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30/01/2017

Hoy el reto del Amor es que, cuando algo te descoloque mires al Señor

ORDENAR DESORDENANDO?

Ayer por la tarde, después de la clase, nos sobraba un ratito antes de ir a vísperas, así que opté por ir rápidamente a terminar de ordenar mi celda. Pensaba que con media hora tenía tiempo de sobra, y muy animosa me adentré en ella.

Metí la ropa limpia en el armario, y hasta ahí todo normal. Pero, para ordenar esto y aquello... me tuve que poner a sacar cosas del armario y de los cajones para ver cómo lo guardaba todo bien colocadito.

Claro, cuando me quise dar cuenta, se me había pasado el rato y ahora la celda estaba mucho más desordenada que al principio: una parte del armario toda fuera, cosas por la mesa, cajas por el suelo...

"¿Cómo es posible que para ordenar haya que desordenar mucho más de lo que ya estaba?", pensé.

Con esto del desorden material comprendí rápidamente algo que había leído hace unos días sobre la parábola de la dracma perdida: "Esa mujer que pone la casa patas arriba revolviéndolo todo es Dios. Tú tenías un orden precioso en tu casa, habías ordenado tu vida, sabías todo lo que tenías que hacer para ser un buen cristiano... y viene el ama de casa y desordena todo. Porque la dracma perdida que busca la mujer somos tú y yo. Y lo único que importa es que el Señor ha venido a buscarnos a nosotros, y así, quitando todo lo que es apariencia, quiere encontrarse realmente contigo."

Así le ocurrió a Abraham cuando Dios le dice que Ismael no era el hijo que Él le había prometido sino fruto de su autosuficiencia, y que tendría uno que sí era el de la promesa. O a Moisés, cuando le llamó para volver a Egipto, de donde había huido, para sacar a su pueblo. O, como vemos en el Evangelio, cuando Jesús descoloca a los fariseos cada vez que se pone a curar en sábado, o cuando come en casa de los pecadores... Con su propia vida y sus actos, desordena la mentalidad y las tradiciones de los fariseos, esperando encontrarlos también a ellos. Como sucedió con san Pablo. O como nos ocurre a nosotros cada vez que una situación nos desborda y la vemos por encima de nuestras fuerzas, o cuando los demás me descolocan... Detrás de todo está el Señor para encontrarse contigo de verdad.

Hoy el reto del Amor es que, cuando algo te descoloque, mires al Señor. Seguramente te ocurrirán muchas cosas que se salgan de tu esquema, pero, si en esa circunstancia miras a Cristo, descubrirás que ahí está Él contigo, para salir a tu encuentro, y descubrirás que en tu debilidad está Su Fortaleza.


VIVE DE CRISTO

Os filhos de Deus têm de ser contemplativos

Nunca compartilharei a opinião – ainda que a respeite – dos que separam a oração da vida activa, como se fossem incompatíveis. Os filhos de Deus têm de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com Nosso Senhor: e olhá-lo como se olha um Pai, como se olha um Amigo, a quem se quer com loucura. (Forja, 738)


Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.

Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas.

Não, meus filhos! Não pode haver uma vida dupla; se queremos ser cristãos, não podemos ser esquizofrénicos. Há uma única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser – na alma e no corpo – santa e cheia de Deus, deste Deus invisível que encontramos nas coisas mais visíveis e materiais.

Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos Por isso posso dizer-vos que a nossa época precisa de restituir à matéria e às situações que parecem mais vulgares o seu sentido nobre e original, colocá-las ao serviço do Reino de Deus, espiritualizá-las, fazendo delas o meio e a ocasião do nosso encontro permanente com Jesus Cristo. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114)

Evangelho e comentário

Tempo comum

Evangelho: Mc 5, 1-20

1 Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos.2 Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com Ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo. 3 Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e já ninguém conseguia segurá-lo com cadeias. 4 Tendo sido preso muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões e ninguém o podia dominar. 5 E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Ao ver de longe Jesus, correu e prostrou-se diante d'Ele7 e clamou em alta voz: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus eu Te conjuro que não me atormentes». 8 Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito imundo sai desse homem». 9 Depois perguntou-lhe: «Como te chamas?». Ele respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos». 10 E suplicava-Lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região. 11 Andava ali, próximo do monte, uma grande vara de porcos a pastar. 12 Os espíritos imundos suplicaram-Lhe: «Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles». 13 Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro no mar onde se afogaram. 14 Os guardadores fugiram e contaram o facto pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido. 15 Foram ter com Jesus e viram o que tinha estado possesso do demónio sentado, vestido e são do juízo; ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo. 16 Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos. 17 Então começaram a pedir a Jesus que se retirasse do seu território. 18 Quando Jesus subia para a barca, o que fora possesso do demónio começou a pedir-Lhe que lhe permitisse acompanhá-l'O. 19 Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: «Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve piedade de ti». 20 Ele retirou-se e começou a proclamar pela Decápole que grandes coisas Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.

Comentário:

O medo surge da falta de esclarecimento, é natural, o homem teme o que não conhece.

Se não conhece Deus há-de ter medo sobretudo quando Ele manifesta o Seu poder absoluto sobre todas as coisas e criaturas? Sim… também é natural.

O que está mal é ficar-se pelo medo e fugir da situação porque se perde uma oportunidade – que talvez não se repita – de conhecer a verdade e vencer o medo.

Se os gerasenos tivessem interrogado Jesus acerca do que constatavam e, temendo, não compreendiam, teriam ficado a saber quem era O que os visitava e, mais, porque fizera tal coisa.
Então, tudo seria diferente, Jesus ficaria com eles e o ganho seria extraordinário.

Cristo nunca deixa sem resposta aqueles que O interrogam com verdadeira e sã vontade de conhecer e compreender os mistérios de Deus e, uma das respostas do Senhor, é a dádiva da Fé.

(ama, comentário sobre Mc 5, 1-20)


Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 

Vol. 1

LIVRO V

CAPITULO VIII

Os que dão o nome de destino, não à posição dos astros, mas à conexão das causas que depende da vontade de Deus.

Há ainda os que dão o nome de destino, não à posição dos astros tal como se verifica quando cada coisa é concebida, nasce ou principia, mas à conexão e à série de causas que faz com que tudo seja o que é. Não vale a pena estabelecer com eles uma laboriosa controvérsia por causa de uma palavra. É que atribuem essa ordenação e uma certa conexão das causas à vontade e ao poder de um Deus supremo que — acreditamo-lo da melhor vontade e em toda a verdade —, conhece todas as coisas antes que elas aconteçam e nada deixa em desordem. E dele que vêm todos os poderes, embora dele não venham todas as vontades. Que entendem por destino principalmente a própria vontade de um Deus Supremo cujo poder insuperável se estende a todos os seres — prova-se por estes versos que, se não me engano, são de Aneu Séneca:

Conduz-me, pai soberano, senhor das alturas do céu, Para onde te aprouver. Obedecer-te-ei sem demora. Aqui estou sem preguiça. Faz com que eu não queira e gemendo te seguirei. E, posto que cul­pado, suportarei o que ao bom apraz. Os destinos guiam o que obedece e forçam o que resiste [i].

É de toda a evidência que neste último verso ele chama destino ao que acima designara por vontade do Pai soberano. Diz que está preparado para lhe obedecer, para ser de boa vontade conduzido, com receio de ser arrastado contra vontade — porque

os destinos guiam o que obedece e forçam o que resiste [ii].

Apoiam este pensamento estes versos de Homero que Cícero traduziu para latim:

São as mentes dos homens como a luz com que o próprio pai Júpiter quis iluminar a terra fecunda.

A opinião de um poeta pouca autoridade teria nesta questão; mas, porque ele (Cícero) diz que os estóicos, para defenderem a força do destino, costumam citar estes versos de Homero, não se trata já da opinião de um poeta mas da dos filósofos. É por meio destes versos, que eles utilizam nas suas discussões, que a sua doutrina acerca do destino se manifesta com clareza. Chamam eles Júpiter ao que crêem ser o Deus Supremo, de quem depende, dizem eles, toda a conexão dos destinos.

CAPÍTULO IX

A presciência de Deus e a livre vontade do homem, contra a definição de Cícero.

Cícero esforça-se por os refutar, mas julga que nada pode contra eles a não ser que suprima a adivinhação. Para o conseguir, chega a negar que haja conhecimento do futuro e sustenta com todas as suas forças que nenhuma previsão dos factos pode haver, quer nos homens quer em _ Deus. Desta maneira, não só nega a presciência de Deus, mas também procura destruir toda a profecia, mesmo que ela seja mais clara do que a luz, com vãos argumentos e opondo a si mesmo certos oráculos que facilmente se podem refutar — mas nem sequer isto mesmo consegue.

Mas, ao refutar as conjecturas dos astrólogos, a sua retórica triunfa porque elas na verdade são de tal jaez que a si próprias se destroem e se refutam. Todavia, são muito mais desculpáveis os que admitem a fatalidade astral do que ele, que suprime a presciência do futuro. Efectivamente, é extremada insânia admitir que Deus existe e negar-lhe o conhecimento do futuro.

Quando ele próprio se deu conta disso escreveu um texto sobre a ideia que a Escritura condensa na frase:

Disse o louco no seu coração: Não há Deus [iii],

mas sem o fazer em seu próprio nome. Viu quanto isso seria revoltante e molesto e encarregou Cota, nos livros De natura deorum [iv], de sustentar a discussão acerca desta matéria contra os estóicos; mas antes quis pôr-se do lado de Lucílio Balbo, a quem tinha confiado a defesa das opiniões dos estóicos, do que do lado de Cota que nega que haja qualquer natureza divina. Mas nos livros De divinatione [v], é em seu próprio nome que abertamente ataca a presciência do futuro. Parece que Cícero fez tudo isto para que, admitindo-se o destino, se não negue a vontade livre. Pensa ele que, uma vez admitida a ciência do futuro, o destino se toma uma consequência necessária e inegável. Mas aonde quer que levem tão tortuosas controvérsias e as discussões dos filósofos, o que nós confessamos é que há um Deus Supremo e verdadeiro, tal como confessamos a sua vontade, o seu poder supremo e a sua presciência; nem temos medo de poder fazer sem vontade o que voluntariamente fazemos, lá porque prevê o que havemos de fazer Aquele cuja presciência se não pode enganar. Foi este receio que levou Cícero a impugnar a presciência e os estóicos a dizerem que nem tudo acontece necessariamente, embora sustentem que tudo acontece fatalmente.

Que é, pois, que Cícero receou na presciência do futuro, para procurar abalá-la com uma argumentação detestável? Isto: se os acontecimentos futuros são todos previstos, cumprir-se-ão pela mesma ordem por que foram previstos. Se vierem por essa ordem, então a ordem das coisas está determinada pela presciência de Deus; se a ordem dos acontecimentos está determinada, determinada está também a ordem das causas, pois nada pode acontecer que não seja precedido de uma causa eficiente. Se, portanto, a ordem das coisas, pela qual acontece tudo o que acontece, está determinada, fatalmente acontece, diz ele, tudo o que acontece. Mas, se assim é, nada está no nosso poder, e nenhum arbítrio da vontade existe. Mas, se tal admitir­mos, acrescenta ele, toda a vida humana se subverte, em vão se proferem leis, em vão recorremos às censuras ou aos louvores, às críticas ou às exortações, nem haverá mais justiça como prémio para os bons, nem castigos instituídos para os maus.

É, pois, para evitar à humanidade estas consequências indignas, absurdas e perniciosas que ele nega a presciência do futuro. Encerra a alma religiosa no angustioso dilema de escolher de duas uma — ou a nossa vontade tem algum poder, ou existe uma presciência do futuro. Porque, assim pensa, uma e outra não podem coexistir: se admitirmos uma, negamos a outra; se escolhermos a presciência do futuro, suprimimos o arbítrio da vontade; se escolhermos o arbítrio da vontade, suprimimos a presciência do futuro. E assim ele, grande e douto varão, tantas vezes e com tal mestria defensor da vida humana, das duas coisas escolheu o livre arbítrio da vontade; mas, para o consolidar, negou a presciência do futuro e assim, querendo fazer os homens livres, fê-los sacrílegos.

Mas a alma religiosa escolhe uma e outra, confessa uma e outra e fundamenta uma e outra na fé religiosa. Como? Pergunta. Porque, se há uma presciência do futuro, seguem-se todos aqueles acontecimentos que são conexos até se chegar ao ponto em que na nossa vontade já nada há. Mas, se, pelo contrário, alguma coisa depende da nossa vontade, os mesmos argumentos virados do avesso, nos levam a demonstrar que não há presciência do futuro. Eis como se viram do avesso todas essas questões: se há um arbítrio da vontade — nem tudo acontece fatalmente; se nem tudo acontece fatalmente, a ordem das causas não está determinada; se a ordem das causas não está determinada, também não está determinada na presciência de Deus a ordem dos acontecimentos, porque eles não se podem realizar sem causas que os precedam e os produzam; se a ordem dos aconte­cimentos não está determinada pela presciência divina eles não acontecem todos como Deus previu que aconteceriam: e portanto em Deus, diz ele, não há presciência de todos os futuros.

É contra estas audácias ímpias e sacrílegas que nós afirmamos, não só que Deus conhece todos os acontecimentos antes que eles se verifiquem, mas também que fazemos voluntariamente tudo o que sabemos e temos consciência de que o fazemos apenas porque o queremos.

Não dizemos que tudo acontece fatalmente; dizemos antes que nada acontece fatalmente; porque a palavra fatal ou destino, no sentido que é costume dar-se-lhe, isto é, designando a posição dos astros no momento em que cada um é concebido ou nasce, demonstramos que nada vale, porque é uma expressão sem sentido. Mas a ordem das causas com que a vontade de Deus muito pode, nem a negamos nem a designamos com o nome de destino salvo, talvez, no sentido que se lhe dá ao derivar fatum (destino) de fari (falar). Não podemos, na verdade, negar o que foi escrito nas Sagradas Escrituras:

Deus falou uma vez e eu ouvi duas coisas: o poder pertence a Deus e a ti, Senhor, a misericórdia, a ti que recompensas cada um conforme as suas obras [vi].

Estas palavras semel locutus est [vii] significam: ele proferiu uma «palavra imóvel» isto é, «irrevogável», tal como conhece irrevogavelmente tudo o que virá a acontecer e tudo o que Ele mesmo terá a fazer.

Com este sentido poderíamos fazer derivar fatum (destino) de fari (falar) se não fosse costume entender-se por esta palavra uma outra coisa para a qual não queremos que o coração dos homens se incline. Mas pelo facto de a ordem das causas estar determinada para Deus, não se conclui que nada depende do arbítrio da nossa vontade. É que as nossas próprias vontades pertencem à ordem causal, certa para Deus e contida na sua presciência. As vontades humanas são efectivamente as causas das acções humanas, e, por conseguinte, aquele que previu todas as causas das coisas não pôde ignorar, entre as causas, as nossas próprias vontades, pois que previu as causas das nossas acções.

Mas mesmo o que Cícero concede — que nada acontece sem ser pre­cedido de uma causa eficiente — é bastante para o refutar nesta questão. Para que lhe serve, efectivamente, afirmar que nada acontece sem causa, mas que nem toda a causa é fatal, pois que há causas fortuitas, causas naturais, causas voluntárias? Basta que reconheça que nada acontece senão em virtude de uma causa anterior. As causas que se chamam fortuitas, donde fortuna tirou o nome, não dizemos que não existem. Dizemos antes que estão escondidas. E atribuímo-las à vontade do verdadeiro Deus ou de qualquer outro espírito. E as pró­ prias causas naturais de forma nenhuma as separamos da vontade d’Aquele que é o autor e o criador de toda a natureza. Até mesmo as causas voluntárias provêm ou de Deus ou dos anjos, ou dos homens ou de alguns animais, se é que se podem chamar vontades a esses movimentos das almas privadas de razão, que as levam a agir conforme a sua natureza quando sentem algum desejo ou aversão. Mas por vontade dos anjos entendo, quer a dos bons, a que chamamos anjos de Deus, quer a dos maus, a que chamamos anjos do Diabo ou ainda demónios. Da mesma forma a dos homens, quer dos bons quer dos maus.

Daqui se colhe que não há causas eficientes de tudo o que acontece que não sejam voluntárias, isto é, procedentes dessa natureza que é sopro (spiritus) de vida. E que também se chama sopro (spiritus) ao ar ou ao vento. Mas este, porque é um corpo, não é sopro (spiritus) da vida. Porém o sopro (spiritus) de vida que tudo vivifica e é criador de todo o corpo e de todo o espírito (spiritus) criados, é o próprio espírito (spiritus) inteiramente incriado. Na sua vontade está o poder supremo que ajuda as vontades boas dos espíritos criados, julga as vontades más e a todas ordena, dando poderes a umas e recusando-os a outras. De facto, assim como é o criador de todas as naturezas, assim é também o dispensador de todos os poderes, mas não de todos os quereres. Realmente, as vontades más não procedem d’Ele porque são contrárias à natureza, que, essa sim, provém d’Ele. Por isso os corpos estão submetidos às vontades — uns às nossas, isto é, de todos os seres viventes mortais e, aliás, mais os dos homens do que os dos animais; outros às dos anjos; mas todos estão submetidos principal­mente à vontade de Deus, de quem dependem também todos os quereres, porque eles não têm outros poderes que não sejam os que Ele lhes concede.

Também a causa das coisas, que faz mas não é feita, é Deus. Mas há as outras causas que fazem e são feitas: como são todos os espíritos criados, principalmente os racionais. Mas as causas corporais que são mais actuadas do que actuantes, nem sequer entre as causas eficientes devem ser enumeradas, porque o que elas podem realizar é apenas o que as vontades dos espíritos produzem, delas se servindo.

Como é, então, que a ordem das causas que está determinada (certa) na presciência de Deus faz com que nada dependa da nossa vontade quando nessa mesma ordem de causas as nossas vontades ocupam lugar importante? Pois lá se avenha Cícero com aqueles que afirmam ser fatal esta ordem de causas ou, melhor dizendo, dão o nome de destino a essa ordem — o que nos causa repulsa principalmente porque com tal palavra é costume nada se entender na realidade. Mas, quando Cícero nega que a ordem de todas as causas está totalmente determinada (certíssima) e perfeitamente conhecida (notissima) da presciência de Deus, mais do que os estóicos detestamos nós essa opinião. Efectivamente, ou ele nega a existência de Deus, como tentou fazê-lo por interposta pessoa nos livros De natura deorum [viii], ou então confessa a sua existência mas nega a sua presciência do futuro, e nesse caso nada mais faz do que repetir o que disse o insensato em seu coração: Não há Deus [ix]. Efectivamente, quem não tem a presciência de todos os acontecimentos futuros certamente que não é Deus. Aí está porque é que mesmo as nossas vontades apenas podem o que Deus quis e previu que pudessem.

Portanto, o que elas podem, podem-no com certeza, e serão elas próprias que hão-de fazer o que devem fazer — porque o que elas poderão e terão a fazer, isso mesmo foi previsto por Aquele cuja presciência não se pode enganar.

Por isso, se me agradasse aplicar o nome de «destino» a qualquer coisa, preferia dizer: «o destino aplica-se ao inferior, e ao superior aplica-se a vontade que o mantém submetido ao seu poder», a retirar à vontade o arbítrio na ordem de causas a que os estóicos costumam apelidar, sem repugnância, de destino.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Séneca, Epist 107, 11.
[ii] Id. Ib.
[iii] Salmo XIII, 1.
[iv] Cícero, De natureza deorum, XIII
[v] «Acerca da adivinhação». Trata-se antes do De Fato (O destino) e não do De divinatione que Santo Agostinho não utilizou no De Civitate Dei.
[vi] Salmo LXI, 12-13.
[vii] «falou uma vez». ut supra.
[viii] Acerca da natureza dos Deuses, Cícero.
[ix] Cicero. Salmo XIII, 1.

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
29 - [1]

De acordo com o que disseste, esta “Doutrina” envolve só crítica ou aponta caminhos concretos?

Respondo:

A Igreja, evidentemente, denuncia sempre que acha conveniente, situações ou comportamentos que de alguma forma atentem contra a dignidade da pessoa humana. Mas não deixa de apontar caminhos que na sua “visão” universal pensa os mais adequados para conseguir os fins propostos.

O documento oferece um quadro abrangente das linhas fundamentais do «corpus» doutrinal do ensinamento social católico.
Tal quadro consente afrontar adequadamente as questões sociais do nosso tempo, que é mister enfrentar com uma adequada visão de conjunto, porque se caracterizam como questões cada vez mais interligadas, que se condicionam reciprocamente e que sempre mais dizem respeito a toda a família humana.
A exposição dos princípios da doutrina social da Igreja entende sugerir um método orgânico na busca de soluções aos problemas, de sorte que o discernimento, o juízo e as opções sejam mais consentâneas com a realidade e a solidariedade e a esperança possam incidir com eficácia também nas complexas situações hodiernas.
Os princípios, efectivamente, se evocam e iluminam uns aos outros, na medida em que exprimem a antropologia cristã [i], fruto da Revelação do amor que Deus tem para com a pessoa humana.
Tenha-se, entretanto, na devida consideração que o transcurso do tempo e a mudança dos contextos sociais requererão constantes e actualizadas reflexões sobre os vários argumentos aqui expostos, para interpretar os novos sinais dos tempos.



[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.




[i] Cf. João Paulo II, Carta encicl. Centesimus annus, 55: AAS 83 (1991) 860.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 15

1.ª Viagem Missionária: [ii]

Carta apostólica

22Então, os Apóstolos e os Anciãos, de acordo com toda a Igreja, resolveram escolher alguns de entre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé. Foram Judas, chamado Barsabas, e Silas, homens respeitados entre os irmãos. 23E mandaram a seguinte carta por intermédio deles:

«Os Apóstolos e os Anciãos, vossos irmãos, aos irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações!

24Tendo conhecimento de que, sem autorização da nossa parte, alguns dos nossos vos foram inquietar, perturbando as vossas almas com as suas palavras, 25resolvemos, de comum acordo, escolher delegados e enviar-vo-los com os nossos queridos Barnabé e Paulo, 26homens estes que expuseram as suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. 27Enviamos, pois, Judas e Silas, que vos transmitirão verbalmente as mesmas coisas. 28O Espírito Santo e nós próprios resolvemos não vos impor outras obrigações além destas, que são indispensáveis: 29abster-vos de carnes imoladas a ídolos, do sangue, de carnes sufocadas e da imoralidade. Procedereis bem, abstendo-vos destas coisas. Adeus.»

30Eles, então, depois de se despedirem, desceram a Antioquia e, reunindo a assembleia, entregaram a carta. 31Depois de a lerem, todos ficaram satisfeitos com o encorajamento que lhes trazia. 32Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e fortaleceram os irmãos com um longo discurso.

33Ao fim de algum tempo, receberam dos irmãos a paz da despedida, regressando para junto dos que os tinham enviado. 34Silas, porém, resolveu ficar ali, e Judas partiu sozinho para Jerusalém.



[i] (13,1-28,31)
[ii] 13,1-14,28

Bento XVI – Pensamentos espirituais 130

«Magnificat anima mea dominum»


«A minha alma engrandece o Senhor» [i], [Maria] exprime assim todo o programa da sua vida: não colocar-se a si mesma ao centro, mas dar espaço ao Deus que encontra tanto na oração como no serviço ao próximo - só então o mundo se torna bom.

Maria é grande, precisamente porque não quer fazer-se grande a si própria, mas engrandecer a Deus.

Encíclica Deus Caritas Est, n.a 4, (Fevereiro de 2006)

 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)



[i] (Lc l, 46)

Hoy el reto del amor es que escuches a una persona

ESCUCHAR Y ORAR

Desde hace cinco días he perdido la voz. Empecé con un dolor de garganta que derivó en gripe y, como consecuencia, he perdido la voz, con todo lo que eso conlleva.

Me ha tocado hablar muy bajo y esto ha sido muy bueno, porque me he dado cuenta de que, como no podía hablar con un volumen normal, a veces pasaba desapercibida.

Por otro lado, al ir al locutorio he tenido que ir en escucha y, sobre todo, lo que he hecho ha sido, al escuchar, rezar por las personas mientras hablaban. Me daba cuenta de lo importante que es escuchar con atención activa, sintiendo lo que realmente la otra persona te quiere transmitir.

Y, para más sentido del humor, el Señor me puso delante el texto bíblico en que Zacarías dudó y se quedó mudo. Orando con él, me daba cuenta de cómo la falta de voz para mí estos días ha sido una bendición, porque he podido escuchar muchísimo más y, sobre todo, sentir con el corazón de las personas. Si miras a tu alrededor, te vas a dar cuenta de que todo el mundo necesita hablar, compartir, y que hay pocos que quieran escuchar, pero escuchar desde el amor.

Cuando escuchas puedes ofrecer una sonrisa, un gesto de aceptación, puedes con tu rostro expresar luz para la persona que tienes delante... Aunque la situación que te esté compartiendo no tenga solución, tu acogida sin palabras vale oro. No necesitas decir nada, sé valiente y aguanta ese silencio en el que la presencia de Cristo se va a hacer fuerte. Da vida y amor a la persona desde lo que eres, no tengas miedo a permanecer en ese problema, en esa situación incomoda. Pide a Cristo permanecer amando: que nada ni nadie te quite del camino del amor, porque este camino no necesita de palabras; su lenguaje lo entiende todo el mundo.

Hoy el reto del amor es que escuches a una persona, pero escúchala sin juzgar, sin anticipar lo que te pueda decir, escúchala desde el amor y dedícale 15 minutos sin móvil, sin que nada te interrumpa. Y, al acabar, reza algo por ella, por lo que te ha compartido.

VIVE DE CRISTO
Año del Señor 2017, Lerma,3 de enero


Pequena agenda do cristão



SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?