.
Chamou-nos num tempo em que se clama pela compreensão e a compreensão brilha pela sua ausência, inclusivamente entre pessoas que agem de boa-fé e querem praticar a caridade, porque - não esqueçais - a caridade, mais do que em dar, está em compreender.

Atravessamos uma época em que os fanáticos e os intransigentes - incapazes de admitir as razões dos outros - se põem a salvo, tachando de violentos e agressivos os que são as suas vítimas.
Chamou-nos, enfim, quando se ouve tagarelar muito sobre unidade e talvez seja difícil conceber que possa tolerar-se maior desunião entre os próprios católicos, para não falar já dos homens em geral.

Eu nunca faço considerações políticas, porque esse não é o meu ofício. Para descrever sacerdotalmente a situação do mundo actual, é suficiente que pensemos de novo numa parábola do Senhor: a do trigo e do joio.
O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo.
Porém, enquanto os trabalhadores dormiam, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e foi-se embora.
Está claro: o campo é fértil e a semente é boa; o Senhor do campo lançou às mãos cheias a semente no momento propicio e com arte consumada; além disso, preparou toda uma vigilância para proteger a recente sementeira.
Se depois apareceu o joio, é porque não houve correspondência, já que os homens - os cristãos especialmente - adormeceram e permitiram que o inimigo se aproximasse.

Quando os servidores irresponsáveis perguntam ao Senhor porque cresceu o joio no seu campo, a explicação salta aos olhos: inimicus homo hoc fecit, foi o inimigo!
Nós, os cristãos, que devíamos estar vigilantes para que as coisas boas, postas pelo Criador no mundo, se desenvolvessem ao serviço da verdade e do bem, adormecemos - triste preguiça, esse sono! -, enquanto o inimigo e todos os que o servem se moviam sem descanso.
Bem vedes como cresceu o joio: que sementeira tão abundante espalhada por todos os sítios!

Não tenho vocação de profeta de desgraças.
Não desejo com as minhas palavras apresentar-vos um panorama desolador, sem esperança.
Não pretendo queixar-me destes tempos em que vivemos pela providência do Senhor.
Amamos esta nossa época, porque é o âmbito em que temos de alcançar a nossa santificação pessoal.
Não admitimos nostalgias ingénuas e estéreis; o mundo nunca esteve melhor.
Desde sempre, desde os princípios da Igreja, quando mal se acabava de ouvir a pregação dos primeiros doze, já surgiram violentas perseguições, começaram as heresias, propalou-se a mentira e desencadeou-se o ódio.

Mas não é lógico negar que o mal parece ter prosperado.
Dentro de todo este campo de Deus, que é a Terra, herança de Cristo, irrompeu o joio: Não apenas joio, mas abundância de joio!
Não podemos deixar enganar-nos pelo mito do progresso perene e irreversível.
O progresso rectamente ordenado é bom e Deus quere-o.
Contudo, tem-se mais em conta o outro falso progresso que cega os olhos a tanta gente, porque com frequência não percebe que a Humanidade, nalguns dos seus passos, volta atrás e perde o que tinha conquistado antes.

O Senhor - repito - deu-nos o mundo por herança.
Temos de ter a alma e a inteligência despertas; temos de ser realistas, sem derrotismos.
Só uma consciência cauterizada, só a insensibilidade produzida pela rotina, só o estouvamento frívolo podem permitir que se contemple o mundo sem ver o mal, a ofensa a Deus, o dano por vezes irreparável para as almas.
É preciso sermos optimistas, mas com um optimismo que nasça da fé no poder de Deus - Deus não perde batalhas - com um optimismo que não proceda da satisfação humana, duma complacência néscia e presunçosa.

(cont)


Bento XVI – Pensamentos espirituais 165

Jesus e a Igreja

«Vinde e vereis»

Vinde pura poderdes ver (cfr. Jo l, 391).

A aventura dos Apóstolos começa assim, como um encontro de pessoas que se aproximam entre si.

Começa para os discípulos um conhecimento directo do Mestre.

Vêem onde mora e começam a conhecê-lo.

Efectivamente, eles não serão anunciadores de uma ideia, mas testemunhas de uma pessoa.

Antes de serem enviados a evangelizar, precisam de «estar» com Jesus (cfr. Mc 3, 14) e de estabelecer com ele um relacionamento pessoal.

Assim sendo, a evangelização não é mais do que um anúncio daquilo que se experimentou e um convite a entrar no mistério da comunhão com Cristo (cfr. Jo l, 3).

Catequese da audiência geral, (22.Mar.06)

 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

O Medo de Magoar os Outros

O medo de magoar os outros é uma invenção da nossa mente. É o pior dos dois mundos: nem tu vives em liberdade de expressão, nem os outros sabem o que te passa no coração e na cabeça acerca deles. Já pensaste que a verbalização daquilo que sentes pode ser tudo o que a outra pessoa também sente, mas não é capaz de dizer? Já idealizaste que aquilo que sentes pode ser a tomada de consciência que o outro precisa para reforçar aquilo em que já acredita e mudar de comportamento? Já imaginaste que a materialização daquilo que sabes a teu respeito pode ser profundamente inspirador para quem te ouça ou tenha o privilégio de te ver em ação? 

Quem te diz a ti que empregar as palavras certas, as palavras que carregam a tua verdade, olhos nos olhos do outro não é algo de absolutamente vantajoso para ambas as partes? Quem? E sim, ainda que possa doer um pouco. A verdade dói quase sempre. O crescimento dos dentes também, certo? E, no entanto, é vital, não é? Assim se passa com a mente. A evolução da mente de mentirosa para potenciadora passa pela dor, por ouvir certas verdades a nosso respeito, aceitá-las se for o caso e depois treiná-la e orientá-la na direção que pretendemos. Agora, viver na ignorância de acreditar que os outros é que estão sempre certos é que é manifestamente ridículo. Somos pessoas, dependemos de nós mas precisamos sempre dos outros e ficar calado não ajuda nada. Matas-te e fazes o outro acreditar que é dono e senhor da razão. Não dá. Não pode ser. A ti foi-te concedida a oportunidade de viver e inspirar, portanto não vamos abdicar nem de uma coisa nem de outra. Vive e inspira. Apaixona-te e passa a palavra. Respeita-te e comunica. De que adianta viver num faz de conta? Faz de conta que o amo. Faz de conta que sou feliz. Faz de conta que gosto do que faço. Faz de conta que gosto dos meus pais. Faz de conta que não sei. Faz de conta que sim. Faz de conta que não. O que é isto? Sim, o que é isto? É ingrato, é sujo, degradante e desumano. É isto que é.


Gustavo Santos, in 'A Força das Palavras'

Pequena agendado cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?