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27/09/2017

Tens de ir ao passo de Deus; não ao teu

Dizes-me que sim, que estás firmemente decidido a seguir Cristo. – Então tens de ir ao passo de Deus; não ao teu! (Forja, 531)


– Qual é o fundamento da nossa fidelidade?

– Dir-te-ia, a traços largos, que se baseia no amor de Deus, que faz vencer todos os obstáculos: o egoísmo, a soberba, o cansaço, a impaciência...

Um homem que ama calca-se a si próprio; sabe que, até amando com toda a sua alma, ainda não sabe amar bastante. (Forja, 532)


Na vida interior, como no amor humano, é preciso ser perseverante.

Sim, hás-de meditar muitas vezes os mesmos assuntos, insistindo até descobrir um novo aspecto.

– E como é que não tinha visto isto antes, assim tão claramente? – perguntar-te-ás surpreendido. – Simplesmente, porque às vezes somos como as pedras, que deixam resvalar a água, sem absorver nem uma gota.

Por isso é necessário voltar a discorrer sobre o mesmo, que não é o mesmo!, para nos embebermos das bênçãos de Deus. (Forja, 540)



Deus não se deixa ganhar em generosidade e – podes ter a certeza! – concede a fidelidade a quem se lhe rende. (Forja, 623)

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Lc 9, 1-6

1 Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2 Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, 3 e disse-lhes: «Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. 5 Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» 6 Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.

Comentário:


Munidos com os poderes dados pelo Senhor, os Doze, não necessitam de mais nada, têm quanto precisam.

Não consta nos Evangelhos que tenham perguntado, por exemplo, o que iriam dizer e como.

Percebem perfeitamente que, o que o Mestre lhes manda, é que repitam a quantos quiserem ouvir, as suas palavras, a Sua doutrina sem acrescentar nada da sua lavra.

E partem cheios de entusiasmo e, a verdade, é que não são defraudados nas suas expectativas.


(AMA, comentário sobre Lc 9, 1-6, 22.06.2017)








Tratado da vida de Cristo 175

Questão 57: Da Ascensão de Cristo
Art. 3 — Se Cristo subiu por virtude própria.

O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não subiu ao céu por virtude própria.

1. — Pois, diz o Evangelho, que o Senhor Jesus, depois de haver falado aos discípulos, foi assunto ao céu. E os Actos: Vendo-o eles, se foi elevando e o recebeu uma nuvem que o ocultou a seus olhos. Ora, o que é assunto e elevado parece que é movido por outro. Logo, Cristo foi levado ao céu não por virtude própria, mas por alheia.

2. Demais. — O corpo de Cristo era terreno, como o nosso. Ora, é contra a natureza do corpo terreno ser levado para cima. Assim, nenhum movimento tem, por virtude própria, o ser movido contrariamente à sua natureza. Logo, Cristo não subiu ao céu por virtude própria.

3. Demais. — A virtude própria de Cristo é a virtude divina. Ora, o movimento da ascensão não provinha da virtude divina, porque esta é infinita e aquele instantâneo; de modo que não podiam os discípulos verem-no elevar-se aos céus, como refere a Escritura. Logo, parece que Cristo não subiu ao céu por virtude própria.

Mas, em contrário, a Escritura: este formoso em seu traje que caminha na multidão da sua fortaleza. E Gregório diz: Notemos que a Escritura refere que Elias subiu ao céu num carro, como para mostrar abertamente que um simples homem precisava do auxílio alheio. Narra, porém, que o nosso Redentor se elevou sem o auxílio de nenhum carro e nem de anjos, porque o autor de todas as coisas subia, por seu poder próprio, acima de todas.

Tem Cristo dupla natureza: a divina e a humana. Donde, podemos atribuir um poder próprio a cada uma dessas naturezas. Mas, já a natureza humana de Cristo é por si só, dotada de duplo poder. Um natural procedente dos princípios da natureza. E em virtude desse poder é manifestado que Cristo não subiu ao céu. Outro poder, porém, da natureza humana de Cristo é o da Glória. E em virtude desse, Cristo subiu ao céu. Mas, o fundamento desse poder, alguns o vão buscar em a natureza da quinta essência, que é a luz, como dizem, que fazem entrar na composição do corpo humano, de modo a, por meio dela, adunarem os elementos contrários. De modo que, no seu estado mortal, predomine no corpo humano a sua natureza elementar; e assim, segundo a natureza do elemento predominante, o corpo humano tende para baixo pela sua virtude natural. Mas no estado da glória predomina a natureza celeste, por cuja inclinação e virtude o corpo de Cristo e os corpos dos santos são levados para o céu. Mas, dessa opinião já tratamos na Primeira Parte, e mais adiante tornaremos a vê-la no tratado da ressurreição em geral. Deixando, pois, de lado essa opinião, vão outros buscar a razão do referido poder na alma glorificada, por cuja redundância é glorificado o corpo, como diz Agostinho. Pois, tão sujeito estará o corpo glorioso à alma beata, que, como diz Agostinho, o corpo estará imediatamente onde o quiser o espírito, e este não quererá nada que não lhe convenha ao mesmo tempo, e ao corpo. Ora, ao corpo glorioso e imortal na morada celeste é o seu lugar conveniente. Por onde, levado pela vontade da sua alma, Cristo subiu ao céu. - Mas, assim como o corpo se torna glorioso por participar da alma, assim, como diz Agostinho, participando de Deus, a alma se torna bem-aventurada. Donde, a causa primeira da ascensão de Cristo ao céu foi o poder divino. Assim, pois, Cristo subiu ao céu por virtude própria: primeiro, pela sua virtude divina; segundo, pela virtude da sua alma glorificada, que movia o corpo como queria.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Assim como Cristo ressuscitou pela sua vontade própria, e, contudo, dizemos que foi ressuscitado pelo Pai, por terem o Pai e o Filho o mesmo poder, assim também Cristo subiu ao céu por virtude própria, sendo contudo elevado e assunto pelo Pai.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A razão aduzida prova que Cristo não subiu ao céu pela virtude própria, inerente à natureza humana. Subiu ao céu, porém pela sua virtude, enquanto poder divino; e pela virtude própria à sua alma bem-aventurada. E embora subir para as alturas seja contrário à condição presente da natureza do corpo humano, em que o corpo não está inteiramente sujeito ao espírito, não será, porém, contrário à natureza do corpo glorioso, nem lhe constituirá uma violência, a ele cuja natureza está totalmente sujeita ao espírito.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora o poder divino seja infinito, e tenha pelo seu sujeito, capacidade infinita, contudo o efeito da sua acção é recebido pelas causas segundo a capacidade delas e a disposição de Deus. Ora, o corpo não é capaz de um movimento local instantâneo, porque há de comensurar-se com o espaço, por cuja divisão e divide o tempo, como prova Aristóteles. Donde, não é necessário que o corpo seja movido por Deus instantaneamente, mas que o seja pela velocidade que Deus dispõe.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Fátima - Centenário - Oração diária,


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?







Perguntas e respostas


O AMOR

B. O AMOR E O SEXO

1. O amor e o sexo andam juntos? O amor quase nunca implica sexo. Uns irmãos amam-se; uma mãe ama os seus filhos; um homem quer bem à sua empresa e aos seus amigos. Inclusive, um casal que se ama muito não pensa habitualmente no sexo.

2. O sexo contribui para o amor? A resposta não é simples e requer paciência. Em primeiro lugar, os prazeres sexuais produzem prazer e, portanto, atracção e vontade de repetir. De acordo com isto, aumenta o amor - sentimento face a quem produz esse prazer. No entanto, isto nem sempre é bom moralmente, nem bom para o amor verdadeiro.
Geralmente há duas situações:
A procura individual de prazeres sexuais fomenta o egoísmo e opõe-se ao amor.
Nos prazeres sexuais partilhados, é possível utilizar a outra pessoa como objecto que satisfaz o próprio gosto. Nesta situação há muito egoísmo e pouca procura do bem do outro, o que faz com que o amor saia prejudicado. Mas também é possível usar o sexo procurando o bem do outro e neste caso o amor melhora.

3. Quando se usa o sexo procurando o bem do outro? Também não é fácil distinguir. Vejamos dois casos mais claros:
O amor melhora quando se deseja o nascimento de um filho. Aí procura-se um bem para toda a família: o recém-nascido recebe o dom da vida, os seus irmãos recebem um irmão a quem amar e os pais recebem o dom da paternidade e maternidade. Um filho é sempre um grande bem do qual ninguém se arrepende, ainda que haja problemas económicos ou de outro tipo.
O amor piora quando se usa o sexo fora do casamento. Neste caso priva-se a pessoa da sua intimidade e da sua virgindade sem outorgar-lhe o dom da maternidade - paternidade. Há muita parte de egoísmo e o amor fica prejudicado.

4. O sexo no namoro não procura o bem de ambos? Consegue prazer para ambos, mas esse prazer não é um bem para os dois (caprichos e gostos nem sempre são um bem). Com estes actos perdem intimidade e dignidade e não ganham paternidade ou família, apenas prazeres. Por tanto, é um amor enganado que só consegue prazer a troco de grandes perdas.

5. Porque se perde dignidade? A dignidade do homem, nestes aspectos, exige varias cosas:

O corpo humano não deve ser objecto de uso ou de permutas (hoje com uma pessoa, amanhã com outra). Só deve entregar-se a alguém quando previamente há um compromisso firme, diante de testemunhas (cerimónia de casamento) de querer-se para sempre.
As faculdades geradoras da pessoa humana têm uma missão de grade categoria: trazer ao mundo novos seres humanos. Usá-las unicamente para obter prazer é impróprio da sua categoria.

Estas perdas de dignidade são bastante claras e qualquer pessoa se sente maltratada quando se dá conta que está a ser usada temporariamente ou como objecto de prazer.