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28/12/2016

Piedosos como meninos

– Jesus, considerando agora mesmo as minhas misérias, digo-te: Deixa-te enganar pelo teu filho, como esses pais bons, carinhosos, que põem nas mãos do seu menino a dádiva que dele querem receber..., porque sabem muito bem que as crianças nada têm. E que alvoroço o do pai e o do filho, ainda que ambos estejam no segredo! (Forja, 195)

A vida de oração e de penitência e a consideração da nossa filiação divina transformam-nos em cristãos profundamente piedosos, como meninos pequenos diante de Deus. A piedade é a virtude dos filhos e, para que o filho possa entregar-se nos braços do seu pai, há-de ser e sentir-se pequeno, necessitado. Tenho meditado com frequência na vida de infância espiritual, que não se contrapõe à fortaleza, porque requer uma vontade rija, uma maturidade bem temperada, um carácter firme e aberto.

Piedosos, portanto, como meninos; mas não ignorantes, porque cada um há-de esforçar-se, na medida das suas possibilidades, pelo estudo sério e científico da fé. E o que é isto, senão teologia? Piedade de meninos, sim, mas doutrina segura de teólogos.

O afã por adquirir esta ciência teológica – a boa e firme doutrina cristã – deve-se, em primeiro lugar, ao desejo de conhecer e amar a Deus. Simultaneamente é consequência da preocupação geral da alma fiel por alcançar a mais profunda compreensão deste mundo, que é uma realização do Criador. Com periódica monotonia, há pessoas que procuram ressuscitar uma suposta incompatibilidade entre a fé e a ciência, entre a inteligência humana e a Revelação divina. Tal incompatibilidade só pode surgir, e só na aparência, quando não se entendem os termos reais do problema.


Se o mundo saiu das mãos de Deus, se Ele criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma chispa da sua luz, o trabalho da inteligência deve ser – embora seja um trabalho duro – desentranhar o sentido divino que naturalmente já têm todas as coisas. E, com a luz da fé, compreendemos também o seu sentido sobrenatural, que resulta da nossa elevação à ordem da graça. Não podemos admitir o medo da ciência, visto que qualquer trabalho, se é verdadeiramente científico, tende para a verdade. E Cristo disse: Ego sum veritas. Eu sou a verdade. (Cristo que passa, 10)

Evangelho e comentário

       Tempo do Natal

Santos Inocentes

Evangelho: Mt 2, 13-18

13 Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse: «Levanta-te, toma o Menino e Sua mãe, foge para o Egipto, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar».14 ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e Sua mãe, e retirou-se para o Egipto. 15 Lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta: “Do Egipto chamei o Meu filho”. 16 Então Herodes, percebendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo, e mandou matar, em Belém e em todos os seus arredores, todos os meninos de idade de dois anos para baixo, se­gundo a data que tinha averiguado dos Magos. 17 Cumpriu-se então o que estava anunciado pelo profeta Jeremias: 18 “Uma voz se ouviu em Ramá, pranto e grande lamentação; Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem”.

Comentário:

Começa já a perseguição!


Tão indefeso e inerme nos braços de Tua Mãe e já os homens Te procuram com ânsias de Te fazerem mal.


Não querem que Tu, Rei anunciado pelos Profetas, reines sobre eles.


Menino Jesus, meu Menino Jesus, que eu seja capaz de Te defender, sempre.


Aperto-te contra o meu peito e não deixo ninguém fazer-te mal.


Meu Menino Jesus, reina no meu coração e transforma-me num súbdito fiel.


Meu Menino Jesus, transformam-me na criança que quero ser, para brincar contigo, inocente e alegre.


(ama, meditação sobre Mt 2, 13-18, 2009.11.29)





Leitura espiritual

Leitura espiritual




A Cidade de Deus 


Vol. 1

CAPÍTULO XX

Não há autoridade que permita aos cristãos, seja por que razão for, que voluntariamente acabem com a própria vida.

Não é sem razão que é possível encontrar nos santos livros canónicos qualquer passo em que se preceitue ou se permita darmo-nos a morte, quer para evitarmos algum mal, quer mesmo para conseguirmos a imortalidade. Pelo contrário, devemos considerar-nos disso proibidos por este preceito da lei: não matarás [i], sobretudo por se não ter acrescentado «o teu próximo», tal como o que se diz ao proibir-se o falso testemunho:
Não darás falso testemunho contra o teu próximo [ii].
Contudo, se alguém der contra si falso testemunho, não se julgue livre deste crime — porque a regra de amar o próximo a tem em si próprio o que ama, segundo o texto:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo [iii].

Pois bem, não seria menos réu de falso testemunho quem o levantasse contra si próprio do que quem o levantasse contra o próximo. Mas, se, no preceito que proíbe o falso testemunho, esta proibição se limita ao próximo e numa incorrecta compreensão alguém pode entender que lhe é permitido apresentar-se com falso testemunho contra si mesmo — com quanta maior força se há-de entender que não é lícito ao homem acabar com a própria vida, já que no texto non occides sem mais acrescentamentos, ninguém se pode considerar exceptuado, nem mesmo aquele a quem é dirigido o preceito.

Daí que alguns pretendam estender este preceito aos animais selvagens e domésticos, e por ele lhes seja vedado matá-los. E porque não também às plantas e tudo o que por raízes se fixar ao solo e dele se alimenta? Efectivamente, as coisas deste género, embora não sintam, diz-se que vivem e por isso podem morrer e até se podem matar se se usar de violência. A propósito, diz o Apóstolo falando das sementes das plantas:
O que semeias não se vivificará se não morrer [iv].
E no salmo está escrito:
Matou-lhes as vinhas com granizo [v].
Quer dizer que, em virtude do preceito non occides, devemos considerar ilícito arrancar abrolhos, e adoptar estultamente o erro dos maniqueus? Arredemos pois estes devaneios e quando lermos non occides não incluamos nesta proibição as plantas que carecem de sensibilidade, nem os animais irracionais, tais como as aves, os peixes, os quadrúpedes, os répteis, diferentes de nós na razão pois que a eles não foi concedido participar dela connosco. Por justa disposição do Criador, a sua vida e a sua morte estão ao nosso serviço. Só nos resta concluir que temos de aplicar apenas ao homem as palavras não matarás — nem a outro nem a ti próprio matarás pois quem a si próprio se mata, mata um homem [vi]

CAPÍTULO XXI

Casos em que a execução do homem não constitui o crime de homicídio.

A própria autoridade divina opôs algumas excepções ao princípio de que não é lícito matar um homem. Mas trata-se de excepções em que ordena que se dê a morte, quer por uma lei promulgada, quer por uma ordem expressa que, na ocasião, visa certa pessoa. (Mas então aquele que deve o seu ministério ao chefe que manda, não é ele próprio que mata; comporta-se como um instrumento como a espada para o que a utiliza. Por isso não violaram o preceito não matarás os homens que, movidos por Deus, levaram a cabo guerras, ou os que, investidos de pública autoridade e respeitando a sua lei, isto é, por imperativo de uma razão justíssima, puniram com a morte os criminosos. Assim Abraão, não só não é culpado do crime de crueldade, como até foi louvado com o nome de piedade por querer executar o filho, não criminosamente mas por obediência. Pergunta-se com razão se se deve tomar como uma ordem de Deus o caso de Jefté, que deu a morte à sua filha por ter sido ela quem, correndo, saiu ao seu encontro pois ele tinha feito a promessa de imolar a Deus o primeiro ser que viesse ao seu encontro quando voltasse vitorioso da batalha. Nem Sansão seria de qualquer forma desculpado de se ter a si mesmo sepultado com os seus inimigos na ruína do templo, se o Espírito Santo, que por seu intermédio fizera milagres, lho não tivesse no íntimo ordenado. Portanto, à excepção destes, a quem é dada a ordem de matar, quer de uma forma geral por uma lei justa, quer de um modo particular pela própria fonte da justiça que é Deus — o que matar um homem, quer se trate de si mesmo, quer se trate de qualquer outro, é arguido do crime de homicídio.

CAPÍTULO XXII

A morte voluntária jamais pode constituir uma prova de fortaleza de ânimo.

Todos os que contra si próprios perpetraram este crime, talvez sejam dignos de admiração pela sua fortaleza de ânimo, mas não devem ser louvados pela sanidade da sua razão. Se mais cuidadosamente consultares a razão, nem sequer lhe poderemos chamar fortaleza de ânimo, pois entregaram-se à morte por não poderem suportar as contrariedades da vida ou os pecados alheios. Antes se reconhece neste caso uma alma débil que não é capaz de suportar a dura servidão do seu corpo nem a estulta opinião do vulgo. Muito mais esforçado se deve considerar o ânimo que é mais capaz de suportar uma vida penosa do que fugir dela e que à luz de uma consciência pura, despreza o juízo humano, sobretudo o vulgar, a maior parte das vezes envolvido nas trevas do erro. Se se deve considerar caso de fortaleza de ânimo que um homem a si próprio imponha a morte — nesse caso de fortaleza de ânimo se encontra antes Teômbroto. Contam deste que, depois de ter lido um livro de Platão acerca da imortalidade da alma, se atirou de um muro abaixo, passando assim desta para a vida que considerava melhor. Nenhuma calamidade, nenhum crime, verdadeiro ou falso, impossível de suportar, o compeliu. Apenas a fortaleza de ânimo lhe bastou para abraçar a morte e quebrar os suaves laços desta vida. O próprio Platão que acabara de ler, pôde testemunhar que aquele acto tinha mais de grandeza que de bondade. Seguramente que este teria sido o primeiro a realizá-lo e até a ordená-lo se, graças a essa inteligência que lhe mostrou a imortalidade da alma, ele não tivesse julgado que era possível evitá-lo de qualquer forma e proibi-lo até.

Mas o certo é que muitos se mataram para não caírem nas mãos do inimigo. Não procuramos saber se isso é um facto — mas sim se deveria ter acontecido. Aos exemplos deve ser anteposto um são juízo. Há exemplos, com certeza, que com este juízo estão de acordo — e são tanto mais dignos de imitação quanto mais notáveis são pela sua
piedade religiosa.

Não se mataram os patriarcas, nem os profetas, nem os apóstolos. O próprio Cristo Senhor, quando os aconselhou a fugirem de uma cidade para outra cidade em caso de perseguição, poderia com certeza tê-los aconselhado a morrerem às suas próprias mãos para não caírem nas mãos dos seus perseguidores. Mas não: ele não ordenou nem aconselhou aos seus que assim deixassem esta vida: prometeu-lhes, sim, aos que de cá partissem, que lhes prepararia moradas eternas. É, pois, manifesto que, aos que adoram o único Deus verdadeiro, isso não é permitido, por mais exemplos que em contrário apresentem os povos que a Deus desconhecem.

CAPÍTULO XXIII

Valor do exemplo de Catão, que se suicidou por não poder suportar a vitória de César.

Contudo, além do caso de Lucrécia, de que acima me parece que já dissemos bastante, não encontram eles uma autoridade a invocar a não ser a de Catão, que se suicidou em Útica. Não foi o único a fazê-lo; mas, como passava por um homem probo e douto, julgou-se justamente por isso que se poderia e ainda se pode fazer legitimamente o que ele fez.

Que direi que valha a pena acerca deste facto, a não ser que os seus amigos, alguns deles homens cultos, o dissuadiram com prudência de consumar o suicídio, pois eram de opinião de que a façanha era mais própria de uma mentalidade cobarde do que valorosa, por deixar patente que não se tratava de uma honra que pretende evitar a desonra mas sim de debilidade que não é capaz de suportar a adversidade?

Assim pensou o próprio Catão a respeito do seu filho muito querido. Se era vergonhoso viver humilhado pela vitória de César, porque é que ele se tornou para com o seu filho em instigador de uma tal vergonha, prescrevendo-lhe que tudo esperasse da benevolência de César? Porque é que não o obrigou a morrer com ele? Se Torcato executou com aplauso o próprio filho — , aquele filho que, contra as suas ordens, lutou contra o inimigo e alcançou a vitória — , porque é que Catão se não perdoou a si próprio, vencido, e perdoou a seu filho, também vencido? Seria mais desonroso ser vencido contra uma ordem do que suportar o vencedor contra a honra? Catão não considerou desonroso viver submetido a César. Doutra forma, teria libertado o filho da desonra com a espada paterna. Porquê então, a não ser por isto: amou tanto o filho para quem quis e esperou a clemência de César — quanto invejou, como se conta ter dito, o próprio César, ou (digamo-lo mais benignamente) envergonhou-se da glória que ao próprio César adviria se o poupasse.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Non occides.
Êxodo, X X , 13.
[ii] Falsum testimonium non dices adrersus proxinum tuum.
Êxodo, XX, 16.
[iii] Diliges proximum tuum tanquam te ipsúm.
Mat. XXII, 39.
[iv] Tu quod seminas non vivificatur, nisi moriatur.
I Cor., XV, 36.
[v] Occidit uites eorum in grandine.
Salmo LXXVII, 47.
[vi] 6 Questão do suicídio.
A — Será legítimo o suicídio? No paganismo, foram dadas à questão soluções diversas:
— Platão condena o suicídio (Fedon), mas admite-o no caso de doença incurável ou de desonra (Leis XI, 873).
— Aristóteles condena-o, considerando-o uma cobardia (Eth. Ad Nicom. III, 11).
— Diógenes de Laércio e os cínicos autorizam-no.
— Epicteto e os estóicos condenam-no (Dissert I, 9) em princípio; admitem-no, porém, em circunstâncias especiais. V. Cícero, Tascul. I, 34.
— Séneca começa por o admitir, mas acaba por confessar que «o homem de coração, o sábio, não foge da vida: sai dela». (Ep. 24-25).
— São ainda contra o suicídio os neo-platónicos. (Plotino, Enéadas, I, 4.

B — Santo Agostinho condena-o sem reservas. Nem o sofrimento — que é purificador, como no caso de Job; nem o receio de cair nas mãos do inimigo; nem a ameaça de martírio— que é uma graça; nem a desonra — pois que o pecado só na alma existe e um corpo violado mantém-se puro se a vontade não aderiu ao pecado alheio; nem o receio de perder a salvação — pois, a ser motivo, todos os neófitos se deviam suicidar logo após o baptismo; nem o medo da violência — pois afinal sempre comete violência contra si o que se suicida.

Sobre o caso, v. B. Roland-Gosselin, La Morale de Saint Augustin, Paris, 1925.

C — Todavia, perante certos casos de suicídio, cometido em certas circunstâncias por pessoas a quem a Igreja presta culto — tais como os referidos por Eusébio de Cesareia na sua «História Eclesiástica» (II, 8, 34), o de Santa Apolónia, o dos Santos Bernice, Prosdoce e Domnina, o de Santa Pelágia (P. G. 579-785 e P. L. XVI, 229, S. Ambrosio in «De Virginitate» III, 7, 33) — Santo Agostinho prudentemente declara:
«não me atrevo a afirmar temerariamente nada acerca delas (de his nihil temere audeo judicare (v. De Civ. Dei L. I cap. XXVI). A celeberrima veneratio (De Civ. Dei. L. I cap. XXVI) em que eram tidas pela Igreja católica impedia-o de formar um juízo que não fosse o de que essas pessoas não agiram por qualquer ilusão humana mas por inspiração ou mandato divino.

Sobre este ponto, v. R. Thamim, Un problème moral dans 1’Antiquité, Paris, 1883; A. Bayet, Le Suicide et la morale, Paris, 1902; H. Deleaye, Les légendes hagiografiques, Brux. 1927; idem, Les origines du culte des martyrs, Brux., 1921; P. Morceaux, Histoire Litt. de 1’Afrique Chrét., T. VI. Paris 1922.
Bernice, Prosdoce e Domnina, o de Santa Pelágia (P. G. 579-785 e P. L. XVI, 229, S. Ambrosio in «De Virginitate» III, 7, 33) — Santo Agostinho prudentemente declara:
«não me atrevo a afirmar temerariamente nada acerca delas (de his nihil temere audeo judicare (v. De Civ. Dei L. I cap. XXVI). A celeberrima veneratio (De Civ. Dei. L. I cap. XXVI) em que eram tidas pela Igreja católica impedia-o de formar um juízo que não fosse o de que essas pessoas não agiram por qualquer ilusão humana mas por inspiração ou mandato divino.

Sobre este ponto, v. R. Thamim, Un problème moral dans 1’Antiquité, Paris, 1883; A. Bayet, Le Suicide et la morale, Paris, 1902; H. Deleaye, Les légendes hagiografiques, Brux. 1927; idem, Les origines du culte des martyrs, Brux., 1921; P. Morceaux, Histoire Litt. de 1’Afrique Chrét., T. VI. Paris 1922.
5 Occidit uites eorum in grandine.
Salmo LXXVII, 47.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

I. A IGREJA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 6

Instituição dos Sete

1Por esses dias, como o número de discípulos ia aumentando, houve queixas dos helenistas contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. 2Os Doze convocaram, então, a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. 3Irmãos, é melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. 4Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra.»

5A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. 6Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos.

7A palavra de Deus ia-se espalhando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém, e grande número de sacerdotes obedeciam à Fé.



[i] (1,12-6,7)

Cacaos mentales

Cacaos mentales

Uno no puede por menos de asombrarse del cacao mental que demuestran tanto Fillon, que ha resultado ser el vencedor, como sobre todo Juppé. Para un católico, para cualquier católico que se considere tal, "el aborto y el infanticidio son crímenes abominables".

Escribo este artículo un tanto impactado por algo que leí en la prensa del día 23 sobre la lucha entre François Fillon y Alain Juppé por el liderazgo de la derecha francesa. Leo en ABC: “Ambos aspirantes intercambiaron ayer ataques a propósito de su visión de la familia y del aborto. Fillon es contrario a la adopción por parte de parejas homosexuales, y Juppé la apoya. Sobre todo, Fillon afirma que no puede estar a favor del aborto 'desde el punto de vista filosófico y religioso’ como católico. Juppé en cambio (que se define como ‘católico agnóstico’) es partidario del aborto”. Sin embargo Fillon matiza su posición y califica el aborto “como un derecho que nadie se replanteará”.

Según el periódico La Rioja, Juppé dice de su adversario que “pertenece a una familia tradicionalista y yo soy mucho más abierto al modernismo, me siento más próximo al Papa Francisco que a Sentido Común o La Manifa para todos’, dijo el lunes en referencia a los movimientos cristianos que se opusieron a la legalización del matrimonio homosexual por los socialistas y que apoyan a Fillon”.

Cuando uno lee estas cosas, uno no puede por menos de asombrarse del cacao mental que demuestran tanto Fillon, que ha resultado ser el vencedor, como sobre todo Juppé. Para un católico, para cualquier católico que se considere tal, “el aborto y el infanticidio son crímenes abominables” nos dice el Concilio en la Gaudium et Spes nº 51, y por tanto no puede ser un derecho. Por su parte el Papa Francisco en su Carta Apostólica Misericordia et Misera de este 21 de noviembre nos dice sobre él: “Quiero enfatizar con todas mis fuerzas que el aborto es un pecado grave, porque pone fin a una vida humana inocente. Con la misma fuerza, sin embargo, puedo y debo afirmar que no existe ningún pecado que la misericordia de Dios no pueda alcanzar y destruir, allí donde encuentra un corazón arrepentido que pide reconciliarse con el Padre”. El aborto es un pecado grave que como todos necesita arrepentimiento para su perdón.

La responsabilidad del aborto abarca por supuesto a los políticos. Por ello San Juan Pablo II nos dice: “La responsabilidad implica también a los legisladores que han promovido y aprobado leyes que amparan el aborto” (encíclica Evangelium Vitae nº 59), porque “una ley intrínsecamente injusta, como es la que admite el aborto, nunca es lícito someterse a ella, ni participar en una campaña de opinión a favor de una ley semejante, ni darle el sufragio del propio voto” (EV nº 73).

Benedicto XVI en su Exhortación Apostólica Sacramentum Caritatis de febrero de 2007, nº 83, dice: “El culto agradable a Dios nunca es un acto meramente privado, sin consecuencias en nuestras relaciones sociales; al contrario exige el testimonio público de la propia fe. Obviamente, esto vale para todos los bautizados, pero tiene una importancia particular para quienes, por la posición social o política que ocupan, han de tomar decisiones sobre valores fundamentales, como el respeto y la defensa de la vida humana, desde su concepción hasta su fin natural, la familia fundada en el matrimonio entre hombre y mujer… Estos valores no son negociables”.

Pero desgraciadamente el aborto no es algo aislado, sino que forma parte de ese complejo que se llama ideología de género y que abarca todas las relaciones sexuales en una línea totalmente anticatólica, relativista y hedonista sobre la que el Papa Francisco declaraba el pasado 2 de octubre: “Educar a los niños en la ideología de género es una maldad”. Recordemos que nuestra infame Ley del Aborto del 2010 se llama “Ley de Salud Sexual y reproductiva y del Interrupción voluntaria del embarazo”, ratificada por la Ley del 2012, incluyéndose en ambas la perspectiva de género.

Volviendo a Francia, no entiendo la declaración de Juppé: “Soy católico agnóstico”. O eres católico o eres agnóstico, pero las dos cosas a la vez, no. Como tampoco entiendo que se pueda tener tal ignorancia religiosa como demuestra Juppé, aunque después de Zapatero o la Cifuentes no me asombra nada, cuando dice que se siente más próximo al Papa Francisco que a los movimientos cristianos que se oponen a la legalización del matrimonio homosexual, puesto que la postura del Papa Francisco, que ya expresó de cardenal, ante este problema es de rotunda oposición a la consideración de la unión homosexual como matrimonio, “porque está en juego la identidad y la supervivencia de la familia, así como la vida de tantos niños que serán discriminados de antemano privándolos de la maduración humana que Dios quiso se diera con un padre y una madre. Ello además supone un rechazo frontal a la ley de Dios, grabada en nuestros corazones”. Incluso afirma: “No seamos ingenuos; no se trata de una simple lucha política, es la pretensión destructiva al plan de Dios. No se trata de un mero proyecto legislativo (éste es sólo el instrumento) sino de una ´´movida´´ del padre de la mentira que pretende confundir y engañar a los hijos de Dios” (20-VI-2010).

Termino aprovechando la ocasión para decir que con mucha frecuencia he encontrado gran diferencia entre lo que realmente dice el Papa Francisco y lo que dicen que dice. Cuando algo nos suene raro, procuremos confirmar la noticia con fuentes de verdad fidedignas, no lo que dice cualquier periódico o televisión, incluso aunque se ponga en boca de políticos que debieran saber lo que dicen.

pedro trevijano,29 noviembre 2016


Pequena agenda do cristão



Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?