Páginas

16/04/2017

Fátima: Centenário - Poemas

SEDE DE SABEDORIA




Contemplemos a Mãe de Deus, Maria,
no silêncio da nossa admiração:
é sede de imortal Sabedoria,
Trono do Eterno – esplêndida Visão!

Se Deus com nobre e justo orgulho via
de toda a eternidade a Criação,
acha-a mais bela e a vê-la principia
com mais doçura desde a Encarnação.

É que a Virgem com seu sublime encanto
a mão detém de Deus mil vezes Santo
e enche o mundo da Graça de Jesus.

Razão de tudo, Centro do universo,
é qual o Céu da glória, excelso e terso,
onde só há pureza, amor e luz!

Visconde de Montelo, Paráfrase da Ladainha Lauretana, 1956 [i]



[i] Cónego Manuel Nunes Formigão
1883 - Manuel Nunes Formigão nasce em Tomar, a 1 de Janeiro. 1908 - É ordenado presbítero a 4 de Abril em Roma. 1909 - É laureado em Teologia e Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma. 1909 - No Santuário de Lourdes, compromete-se a divulgar a devoção mariana em Portugal. 1917 - Nossa Senhora aceita o seu compromisso e ele entrega-se à causa de Fátima. 1917 / 1919 - Interroga, acompanha e apoia com carinho os Pastorinhos. - Jacinta deixa-lhe uma mensagem de Nossa senhora, ao morrer. 1921 - Escreve o livro: "Os Episódios Maravilhosos de Fátima". 1922 - Integra a comissão do processo canónico de investigação às aparições. 1922 - Colabora e põe de pé o periódico "Voz de Fátima". 1924 - A sua experiência de servita de Nossa Senhora em Lurdes, leva-o a implementar idêntica actividade em Fátima. 1928 - Escreve a obra mais importante: "As Grandes Maravilhas de Fátima". 1928 - Assiste à primeira profissão religiosa da Irmã Lúcia, em Tuy. Ela comunica-lhe a devoção dos primeiros sábados e pede-lhe que a divulgue. 1930 - Escreve "Fátima, o Paraíso na Terra". 1931 - Escreve "A Pérola de Portugal". 1936 - Escreve " Fé e Pátria". 1937 - Funda a revista "Stella". 1940 - Funda o jornal "Mensageiro de Bragança". 1943 - Funda o Almanaque de Nossa Senhora de Fátima. 1954 – Muda-se para Fátima a pedido do bispo de Leiria-Fátima 1956 - Escreve sonetos compilados na "Ladainha Lauretana". 1958 – Morre em Fátima. 06/01/1926 - Funda a congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima. 11/04/1949 – A congregação por ele fundada é reconhecida por direito diocesano. 22/08/1949 – Primeiras profissões canónicas das Religiosas. 16/11/2000 - A Conferência Episcopal Portuguesa concede a anuência por unanimidade, para a introdução da causa de beatificação e canonização deste apóstolo de Fátima. 15/09/2001 - Festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira da congregação - É oficialmente aberto o processo de canonização do padre Formigão. 16/04/2005 – É oficialmente encerrado e lacrado o processso de canonização do padre Formigão.
Fátima, 28 Jan 2017 (Ecclesia) – Decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do padre Manuel Nunes Formigão, conhecido como 'o apóstolo de Fátima, do cemitério local para um mausoléu construído na Casa de Nossa Senhora das Dores.
A celebração de trasladação deste sacerdote e servo de Deus começou com uma concentração, rua Francisco Marto, 203, com centenas de pessoas, seguida de saída para o cemitério da Freguesia de Fátima.
Na eucaristia inserida neste evento, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima, D. António Marto destacou uma figura que "se rendeu ao mistério e à revelação do amor de Deus, da beleza da sua santidade tal como brilhou aos pastorinhos de Fátima".
O bispo de Leiria-Fátima recordou ainda o padre Manuel Formigão como alguém que "captou de uma maneira admirável para o seu tempo, a dimensão reparadora da vivência da fé tão sublinhada na mensagem de Fátima".

Nota de AMA:
Este livro de Sonetos foi por sua expressa vontade, depois da sua morte, devidamente autografado, entregue a meu Pai. Guardo o exemplar como autêntica relíquia.

Fátima: Centenário - Oração Jubilar de Consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Hoy el reto del amor es tener un gesto pequeño con una persona.

DAÑOS COLATERALES

Ha salido el sol un par de días... ¡y yo ya me siento en primavera! ¡¡Me encanta!!

Sin embargo, no soy la única que está exultante. Con el aumento de temperatura, los árboles están rebosantes de alegría, tanto, que han empezado a soltar polen con todas sus ganas. Es algo natural, sí... pero a las alérgicas no nos hace ni pizca de gracia.

Este año mi organismo se ha decantado por el picor de ojos. ¡Me arden!

Ya no sabía qué hacer para aliviar los picores. De pronto recordé que, el año pasado, Verónica me dio un poco de suero para los ojos. Fui a buscarla corriendo. Con mucho gusto, se dedicó a echarme un par de gotitas en cada ojo. ¡¡Qué alivio!! Y además estaba fresquito, ¡un auténtico bálsamo!

Después, en la oración, sólo me salía darle gracias a Cristo. Es impresionante lo diminutas que son las gotas, ¡pero cuánto alivian!

Y, así nos pasa a nosotros: tal vez creas que no eres nadie importante, o que no puedes hacer grandes cosas ni transformar la Humanidad... es posible que notes que no eres capaz más que de pequeños gestos, detalles del tamaño de una gotita, ¡pero no te imaginas lo mucho que puede aliviar una diminuta gota!

Parece que para amar o ayudar a alguien hay que hacer cosas grandes y llamativas, parece que los gestos pequeños pasan desapercibidos y eso nos lleva a no valorarlos, hasta, incluso, dejar de hacerlos. Pero Cristo hoy te invita a ver la realidad con sus ojos, ¡descubriendo el valor de lo pequeño!

Hoy el reto del amor es tener un gesto pequeño con una persona. Puedes sonreír al encontrarte con él o ella, puedes poner la mesa con algún detalle especial o regalarle un rato de tu tiempo con alegría. Como decía la Madre Teresa: " No podemos hacer grandes cosas, pero sí cosas pequeñas con un gran amor". Y, créeme, una gotita pequeña, ¡puede cambiar el día de quien tienes al lado! ¡Feliz domingo!


VIVE DE CRISTO

Doutrina – 271

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ

SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

CAPÍTULO PRIMEIRO CREIO EM DEUS PAI

OS SÍMBOLOS DA FÉ

50. O que significa que Deus é omnipotente?

Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» [1], Aquele para quem «nada é impossível» [2]. A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno» («Omipotens sempiterne Deus»).







[1] Sal 24, 8-10
[2] Lc 1,37

Epístolas de São Paulo – 47

2ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

III. DEFESA DE PAULO (10,1-13,13)

Capítulo 12

Revelações e fraquezas de Paulo

1É necessário que me glorie? Na verdade, não convém! Apesar disso, recorrerei às visões e revelações do Senhor. 2Sei de um homem, em Cristo, que, há catorze anos - ignoro se no corpo ou se fora do corpo, Deus o sabe! - foi arrebatado até ao terceiro céu. 3E sei que esse homem - ignoro se no corpo ou se fora do corpo, Deus o sabe! - 4foi arrebatado até ao paraíso e ouviu palavras inefáveis que não é permitido a um homem repetir. 5Desse homem gloriar-me-ei; mas de mim próprio não me hei-de gloriar, a não ser das minhas fraquezas. 6Decerto, se quisesse gloriar-me, não seria insensato, pois diria a verdade. Mas abstenho-me, não vá alguém formar de mim um juízo superior ao que vê em mim ou ouve dizer de mim. 7E porque essas revelações eram extraordinárias, para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. 8A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9Mas Ele respondeu-me: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza.» De bom grado, portanto, prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. 10Por isso me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte.

Ministério de Paulo em Corinto

11Procedi como um insensato! Mas vós é que me forçastes a isso. Por vós é que eu deveria ter sido recomendado, pois em nada fui inferior a esses super-apóstolos, embora eu nada seja. 12Os sinais distintivos do Apóstolo realizaram-se entre vós, por uma paciência a toda a prova, por sinais, milagres e prodígios. 13Em que fostes, na verdade, inferiores às outras igrejas, a não ser que, pessoalmente, não vos fui pesado? Perdoai-me esta injustiça. 14Eis que estou pronto a ir ter convosco pela terceira vez, mas não vos serei pesado, porque não procuro as vossas coisas mas a vós mesmos. Não compete aos filhos entesourar para os pais, mas sim aos pais para os filhos. 15Quanto a mim, de bom grado darei o que tenho e dar-me-ei a mim mesmo totalmente, em vosso favor. Será que, por vos ter mais amor, sou menos amado? 16Mas seja! Não vos fui pesado, mas, astuto como sou, conquistei-vos pela fraude. 17Será que vos defraudei por algum daqueles que vos enviei? 18Insisti com Tito e enviei com ele outro irmão. Será que Tito vos defraudou? Não caminhamos segundo o mesmo espírito? Não seguimos os mesmos passos?

Apreensões e advertências

19Desde há muito pensais que queremos justificar-nos diante de vós. Não. Perante Deus, em Cristo, é que falamos. E tudo, caríssimos, para vossa edificação. 20De facto, temo que à minha chegada, possa não vos encontrar como desejaria e que vós não me encontreis como desejaríeis. Temo que haja entre vós contendas, invejas, rixas, dissensões, calúnias, murmurações, arrogâncias e desordens. 21Temo que, ao voltar, o meu Deus me humilhe em relação a vós, e tenha de lamentar muitos dos que pecaram no passado e não se converteram da impureza, da imoralidade e da devassidão que praticaram.


Tratado da vida de Cristo 156

Questão 52: Da descida de Cristo aos infernos

Art. 8 — Se Cristo, com a sua descida aos infernos, livrou as almas do purgatório.

O oitavo discute-se assim. — Parece que Cristo, com a sua descida aos infernos livrou as almas do purgatório.

1. — Pois, diz Agostinho: Como há testemunhos evidentes que nos falam do inferno e das suas dores, nenhuma razão temos de crer que o Salvador a ele descesse senão para livrar dessas dores os infelizes que as sofriam. Mas o que ainda queria saber é se livrou todos os que nesse lugar encontrou, ou só os que julgou dignos desses benefícios. Contudo não duvido ter Cristo descido aos infernos e ter conferido tal benefício aos que sofriam as suas dores. Ora, não conferiu o benefício da liberação aos condenados, como se disse. Mas, além deles não há outros que padeçam tais dores senão os que estão no purgatório. Logo, Cristo livrou as almas do purgatório.

2. Demais. — A própria presença da alma de Cristo não produziu efeito menor que os seus sacramentos. Ora, pelos sacramentos de Cristo as almas são libertas do purgatório; e sobretudo pelo sacramento da Eucaristia, como se disse. Logo, com maior razão, pela presença de Cristo descendo aos infernos, foram livradas as almas do purgatório.

3. Demais. — Cristo curou totalmente os que nesta vida curou, como diz Agostinho. E no Evangelho o Senhor diz: Em dia de sábado curei a todo um homem. Ora, Cristo livrou os que estavam no purgatório do reato da pena do dano, que os excluía da glória. Logo, também os livrou do reato da pena do purgatório.

Mas, em contrário, diz Gregório: O nosso Criador e Redentor, peneirando as clausuras do inferno, de lá tirou as almas dos eleitos e não nos permite mais ir para esse lugar, donde livrou a outros com a sua descida. Ora, permite que vamos ao purgatório. Logo, descendo aos infernos, não libertou as almas do purgatório.

Como dissemos, a descida de Cristo aos infernos teve um efeito liberatório em virtude da sua Paixão. Ora, a sua Paixão não produz efeito temporal e transitório, mas sempiterno, segundo o Apóstolo: Com uma só oferenda fez perfeitos para sempre aos que tem santificado. Donde é claro, que a Paixão de Cristo não teve maior eficácia que a que actualmente tem. Portanto, os que então estavam em situação semelhante às almas actualmente detidas no purgatório não foram livrados deste pela descida de Cristo aos infernos. Mas se porventura então existiam tais quais os que agora são livrados do purgatório em virtude da Paixão de Cristo, esses nada impede que fossem livrados do purgatório pela descida de Cristo aos infernos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Do lugar citado de Agostinho não se pode concluir que todos os detidos no purgatório foram dele livrados, mas que só a alguns deles foi conferido esse benefício. Isto é, aos que estavam suficientemente purificados; ou então aos que, ainda vivendo, mereceram, pela fé, amor e devoção para com a Paixão de Cristo, serem livrados, pela descida de Cristo, da pena temporal do purgatório.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A virtude de Cristo obra nos sacramentos sanando e expiando. Por isso, o sacramento da Igreja livra o homem do purgatório, por ser um sacrifício satisfatório pelo pecado. Ora, a descida de Cristo aos infernos não foi satisfatória. Mas obrava em virtude da Paixão, que era satisfatória, como estabelecemos; mas era satisfatória em geral, devendo a sua virtude ser aplicada a cada um por algo a cada um especial. Donde, não era necessário que pela descida de Cristo aos infernos, todos fossem libertados do purgatório.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Os defeitos, de que Cristo livrava todos os homens simultaneamente neste mundo, eram pessoais, atinentes propriamente a cada um. Mas a exclusão da glória de Deus era uma miséria geral atinente a toda a natureza humana. Donde, nada impedia terem sido livrados por Cristo os que estavam no purgatório, da exclusão da glória, mas não do reato da pena do purgatório, necessitada pelos defeitos próprios de cada um. Assim como ao inverso, os santos Patriarcas, antes do advento de Cristo, foram libertados dos seus defeitos próprios, mas não do defeito comum à natureza humana, como se disse.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO X

CAPÍTULO XXIII

Erro de que está inquinada a doutrina de Orígenes.

Mas o que é muito mais de admirar é que — mesmo crendo, como nós, num princípio único de todas as coisas e na impossibilidade, para toda a natureza que não seja Deus, de ter outro criador que não seja Ele — alguns, todavia, não se têm conformado em crer recta e simplesmente nesta causa da criação do Mundo tão boa e tão simples, ou seja: que um Deus bom criou as coisas boas e que, fora de Deus, as coisas, que não são o que Deus é, mas são boas, só um Deus bom as poderia fazer. Dizem que as almas, que não são parte de Deus mas feitas por Deus, pecaram, separando-se do criador; e que, descendo por etapas diversas, conforme a diversidade dos pecados, desde os Céus até à Terra mereceram diversos corpos como prisões. Isto é que é o Mundo, e a causa da sua criação não é a produção de bens, mas a repressão de males.

Disto é acusado justificadamente Orígenes. Nos livros a que deu o nome de Acerca dos Princípios, é assim que pensa e escreve. E admiro-me, mais do que poderia dizê-lo, que um homem tão sábio, tão versado nas letras eclesiásticas, não tenha notado, primeiro que tudo, quanto isso é contrário ao pensamento tão autorizado da Escritura que, a seguir a cada obra de Deus, repete:

E Deus viu que era bom,[i]

e, acabado tudo, conclui:

E Deus viu que tudo o que fez era muito bom,[ii]


querendo mostrar que não há outra causa da criação senão um Deus bom que fez seres bons. Se ninguém tivesse pecado, o Mundo estaria ornado e cheio só de naturezas boas; e, lá porque se pecou, nem por isso tudo ficou cheio de pecado — pois, entre os celestiais, um número muito maior de bons conservou a ordem da sua natureza. Nem a própria vontade má, pelo facto de não querer observar a ordem da natureza, pôde evitar as leis de Deus justo que ordena convenientemente todas as coisas. Porque, tal como um quadro de cores sombrias distribuídas nos seus devidos lugares, assim também o conjunto das coisas, se alguém o puder abarcar com um só olhar, se mantém belo, mesmo com os pecadores, embora estes, encarados separadamente, apareçam desfeados devido à sua deformidade.

Orígenes e os que assim pensam deveriam ver que, se tal opinião fosse verdadeira, o Mundo teria sido feito para dar às almas, conforme a gravidade dos seus pecados, corpos onde seriam encerradas para seu castigo com o numa
prisão: às menos culpadas — corpos mais leves e mais elevados; às mais culpadas — corpos mais pesados e mais baixos; e os demónios — porque nada há de mais detestável do que eles — teriam que receber, por mais razão que os
homens bons, corpos de terra, que são os mais baixos e os mais pesados de todos. Mas, na realidade, para que compreendamos que não se devem avaliar os méritos da alma pelas qualidades do corpo, o demónio, o pior dos seres, recebeu um corpo aéreo; ao passo que o homem, que agora é, sem dúvida, culpado, mas de malícia de bem menor importância, e em todo o caso antes de pecar, o homem recebeu, todavia, um corpo de barro.

Haverá alguma coisa mais insensata do que dizer que só há um Sol no Mundo, não porque o artífice Deus o fez na intenção de embelezar o Mundo ou ainda na de prover ao bem estar dos seres corporais, mas antes que isto aconteceu por uma alma ter pecado de forma a merecer ser encerrada num tal corpo? Mas, se tivesse acontecido diferentemente, não que um a só, mas duas, não duas mas dez ou cem, tivessem cometido o mesmo pecado, este Mundo teria cem sóis? Não foi, então, a admirável providência do artífice que promoveu o bom estado e a beleza dos seres corporais: foi antes o grau de pecado de uma só alma que
lhe valeu merecer tal corpo. Não é, com certeza, a progressão das almas (acerca das quais eles não sabem o que dizem) no afastamento da verdade e do mérito que tem que ser reprimida, mas antes o desvario desses que tais coisas chegam a pensar.

Quando, pois, a propósito de cada criatura, se põem as três questões acima referidas: quem a fez?, por que meio? porque a fez? — haverá que responder: Fê-la Deus, pelo Seu Verbo, porque ela é boa. Mas estas respostas não insinuarão elas, nas suas misteriosas profundezas, a própria Trindade, isto é, o Pai, o Filho, o Espírito Santo? Verifica-se nesta passagem das Escrituras algum a coisa que impeça esta interpretação? E esta um a questão que demoraria muito a expor e não se pode exigir que tudo se expliquenum só livro.


CAPÍTULO XXIV

Acerca da Trindade divina que, em todas as suas obras, deixou sinais que a revelam.

Nós cremos, mantemos e pregamos com fidelidade que o Pai gerou o Verbo, isto é, a Sabedoria pela qual tudo foi feito, seu Filho único: que Ele, o Uno, gerou o Único, o Eterno, o Coeterno, o soberanamente bom, o igualmente bom; e que o Espírito Santo é simultaneamente o Espírito do Pai e do Filho, Ele mesmo consubstanciai e coeterno a ambos; que tudo isto é Trindade por causa da propriedade de pessoas e Deus único por causa da sua inseparável divindade, assim com o é único O omnipotente por causa da sua inseparável omnipotência. De tal maneira, porém, que, se alguém se interrogar acerca de cada um, deve contentar-se em saber que cada um é  omnipotente; e se se interrogar acerca dos três conjuntam ente, a resposta será que não há três deuses ou três omnipotentes, mas um só Deus omnipotente, tão grande é  na sua Trindade a inseparável unidade que desta maneira se quis manifestar.

Se o Espírito Santo do Pai bom e do Filho bom, porque é com um a ambos, se poderá chamar com correcção bondade de ambos — é questão acerca da qual não me atrevo a emitir uma opinião temerária. Mas o que não tenho medo de dizer é que o Espírito Santo é a santidade das duas outras Pessoas, não como qualidade de uma e de outra, mas como sendo ele também substância e na Trindade. O que mais provavelmente me leva a esta opinião é o seguinte: o Pai é espírito e o Filho é espírito, o Pai é santo e o Filho é santo — todavia, o Espírito Santo é que é propriamente assim chamado como sendo a Santidade substancial e consubstanciai de ambos. Mas se a bondade divina se identifica com a santidade, já não será uma audaciosa presunção, mas exercício atento da razão, ver nas obras de Deus, sob uma forma misteriosa de falar destinada a despertar a nossa atenção, esta mesma Trindade insinuada pela tríplice questão acerca de cada criatura: Quem a fez?, Por que meios a fez? E Porque é que a fez?. Realmente, foi o Pai do Verbo quem disse Faça-se! E o que à sua palavra se fez, foi, sem dúvida,pelo Verbo que se fez. Finalmente, a frase Deus viu que era bom exprime bem que Deus sem necessidade alguma, sem a menor busca de proveito pessoal, mas apenas por suabondade fez o que fez, isto é — porque é bom! E se a obra é declarada boa depois da sua criação, é para mostrar que ela está de harmonia com a bondade, razão da sua criação. Mas se esta Bondade designa precisam ente o Espírito Santo, é a Trindade toda que se nos revela nas suas obras. E é dela que a Cidade Santa, a cidade constituída nas alturas pelos santos anjos, tira a sua origem, a sua forma e a sua beatitude. Na verdade, se se perguntar donde vem

— diremos: foi Deus que a fundou; donde provém a sua sabedoria
— diremos: é Deus que a ilumina; donde provém a sua felicidade 
— diremos: é de Deus que ela goza! 

Subsistindo n ’Ele, tem a sua forma; contemplando-o, tem a sua luz; unindo-se a Ele, tem a sua alegria. Ela é, vive, ama; na eternidade de Deus ela prospera, brilha na verdade de Deus, regozija-se na sua bondade!



(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Gen.,I, 4.
[ii] Gen.,I, 31.

Encherás o mundo de caridade

Não podes destruir, com a tua negligência ou com o teu mau exemplo, as almas dos teus irmãos os homens. – Tens – apesar das tuas paixões! – a responsabilidade da vida cristã dos que te são próximos, da eficácia espiritual de todos, da sua santidade! (Forja, 955)


Longe fisicamente e, contudo, muito perto de todos: muito perto de todos!... – repetias feliz.
Estavas contente, graças a essa comunhão de caridade, de que te falei, que tens de avivar sem cansaço. (Forja, 956)

Perguntas-me o que é que poderias fazer por aquele teu amigo, para que não se encontre sozinho.
Dir-te-ei o que sempre digo, porque temos à nossa disposição uma arma maravilhosa, que resolve tudo: rezar. Primeiro, rezar. E, depois, fazer por ele o que gostarias que fizessem por ti, em circunstâncias semelhantes.
Sem o humilhar, é preciso ajudá-lo de tal maneira que se lhe torne fácil o que lhe é difícil. (Forja, 957)


Põe-te sempre nas circunstâncias do próximo: assim verás os problemas ou as questões serenamente, não terás desgostos, compreenderás, desculparás, corrigirás quando e como for necessário, e encherás o mundo de caridade. (Forja, 958)

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?