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06/06/2017

Leitura espiritual

A CIDADE DE DEUS 

Vol. 2

LIVRO XV

CAPÍTULO IV

Das lutas ou da paz na Cidade Terrestre.

A cidade terrestre, que não será eterna (pois, uma vez condenada ao suplício final, já não será cidade), é cá na Terra que tem o seu bem, tomando parte na alegria que estas coisas podem proporcionar. E com o não há bem que não cause apreensão aos que o amam, esta cidade acha-se, a maior parte das vezes, dividida contra si própria com litígios, guerras, lutas, em busca de vitórias mortíferas ou mesmo mortais. A verdade é que, qualquer parte dela que provoque a guerra contra a outra, o que procura é ser senhora dos povos, quando afinal é ela que fica cativa dos vícios; e se, quando sai vencedora, se exalta na sua soberba, a sua vitória é-lhe mortífera. Mas se, reflectindo sobre a sua condição e as vicissitudes comuns, se sente mais atormentada pela adversidade que lhe pode surgir do que envaidecida pela prosperidade — a sua vitória é então apenas mortal, porque lhe será impossível manter o seu domínio sobre os que pôde subjugar com tal vitória. Mas não se pode dizer correctamente que as coisas, que esta cidade ambiciona, não são verdadeiramente boas, sendo certo que mesmo ela, dentro do seu género humano, ainda é melhor. Procura certa paz terrena em vez destas coisas ínfimas — e é para a obter que ela faz guerra. Se vencer e não houver quem lhe resista — será a Paz que as partes adversas não tinham quando se batiam por bens que na sua desgraçada indigência não podiam possuir em conjunto. Esta é a paz procurada por guerras laboriosas — a paz que um a vitória, que se julga gloriosa, e consegue! Quando são vencedores os que lutam por uma causa mais justa, quem duvidará de que seja louvável uma tal vitória e desejável a paz que dela resulta? São bens e, não há dúvida, dons de Deus. Mas se, com desprezo dos bens melhores que pertencem à Cidade do Alto em que a vitória se firmará numa paz eterna, soberana e segura, se desejam esses bens até se considerarem como os únicos
bens verdadeiros e se preferem aos bens considerados melhores — necessariamente que se seguirá a miséria agravando a que já havia.

CAPÍTULO V


Do primeiro fundador da Cidade Terrestre, o fratricida — a que corresponde na impiedade o fundador de Roma, assassino de seu irmão.

O primeiro fundador da cidade terrestre foi um fratricida; vencido pela inveja, matou seu irmão, cidadão da cidade eterna e peregrino nesta Terra. Não é, pois, de admirar que, muito mais tarde, quando da fundação da cidade que viria a ser a cabeça desta cidade terrestre de que falamos e a reinar sobre tantos povos, se tenha produzido uma imagem deste primeiro exemplo, deste arquétipo. Porque também lá, por um crime que um dos seus poetas recorda,

os primeiros muros encharcaram-se com o sangue fraterno [i];

Roma foi, na verdade, fundada no dia em que Remo foi morto por seu irmão Rómulo, como o atesta a história romana; mas, no caso, ambos eles eram cidadãos da cidade terrestre, ambos procuravam a glória fundando o Estado Romano, mas não podiam ambos ter tanta glória como teriam se fosse só um. O que a queria encontrar no poder, menos poder teria se o partilhasse com seu irmão vivo. Para, portanto, deter todo o poder sozinho, suprimiu o seu companheiro — e cresceu, com o crime, para pior, o que, com a inocência, teria sido um bem melhor, embora menor.

Os irmãos Caim e Abel não tinham ambos, pelos bens terrenos, uma paixão idêntica. Nem um teve do outro inveja com receio de ver diminuído o seu poder se ambos dominassem (porque Abel não procurava dominar na cidade fundada pelo irmão), mas foi dominado por aquela diabólica inveja que leva os maus a invejarem os bons por nenhuma outra causa senão porque estes são bons e eles são maus. A posse da bondade de maneira nenhuma se apouca com a chegada ou a permanência de um companheiro; pelo contrário — a posse da bondade dilata-se tanto mais, quanto mais, em união de corações, a domina o amor de cada um que a possui. Enfim — ninguém terá esta posse se se recusar a possuí-la em comum: encontrar-se-á um a posse tanto maior quanto mais se amar aquele que dela partilha.

O que surgiu entre Remo e Rómulo m ostra, pois, até que ponto a cidade da Terra se divide contra si mesma; mas o que surgiu entre Caim e Abel demonstra as inimizades entre as duas cidades — a de Deus e a dos homens. Lutam entre si os maus com os maus; da mesma forma lutam entre si os maus e os bons; mas os bons, se são, na verdade, perfeitos, não podem lutar entre si. Os que progridem, mas sem serem ainda perfeitos, podem fazê-lo, mas da maneira por que todo o homem bom está em luta consigo mesmo — porque em cada homem

a carne luta com as suas apetèncias contra o espírito e o espírito contra a came [ii].

Pode, portanto, o desejo espiritual de alguém travar combate contra os desejos carnais de outrem, os desejos carnais de alguém podem travar com bate contra os desejos espirituais de outrem, com o podem travar com bate entre si os bons e os maus; podem até os próprios desejos carnais de dois bons, mas ainda não perfeitos, travar combate entre si com o entre si travam com bate os bons e os maus, até que a saúde dos que estão em recuperação chegue a vitória final.




(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] Lucano, Farsália I, 95.
[ii] Gál., V, 17.

Fátima: Centenário - Oração jubilar de consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Doutrina – 322 0

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?


Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina: «quem me vê, vê o Pai» [i].
Além disso, embora a salvação provenha plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.




[i] Jo 14, 19

Evangelho e comentário

Tempo Comum

Evangelho: Mc 12, 13-17

13Em seguida, enviaram-lhe alguns fariseus e partidários de Herodes, a fim de o apanharem em alguma palavra. 14Aproximando-se, disseram-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero, que não te deixas influenciar por ninguém, porque não olhas à condição das pessoas, mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade. Diz-nos, pois: é lícito ou não pagar tributo a César? Devemos pagar ou não?» 15Jesus, conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu: «Porque me tentais? Trazei-me um denário para Eu ver.» 16Trouxeram-lho e Ele perguntou: «De quem é esta imagem e a inscrição?» Responderam: «De César.» 17Jesus disse: «Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» E ficaram admirados com Ele.

Comentário:

Para sempre ficou esta resposta de Jesus.
Revela uma sabedoria tal que nos espanta pela simplicidade lógica e irrefutável.

A lição a tirar é bem clara: sabermos exactamente o que fazer – o que devemos fazer e como – em relação às nossas obrigações e deveres como membros da sociedade humana.

Falamos muito dos nossos direitos, dos valores que dizemos nos são absolutamente próprios e indiscutíveis, mas, talvez, em muitos casos nos esquecemos o que da nossa parte temos de fazer para merecer esses mesmos direitos.

Como poderemos exigir o que nos é devido quando nos eximimos a cumprir o que devemos?


(AMA, comentário sobre Mc 12, 13-17, 01.02.2017)

Temas para meditar 715

Fidelidade


Fidelidade é o devotamento voluntário prático e completo de uma pessoa a uma causa.

JOSIAH ROYCE, Filosofía de la Fidelidad, Hacerte Buenos Aires 1949 nr. 34 trad AMA)


Reflectindo - 257

Insatisfação

Uma aparente insatisfação de não fazer o que devia fazer, como e quando. Sinto esta ânsia de perfeição pessoal que a cada momento parece estar ao meu alcance para logo se afastar para bem longe.
Queria um julgamento agora, que o Senhor me dissesse claramente:

‘Não posso prosseguir sem que primeiro aproveites todas as oportunidades que te dou continuamente.
Choras?
Mas choras por Mim ou por ti?

Porque não alcanças o que desejas ou porque não te esforças o suficiente?

Choras porque és pouca coisa e gostavas de ser mais ou choras porque nem mesmo o pouco que és consegues fazer o que deves?

Falta-te a vontade e sobra-te o desejo.

Choras porque não passas das intenções, das belas palavras, dos propósitos bem estruturados e não segues em frente como deves com o que tens, tudo o que tens e é muito porque fui Eu Quem to deu e bem sabes como sou generoso.

Sim, António, o que tens é o bastante, suficiente para me dares o que te exijo: que sejas bom, puro e santo’.



(ama, Malta, 20 de Maio 2016)

Saber-se nada diante de Deus

Grande coisa é saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo. (Sulco, 260)

Deixa-me que te recorde, entre outros, alguns sinais evidentes de falta de humildade:

– pensar que o que fazes ou dizes está mais bem feito ou mais bem dito do que o que os outros fazem ou dizem;

– querer levar sempre a tua avante;

– discutir sem razão ou, quando a tens, insistir com teimosia e de maus modos;

– dar a tua opinião sem ta pedirem ou sem a caridade o exigir;

– desprezar o ponto de vista dos outros;

– não encarar todos os teus dons e qualidades como emprestados;

– não reconhecer que és indigno de toda a honra e estima, inclusive da terra que pisas e das coisas que possuis;

– citar-te a ti mesmo como exemplo nas conversas;

– falar mal de ti mesmo, para fazerem bom juízo de ti ou te contradizerem;

– desculpar-te quando te repreendem;

– ocultar ao Director algumas faltas humilhantes, para que não perca o conceito que faz de ti;

– ouvir com complacência quem te louva, ou alegrar-te por terem falado bem de ti;

– doer-te que outros sejam mais estimados do que tu;

– negar-te a desempenhar ofícios inferiores;

– procurar ou desejar singularizar-te;

– insinuar na conversa palavras de louvor próprio, ou que dão a entender a tua honradez, o teu engenho ou destreza, o teu prestígio profissional...;


– envergonhar-te por careceres de certos bens... (Sulco, 263)

Fátima: Centenário - Poemas


Centenário das aparições da Santíssima Virgem em Fátima

POEMAS




MÃE PURISSIMA

Maria, ó Virgem Santa, ó Mãe Celeste,
por dom divino ao mundo Tu vieste,
obra-prima das mãos do Criador,
modelo de virtudes e de amor.

Neste vale de pranto tão agreste,
onde de todos é partilha a dor,
o teu materno Coração nos deste,
tal como a aurora o orvalho à flor.

Mãe toda pura, atrai com doce encanto
teus filhos sob as asas do teu manto,
mais vasto e belo do que a terra e o Céu.

Vela por eles, livra-os da desgraça,
dá-lhes de Deus o amor e, à luz da Graça,
corpo e alma lhes guarda sem labéu!

Visconde de Montelo, Paráfrase da Ladainha Lauretana, 1956 [i]




[i] Cónego Manuel Nunes Formigão
1883 - Manuel Nunes Formigão nasce em Tomar, a 1 de Janeiro. 1908 - É ordenado presbítero a 4 de Abril em Roma. 1909 - É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma. 1909 - No Santuário de Lourdes, compromete-se a divulgar a devoção mariana em Portugal. 1917 - Nossa Senhora aceita o seu compromisso e ele entrega-se à causa de Fátima. 1917 / 1919 - Interroga, acompanha e apoia com carinho os Pastorinhos. - Jacinta deixa-lhe uma mensagem de Nossa senhora, ao morrer. 1921 - Escreve o livro: "Os Episódios Maravilhosos de Fátima". 1922 - Integra a comissão do processo canónico de investigação às aparições. 1922 - Colabora e põe de pé o periódico "Voz de Fátima". 1924 - A sua experiência de servita de Nossa Senhora em Lurdes, leva-o a implementar idêntica actividade em Fátima. 1928 - Escreve a obra mais importante: "As Grandes Maravilhas de Fátima". 1928 - Assiste à primeira profissão religiosa da Irmã Lúcia, em Tuy. Ela comunica-lhe a devoção dos primeiros sábados e pede-lhe que a divulgue. 1930 - Escreve "Fátima, o Paraíso na Terra". 1931 - Escreve "A Pérola de Portugal". 1936 - Escreve " Fé e Pátria". 1937 - Funda a revista "Stella". 1940 - Funda o jornal "Mensageiro de Bragança". 1943 - Funda o Almanaque de Nossa Senhora de Fátima. 1954 – Muda-se para Fátima a pedido do bispo de Leiria-Fátima 1956 - Escreve sonetos compilados na "Ladainha Lauretana". 1958 – Morre em Fátima. 06/01/1926 - Funda a congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. 11/04/1949 – A congregação por ele fundada é reconhecida por direito diocesano. 22/08/1949 – Primeiras profissões canónicas das Religiosas. 16/11/2000 - A Conferência Episcopal Portuguesa concede a anuência por unanimidade, para a introdução da causa de beatificação e canonização deste apóstolo de Fátima. 15/09/2001 - Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da congregação - É oficialmente aberto o processo de canonização do padre Formigão. 16/04/2005 – É oficialmente encerrado e lacrado o processso de canonização do padre Formigão.
Fátima, 28 Jan 2017 (Ecclesia) – Decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.
A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração, rua Francisco Marto, 203, com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima.
Na eucaristia inserida neste evento, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima, D. António Marto destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

Nota de AMA:
Este livro de Sonetos foi por sua expressa vontade, depois da sua morte, devidamente autografado, entregue a meu Pai. Guardo o exemplar como autêntica relíquia.

Pequena agenda do cristão




TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?