Páginas

10/10/2016

Recorre prontamente à Confissão

Se alguma vez caíres, filho, recorre prontamente à Confissão e à direcção espiritual: mostra a ferida!, para que te curem a fundo, para que te tirem todas as possibilidades de infecção, mesmo que te doa como numa operação cirúrgica. (Forja, 192)

A sinceridade é indispensável para progredir na união com Deus.

– Se dentro de ti, meu filho, há algo que não queres que se saiba, desembucha! Diz primeiro, como sempre te aconselho, o que gostarias de ocultar. Depois de ter desabafado na Confissão, como nos sentimos bem! (Forja, 193)

– Bendito seja Deus! – dizias depois de acabar a tua Confissão sacramental. E pensavas: é como se voltasse a nascer.

Depois, prosseguiste com serenidade: "Domine, quid me vis facere?". – Senhor, que queres que faça?

E deste a resposta tu próprio: – Com a tua Graça, por cima de tudo e de todos, cumprirei a tua Santíssima Vontade: "serviam!", servir-te-ei sem condições! (Forja, 238)

A humildade leva cada alma a não desanimar ante os próprios erros. A verdadeira humildade leva... a pedir perdão! (Forja, 189)

Se eu fosse leproso, a minha mãe abraçar-me-ia. Sem medo nem hesitações, beijar-me-ia as chagas.


E, então, a Virgem Santíssima? Ao sentir que temos lepra, que estamos chagados, temos de gritar: – Mãe! E a protecção da nossa Mãe é como um beijo nas feridas, que nos consegue a cura. (Forja, 190)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 11, 29-32

29 Concorrendo as multidões, começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas. 30 Porque, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem será um sinal para esta geração. 31 A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo contra os homens desta geração, e condená-los-á, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e aqui está Quem é mais do que Salomão. 32 Os ninivitas levantar-se-ão no dia do juízo contra esta geração, e condená-la-ão, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas; e aqui está Quem é mais do que Jonas!

Comentário:

Talvez pudéssemos perguntar:

O que diria o Senhor desta nossa geração?
Provavelmente as Suas palavras seriam bastante mais "fortes" e "contundentes".

Porquê?

Porque a nossa responsabilidade é muito maior, temos incomparavelmente mais conhecimentos, recebemos ao longo dos séculos inúmeros sinais que confirmam a doutrina, inúmeros santos nos deram exemplos de vida, uma multidão de mártires que regou com o seu sangue a árvore da Santa Igreja Católica.

Sim, recebemos muito mais, por isso o Senhor pode exigir-nos mais.

(ama, comentário sobre, Lc 11, 29-32, 2016,02.17)








Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Amigos de Deus



São Josemaria Escrivá

101
         
Ouvimos falar de soberba e talvez pensemos numa atitude despótica e avassaladora, com grande barulho de vozes que aclamam o triunfador que passa, como um imperador romano, debaixo dos altos arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua fronte gloriosa toque o alvo mármore...

Sejamos realistas.
Este tipo de soberba só tem lugar numa fantasia louca.
Temos de lutar contra outras formas mais subtis, mais frequentes: o orgulho de preferir a própria excelência à do próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos e nos gestos; uma susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com palavras ou acções que não são de forma alguma um agravo...
Tudo isto, sim, pode ser, é uma tentação corrente.
O homem considera-se a si mesmo como o sol e o centro dos que estão ao seu redor.
Tudo deve girar em torno dele.
Por isso, não raramente acontece que ele recorre, com o seu afã mórbido, à própria simulação da dor, da tristeza e da doença: para que os outros se preocupem com ele e o mimem.

A maior parte dos conflitos que se apresentam na vida interior de muitas pessoas, fabrica-os a imaginação: é que disseram isto ou aquilo, são capazes de pensar aqueloutro, não me consideram...
E essa pobre alma sofre, graças à sua triste fatuidade, com suspeitas que não são reais.
Nessa aventura desgraçada, a sua amargura é contínua e procura desassossegar os outros, porque não sabe ser humilde, porque não aprendeu a esquecer-se de si mesmo para se entregar, generosamente, ao serviço dos outros por amor de Deus.

102
         
Um burrico por trono

Recordemos de novo o Evangelho e olhemos o nosso modelo, Cristo Jesus.

Tiago e João, por intermédio de sua mãe, pediram a Cristo para se sentarem um à sua direita e outro à sua esquerda.
Os outros discípulos indignam-se.
E o que é que responde nosso Senhor?
Quem quiser ser o maior, há-de ser vosso criado; e quem de entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
Porque também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida para redenção de muitos.

Noutra ocasião, a caminho da Cafarnaúm, Jesus ia talvez - como noutras jornadas - à frente de todos.
E quando já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: de que vínheis vós discutindo pelo caminho?
Eles, porém, calaram-se; porque no caminho tinham discutido entre si - uma vez mais - qual deles era o maior.
Então, sentando-se, chamou os doze e disse-lhes: se alguém quer ser o primeiro, faça-se o último de todos e o servo de todos.
E, tomando um menino, pô-lo no meio deles e, depois de o abraçar, disse-lhes: Todo o que receber um destes meninos em meu nome, a mim recebe, e todo o que me receber a mim, não só me recebe a mim, mas também àquele que me enviou.

Não vos encanta este modo de proceder de Jesus?
Ensina-lhes a doutrina e, para que a entendam, dá-lhes um exemplo vivo.
Chama um menino, daqueles que estariam a correr pela casa, e estreita-o contra o seu peito.
Este silêncio eloquente de Nosso Senhor!
Já disse tudo: Ele ama os que se fazem como meninos.
Em seguida, acrescenta que o resultado desta simplicidade, desta humildade de espírito é poder abraçá-lo a Ele e ao Pai que está nos Céus.

103 
       
Quando se aproxima o momento da sua Paixão e Jesus quer mostrar de um modo gráfico a sua realeza, entra triunfalmente em Jerusalém, montado num burrico!
Estava escrito que o Messias havia de ser um rei de humildade: Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei vem a ti manso, montado sobre uma jumenta e o jumentinho, filho da que leva o jugo.

Agora, na Última Ceia, Cristo preparou tudo para se despedir dos seus discípulos, enquanto estes se envolviam pela centésima vez na disputa sobre quem seria o maior desse grupo escolhido.
Jesus levantou-se da mesa, depôs o seu manto e, pegando numa toalha, cingiu-se.
Depois lançou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a limpar-lhos com a toalha com que estava cingido.

Pregou de novo com o exemplo, com obras.

Diante dos discípulos, que discutiam por motivos de soberba e de vanglória, Jesus inclina-se e cumpre gostosamente o trabalho próprio de um servo.

Depois, quando volta para a mesa, comenta:
Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem, porque o sou. Se eu, pois, que sou o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, deveis também lavar-vos os pés uns aos outros.

A mim comove-me esta delicadeza do nosso Cristo, porque não afirma: se eu faço isto, quanto mais deveis fazer vós!
Coloca-se ao mesmo nível, não coage: fustiga amorosamente a falta de generosidade daqueles homens.

Como aos primeiros doze, o Senhor também nos pode insinuar a nós, como de facto nos insinua continuamente: exemplum dedi vobis, dei-vos exemplo de humildade.
Converti-me em servo, para que vós saibais, com coração manso e humilde, servir todos os homens.

104
        
Frutos da humildade

Quanto maior és, mais te deves humilhar em todas as coisas, e acharás graça diante de Deus.
Se formos humildes, Deus não nos abandonará nunca.
Ele humilha a altivez do soberbo, mas salva os humildes. Ele liberta o inocente, que pela pureza das suas mãos será resgatado.
A infinita misericórdia do Senhor não tarda em vir socorrer quem o chama com humildade.
E então actua como quem é: como Deus omnipotente.
Ainda que haja muitos perigos, ainda que a alma pareça acossada, ainda que se encontre cercada por todos os lados pelos inimigos da sua salvação, não perecerá.
E isto não é apenas tradição doutros tempos, pois continua a acontecer agora.

105
         
Ao ler a epístola de hoje, via Daniel metido entre aqueles leões famintos e, sem pessimismo - não posso dizer que qualquer tempo passado foi melhor, porque todos os tempos foram bons e maus - considerava que também nos momentos actuais andam muitos leões à solta e que nós temos de viver neste ambiente.
Leões que procuram a quem possam devorar: tamquam leo rugiens circuit quaerens quem devoret.

Como evitaremos essas feras?

Talvez não nos aconteça o mesmo que a Daniel.
Eu não sou milagreiro, mas amo a grandiosidade de Deus e entendo que lhe teria sido mais fácil aplacar a fome do profeta ou pôr-lhe algum alimento na sua frente.
Mas não o fez.
Preferiu que Habacuc, outro profeta, fosse transportado milagrosamente da Judeia para lhe levar a comida.
Não se importou de fazer um grande prodígio, porque Daniel não se encontrava naquele poço por mero acaso, mas por ser servidor de Deus e destruidor de ídolos, devido a uma injustiça dos sequazes do diabo.

Nós, sem manifestações espectaculares, com a normalidade da vida cristã corrente, com uma sementeira de paz e de alegria, temos também de destruir muitos ídolos: o da incompreensão, o da injustiça, o da ignorância, o da pretensa suficiência humana que volta com arrogância as costas a Deus.


Não vos assusteis nem temais nada, mesmo que as circunstâncias em que trabalheis sejam tremendas, piores que as de Daniel no fosso com aqueles animais vorazes.
As mãos de Deus continuam a ser igualmente poderosas e, se fosse necessário, fariam maravilhas.
Sede fiéis!
Com uma fidelidade amorosa, consciente, alegre, à doutrina de Cristo, persuadidos de que os anos de agora não são piores do que os dos outros séculos e de que o Senhor é o mesmo de sempre.

Conheci um sacerdote já ancião, que afirmava, sorridente, de si mesmo: eu estou sempre tranquilo, tranquilo.
E assim temos de nos encontrar sempre nós, metidos no mundo, rodeados de leões famintos, mas sem perder a paz: tranquilos!
Com amor, com fé, com esperança, sem esquecer jamais que, se for conveniente, o Senhor multiplicará os milagres.

(cont)


Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
16 - [1]

Há tempos debatemos entre vários casais amigos sobre o que poderíamos chamar “O querer dos Filhos”.
O que me podes dizer sobre o assunto?

Respondo:

Como pessoas que são, com uma individualidade singular, os filhos têm o seu querer, a sua vontade.
Podem e devem ter direito a ser-lhe concedida oportunidade de a ma­nifestar, de forma correcta.
Esta forma correcta, quer dizer com respeito e com moderação ou, por
outras palavras, nunca como uma imposição.
Mas, evidentemente, os filhos têm de aprender a querer, a educar a vontade, a ter uma noção da razoabilidade do que querem.
Aqui entra a pedagogia da liberdade que é, no fim e ao cabo, a educa­ção necessária e que o filho tem direito de receber. [i]


[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.



[i] (Cfr. ama, in Migalhas para o Caminho I, pg. 237)

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?