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20/10/2016

Não há trabalhos de pouca categoria

No serviço de Deus, não há trabalhos de pouca categoria: todos são de muita importância. A categoria do trabalho depende do nível espiritual de quem o realiza. (Forja, 618)

Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade? Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.

Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.

(...) Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia. Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel. Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas. (Amigos de Deus, 10–12)



Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 12, 49-53

49 Eu vim trazer fogo à terra; e como desejaria que já estivesse ateado! 50 Eu tenho de receber um baptismo; e quão grande é a minha ansiedade até que ele se conclua! 51 Julgais que vim trazer paz à terra? Não, vos digo Eu, mas separação; 52 porque, de hoje em diante, haverá numa casa cinco pessoas, divididas três contra duas e duas contra três. 53 Estarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».

Comentário:

Muitos apelidaram Jesus Cristo de revolucionário.
Sem dúvida que têm razão porque a mudança na humanidade operada pelo Senhor não tem paralelo.

O fogo do Seu imenso amor tudo abrasa transformando todas as criaturas em Filhos de Deus com direito à Vida Eterna no gozo da visão beatífica da Santíssima Trindade.

(ama, comentário sobre, Lc 12, 49-53, 2015.10.22)








Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Amigos de Deus



São Josemaria Escrivá

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Lembrais-vos da parábola do bom Samaritano?
Ficou aquele homem caído no caminho, maltratado pelos ladrões que lhe roubaram tudo, até ao último centavo.
Passam por aquele lugar um sacerdote da Antiga Lei e pouco depois um levita; ambos seguem o seu caminho sem se preocuparem.
Mas um Samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão.
Aproximando-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele em tudo.
Reparai que o Senhor não refere este exemplo só para uso de algumas almas, pois logo acrescenta, respondendo ao que lhe tinha feito a pergunta - a cada um de nós -: Vai, e faz tu o mesmo.

Portanto, quando nos apercebemos de que na nossa vida ou na dos outros alguma coisa corre mal, alguma coisa precisa do auxílio espiritual e humano, que nós, filhos de Deus, podemos e devemos prestar, uma clara manifestação de prudência consistirá em dar-lhe remédio oportuno, a fundo, com caridade e com fortaleza, com sinceridade.
Não valem as inibições.
É errado pensar que com omissões ou adiamentos se resolvem os problemas.

Sempre que a situação o requeira, a prudência exige que se aplique o remédio totalmente e sem paliativos, depois de pôr a chaga a descoberto.

Ao notar os menores sintomas do mal, sede simples, verazes, quer sejais vós a curar os outros, quer sejais vós a receber essa assistência.
Nesses casos, deve-se permitir à pessoa que está em condições de curar em nome de Deus que aperte de longe a zona infectada e depois de mais perto, até sair todo o pus, de modo que o foco da infecção acabe por ficar bem limpo.
Em primeiro lugar, temos que proceder assim connosco mesmos e com quem, por motivos de justiça ou caridade, temos obrigação de ajudar.
Rezo nesse sentido especialmente pelos pais e por quem se dedica a tarefas de formação e de ensino.

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Os respeitos humanos

Que nenhuma razão hipócrita vos detenha; aplicai o remédio próprio; mas fazei-o com mãos maternais, com a infinita delicadeza das nossas mães, quando nos curavam as feridas, grandes ou pequenas, provocadas pelas nossas brincadeiras e pelas nossas quedas da infância.
Se é preciso esperar umas horas, espera-se; nunca mais tempo do que o imprescindível, pois outra atitude seria comodismo, cobardia, coisa bem diferente da prudência.
Rejeitai, todos vós, principalmente os que tendes o encargo de formar outras pessoas, o medo de desinfectar a ferida.

É possível que alguém sussurre arteiramente ao ouvido dos que devem curar e não se decidem ou não querem enfrentar-se com a sua missão: Mestre, sabemos que és verdadeiro.
Não tolereis o elogio irónico. Os que não se esforçam por levar a cabo a sua tarefa com diligência nem são mestres, pois não ensinam o caminho autêntico, nem são verdadeiros, pois com a sua falsa prudência consideram exageradas ou desprezam as normas claras - mil vezes comprovadas pela recta conduta, pela idade, pela ciência do bom governo, pelo conhecimento da fraqueza humana e pelo amor a cada ovelha - que nos levam a falar, a intervir, a mostrar interesse.

Os falsos mestres são dominados pelo medo de apurar a verdade.
Aflige-os a simples ideia - que constitui uma obrigação - de recorrer ao antídoto doloroso em determinadas circunstâncias.
Em tal atitude - convencei-vos disso - não há prudência, nem piedade, nem sensatez; o que essa atitude reflecte é pusilanimidade, falta de responsabilidade, insensatez e pouca inteligência.
Esses são os mesmos que depois, perante o desastre, dominados pelo pânico, pretendem atalhar o mal quando já é tarde.
Não se lembram de que a virtude da prudência exige recolher e transmitir a tempo o conselho sereno da maturidade, da experiência antiga, do olhar límpido, da língua sem travas.

159
        
Sigamos o relato de S. Mateus: Sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a pura verdade.
Nunca deixo de me surpreender perante este cinismo.
Tudo fazem com a intenção de retorcer as palavras de Jesus, Senhor Nosso, de o apanhar nalgum descuido e, em vez de lhe exporem lhanamente o que eles consideravam problema insolúvel, tentam aturdir o Mestre com louvores que só deviam sair de lábios convictos, de corações rectos.
Detenho-me intencionalmente na análise destes matizes, para aprendermos a ser, não desconfiados, mas prudentes; para que não aceitemos a fraude do fingimento, mesmo que apareça revestido de frases ou de gestos que, em si mesmos, correspondem à realidade, como sucede na passagem que estamos a contemplar: Tu não fazes acepção de pessoas, dizem-lhe; Tu vieste para todos os homens; a Ti, nada te impede de proclamar a verdade e de ensinar o bem....

Repito: prudentes, sim; desconfiados, não.
Concedei a todos a mais absoluta confiança; sede muito nobres.
Para mim, vale mais a palavra de um cristão, de um homem leal - fio-me inteiramente de cada um - do que a assinatura autêntica de cem notários unânimes, apesar de me terem talvez enganado nalguma ocasião por seguir este critério.
Prefiro expor-me a que um irresponsável abuse desta confiança, a retirar a quem quer que seja o crédito que merece como pessoa e como filho de Deus.
Garanto-vos que nunca me senti defraudado com os resultados desta atitude.

160
         
Actuar com rectidão

Se, em cada momento, não tiramos do Evangelho consequências para a vida actual, é porque não meditamos nele suficientemente.
Muitos de vós sois jovens; outros já entrastes na maturidade.
Todos vós quereis, queremos todos - senão não estaríamos aqui - produzir bons frutos.
Tentamos meter na nossa conduta o espírito de sacrifício, o empenho de negociar com o talento que o Senhor nos confiou, porque sentimos o zelo divino pelas almas.
Mas, apesar de tanta boa vontade, não seria a primeira vez que algum de nós cairia nas malhas dessa rede - ex pharisæis et herodianis - composta por pessoas que deviam defender os direitos de Deus, visto que são cristãos, mas que, pelo contrário, de um modo ou de outro, cercam insidiosamente outros irmãos na Fé, outros servidores do mesmo Redentor, aliando-se e identificando-se com os interesses das forças do mal.

Sede prudentes e actuai sempre com simplicidade, virtude tão própria dos bons filhos de Deus.
Sede naturais na vossa linguagem e na vossa actuação.
Chegai ao fundo dos problemas; não fiqueis à superfície.
Reparai que é preciso contar antecipadamente com o sofrimento alheio e com o nosso, se desejamos deveras cumprir santamente e com honradez as nossas obrigações de cristãos.

161
        
Não vos oculto que, quando tenho que corrigir ou tomar uma decisão que fará sofrer alguém, padeço antes, durante e depois; e não sou um sentimental.
Consola-me pensar que só os animais não choram; nós, os homens, filhos de Deus, choramos.
Sei que em determinados momentos, também vós tereis que sofrer, se vos esforçardes por levar a cabo fielmente o vosso dever.
Não vos esqueçais de que é mais cómodo - mas é um descaminho - evitar o sofrimento a todo o custo, com o pretexto de não magoar o próximo; frequentemente o que se esconde por trás desta omissão é uma vergonhosa fuga ao sofrimento próprio, porque normalmente não é agradável fazer uma advertência séria a alguém.
Meus filhos, lembrai-vos de que o inferno está cheio de bocas fechadas.

Estão a escutar-me vários médicos.
Desculpai o meu atrevimento, se volto a usar um exemplo da medicina; talvez me escape algum disparate, mas serve para comparação ascética.
Para curar uma ferida, primeiro limpa-se esta muito bem e inclusivamente ao seu redor, desde bastante distância.
O médico sabe perfeitamente que isso dói, mas se omitir essa operação, depois doerá ainda mais.
A seguir, põe-se logo o desinfectante; arde - pica, como dizemos na minha terra - mortifica, mas não há outra solução para a ferida não infectar.

Se para a saúde corporal é óbvio que se têm de tomar estas medidas, mesmo que se trate de escoriações de pouca importância, nas coisas grandes da saúde da alma - nos pontos nevrálgicos da vida do ser humano - imaginai como será preciso lavar, como será preciso cortar, como será preciso limpar, como será preciso desinfectar, como será preciso sofrer!
A prudência exige-nos intervir assim e não fugir ao dever, porque não o cumprir seria uma falta de consideração e inclusivamente um atentado grave, contra a justiça e contra a fortaleza.

Persuadi-vos de que um cristão, se pretende deveras proceder rectamente diante de Deus e dos homens, precisa de todas as virtudes, pelo menos em potência.
Mas, perguntar-me-eis: Padre, o que diz das minhas fraquezas?
Responder-vos-ei: Porventura um médico que está doente, mesmo que a sua doença seja crónica, não cura os outros?
A sua doença impede-o de prescrever a outros doentes o tratamento adequado?
É claro que não.
Para curar, basta-lhe ter a ciência necessária e aplicá-la com o mesmo interesse com que combate a sua própria enfermidade.

(cont)


Bento XVI – Pensamentos espirituais 118

Opção fundamental


A fé não é uma teoria da qual nos podemos apropriar ou mesmo instalar.

É uma coisa muito concreta: é o critério que decide o nosso estilo de vida.


Discurso por ocasião do encontro promovido pelo Conselho Pontifício Cor Unum, (23.Jan.06)
(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Sofrimento, presente de Deus? - 6

Sofrimento, presente de Deus?

…/6

À luz de Jesus entende-se a dor como fruto de amor e presente de Deus.
Todos os santos, os grandes místicos nascidos do encontro com Jesus, pedem a dor como participação do sofrimento.
A purificação é consequência do amor.
Deus purifica-nos porque nos ama, e existe em nós o desejo de nos purificar para “vermos desde já a Deus”.
O concílio Vaticano II, na constituição Gaudium et Spes, coloca em destaque como não é possível resolver os problemas existenciais, como o sofrimento, sem Jesus.

“Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno se vinculam com aquele desequilíbrio mais fundamental radicado no coração do homem. Com efeito, no próprio homem muitos elementos lutam entre si. Enquanto, de uma parte, porque criatura, experimenta-se limitado de muitas maneiras, por outra parte, porém, sente-se ilimitado nos seus desejos e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas solicitações, é ao mesmo tempo obrigado a escolher entre elas renunciando a algumas. Pior ainda: enfermo e pecador, não raro faz o que não quer, não fazendo o que desejaria. Em suma, sofre a divisão em si mesmo, da qual se originam tantas e tamanhas discórdias na sociedade. Certamente muitíssimos, cuja vida se impregnou de materialismo prático, afastam-se da percepção clara deste estado dramático, ou, oprimidos pela miséria, são impedidos de considerá-lo. Muitos pensam encontrar tranquilidade nas diversas explicações do mundo que lhes são propostas. Outros porém esperam uma verdadeira e plena libertação da humanidade somente pelo esforço humano. Estão persuadidos de que o futuro reino do homem sobre a terra haverá de satisfazer todos os desejos de seu coração. Não faltam os que, desesperados do sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana desprovida de qualquer significado peculiar, esforçam-se por lhe atribuir toda significação só do próprio engenho. Contudo, diante da evolução atual do mundo, cada dia são mais numerosos os que formulam perguntas primordialmente fundamentais ou as percebem com nova acuidade. O que é o homem? Qual é o significado da dor, do mal, da morte que, apesar de tanto progresso conseguido, continuam a subsistir? Para que aquelas vitórias adquiridas a tanto custo? O que pode o homem trazer para a sociedade e dela esperar? O que se seguirá depois desta vida terrestre?” [i].

James Stevens  COMUNIDADE SHALOM  13 DE OUTUBRO DE 2016
Ross Gordon Henry



[i] (Gaudium et Spes, 10)

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?