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11/12/2016

Em nome de Deus: não desesperes

São santos os que lutam até ao final da sua vida: os que se sabem levantar sempre depois de cada tropeção, de cada queda, para prosseguir valentemente o caminho com humildade, com amor, com esperança. (Forja, 186)

Para que não te afastes por cobardia da confiança que Deus deposita em ti, evita a presunção de menosprezar ingenuamente as dificuldades que aparecerão no teu caminho de cristão. Não temos de estranhar. Trazemos em nós mesmos – consequência da natureza decaída – um princípio de oposição, de resistência à graça: são as feridas do pecado original, agravadas pelos nossos pecados pessoais. Portanto, temos de empreender as ascensões, as tarefas divinas e humanas – as de cada dia – que sempre desembocam no Amor de Deus, com humildade, com coração contrito, fiados na assistência divina e dedicando os nossos melhores esforços, como se tudo dependesse de nós mesmos.

Enquanto pelejamos – uma peleja que durará até à morte – não excluas a possibilidade de que se levantem, violentos, os inimigos de fora e de dentro. E, como se fosse pequeno o lastro, às vezes, acumular-se-ão na tua mente os erros cometidos, talvez abundantes. Em nome de Deus te digo: não desesperes. Quando isso suceder – não tem necessariamente que suceder, nem será o habitual – converte essa ocasião num motivo para te unires mais com o Senhor; porque Ele, que te escolheu como filho, não te abandonará. Permite a prova, para que ames mais e descubras com mais clareza a sua contínua protecção, o seu Amor.


Insisto, tem ânimo, porque Cristo, que nos perdoou na Cruz, continua a oferecer o seu perdão no Sacramento da Penitência e sempre temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele mesmo é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos mas também pelos de todo o mundo, para que alcancemos a Vitória. (Amigos de Deus, 214)

Evangelho e comentário

Tempo do Advento

Evangelho: Mt 11, 2-11

Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».

Comentário:

A última frase deste trecho de São Mateus talvez pareça algo enigmá­tica.

Temos de considerar que quando Jesus Cristo profere estas palavras, a salvação da humanidade ainda não estava completada, ou seja, a humanidade ainda não tinha adquirido a dignidade de filhos de Deus e, por consequência, o Reino dos Céus ainda não lhe estava acessível.

É fácil presumir que, logo após a Ressurreição, o Baptista tenha entrado gloriosamente no seio de Deus e, seguramente ocupado um lugar cimeiro.

Este é, de facto, um dos “últimos que passa a ser dos primeiros”.

(ama, comentário sobre Mt 11, 2-11, 2013.12.15)






Leitura espiritual



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


PRIMEIRA PARTE


A PESSOA DE JESUS CRISTO

Capítulo III


A REALIDADE DA ENCARNAÇÂO DO FILHO DE DEUS


4. O nome de «Filho de Deus» na Sagrada Escritura


a) O título de «Filho de Deus»

O Antigo Testamento dá o título de «Filho de Deus» aos anjos (cf. Dt 32,8), ao povo eleito (cf. 4,22) e aos seus reis (cf. Sam 7,14). Significa então uma filiação adoptiva, umas relações de uma intimidade particular entre Deus e a sua criatura. Por isso, quando se chama «Filho de Deus» ao Messias (cf. Sal 2,7) os judeus entendiam que o designava como um simples homem singularmente bendito por Deus[1]

De modo semelhante, os seguidores do racionalismo dizem que Cristo de pode chamar «filho de Deus» nesse sentido geral, pois n’Ele se desenvolveu de forma singular a consciência da Filiação Divina e se deixou conduzir exemplarmente pelo Espírito divino; quer dizer, viveu a Filiação Divina com especial intensidade, mas não é filho de Deus em sentido próprio e ontológico. Todavia tal não é assim. Vejamo-lo.


b) Jesus é o Filho único de Deus, da mesma natureza do Pai

É suficiente o dito sobre a pré-existência de Jesus, sobre a sua igualdade com o Pai, etc., para ver que Jesus quando se declara Filho de Deus significava que era verdadeiro Deus nascido do Pai. Assim o entendiam os que o escutavam: «Por isto os judeus procuravam com mais afinco matá-lo, pois (…) dizia que Deus era eu Pai, fazendo-se igual a Deus» (Jo 5,17-25) e por isso o condenaram por blasfemo (cf. Mt 26,63-65). Vejamos agora alguns exemplos de Novo Testamento nos quais a expressão «Filho de Deus» manifesta de modo claro o carácter novo e transcendente da sua Filiação Divina.


Jesus distingue sempre a sua filiação ao Pai da filiação dos demais homens com respeito a Deus.

Quando fala com os discípulos não diz jamais «nosso Pai» mas sim «vosso Pai» ou «meu Pai», excepto para lhes ordenar «vós, pois, orai assim: pai-nosso» (Mt 6,9); e sublinhou esta distinção: «Meu Pai e vosso Pai» (Jo 20,17).
E na parábola dos vinhateiros homicidas, referindo-se claríssimamente a si próprio e à morte que o esperava, compara-se com o filho único do dono da vinha, que se distingue dos servos enviados anteriormente pelo dono (cf. Mt 21,33-46)[2].


Jesus é o Filho único de Deus, o Unigénito do Pai.

Ele é o «próprio filho» do Pai (Rom 8,3.32), o Filho único de Deus, o Unigénito do Pai (cf. Jo 3,16,18).


Jesus é o Filho que tem uma identidade de natureza com o Pai:

«Ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Mt 11,25-30). Esta identidade de conhecimento infinito entre o Pai e o Filho implica uma identidade de natureza: Jesus é o Filho que tem a mesma natureza de Deus Pai; Ele não é filho adoptivo de Deus, mas o Filho de Deus por natureza.


Capítulo IV

O MISTÉRIO DA UNIDADE PESSOAL DE JESUS CRISTO


Até agora temos visto que Jesus é verdadeiro Deus, engendrado pelo Pai antes do tempo; e que é verdadeiro homem, engendrado por sua Mãe Maria no tempo; consubstancial ao Pai segundo a divindade e consubstancial connosco segundo a humanidade. Perfeito Deus e perfeito homem.

Agora temos que ver como se unem o divino e o humano em Nosso Senhor. Também aqui estudaremos os principais problemas históricos que se colocaram, e depois daremos algumas explicações para clarificar os conceitos e podermos entender um pouco melhor este profundíssimo mistério que ultrapassa sempre toda a capacidade humana.


1.  A união das duas naturezas na única pessoa de Jesus Cristo
2.   

a) A unidade em Cristo

    A heresia nestoriana e o concílio de Éfeso


O nestorianismo.

Nestório, patriarca de Constantinopla (séculos IV-V), pregou que o título de Theotokos (Mãe de Deus) não era aplicável a Santa Maria. Via em Cristo uma pessoa humana juntamente com a pessoa divina do Filho de Deus, como duas pessoas distintas; a Virgem seria a Mãe dessa pessoa humana, de Cristo, mas não do Filho de Deus.

Nestório sustenta que a união entre as naturezas divina e a humana de Cristo não é segundo a hypóstasis (segundo a pessoa), mas só uma união moral entre dois sujeitos (como um casal). Por esta união o Verbo comunicaria à pessoa humana de Jesus a sua dignidade, ao mesmo tempo que também existiria entre eles uma identidade de vontade e de acção: o Verbo inabitaria em Cristo e obraria milagres por meio dele. Por isso não admite que se atribuam ao Verbo as acções e paixões que segundo ele são da pessoa humana de Jesus: não se poderia dizer que o Filho de Deus nasceu de Maria, nem que morreu, etc.

Nestório foi refutado sobretudo por São Cirilo de Alexandria, e condenado no concílio de Éfeso.


O concílio de Éfeso (ano 431).

Face à heresia nestoriana, este concílio declarou que a humanidade de Cristo não tem mais sujeito que a pessoa divina do Filho de Deus, que assumiu essa natureza humana e a fez sua desde a sua concepção. Por isso Maria é com toda a verdade «Mãe de Deus», não porque o Verbo de Deus tenha tomado dela a sua natureza divina, mas porque dela (…) nasceu o Verbo segundo a carne[3].

Este concílio põe a força dos seus ensinamentos na união das duas naturezas de Jesus Cristo num único sujeito pessoal, na união segundo a hypóstasis: trata-se de uma união incompreensível mas que é real e ontológica. O Verbo na verdade tornou sua a natureza humana, de tal forma que lhe pertence realmente, não só moralmente. O Verbo é o único sujeito de todos os actos divinos e humano de Cristo, como ensina o símbolo de Niceia (o Filho de Deus eterno, pelo qual se fizeram todas as coisas, encarnou de Maria Virgem, foi crucificado, foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, etc.).
A doutrina da maternidade divina de Santa Maria é o reflexo desta doutrina cristológica.


b) A dualidade de natureza. A heresia monofisista e o concílio de Calcedónia

O monofisismo.

Eutiques superior de um mosteiro de Constantinopla (século V), afirmou que Cristo tem uma só natureza composta de duas naturezas distintas. Antes da Encarnação poder-se-ia falar de duas naturezas distintas, a divina e a humana; mas depois da Encarnação em Cristo só há uma[4]. Cristo procederia ex duabus naturis, mas de facto não estaria subsistindo in duabus naturis: teria uma só natureza composta pelas duas, ainda que na realidade, a humanidade teria sido absorvida na infinita pessoa do Filho de Deus.

O Papa São Leão Magno e o concílio de Calcedónia condenaram esta doutrina.


O concílio de Calcedónia (451).

O quarto concílio ecuménico ensinou, contra o monofisismo, que «há que confessar a um só e mesmo Filho e Senhor nosso Jesus Cristo: perfeito na divindade, e perfeito na humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (…) Há-de reconhecer-se a um só e o mesmo Cristo Senhor, Filho único do Pai, em duas naturezas (in duabus naturis), sem confusão, sem troca, sem divisão, sem separação. A diferença de naturezas de nenhum modo fica suprimida pela sua união, antes ficam a salvo as propriedades de cada uma das naturezas e confluem num só sujeito e em só pessoa»[5].

As duas naturezas unem-se em Cristo sem confusão e sem troca ou transmutação entre elas: Deus é transcendente, permanece imutável e não se converte em criatura, a passo que o humano permanece humano e não se transforma em Deus. Jesus Cristo não é uma mistura intermédia de ambos os modos de ser: não existe uma natureza composta pela divina e a humana. Não se apagou de modo algum a infinita diferença e distância entre o Criador e a criatura. E, além disso, as duas naturezas em Cristo unem-se sem divisão e sem separação, como uma união profundíssima e misteriosa, na pessoa do Verbo.

A chave do ensinamento do concílio de Calcedónia está na distinção entre pessoa e natureza: em Cristo duas são as naturezas e uma é a pessoa. Esta distinção não nasce da filosofia helénica mas sim, pelo contrário, nasce da fé e transcende por completo o pensamento grego. Além disso, estes termos não são tomados num sentido tecnicamente filosófico, antes se usam no amplo significado corrente que distingue entre o que é um (sua natureza ou modo de ser que é comum a outros: por ex. um ser humano), e quem um é (a sua pessoa que é individual: p. ex. Pedro).

Os teólogos posteriores explicarão também que se tornaria impossível a união da divindade e da humanidade numa única natureza misturada de ambas, pois a divindade é imutável e absolutamente simples, e não pode deixar de ser o que era e começar a ser outra coisa, nem pode ser parte de uma natureza composta. Além disso, tal união iria contra a fé, pois Cristo já não seria Deus, e tampouco seria verdadeiro homem, mas outra coisa[6]

    
2. Algumas explicações sobre o mistério da unidade ontológica de Cristo


Vimos que a Tradição e o Magistério da Igreja chamam a Jesus Cristo pessoa ou hypóstasis, e empregam, em troca, o termo natureza para designar a sua divindade e a sua humanidade. E é evidente que falaram da unidade de Cristo em chave ontológica, com termos de significado objectivo e real. Procuremos conhecer um pouco mais o significado destes termos.


a) Explicação de algumas noções relativas ao dogma

Pessoa e hypóstasis.

Uma «hypóstasis» o indivíduo é ma substância individual completa, subsistente em si mesma, independente no seu ser de outros indivíduos. Chama-se também «pessoa» quando se trata dos indivíduos mais dignos nos quais se verifica de modo mais perfeito a noção de subsistir (ser por si mesmo): este é o caso dos seres racionais que são donos dos seus actos; p. ex. este homem, Pedro.

Boécio definiu a pessoa como rationalis naturae individua substancia (substância individual de natureza racional), assinalando assim que é uma realidade completa no seu ser (substancia), individual e diferente no que respeita aos outros (individua), e que se caracteriza por ser racional ou intelectual (rationalis naturae).
A pessoa é pois um indivíduo, íntegro e independente no seu ser, que se possui a si mesmo pelo conhecimento e a liberdade. Quando afirmamos que é individual e independente no seu ser não queremos dizer que seja um ser fechado em si mesmo, pois a pessoa só se realiza perfeitamente na abertura e na relação com os outros.


Natureza.

«Natureza» significa a essência específica, quer dizer, aquilo que especifica e define o que uma coisa é; p. ex. a natureza de Pedro é ser homem, a sua humanidade, ser da espécie humana. Também significa o princípio interno pelo qual esse sujeito actua do modo que lhe é próprio, quer dizer, a essência enquanto é o princípio das operações; p. ex. a natureza de Pedro é a sua condição humana com as suas faculdades próprias pelas quais actua como homem.

Vicente Ferrer Barriendos

(Tradução do castelhano por ama)




[1] Cf. CCE, 441.
[2] Esta mesma distinção entre Jesus, o Filho, e os outros servos de Deus aparece em Heb 1,1-3.
[3][3] CONC. DE ÉFESO, DS, 251.
[4] Em grego «fysis» significa natureza. O termo monofisismo, provem de «uma natureza».
[5] CONC. DE CALCEDÓNIA, DS, 301-302.
[6] Cf. S. TH. III,2.1.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

INTRODUÇÃO [i]

Prólogo [ii]

1No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio 2até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu. 3A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias, e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.



[i] (1,1-11)
[ii] (Lc 1,1-4)

Graus da perfeição - 2

17 Graus da perfeição


2. Procurar andar sempre na presença de Deus, segundo as obras que se está fazendo.




(são joão da cruz, em Pequenos Tratados Espirituais)

(tradução por ama)

Doutrina – 214

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?


Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».

Tratado da vida de Cristo 138

Questão 49: Dos efeitos da paixão de Cristo

Art. 6 — Se Cristo pela sua Paixão mereceu ser exaltado.

O sexto discute-se assim. — Parece que Cristo não mereceu ser exal­tado pela sua Paixão.

1. — Pois, assim como o conhecimento da verdade é próprio de Deus, assim também a exaltação gloriosa, segundo a Escritura: Ex­celso é o Senhor sobre todas as gentes e a sua glória é sobre os céus. Ora, Cristo, enquanto homem tinha conhecimento de toda a verdade, não em virtude de nenhum mérito precedente, mas pela própria união de Deus com o homem, segundo o Evangelho: Nós vimos a sua glória, a sua glória como de Filho unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. Logo, não mereceu a sua exaltação pela Paixão, mas só pela união.

2. Demais. — Cristo mereceu para si desde o primeiro instante da sua concepção, como se estabeleceu. Ora, a sua caridade no tempo da Paixão não foi maior que antes. Donde, sendo a caridade o princípio do mérito, parece que não mereceu a sua exaltação mais pela Paixão, que
antes.

3. Demais. — A glória do corpo resulta da glória da alma, como diz Agostinho. Ora, pela sua Paixão, Cristo não mereceu ser exaltado, quanto à glória da alma; pois, a sua alma foi bem-aventurada desde o primeiro instante da sua concepção. Logo, nem pela Paixão mereceu a exaltação quanto à glória do corpo.

Mas, em contrário, o Apóstolo: Feito obediente até à morte e morte da cruz; pelo que Deus o exaltou.

O mérito implica uma certa igualdade com a justiça; donde o dizer o Apóstolo, ao que obra o jornal se lhe conta por dívida. Mas, quem, por injusta vontade, se atribui mais do que lhe é devido, é justo que se lhe diminua mesmo naquilo que lhe era devido; assim, como diz a Escritura, se alguém furtar uma ovelha restituirá quatro. E dizemos que assim mereceu por lhe ter sido desse modo punida a vontade iníqua. Do mesmo modo, quem se privou, por uma justa vontade, do que devia possuir, merece que se lhe acrescente mais do que tinha, como recompensa da sua vontade justa. Donde o dizer o Evangelho que quem se humilha será exaltado. Ora, Cristo, na sua Paixão, humilhou-se a si mesmo, descendo abaixo da sua dignidade, de quatro maneiras. — Primeiro, pela sua Paixão e morte, de que não era réu. — Segundo, quanto ao lugar, pois o seu corpo foi posto no sepulcro e a alma, no inferno. — Terceiro, quanto à confusão e aos opróbrios que sofreu. — Quarto, por ter sido entregue ao poder hu­mano, conforme ele mesmo o disse a Pilatos: Tu não terias sobre mim poder algum se ele não te fora dado de cima. E assim, pela sua Paixão mereceu de quatro modos ser exaltado. — Primeiro, pela ressurreição gloriosa. Por isso diz a Escritura: Tu me conheceste ao assentar-me, isto é, a humildade da minha Paixão, e ao levantar-me — Segundo, pela ascensão do céu. Donde o dizer o Apóstolo: Antes havia descido aos lugares mais baixos da terra; aquele que desceu esse mesmo é também o que subiu acima de todos os céus. — Terceiro, por se ter sentado à dextra paterna e pela manifestação da sua divindade, se­gundo a Escritura: Ele será exaltado e elevado e ficará em alto grau sublimado; assim como pasmaram muitos à vista de ti, assim será sem glória o seu aspecto entre os varões. E o Apóstolo. Feito obediente até à morte da cruz; pelo que Deus também o exaltou e lhe deu um nome que é sobre todo nome, isto é, para que todos o tenham por Deus e como a Deus lhe prestem reverência. Tal é o que o Apóstolo acrescenta: Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e nos infernos. - Quarto, quanto ao seu poder judiciário, conforme a Escritura: A tua causa tem sido julgada como a de um ímpio; ganharás a causa.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O princípio do mérito está na alma; quanto ao corpo, ele é o instrumento do acto meritório. Donde, a perfeição da alma de Cristo, que foi o princípio do seu merecimento, não a devia ele adquirir pelo mérito, como a perfeição do corpo, que foi o sujeito da Paixão, sendo por isso o instrumento mesmo do mérito.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Pelos méritos anteriores, Cristo mereceu a exaltação no concernente à sua alma, cuja vontade era informada pela caridade e pelas outras virtudes. Mas na Paixão mereceu ser exaltado a modo de uma certa recompensa, mesmo quanto ao corpo; pois, é justo que o corpo, que fora pela caridade sujeito à Paixão, recebesse a sua recompensa na glória.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Em virtude de uma permissão divina é que a glória da alma de Cristo não lhe redundou, antes da Paixão, ao corpo; para que assim alcançasse uma glória mais esplêndida para o corpo, quando a tivesse merecido pela Paixão. Mas, não convinha que fosse diferida a glória da alma, por estar esta unida imediatamente ao verbo; e por isso devia ficar cheio de glória, pelo próprio Verbo. Ao contrário, o corpo estava unido ao Verbo mediante a alma.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão


DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?