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16/09/2016

A única liberdade que salva é cristã

Não é verdade que haja oposição entre ser bom católico e servir fielmente a sociedade civil. Como não há razão para que a Igreja e o Estado choquem no exercício legítimo das respectivas autoridades, em cumprimento da missão que Deus lhes confiou. Mentem (isso mesmo: mentem!) os que afirmam o contrário. São os mesmos que, em aras de uma falsa liberdade, quereriam "amavelmente" que os católicos voltassem às catacumbas. (Sulco, 301)

Escravidão por escravidão – já que de qualquer modo temos de servir, pois, quer queiramos quer não, essa é a condição humana – não há nada melhor do que saber que somos, por Amor, escravos de Deus. Porque nesse momento perdemos a situação de escravos para nos tornarmos, amigos, filhos. E aqui surge a diferença: enfrentamos as ocupações honestas do mundo com a mesma paixão, com o mesmo empenho que os outros, mas com paz no íntimo da alma; com alegria e serenidade, mesmo nas contradições: pois não depositamos a nossa confiança naquilo que é passageiro, mas no que permanece para sempre, não somos filhos da escrava, mas da mulher livre.
Donde nos vem esta liberdade? De Cristo, Nosso Senhor. Esta é a liberdade com que Ele nos redimiu. Por isso ensina: se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. Nós, cristãos, não temos de pedir emprestado a ninguém o verdadeiro sentido deste dom, porque a única liberdade que salva o homem é cristã.
Gosto de falar da aventura da liberdade, porque é essa realmente a aventura da vossa vida e da minha. Livremente – como filhos, insisto, não como escravos – seguimos o caminho que Nosso Senhor assinalou para cada um de nós. E saboreamos esta facilidade de movimentos como um presente de Deus.
(…) Somos responsáveis perante Deus por todas as acções que realizamos livremente. Não há anonimatos; o homem encontra-se perante o seu Senhor e está na sua vontade decidir-se a viver como amigo ou como inimigo. Assim começa o caminho da luta interior, que é empresa para toda a vida, porque enquanto dura a nossa passagem pela terra ninguém alcança a plenitude da sua liberdade. (Amigos de Deus, 35–36)


Reflectindo - 201

Insatisfação

Uma aparente insatisfação de não fazer o que devia fazer, como é quando. Sinto está ânsia de perfeição pessoal que a cada momento parece estar ao meu alcance para logo se afastar para bem longe.
Queria um julgamento agora, que o Senhor me dissesse claramente:

‘Não posso prosseguir sem que primeiro aproveites todas as oportunidades que te dou continuamente.

Choras?

Mas choras por Mim ou por ti?

Porque não alcanças o que desejas ou porque não te esforças o suficiente?

Choras porque és pouca coisa e gostavas de ser mais ou choras porque nem mesmo o pouco que és consegues fazer o que deves?

Falta-te a vontade e sobra-te o desejo.

Choras porque não passas das intenções, das belas palavras, dos propósitos bem estruturados e não segues em frente como deves com o que tens, tudo o que tens e é muito porque fui Eu Quem to deu e bem sabes como sou generoso.

Sim, António, o que tens é o bastante, suficiente para me dares o que te exijo: que sejas bom, puro e santo’.


(ama, Malta, 20 de Maio 2016)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 8, 1-3

1 Em seguida Jesus caminhava pelas cidades e aldeias, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; andavam com Ele os doze 2 e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios, 3 Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Susana, e outras muitas, que os serviam com os seus bens.

Comentário:

De facto, foi pela mulher, a sua intervenção, que nos veio a primeira ofensa a Deus: o pecado original!

E, sem dúvida, foi pela mulher que nos chegou a salvação!

Quem pode duvidar do papel decisivo e imprescindível da mulher na sociedade humana?

(ama, comentário sobre Lc 8, 1-3, V. Moura, 2013.09.20)









Pequena agendado cristão


Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá

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O pão e a ceifa: comunhão com todos os homens

Jesus, dizia-vos no começo, é o semeador.
E por intermédio dos cristãos continua a sua sementeira divina.
Cristo aperta o trigo nas suas mãos chagadas, embebe-o com o seu sangue, limpa-o, purifica-o e lança-o no sulco que é o mundo.
Lança os grãos um a um, para que cada cristão, no seu próprio ambiente, dê testemunho da fecundidade da Morte e da Ressurreição do Senhor.

Se estamos nas mãos de Cristo, devemos impregnar-nos do seu Sangue redentor, deixar-nos lançar ao vento, aceitar a nossa vida tal como Deus a quer.
E convencer-nos de que a semente, para frutificar, tem que se enterrar e morrer.
Depois ergue-se o caule e surge a espiga.
Da espiga, o pão, que será convertido por Deus no Corpo de Cristo. Dessa forma voltaremos a reunir-nos em Jesus, que foi o nosso semeador.
Visto que há um só pão, nós, embora muitos formamos um só corpo, nós todos que participamos de um mesmo pão.

Nunca percamos de vista que não há fruto se antes não houve sementeira: por isso é preciso difundir generosamente a Palavra de Deus, fazer com que os homens conheçam Cristo e que, ao conhecê-Lo, tenham fome d'Ele.
Esta festa do Corpus Christi - Corpo de Cristo, Pão da vida é uma boa ocasião para meditar na fome de verdade, de justiça, de unidade e de paz que se adverte nos homens.
Perante a fome de paz, teremos de repetir com S. Paulo: Cristo é a nossa paz, pax nostra.
Os desejos de verdade hão-de levar-nos a recordar que Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
Aos que procuram a unidade, temos de colocá-los perante Cristo, que pede que estejamos consummati in unum, consumados na unidade. A fome de justiça deve conduzir-nos à fonte originária da concórdia entre os homens: ser e saber-se filhos do Pai, irmãos.

Paz, verdade, unidade, justiça.
Que difícil parece por vezes o trabalho de superar as barreiras, que impedem o convívio entre os homens!
E contudo nós, os cristãos somos chamados a realizar esse grande milagre da fraternidade: conseguir, com a graça de Deus, que os homens se tratem cristãmente, levando uns as cargas dos outros, vivendo o mandamento do Amor, que é o vínculo da perfeição e o resumo da lei.

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Não deixemos de reparar que fica ainda muito por fazer.
Em determinada ocasião, talvez contemplando o suave movimento das espigas já gradas, disse Jesus aos seus discípulos: A messe é grande mas os operários são poucos. Rogai pois ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe.
Como então, também agora faltam homens que queiram suportar o peso do dia e do calor.
E se nós, os que trabalhamos, não formos fiéis, acontecerá o que escreveu o profeta Joel: destruída a colheita a terra ficou de luto: porque o trigo está seco, o vinho arruinado, o azeite perdido. Confundi-vos, lavradores; gritai, vinhateiros, pelo trigo e pela cevada. Não há colheita.

Não há colheita, quando não se está disposto a aceitar generosamente o trabalho constante, que pode tornar-se longo e fatigante: lavrar a terra, semear, cuidar do campo, fazer a ceifa e a debulha...
Na história, no tempo, edifica-se o Reino de Deus.
O Senhor confiou-nos a todos essa tarefa e ninguém se pode sentir dispensado dela.
Ao adorarmos e contemplarmos hoje Cristo na Eucaristia, pensemos que ainda não chegou a hora do descanso, porque a jornada continua.

Está dito no livro dos Provérbios: quem lavrar a sua campina terá pão em abundância.
Tiremos a lição espiritual destas palavras: quem não lavra o terreno de Deus, quem não é fiel à missão divina de se entregar aos outros, ajudando-os a conhecer Cristo, dificilmente conseguirá entender o que é o Pão eucarístico.
Ninguém gosta daquilo que não lhe custou esforço.
Para apreciar e amar a Sagrada Eucaristia, é preciso percorrer o caminho de Jesus; sermos trigo, morrermos para nós próprios, ressuscitarmos cheios de vida e darmos fruto abundante: cem por um!

Esse caminho resume-se numa única palavra: amar.
Amar é ter o coração grande, sentir as preocupações dos que estão à nossa volta, saber perdoar e compreender: sacrificar-se, com Jesus Cristo, por todas as almas.
Se amamos com o coração de Cristo, aprenderemos a servir, e defenderemos a verdade claramente e com amor.
Para amar desta maneira, é preciso que cada um expulse da sua vida tudo o que estorva a Vida de Cristo em nós: o apego à nossa comodidade, a tentação do egoísmo, a tendência à exaltação pessoal.
Só reproduzindo em nós a Vida de Cristo, poderemos transmiti-la aos outros; só experimentando a morte do grão de trigo, poderemos trabalhar nas entranhas da terra, transformá-la por dentro, torná-la fecunda.

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O optimismo cristão

Alguma vez poderá surgir a tentação de pensar que tudo isto é tão belo como um sonho irrealizável.
Falei-vos de renovar a fé e a esperança; permanecei firmes, com a certeza absoluta de que as nossas aspirações serão ultrapassadas pelas maravilhas de Deus.
Mas torna-se indispensável que nos apoiemos verdadeiramente na virtude cristã da esperança.

Não nos acostumemos aos milagres que se operam perante nós: ao admirável portento que é o Senhor descer todos os dias às mãos do sacerdote.
Jesus quer que estejamos despertos, para que nos convençamos da grandeza do seu poder, e para que ouçamos novamente a sua promessa: venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum, se Me seguirdes, far-vos-ei pescadores de homens; sereis eficazes e atraireis as almas a Deus.
Devemos, portanto, confiar nessas palavras do Senhor: meter-se na barca, pegar nos remos, içar as velas e lançar-nos a esse mar do mundo que Cristo nos deixa em herança.
Duc in altum et laxate rectia vestra in capturam!: fazei-vos ao largo e lançai as vossas redes para pescar.

Este zelo apostólico que Cristo infundiu no nosso coração não se deve esgotar - extinguir - por uma falsa humildade.
Se é verdade que arrastamos connosco as nossas misérias, também é verdade que o Senhor conta com os nossos erros.
Não escapa ao seu olhar misericordioso que nós, os homens, somos criaturas com limitações, com fraquezas, com imperfeições, inclinadas ao pecado.
Por isso, manda-nos lutar, reconhecer os nossos defeitos; não para nos acobardarmos, mas para nos arrependermos e fomentarmos o desejo de sermos melhores.

Aliás, temos de lembrar-nos sempre de que somos apenas instrumentos: Que é, pois, ApoIo? e que é Paulo? Ministros daquele em quem vás crestes, segundo o dom que o Senhor deu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas Deus é que deu o crescimento.
A doutrina, a mensagem que temos de difundir, tem uma fecundidade própria e infinita, que não é nossa, mas de Cristo.
É o próprio Deus quem está empenhado em realizar a obra salvadora, em redimir o, mundo.

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Tenhamos, pois, Fé, sem permitir que o desalento nos domine; sem nos determos em cálculos meramente humanos.
Para superar os obstáculos, há que começar a trabalhar, metendo-se em cheio nessa tarefa, de maneira que o nosso próprio esforço nos leve a abrir novos caminhos.
Perante qualquer dificuldade, o remédio é este: santidade pessoal, entrega ao Senhor.

Ser santos é viver tal como o nosso Pai do Céu dispôs que vivêssemos.
Dir-me-eis que é difícil.
Sim, o ideal é muito elevado.
Mas ao mesmo tempo é fácil: está ao alcance da mão.
Quando uma pessoa adoece, nem sempre se consegue encontrar o remédio adequado para a tratar.
Mas no plano sobrenatural não acontece assim.
O remédio está sempre perto de nós: é Jesus Cristo, presente na Sagrada Eucaristia, que também nos dá a sua graça nos outros Sacramentos que instituiu.

Repitamos com a palavra e com as obras: Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia.
Não temos por que pedir a Deus grandes milagres.
Temos de lhe suplicar, pelo contrário, que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade.
Jesus está sempre junto de nós e permanece fiel.

Desde o começo da minha pregação, preveni-vos contra um falso endeusamento.
Não te assustes ao veres-te tal como és: assim, feito de barro.
Não te preocupes.
Porque, tu e eu somos filhos de Deus, - este é o endeusamento bom - escolhidos desde a eternidade, com uma vocação divina: escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mando, para que sejamos santos diante dele.
Nós, que somos especialmente de Deus, seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza.
As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fraqueza.

Se sentimos desalento ao experimentar - talvez de um modo particularmente vivo - a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus.
Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno, pedindo uma esmola.
Alexandre parou e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades.
O pobre, confundido e atordoado, exclamou: eu não pedia tanto!
E Alexandre respondeu: tu pediste como quem és; eu dou-te como quem sou.

Mesmo nos momentos em que percebemos mais profundamente a nossa limitação, podemos e devemos olhar para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, sabendo-nos participantes da vida divina.
Nunca existe razão suficiente para voltarmos atrás: o Senhor está ao nosso lado.
Temos que ser fiéis, leais, encarar as nossas obrigações, encontrando em Jesus o amor e o estímulo para compreender os erros dos outros e superar os nossos próprios erros.
Assim, todos esses desalentos - os teus, os meus, os de todos os homens - servem também de suporte ao reino de Cristo.

Reconheçamos as nossas fraquezas, mas confessemos o poder de Deus.
O optimismo, a alegria, a convicção firme de que o Senhor quer servir-se de nós têm de informar a vida cristã.
Se nos sentirmos parte dessa Igreja Santa, se nos considerarmos sustentados pela rocha firme de Pedro e pela acção do Espírito Santo, decidir-nos-emos a cumprir o pequeno dever de cada instante: semear todos os dias um pouco.
E a colheita fará transbordar os celeiros.

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Terminemos este tempo de oração.
Recordai - saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina - que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança.
Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.

Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores.
Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Deus Pai dignou-Se conceder-nos, no Coração do Filho, infinitos dilectionis thesauros, tesouros inesgotáveis de amor, de misericórdia, de ternura.
Se quisermos descobrir com evidência que Deus nos ama - que não só escuta as nossas orações, mas até Se nos antecipa - basta-nos seguir o mesmo raciocínio de S. Paulo: Aquele que nem ao seu próprio Filho perdoou, mas O entregou à morte por nós, corno não nos dará, com Ele, todas as coisas?

A graça renova o homem por dentro e converte-o, de pecador e rebelde, em servo bom e fiel.
E a fonte de todas as graças é o amor que Deus tem por nós e nos revelou - e não só com palavras, também com actos.
O amor divino faz com que a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima, o Verbo, o Filho de Deus Pai, tome a nossa carne, isto é, a nossa condição humana, menos o pecado.
E o Verbo, a Palavra de Deus, é Verbum spirans amorem, a Palavra de que procede o Amor.

O Amor revela-se na Encarnação, nessa caminhada redentora de Jesus Cristo pela Terra, até ao sacrifício supremo da Cruz.
E na Cruz manifesta-se com um novo sinal: um dos soldados abriu o lado de Jesus com uma lança e no mesmo instante saiu sangue e água .
Água e sangue de Jesus que nos falam de uma entrega realizada até ao último extremo, até ao consummatum est , ao "tudo está consumado", por amor.

Na festa de hoje, ao considerarmos uma vez mais os mistérios centrais da nossa fé, maravilhamo-nos de que as realidades mais profundas - o amor de Deus Pai que entrega o seu Filho; o amor do Filho que O leva a caminhar sereno até ao Gólgota - se traduzam em gestos muito próximos dos homens.
Deus não Se nos dirige numa atitude de poder e de domínio; aproxima-Se de nós tomando a forma de servo, tornado semelhante aos homens.
Nunca Jesus Se mostra distante e altivo.
Por vezes, durante os anos de pregação, podemos vê-Lo desgostoso por lhe doer a maldade humana.
Mas, se repararmos melhor, logo perceberemos que o que Lhe provoca o desgosto ou a cólera é o amor, que o desgosto e a cólera são apenas um novo modo de nos arrancar à infidelidade e ao pecado. Porventura quero Eu a morte do ímpio - diz o Senhor Deus - e não que se converta do seu mau caminho e que viva?
Essas palavras explicam-nos toda a vida de Cristo e fazem-nos compreender por que Se apresentou perante nós com um coração de carne, com um coração como o nosso, prova irrefutável de amor e testemunho constante do mistério inenarrável da caridade divina.


(cont)