Páginas

17/08/2017

A oração deve enraizar-se na alma

A verdadeira oração, a que absorve todo o indivíduo, não a favorece tanto a solidão do deserto como o recolhimento interior. (Sulco, 460)

O caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve enraizar-se pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa.

Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem aqueles que se querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa que amam.


Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos de Deus, nn. 295–296)

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mt 18, 21-35

21 Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?» 22 Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. 24 Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25 Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens, a fim de pagar a dívida. 26 O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: ‘Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’ 27 Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida. 28 Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: ‘Paga o que me deves!’ 29 O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: ‘Concede-me um prazo que eu te pagarei.’ 30 Mas ele não concordou e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto lhe devia. 31 Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor. 32 O senhor mandou-o, então, chamar e disse-lhe: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque assim mo suplicaste; 33 não devias também ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti?’ 34E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia. 35 Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração.»

Comentário:

Esta parábola tem - infelizmente - uma actualidade gritante.

Constata-se que a sociedade de hoje está mergulhada num pantanal de egoísmo que não se quer saber dos outros para nada a não ser na medida em que poderão ser de alguma forma vantajosa.

Não se perdoa, não se esquece, guarda-se tudo num acervo interminável de ofensas - pretensas ou verdadeiras - esquecendo as próprias.

O outro, o meu irmão que é Filho de Deus como eu, não passa de alguém com quem tenha de preocupar-me, não tenho tempo, não possuo qualquer resquício de misericórdia.

Mas, se um dia me acontece algo sei clamar bem alto por auxílio, amparo, protecção sem sequer pensar que é muito possível que me "paguem" de igual forma.

Sim, recorro a Deus, à Santíssima Virgem implorando, pedindo, gemendo e chorando sem me lembrar que só o faço porque me sinto só, desamparado, sem recursos.

Não é honesto, este comportamento! Não é séria esta postura!

Cuidado, pois, não venha Ele dizer-nos como no Evangelho:

«Não te conheço».


(AMA, comentário sobre MT 18, 21-35, 20.03.2017)

Hoy el reto del Amor es que aparques tus miedos hacia un Dios lejano y mires el corazón de Cristo

DIOS TIENE CORAZÓN

Ayer, antes de empezar Vísperas, me dijo sor Carmen:

-Mira, en el altar tenemos al Corazón de Jesús.

Miré hacia el altar y, efectivamente, había una figura del Corazón de Jesús con la pintura rosácea que las caracteriza, totalmente mate.

Le contesté:
-Aún no he visto una figura que me guste.

Y, sin apenas pensarlo, me contestó:
-Ni la encontrarás hasta que llegues al Cielo.

Durante todas las Vísperas me quedé mirando hacia la figura. Tan típica en todas las casas. Miraba todo en su conjunto de nuevo: los colores, la cara, la melena de Jesús... pero de pronto reparé en su mano izquierda, y ya no se apartó de ahí mi mirada. La mano izquierda señalaba a su corazón.

Todo cambió en ese momento. Sentía que me decía: "¡Joane, mira mi corazón, sólo a mi corazón!" Y ahí me di cuenta de que es uno de los complementos que nos molestan de estas figuras, un corazón fuera de lugar, fuera del pecho. Nos parece muchas veces algo piadoso o ilógico, pues ahí no debería estar según la estética y la razón.

Sin embargo, está muy bien puesto. No sé qué imagen te habrán transmitido de Dios o cómo le miras. ¿Un justiciero? ¿Has hecho mal y... mejor no acercarse del todo? ¿No le interesan tus cosas? ¿Está lejos, en las nubes? Hoy Cristo señala su corazón. Te dice que tiene corazón.

Un corazón que ha dado Su vida por ti, que te ama, que se conmueve con la Humanidad y derrama todo su amor. Un corazón que no se rinde en amarte. Que sabe por lo que estás pasando, te comprende y te acoge en tu dolor. Un corazón que, cuando tú aún no te has perdonado, lleva tiempo esperándote con los brazos abiertos.

Es un corazón que, como dice sor Carmen, sólo se descubre mirando al Cielo, ¡sin miedo! Deja que Su corazón entre en el tuyo, para que vivas confiado y abandonado en Su amor infinito, y no en tus juicios sobre ti. Así podrás hacer de ti mismo un don de amor sin reservas, porque el Amor de Cristo es tu referencia.

Hoy el reto del Amor es que aparques tus miedos hacia un Dios lejano y mires el corazón de Cristo. No tengas miedo a descubrirlo desde el Amor, no desde la ley... Después, manda un WhatsApp a alguien a quien su solededad le haga necesitar un mensaje preguntando "¿Qué tal estás?". Recibe Amor para poder darlo.


VIVE DE CRISTO

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?








Fátima: Centenário - Vida de Maria - 59



Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


Fuga para o Egipto


A voz dos santos

«Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. Ao ouvir isto, o Rei Herodes ficou perturbado, e com ele toda a cidade de Jerusalém [i]. Esta cena continua a repetir-se nos nossos dias. Perante a grandeza de Deus, perante a decisão – seriamente humana e profundamente cristã – de viver de modo coerente com a fé, há quem fique desconcertado, e mesmo quem se escandalize, sem nada entender. Dir-se-ia que não admitem a existência de outra realidade para além dos seus acanhados horizontes terrenos. Em face das manifestações de generosidade que observam no comportamento dos que ouviram o chamamento do Senhor, sorriem com displicência, assustam-se, ou então - em casos que parecem verdadeiramente patológicos - obstinam-se em pôr obstáculos à santa determinação tomada por uma consciência com plena liberdade.

Já várias vezes tive oportunidade de assistir a essa espécie de mobilização geral contra quem se decide a dedicar toda a sua vida ao serviço de Deus e do próximo. Há pessoas que estão convencidas que o Senhor não pode escolher quem quer que seja sem lhes pedir primeiro autorização a eles; e de que o homem não tem inteira liberdade para aceitar ou recusar o Amor. Para quem pensa desse modo, a vida sobrenatural de cada alma é algo de secundário; julgam que se lhe deve prestar atenção, mas só depois de satisfeitos os pequenos comodismos e os egoísmos humanos (…).

Considerai o caso de Herodes. É um poderoso da terra e tem oportunidade de recorrer à colaboração dos sábios: convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias. O poder e a ciência não o levam ao conhecimento de Deus. Para o seu coração empedernido, o poder e a ciência são instrumentos da maldade: o desejo inútil de aniquilar Deus, o desprezo pela vida de um punhado de crianças inocentes».

São Josemaria (século XX), Cristo que passa, n. 33.




[i] Mt 2, 2-3