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05/12/2016

Deus não Se cansa das nossas infidelidades

Ser pequeno. As grandes audácias são sempre das crianças. – Quem pede... a Lua? – Quem não repara nos perigos, ao tratar de conseguir o seu desejo? "Ponde" numa criança "destas" muita graça de Deus, o desejo de fazer a sua Vontade (de Deus), muito amor a Jesus, toda a ciência humana que a sua capacidade lhe permita adquirir..., e tereis retratado o carácter dos apóstolos de hoje, tal como indubitavelmente Deus os quer. (Caminho, 857)

A filiação divina é o fundamento do espírito do Opus Dei. Todos os homens são filhos de Deus, mas um filho pode reagir de muitos modos diante do seu pai. Temos de esforçar-nos por ser filhos que procuram lembrar-se de que o Senhor, querendo-nos como filhos, fez com que vivamos em sua casa no meio deste mundo; que sejamos da sua família; que o que é seu seja nosso e o nosso seu; que tenhamos com Ele a mesma familiaridade e confiança com que um menino é capaz de pedir a própria Lua!

Um filho de Deus trata o Senhor como Pai. Não servilmente, nem com uma reverência formal, de mera cortesia, mas cheio de sinceridade e de confiança. Deus não se escandaliza com os homens. Deus não Se cansa das nossas infidelidades. O nosso Pai do Céu perdoa qualquer ofensa quando o filho volta de novo até Ele, quando se arrepende e pede perdão. Nosso Senhor é tão verdadeiramente pai, que prevê os nossos desejos de sermos perdoados e se adianta com a sua graça, abrindo-nos amorosamente os braços.

Reparai que não estou a inventar nada. Recordai a parábola que o Filho de Deus nos contou para que entendêssemos o amor do Pai que está nos Céus: a parábola do filho pródigo.


Ainda estava longe – diz a Escritura – quando o pai o viu e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Estas são as palavras do livro sagrado: cobrindo-o de beijos! Pode-se falar mais humanamente? Pode-se descrever com mais viveza o amor paternal de Deus para com os homens? (Cristo que passa, 64)

Evangelho e comentário

Tempo do Advento

Evangelho: Lc 5, 17-26

Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam entre a assistência fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder do Senhor para operar curas. Apareceram então uns homens, trazendo num catre um paralítico; tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante de Jesus. Como não encontraram modo de o introduzir, por causa da multidão, subiram ao terraço e, através das telhas, desceram-no com o catre, deixando-o no meio da assistência, diante de Jesus. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados». Os escribas e fariseus começaram a pensar: «Quem é este que profere blasfémias? Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» Mas Jesus, que lia nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações? Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados... Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico – levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa». Logo ele se levantou à vista de todos, tomou a enxerga em que estivera deitado e foi para casa, dando glória a Deus. Ficaram todos muito admirados e davam glória a Deus; e, cheios de temor, diziam: «Hoje vimos maravilhas».

Comentário:

São estes mesmos Doutores da Lei e Escribas que repetidamente hão-se instar o Senhor para que dê sinais da Sua divindade, da autoridade que Lhe assiste para pregar e dar doutrina.

É bem de ver que não são os sinais por mais evidentes que sejam – como este que São Lucas nos relata – que os hão-de convencer porque, de facto, só reconhece o que vê quem usa um são critério e tem o coração livre e despido de preconceitos.

Mas – o Senhor de um mal aparente tira sempre um bem verdadeiro – a sua renitência e “sem-razão” mais os desacredita perante o povo simples que sabe reconhecer com meridiana clareza quem age com verdade e actua em conformidade com o que ensina.

(ama, comentário sobre Lc 5, 17-26, 10.10.2016)



Leitura espiritual



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


PRÓLOGO



«Que procures Cristo: Que encontres Cristo: Que ames Cristo».[i] Este santo e experiente conselho marca todo um itinerário de vida espiritual que nos conduz até à união e identificação com Jesus Cristo.


A primeira etapa desse itinerário corresponde à aspiração de fé viva que o salmista expressa: «Senhor, procuro o Teu rosto» [ii]. Para tal faz falta em primeiro lugar a leitura assídua da sagrada Escritura, assim como contemplar na intimidade do nosso coração todos os actos e palavras do Senhor, tal como fazia Maria Santíssima. E é indubitável também que a leitura de outras obras adequadas pode servir-nos de grande ajuda.


Pois bem, este livro de iniciação à Cristologia integra-se nessa tarefa e tem a finalidade de facilitar a um amplo círculo de pessoas um maior conhecimento da maravilhosa riqueza e profundidade insondável do mistério de Cristo [iii].


Por ser teologia, este manual quer ser um pouco mais profundo e explicativo que uma simples catequese. Tem o método e a estrutura de um tratado teológico sistemático, assim como a terminologia própria, que temos procurado explicar com simplicidade. Por este motivo também se incluíram citações e referências da Sagrada Escritura, assim como muitas outras do Magistério da Igreja e algumas de São Tomás de Aquino, a quem o Concílio Vaticano II recomenda como guia nestes estudos [iv]. E, naturalmente, cita-se com frequência o catecismo da Igreja Católica que sintetiza com precisão e autoridade os diferentes temas.


E por ser só uma iniciação, este livro é necessariamente breve. E por este motivo se omitiram alguns temas que parecem mais secundários, assim como se evitou o mais possível incluir nomes, opiniões e citações de outros diversos autores.



Desta forma, como se trata de um texto teológico conciso e resumido, e não de uma obra histórica ou ascética, requer do leitor um certo esforço de estudo detido e atento.


Que a Virgem Santíssima faça com que este livro sirva para «crescer no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo», como nos propõe São Pedro [v], e que nos estimule a percorrer as etapas seguintes da vida cristã de modo que cheguemos a um encontro pessoal com o nosso salvador, participemos da Sua obra salvífica e O sirvamos na extensão do Seu Reino na terra, tornando partícipes da redenção salvadora, todos os homens. Assim contribuiremos para transformar o mundo e a história de acordo com a amável vontade de Deus.


Capítulo I


INTRODUÇÃO: A CRISTOLOGIA, CIÊNCIA TEOLÓGICA ACERCA DE JESUS CRISTO.

       
1.          O tratado teológico sobre Jesus Cristo


a) O objecto da cristologia


A cristologia é uma parte da teologia que trata sobre Cristo. Estuda Jesus Cristo em Si mesmo – o mistério da Sua pessoa, como Deus e homem verdadeiro que viveu numas determinadas condições históricas -, e Jesus na economia da salvação – como Messias, Redentor e nosso Salvador -, tal como nos propõe da fé da Igreja.


O objecto da nossa fé sobre Cristo, que é, por sua vez, o objecto da cristologia, não é uma fórmula vazia, nem uma ideologia determinada, mas uma realidade concreta que podemos declarar assim: «Nós acreditamos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido de uma judia de Israel, em Belém no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César Augusto; carpinteiro de ofício, morto crucificado em Jerusalém, sob o procurador Pôncio Pilatos, durante o reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito homem, que ‘saiu de Deus[vi], ‘baixou do céu[vii], ‘veio em carne[viii], porque ‘a Palavra se fez carne (…) e vimos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade (…) Pois da sua plenitude recebemos todos, e graça por graça[ix]. [x]


b) O mistério de Cristo


Sabemos que «o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, pois, a fonte de todos os outros mistérios da fé; á a luz que nos ilumina» [xi] A fé da Igreja resume-se no mistério da Santíssima Trindade em si mesma e no mistério do «desígnio benevolente da sua vontade» [xii] acerca da salvação de todos os homens.


E todo esse desígnio divino da nossa salvação centra-se em Cristo: O Pai realiza o «mistério da sua vontade» [xiii] enviando o seu Filho amado para a salvação de todo o mundo, e por meio d’Ele comunicando-nos o seu espírito. Este admirável desígnio divino é o «mistério que estava escondido em Deus desde séculos» [xiv], e que se revelou e se realiza na história por meio de Jesus Cristo.


A dispensa ou realização desse plano da benevolência divina da salvação dos homens é designada no Novo testamento como «o mistério de Cristo», pois Ele é o seu centro [xv]. Assim, pois, pode dizer-se que o mistério de Cristo que se refere à sua pessoa e à sua obra de salvação, reúne e resume todos os artigos da fé: os que se referem à Trindade, pois Ele é Deus, o Filho do Pai, e nos revela a Trindade; e os que se referem aos desígnios e obras de Deus, pois Ele realizou o plano da sua vontade salvífica.


2. A fé e a razão humana ante o mistério de Cristo


a) Necessidade da fé para conhecer Cristo


Ao falar do mistério de Cristo, estamos afirmando que n’Ele há uma realidade oculta e divina que nos transcende, e que nele também há uma realidade visível, sinal dessa realidade oculta, e que ao mesmo tempo a encobre, e que é a sua presença física entre os homens e a sua actuação na história.


Mediante os métodos próprios da história podemos chegar a conhecer cada vez melhor a realidade visível da vida de Jesus. Mas unicamente mediante a revelação divina e a fé podemos transcender o externo e chegar a conhecer quem é Ele verdadeiramente, já que «ninguém conhece o Filho senão o Pai» [xvi], e, como Ele mesmo dizia: «Ninguém pode vir a mim se não o atrair o Pai que me enviou» [xvii].


Vejamo-lo no episódio que nos narra São Mateus, testemunha desse acontecimento: «Vindo Jesus à região de Cesareia de Filipe, perguntou aos discípulos: Quem dizem os homens que é o Filho homem? Eles responderam: uns, que João Baptista; outros, que Elias; outros, que Jeremias ou outro dos Profetas» [xviii]. São diversas opiniões ante a figura de Cristo e as suas admiráveis obras: «É um homem de Deus». Esta é uma resposta humana, uma conclusão a que chega a razão dos homens.
Mas Jesus continua perguntando: «E vós, quem dizeis que eu sou?». E Pedro responde: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». E Jesus acrescenta: «bem-aventurado és, Simão, filho de João, porque não tal não te foi revelado nem a carne nem o sangue, mas sim meu Pai que está nos céus» [xix]. Essa confissão não era fruto de uma dedução de Pedro a partir das suas luzes naturais mas um dom e revelação de Deus; não é uma resposta humana, mas uma resposta de Deus Pai que declara a verdade e a realidade de Jesus muito acima da opinião dos homens.


Assim, pois, não é suficiente considerar Jesus como um personagem digno de interesse histórico, teológico, espiritual ou social; nem o considerar, inclusive, como o ideal humano de uma religiosidade sincera e profunda, o do amor aos outros, ou de uma profunda sabedoria moral. É necessário ver Jesus com os olhos da fé para o conhecer verdadeiramente e confessar como Pedro: «Tu és o Messias. O Filho de Deus vivo».


b) O papel da razão ante o mistério de Cristo


A nossa fé tem uma base real e histórica: parte integrante da nossa fé são os acontecimentos históricos do nascimento de Cristo, da sua vida e da sua actividade neste mundo, da sua Morte e da sua Ressurreição, etc. Jesus Cristo, que é o objecto da fé da Igreja, não é um mito: é um homem que viveu num contexto histórico concreto, e os acontecimentos da sua existência foram reais e comprováveis.


Por isso, ainda que a razão humana não possa só com a suas forças chegar a conhecer os mistérios de Deus, nem pode chegar a compreender Cristo, todavia, desempenha uma função importante no conhecimento de muitas coisas da vida histórica do Senhor.


Precisamente o Novo testamento está escrito como uma narração do, realmente acontecido e do ensinado por Jesus [xx], certamente com o fim de suscitar a fé [xxi], mas sem que essa finalidade retire algo ao carácter real e histórico do consignado. Com efeito, os apóstolos apresentam-se como testemunhas desses acontecimentos.


Mais, os conhecimentos da vida de Cristo que a razão humana pode aportar facilitam a fé, pois as suas obras dão testemunho d’Ele [xxii], são o selo da missão divina, e fazem ver que a fé é razoável e não um movimento cego do espírito.

(cont)

Vicente Ferrer Barriendos

(Tradução do castelhano por ama)





[i] S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Caminho, 382.
[ii] (Sal 27/26,8)
[iii] (cf. Flp 3,8; Ef 3,8)
[iv] Cf. CONC. VATICANO II, Optatam totius, 16.
[v] (2 Pd 3,18)
[vi] (Jo 13,3)
[vii] (Jo 3,13; 6,33)
[viii] (1 Jo 4,2)
[ix] (Jo 1,14.16)
[x] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CCE), 423.
[xi] CCE, 434.
[xii] (Ef 1,9)
[xiii] (Ef 1,9)
[xiv] (Ef 3,9)
[xv] (cf. Ef 3,1 – 12)
[xvi] (Mt 11,27)
[xvii] (Jo 6,44)
[xviii] (Mt 16,13-14)
[xix] (Mt 16,15-17)
[xx] (cf. Lc 1,1-4)
[xxi] (cf. Jo 20,21)
[xxii] (cf. Jo 10,25)

Lições de São João Paulo II - 11

Lições de São João Paulo II



11 – A fé e a razão constituem como que duas asas com as quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.



(12 Lições de são joão paulo II)

(revisão da versão portuguesa por ama)

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
24 - [1]

Quero ter bem claro o seguinte:

Qual é a maior – ou mais importante Festa Litúrgica para a Igreja Católica, para os cristãos: O dia de Natal ou o Domingo de Páscoa.
Podes esclarecer-me?

Respondo:

Ambas são importantes, como sabes, mas, de facto, têm “conteúdos” diferentes.

No dia de Natal comemoramos o nascimento de Jesus Cristo o nosso Salvador.

No Domingo de Páscoa celebramos a Sua Ressurreição.

Foi com a Sua Ressurreição que Jesus Cristo nos salvou definitivamente, nos abriu as portas do Céu, e nos tornou Filhos de Deus.

São Paulo afirmou que se Cristo não tivesse ressuscitado a nossa Fé era vã.

Parece-me que a resposta está dada.

(ama, diálogos apostólicos)



[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.

Bento XVI – Pensamentos espirituais 123

O mandamento do amor


O amor pode ser «mandado», porque antes nos é dado [i].


Encíclica Deus Caritas Est, n.a 14, (Fevereiro de 2006)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)



[i] cfr. Mc 12, 31

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?