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17/10/2016

O trabalho, um sinal do amor de Deus

Está a ajudar-te muito, dizes-me, este pensamento: desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes terão sido santos? E queres demonstrar que também agora isso é possível... O Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)

O que sempre ensinei – desde há quarenta anos – é que todo o trabalho humano honesto, tanto intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação da sua dimensão divina – e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santifica-se, converte-se em obra de Deus, operatio Dei, opus Dei.


Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Génesis – que Deus criou o homem para que trabalhasse –, fixámo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, e cultivou e santificou. Vemos no trabalho – na nobre e criadora fadiga dos homens – não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e o ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor-dos-homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação. (Temas Actuais do Cristianismo, 10)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 12, 13-21

13 Então disse-Lhe alguém da multidão: «Mestre, diz a meu irmão que me dê a minha parte da herança». 14 Jesus respondeu-lhe: «Meu amigo, quem Me constituiu juiz ou árbitro entre vós?». 15 Depois disse-lhes: «Guardai-vos cuidadosamente de toda a avareza, porque a vida de cada um, ainda que esteja na abundância, não depende dos bens que possui». 16 Sobre isto propôs-lhes esta parábola: «Os campos de um homem rico tinham dado abundantes frutos. 17 Ele andava a discorrer consigo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? 18 Depois disse: Farei isto: Demolirei os meus celeiros, fá-los-ei maiores e neles recolherei o meu trigo e os meus bens, 19 e direi à minha alma: Ó alma, tu tens muitos bens em depósito para largos anos; descansa, come, bebe, regala-te. 20 Mas Deus disse-lhe: Néscio, esta noite virão demandar-te a tua alma; e as coisas que juntaste, para quem serão? 21 Assim é o que entesoura para si e não é rico perante Deus».

Comentário:

Ainda muito viva na minha mente a imagem do meu amigo António Chaves depositado no caixão na pequena capela da sua casa.
De facto, quem ali estava já não era o António mas apenas o seu corpo de que a rigidez da morte já tomara posse.
Enquanto rezava pedindo pela sua alma, ocorreu-me a verdade patente no Evangelho:

Não somos nada, não valemos nada e, sobretudo, morremos sem nada.

Tudo quanto tivemos em vida, abundância ou escassez de bens, sabedoria ou ignorância, amor ou desafectos tudo fica num espólio que não levamos connosco.
O Senhor, não saberia o que fazer com tudo isso tão importante para nós enquanto vivos e sem qualquer préstimo na hora, que sempre chega quando não sabemos, de prestarmos as nossas contas.
O António já pertence, neste momento, há história da sua família e dos seus amigos, mas, de facto, vive agora a verdadeira Vida que não acabará jamais.

Deve ser, esta, a vida que nos deve interessar e, tudo o resto, devemos fazê-lo e usufrui-lo com esse objectivo.

(ama, comentário sobre Lc 12, 13-21, 01.08.2010)








Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Amigos de Deus



São Josemaria Escrivá


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Como o bater do coração

Enquanto falo, sei que vós, na presença de Deus, procurais ir revendo o vosso comportamento.
Não é verdade que a maioria dessas preocupações que têm inquietado a tua alma, dessas faltas de paz, deriva de não teres correspondido aos convites divinos ou talvez de estares a percorrer o caminho dos hipócritas, porque te procuravas a ti próprio?
Com o triste desejo de manter perante os que te rodeiam a mera aparência de uma atitude cristã, no teu interior negavas-te a aceitar a renúncia, a mortificar as tuas paixões tortuosas, a dares-te sem condições, abnegadamente, como Jesus Cristo.

Reparai, nestes momentos de meditação perante o sacrário, não vos podeis limitar a ouvir as palavras que o sacerdote pronuncia como que materializando a oração íntima de cada um.
Apresento-te umas considerações, indico-te uns pontos, para que os recebas activamente e reflictas por tua conta, convertendo-os em tema de um colóquio pessoalíssimo e silencioso entre ti e Deus, de maneira que os apliques à tua situação actual e, com as luzes que o Senhor te der, distingas na tua conduta o que vai direito do que vai por mau caminho, a fim de rectificares com a sua graça.

Agradece ao Senhor esse cúmulo de boas obras que realizaste, desinteressadamente, porque podes cantar com o salmista: Ele tirou-me do abismo de miséria e do lodo profundo. E firmou os meus pés sobre a rocha e dirigiu os meus passos.
Pede-lhe também perdão pelas tuas omissões ou pelos teus passos em falso, quando te meteste nesse lamentável labirinto da hipocrisia, ao afirmar que desejavas a glória de Deus e o bem do teu próximo, mas na verdade só procuravas honras para ti mesmo...

Sê audaz, sê generoso e diz que não, que já não queres defraudar mais o Senhor e a humanidade.

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É a hora de recorreres à tua Mãe bendita do Céu, para que te acolha nos seus braços e te consiga do seu Filho um olhar de misericórdia.
E procura depois fazer propósitos concretos: corta de uma vez, ainda que custe, esse pormenor que estorva e que é bem conhecido de Deus e de ti.
A soberba, a sensualidade, a falta de sentido sobrenatural aliar-se-ão para te sussurrarem: isso?
Mas se se trata de uma circunstância tonta, insignificante!
Tu responde, sem dialogar mais com a tentação: entregar-me-ei também nessa exigência divina!
E não te faltará razão: o amor demonstra-se especialmente em coisas pequenas.
Normalmente, os sacrifícios que o Senhor nos pede, os mais árduos, são minúsculos, mas tão contínuos e valiosos como o bater do coração.

Quantas mães conheceste como protagonistas de um acto heróico, extraordinário?
Poucas, muito poucas.
E contudo, mães heróicas, verdadeiramente heróicas, que não aparecem como figuras de nada espectacular, que nunca serão notícia - como se diz - tu e eu conhecemos muitas: vivem sacrificando-se a toda a hora, renunciando com alegria aos seus gostos e passatempos pessoais, ao seu tempo, às suas possibilidades de afirmação ou de êxito, para encher de felicidade os dias dos seus filhos.

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Tomemos outros exemplos, também da vida corrente. S. Paulo menciona-os: todos os que combatem na arena de tudo se abstêm, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém esperamos uma incorruptível.
Basta deitar um olhar à nossa volta.
Reparai a quantos sacrifícios se submetem de boa ou má vontade, eles e elas, para cuidar do corpo, para defender a saúde, para conseguir a estima alheia...
Não seremos nós capazes de nos comover perante esse imenso amor de Deus, tão mal correspondido pela humanidade, mortificando o que tiver de ser mortificado, para que a nossa mente e o nosso coração vivam mais pendentes do Senhor?

Alterou-se de tal forma o sentido cristão em muitas consciências que, ao falar de mortificação e de penitência, se pensa apenas nesses grandes jejuns e cilícios que se mencionam nos admiráveis relatos de algumas biografias de santos.
Ao iniciar esta meditação, aceitámos a premissa evidente de que temos de imitar Jesus Cristo, como modelo de conduta.
É certo que Ele preparou o começo da sua pregação retirando-se para o deserto, a fim de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites, mas antes e depois praticou a virtude da temperança com tanta naturalidade, que os seus inimigos aproveitaram para rotulá-lo caluniosamente de glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores.

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Interessa-me que descubrais em toda a sua profundidade esta simplicidade do Mestre, que não faz alarde da sua vida penitente, porque isso mesmo te pede Ele a ti: quando jejuais, não vos mostreis tristes como os hipócritas, que desfiguram os seus rostos para mostrar aos homens que jejuam.
Na verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
Mas tu, quando jejuas, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, a fim de que não pareça aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está presente ao que há de mais secreto, e teu Pai, que vê no secreto, te dará a recompensa.

Assim te deves exercitar no espírito de penitência: na presença de Deus e como um filho, como o pequenito que demonstra a seu pai quanto o ama, renunciando aos seus poucos tesouros de escasso valor - um carro de linhas, um soldado sem cabeça, uma carica; custa-lhe dar esse passo, mas no fim o carinho pode mais e estende satisfeito a mão.


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Permiti-me que vos repita uma e outra vez o caminho que Deus espera que cada um percorra, quando nos chama para o servir no meio do mundo, para santificar e nos santificarmos através das ocupações normais.
Com um sentido comum colossal, ao mesmo tempo cheio de fé, pregava S. Paulo que na lei de Moisés está escrito: não atarás a boca ao boi que debulha o grão.

E pergunta-se: Porventura preocupar-se-á Deus com os bois?
Ou, pelo contrário, dirá isto sobretudo por nós?
Sim, com certeza que se escreveram estas coisas por nós; porque a esperança faz lavrar o que lavra, e o que debulha fá-lo com esperança de participar dos frutos.

Nunca se reduziu a vida cristã a uma trama angustiante de obrigações, que deixa a alma submetida a uma desesperada tensão; a vida cristã adapta-se às circunstâncias individuais como a luva à mão e pede que no exercício das nossas tarefas habituais, nas grandes e nas pequenas, na oração e na mortificação, não percamos nunca o ponto de vista sobrenatural.
Pensai que Deus ama apaixonadamente as suas criaturas, e como trabalhará o burro se não se lhe dá de comer nem dispõe de tempo para restaurar as forças ou se se quebranta o seu vigor com excessivas pauladas?
O teu corpo é como um burrico - um burrico foi o trono de Deus em Jerusalém - que te carrega pelos caminhos divinos da terra: é necessário dominá-lo para que não se afaste dos caminhos de Deus e animá-lo para que o seu trote seja o mais alegre e brioso que se pode esperar de um jumento.

(cont)


Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
17 - [1]

Gostaria de continuar o tema do nosso encontro anterior: Os Filhos.

Que me podes dizer sobre a autoridade dos Pais em relação aos seus Filhos?

Respondo:

Uma das autoridades dos Pais mais evidentes e sólidas é constituída pelo exemplo.
Os Pais são um ponto de referência indiscutível para os filhos em qualquer idade mas, sobretudo, quando são muito jovens.
Os seus olhos estão postos atentamente nas figuras do Pai e da Mãe, fixando o menor dos seus gestos e atitudes não com espírito  mas como um reflexo natural do amor e da confiança que neles depo­sitam.
Desde logo, o amor, porque é naturalíssimo que nos fixemos naqueles que amamos com muito mais atenção e pormenor que nas outras pessoas que, por próximas ou importantes que sejam, não têm para nós uma correspondência incondicional ao amor que lhes dedicamos.
Ou seja, os filhos sabem que os Pais os amam sempre, em qualquer circunstância e que toda a sua vida se pauta por esse amor que é defensivo e activo.
Defensivo porque protector, procurando sempre aplanar o caminho, tentando suavizar os incidentes da evolução dos filhos como seres humanos. Activo porque está sempre presente, tentando construir pontes entre ambos, Pais e Filhos. [i]


[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.



[i] (Cfr. ama, in Migalhas para o Caminho I, pg. 262)

Sofrimento, presente de Deus? - 3

Sofrimento, presente de Deus?

…/3

A repugnância à dor está inscrita no nosso coração e todos somos chamados a lutar contra ela. Superar a dor é caminho promissor para se chegar à felicidade plena.

Jesus ensina-nos a amar a cruz

O encontro com Jesus de Nazaré, o amor que tenho para com Ele, a leitura do Evangelho e o desejo de imitar a sua vida têm-me feito compreender melhor o caminho da dor.
Aliás, fora de Jesus, não creio que encontremos resposta para coisa alguma.
A vida tende para Jesus e por Ele somos atraídos e seduzidos. Contemplando-o nos vários momentos da sua existência terrena sabemos descobrir o caminho novo. A novidade trazida por Jesus é que Ele encerra o tempo das promessas e abre o tempo da realidade.

Ele ensina-nos como viver, amar, sofrer, morrer e ressuscitar.

A grandeza de Jesus é que Ele, encarnando-se, assumiu a nossa natureza humana plena, total, com todas as limitações, menos o pecado.

De facto, o pecado não faz parte da natureza humana, ele entrou no mundo pela desobediência.
Alguém como Jesus, que nunca desobedeceu ao projeto do Pai, não poderia ter o pecado na sua humanidade.

Ele “fez-se pecado” por nós e redimiu-nos de todos os nossos pecados.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)

James Stevens  COMUNIDADE SHALOM  13 DE OUTUBRO DE 2016
Ross Gordon Henry

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?