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13/10/2016

O Grande Amigo, que nunca atraiçoa

Procuras a companhia de amigos que, com a sua conversa e o seu afecto, com o seu convívio, te tornam mais tolerável o desterro deste mundo..., embora os amigos às vezes atraiçoem. – Não me parece mal. Mas... como é possível que não frequentes cada dia com maior intensidade a companhia, a conversa com o Grande Amigo, que nunca atraiçoa? (Caminho, 88)

A nossa vida é de Deus. Temos de gastá-la ao seu serviço, preocupando-nos generosamente com as almas e demonstrando, com a palavra e com o exemplo, a profundidade das exigências cristãs.

Jesus espera que alimentemos o desejo de adquirir essa ciência, para nos repetir: se alguém tem sede, venha a Mim e beba. E respondemos: ensina-nos a esquecermo-nos de nós mesmos, para pensarmos em Ti e em todas as almas. Deste modo, o Senhor far-nos-á progredir com a sua graça, como quando começávamos a escrever (lembrais-vos daqueles traços que fazíamos, guiados pela mão do professor?) e assim começaremos a saborear a dita de manifestar a nossa fé, que é já de si outra dádiva de Deus, também com traços inequívocos de uma conduta cristã, onde todos possam descobrir as maravilhas divinas.

É Amigo, o Amigo: vos autem dixi amicos, diz-nos Ele. Chama-nos amigos e foi Ele quem deu o primeiro passo, pois amou-nos primeiro. Contudo, não impõe o seu carinho: oferece-o. E prova-o com o sinal mais evidente da amizade: ninguém tem maior amor que o daquele que dá a vida pelos seus amigos. Era amigo de Lázaro e chorou por ele quando o viu morto. E ressuscitou-o. Por isso, se nos vir frios, desalentados, talvez com a rigidez de uma vida interior que se está a extinguir, o seu pranto será vida para nós: Eu te ordeno, meu amigo, levanta-te e anda, deixa essa vida mesquinha, que não é vida! (Cristo que passa, 93)


Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 11, 47-54

47 Ai de vós, que edificais sepulcros aos profetas, e foram vossos pais que lhes deram a morte! 48 Assim dais a conhecer que aprovais as obras de vossos pais; porque eles os mataram, e vós edificais os seus sepulcros. 49 Por isso disse a sabedoria de Deus: Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos, e eles darão a morte a uns e perseguirão outros, 50 para que a esta geração se peça conta do sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo, 51 desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo. Sim, Eu vos digo que será pedida conta disto a esta geração. 52 Ai de vós, doutores da lei, que usurpastes a chave da ciência, e nem entrastes vós, nem deixastes entrar os que queriam entrar!». 53 Dizendo-lhes estas coisas, os fariseus e doutores da lei começaram a insistir fortemente e a importuná-Lo com muitas perguntas, 54 armando-Lhe ciladas, e buscando ocasião de Lhe apanharem alguma palavra da boca para O acusarem.

Comentário:

Alguns poderão pensar que Jesus Cristo “exagera” nas suas recriminações aos chefes do povo.
Não é assim!
Aqueles é que não perdiam uma oportunidade de tentar desacreditar o Salvador dando a entender que se eles que eram os letrados e competentes intérpretes da Lei não acreditavam em Jesus o povo anónimo e simples não poderia deixar de os seguir.

Mas o Senhor declarou várias vezes que tinha vindo ao mundo para salvar todos os homens e que Lhe mereciam especial carinho e cuidado aqueles muitos que andavam como «ovelhas sem pastor» desorientados e desejosos de encontrar guia seguro e sério para as suas vidas.

(ama, comentário sobre Lc 11, 47-54, 2015.10.15)








Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Amigos de Deus



São Josemaria Escrivá


121
         
Ao comportarmo-nos com normalidade - como os nossos semelhantes - e com sentido sobrenatural, não fazemos mais que seguir o exemplo de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
Reparai que toda a sua vida está cheia de naturalidade.
Passa trinta anos oculto, sem chamar a atenção, como qualquer outro trabalhador e conhecem-no na sua aldeia como o filho do carpinteiro.

Ao longo da sua vida pública, também não se nota nada que destoe, que pareça estranho ou excêntrico.
Rodeava-se de amigos, como qualquer dos seus concidadãos, e no seu porte não se diferenciava deles.
De tal maneira que Judas, para o denunciar, precisa de combinar um sinal: aquele a quem eu beijar, é esse.
Não havia em Jesus nenhum indício extravagante.
A mim, emociona-me esta norma de conduta do nosso Mestre, que passa como mais um entre os homens.

João Baptista - seguindo um chamamento especial - vestia pele de camelo e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
O Salvador usava uma túnica de uma só peça, comia e bebia como os outros, enchia-se de alegria com a felicidade alheia, comovia-se ante a dor do próximo, não recusava os momentos de descanso que lhe ofereciam os seus amigos e a ninguém escondia que tinha ganho o seu sustento, durante muitos anos, trabalhando com as suas próprias mãos junto a José, o artesão.
Assim temos nós de comportar-nos neste mundo: como Nosso Senhor.
Dir-te-ia, em poucas palavras, que temos de andar com a roupa limpa, com o corpo limpo e, principalmente, com a alma limpa.



Inclusivamente - porque não notá-lo? - o Senhor, que prega um tão maravilhoso desprendimento dos bens terrenos, mostra ao mesmo tempo um cuidado admirável em não os desperdiçar.
Depois daquele milagre da multiplicação dos pães, com que tão generosamente saciou mais de cinco mil homens, ordenou aos seus discípulos: recolhei os pedaços que sobraram, para que não se percam. Recolheram-nos e encheram doze cestos.
Se meditardes atentamente toda esta cena, aprendereis a nunca ser preguiçosos, mas bons administradores dos talentos e meios materiais que Deus vos conceder.

122
        
O desprendimento que prego, depois de olhar o nosso modelo, é domínio e não miséria clamorosa que chame a atenção, disfarce da preguiça e do desmazelo.
Deves andar vestido de acordo com o que é próprio da tua condição, do teu ambiente, da tua família, do teu trabalho..., como os teus companheiros, mas por Deus, com o afã de dar uma imagem autêntica e atraente da verdadeira vida cristã.
Com naturalidade, sem extravagâncias, asseguro-vos que é preferível que pequeis por excesso do que por defeito.

Como imaginas tu o porte de Nosso Senhor?
Já pensaste com que dignidade vestiria aquela túnica inconsútil, que provavelmente terá sido tecida pelas mãos de Santa Maria?
Não te lembras de como em casa de Simão se lamenta por não lhe haverem oferecido água para se lavar, antes de se sentar à mesa? Com certeza que o Senhor trouxe à baila essa falta de urbanidade, para realçar com tal facto o ensinamento de que é nos pormenores que se mostra o amor.
Mas procura também deixar claro que se atém aos usos sociais do ambiente.
Portanto, tu e eu esforçar-nos-emos por estar desapegados dos bens e das comodidades da terra, mas sem destoar e sem fazer coisas estranhas.

Para mim, uma manifestação de que nos sentimos senhores do mundo, administradores fiéis de Deus, é cuidar das coisas que usamos, com interesse em conservá-las, em fazê-las durar, em mantê-las impecáveis e em fazê-las servir o mais tempo possível para o seu fim, de maneira a não haver desperdício.
Nos centros do Opus Dei, encontrais uma decoração simples, acolhedora e, sobretudo, limpa, porque não tem que se confundir uma casa pobre com o mau gosto ou com a sujidade.
No entanto, compreendo que tu, de acordo com as tuas possibilidades e as tuas obrigações familiares e sociais, possuas objectos de valor e cuides deles com espírito de mortificação, com desprendimento.

123
         
Há muitos anos - mais de vinte e cinco - eu costumava passar por um refeitório de caridade, para mendigos que não comiam em cada dia outro alimento senão o que ali lhes davam.
Tratava-se de um local grande, entregue aos cuidados de um grupo de senhoras bondosas.
Depois da primeira distribuição, acudiam outros mendigos, para recolher as sobras.
Entre os deste segundo grupo houve um que me chamou a atenção: era proprietário de uma colher de lata!
Tirava-a cuidadosamente do bolso, com avareza, olhava-a com satisfação e, quando acabava de saborear a sua ração, voltava a olhar para a colher com uns olhos que gritavam: é minha!
Dava-lhe duas lambedelas para a limpar e guardava-a de novo, satisfeito, nas pregas dos seus andrajos.
Efectivamente era sua!
Um pobre miserável que, entre aquela gente, companheira de desventura, se considerava rico.

Por essa altura, conhecia também uma senhora com título nobiliárquico, Grande de Espanha.
Isto não conta nada diante de Deus: somos todos iguais, todos filhos de Adão e Eva, criaturas débeis, com virtudes e com defeitos, capazes dos piores crimes, se o senhor nos abandona.
Desde que Cristo nos redimiu, não há diferença de raça, nem de língua, nem de cor, nem de estirpe, nem de riquezas...
Somos todos filhos de Deus.
Essa pessoa de que vos falo agora residia numa casa solarenga, mas não gastava consigo mesma nem duas pesetas por dia.
Por outro lado, pagava muito bem aos seus empregados e o resto destinava-o a ajudar os necessitados, passando ela própria privações de todo o género.
A esta mulher não lhe faltavam muitos desses bens que tantos ambicionam, mas ela era pessoalmente pobre, muito mortificada, completamente desprendida de tudo.

Compreendestes bem?

Aliás, basta escutar as palavras do Senhor: bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

Se desejas alcançar esse espírito, aconselho-te a que sejas sóbrio contigo e muito generoso com os outros.
Evita os gastos supérfluos por luxo, por capricho, por vaidade, por comodidade...; não cries necessidades.
Numa palavra, aprende com S. Paulo a viver na pobreza e a viver na abundância, a ter fartura e a passar fome, a ter de sobra e a padecer necessidade.
Tudo posso naquele que me conforta.
E, como o Apóstolo, também sairemos vencedores da luta espiritual, se mantivermos o coração desapegado, livre de ataduras.

Todos os que viemos a esta luta da fé, diz S. Gregório Magno, tomamos a nosso cargo lutar contra os espíritos malignos.
Os demónios nada possuem neste mundo e, portanto, assim como eles se apresentam nus à peleja, também nós devemos lutar nus. Porque, se alguém vestido lutar com outro sem roupa, depressa será derrubado, pois o seu inimigo tem por onde o agarrar.

E que são as coisas da terra senão uma espécie de indumentária?

124
         
Deus ama o que dá com alegria

Dentro deste quadro de desprendimento total que o Senhor nos pede, assinalar-vos-ei outro ponto de particular importância: a saúde.
Agora, a maioria de vós sois jovens; atravessais essa etapa formidável de plenitude de vida, que transborda de energias.
Mas o tempo passa e começa a notar-se inexoravelmente o desgaste físico; vêm depois as limitações da idade madura e, por último, os achaques da velhice. Aliás, qualquer de nós, em qualquer momento pode adoecer ou sofrer algum transtorno corporal.

Só se aproveitarmos com rectidão - cristãmente - as épocas de bem-estar físico, os bons tempos, aceitaremos também com alegria sobrenatural os acontecimentos que habitualmente são considerados maus.
Sem descer a demasiados pormenores, quero transmitir-vos a minha experiência pessoal.
Quando estamos doentes, podemos ser impertinentes: não me atendem bem, ninguém se preocupa comigo, não me tratam como mereço, ninguém me compreende...
O demónio, que anda sempre à espreita, ataca por qualquer flanco. E, na doença, a sua táctica consiste em fomentar uma espécie de psicose que nos afaste de Deus, que azede o ambiente ou que destrua esse tesouro de méritos, que, para bem de todas as almas, se alcança quando aceitamos a dor com optimismo sobrenatural - com amor. Portanto, se é da vontade de Deus que nos atinja o aguilhão do sofrimento, aceitemo-lo como sinal de que nos considera maduros para nos associar mais estreitamente à sua cruz redentora.

Torna-se, pois, necessária, uma preparação remota, feita todos os dias com santo desapego de nós próprios, para nos dispormos a aceitar com garbo a doença ou a desventura - se o Senhor tal permitir.
Servi-vos das ocasiões normais, de alguma privação, da dor nas suas pequenas manifestações habituais, da mortificação, para exercitardes as virtudes cristãs.

(cont)


Bento XVI – Pensamentos espirituais 117

Noites escuras

Ser discípulo de Cristo é tudo quanto basta ao cristão.

A amizade com o Mestre garante paz profunda e serenidade à alma mesmo nas momentos escuros e perante as mais árduas provas. 

Quando a fé se depara com as noites escuras em que já não se – ouve - nem se – vê - a presença de Deus, Humanidade de Jesus garante que, na realidade, nada nos poderá separar do seu amor.

Angelus, (5.Jan,06)
(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?