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12/09/2016

O santo não nasce: forja-se”

Tudo aquilo em que intervimos nós, os pobrezitos dos homens, mesmo a santidade, é um tecido de pequenas coisas que segundo a intenção com que se fazem podem formar uma tapeçaria esplêndida de heroísmo ou de baixeza, de virtudes ou de pecados. As gestas relatam sempre aventuras gigantescas, mas misturadas com pormenores caseiros do herói. Oxalá tenhas sempre em muito apreço é a linha recta as coisas pequenas. (Caminho, 826)

O principal requisito que nos é pedido bem conforme com a nossa natureza consiste em amar: a caridade é o vínculo da perfeição; caridade que devemos praticar de acordo com as orientações explícitas que o próprio Senhor estabelece: amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente, sem reservarmos nada para nós. A santidade consiste nisto.


É bem certo que se trata de um objectivo elevado e árduo. Mas não se esqueçam de que o santo não nasce: forja-se no jogo contínuo da graça divina e da correspondência humana. Um dos escritores cristãos dos primeiros séculos adverte, referindo-se à união com Deus: Tudo o que se desenvolve começa por ser pequeno. Ao alimentar-se gradualmente, com constantes progressos, é que chega a ser grande. Por isso te digo que, se quiseres portar-te como um cristão coerente sei que estás disposto a isso, embora te custe tantas vezes vencer-te ou puxar por esse pobre corpo deves ter muito cuidado com os mais pequenos pormenores, porque a santidade que Nosso Senhor te exige atinge-se realizando com amor de Deus o trabalho e as obrigações de cada dia, que se compõem quase sempre de pequenas realidades. (Amigos de Deus, nn 6–7)

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
15 - [1]

Nestes tempos conturbados por vezes é difícil manter a serenidade no matrimónio.
Que me dizes sobre esta realidade que provoca, por vezes, desastrosos desfechos.

Respondo:

Talvez que uma das situações da vida humana onde a serenidade se
mostre mais necessária seja no matrimónio.
Os cônjuges têm, quase sempre, maneiras de ser diferentes e, consequentemente, as formas de encarar os factos e incidentes da vida comum podem não coincidir.
Daqui que seja frequente a discussão mais ou menos acesa, sobre o assunto em causa.
A ausência de serenidade, em pelo menos um dos cônjuges, pode levar a algum extremismo de posições, transformando o que começara por ser uma discussão normal entre dois adultos que se amam, numa altercação viva e ruidosa em que se vai perdendo o controlo das palavras e das emoções, continuando na sublimação dos defeitos de cada um como se estivessem a discutir duas pessoas que se odeiam.
                                                           
O final é sempre um mal-estar entre o casal em que nenhum dos dois
quer ceder nos seus pontos de vista, surgindo um mau humor mais ou
menos perdurável menos que aquele que estiver mais sereno diga uma palavra que contenha o mau humor até mais tarde. [i]


[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.



[i] (Cfr, ama, in Migalhas para o Caminho I, pg. 47)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Santíssimo nome de Maria [i]

Evangelho: Lc 7, 1-10

Naquele tempo, quando Jesus acabou de falar ao povo, entrou em Cafarnaum. Um centurião tinha um servo a quem estimava muito e que estava doente, quase a morrer. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus para Lhe pedir que fosse salvar aquele servo. Quando chegaram à presença de Jesus, os anciãos suplicaram-Lhe insistentemente: «Ele é digno de que lho concedas, pois estima a nossa gente e foi ele que nos construiu a sinagoga». Jesus acompanhou-os. Já não estava longe da casa, quando o centurião Lhe mandou dizer por uns amigos: «Não Te incomodes, Senhor, pois não mereço que entres em minha casa, nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma palavra e o meu servo será curado. Porque também eu, que sou um subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens. Digo a um ‘Vai’ e ele vai; e a outro ‘Vem’ e ele vem; e ao meu servo ‘Faz isto’ e ele faz». Ao ouvir estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e, voltando-se para a multidão que O seguia, exclamou: «Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé». Ao regressarem a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.

Comentário:

Como sempre numa leitura mais detida do Evangelho, encontramos detalhes que nos passaram despercebidos.

Refiro-me à expressão de São Lucas: «um servo que lhe era muito querido».

O Senhor ama o seu servo e não deixa de se preocupar com a sua situação seja ela de saúde física ou outra.


O senhor daquele servo humilha-se?

Não!

Antes demonstra que não faz acepção de pessoas nem o seu estatuto social ou a sua profissão.

O seu amor, o seu interesse prende-se não com quem é ou o que faz mas com a pessoa.

Como deve ser o nosso amor pelo próximo!
 
(ama, comentário sobre Lc 7, 1-10, 29.05.2016)






[i] Santíssimo Nome da Virgem Santa Maria. Neste dia se evoca o inefável amor da Mãe de Deus para com o seu santíssimo Filho e se propõe aos olhos dos fiéis a figura da Mãe do Redentor para ser piedosamente invocada.

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá


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No meio das limitações inseparáveis da nossa situação presente, porque o pecado ainda habita em nós de algum modo, o cristão vê com nova clareza toda a riqueza da sua filiação divina, quando se reconhece plenamente livre porque trabalha nas coisas do seu Pai, quando a sua alegria se torna constante por nada ser capaz de lhe destruir a esperança.

Pois é também nesse momento que é capaz de admirar todas as belezas e maravilhas da Terra, de apreciar toda a riqueza e toda a bondade, de amar com a inteireza e a pureza para que foi criado o coração humano.

Também é nessa altura que a dor perante o pecado não degenera num gesto amargo, desesperado ou altivo porque a compunção e o conhecimento da fraqueza humana conduzem-no a identificar-se outra vez com as ânsias redentoras de Cristo e a sentir mais profundamente a solidariedade com todos os homens.
É então, finalmente, que o cristão experimenta em si com segurança a força do Espírito Santo, de tal maneira que as suas quedas pessoais não o abatem; são um convite a recomeçar e a continuar a ser testemunha fiel de Cristo em todas as encruzilhadas da Terra, apesar das misérias pessoais, que nestes casos costumam ser faltas leves, que apenas turvam a alma; e, ainda que fossem graves, acudindo ao Sacramento da Penitência com compunção, volta-se à paz de Deus e a ser de novo uma boa testemunha das suas misericórdias.

Tal é, em breve resumo que mal consegue traduzir em pobres palavras humanas a riqueza da fé, a vida do cristão, quando se deixa guiar pelo Espírito Santo.
Não posso, portanto, terminar melhor do que fazendo minha a súplica que se contém num dos hinos litúrgicos da festa de Pentecostes, que é como um eco da oração incessante da Igreja inteira: Vem, Espírito Criador, visita as inteligências dos teus, enche de graça celeste os corações que criaste. Na tua escola, faz-nos conhecer o Pai e também o Filho; faz, enfim, com que acreditemos eternamente em Ti, Espírito que procedes de Um e do Outro.

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Um olhar pelo mundo, um olhar sobre o Povo de Deus neste mês de Maio que começa, faz-nos contemplar o espectáculo da devoção mariana manifestada em tantos costumes, antigos ou novos, mas sempre vividos com um mesmo espírito de amor.
Dá alegria verificar que a devoção à Virgem está sempre viva, despertando nas almas cristãs um impulso sobrenatural para se comportarem como domestici Dei, como membros da família de Deus.

Nestes dias, vendo como tantos cristãos exprimem dos mais diversos modos o seu carinho à Virgem Santa Maria, também vós certamente vos sentis mais dentro da Igreja, mais irmãos de todos esses vossos irmãos.

É uma espécie de reunião de família, como quando os irmãos que a vida separou voltam a encontrar-se junto da Mãe, por ocasião de alguma festa.
Ainda que alguma vez tenham discutido uns com os outros e se tenham tratado mal, naquele dia não; naquele dia sentem-se unidos, reencontram-se unidos, reencontram-se todos no afecto comum.

Maria, na verdade, edifica continuamente a Igreja, reúne-a, mantém-na coesa.
É difícil ter autêntica devoção à Virgem sem nos sentirmos mais vinculados aos outros membros do Corpo Místico e também mais unidos à sua cabeça visível, o Papa.
Por isso me agrada repetir: Omnes cum Petro ad Iesum per Mariam! - todos, com Pedro, a Jesus, por Maria!
E assim, ao reconhecer-nos como parte da Igreja e convidados a sentir-nos irmãos na Fé, descobrimos mais profundamente a fraternidade que nos une à Humanidade inteira, porque a Igreja foi enviada por Cristo a todos os homens e a todos os povos.

O que acabo de dizer, todos nós o experimentamos, pois não nos têm faltado ocasiões de comprovar os efeitos sobrenaturais de uma sincera devoção à Virgem.
Cada um de vós podia contar muitas coisas a esse propósito.
E eu também. Vem-me agora à memória uma romaria que fiz em 1935 a uma ermida da Virgem em terra castelhana - a Sonsoles.

Não era uma romaria no sentido habitual.
Não era ruidosa nem multitudinária. Íamos apenas três.
Respeito e estimo essas outras manifestações públicas de piedade, mas, pessoalmente, prefiro tentar oferecer a Maria o mesmo carinho e o mesmo entusiasmo por meio de visitas pessoais, ou em pequenos grupos, com intimidade.

Naquela romaria a Sonsoles, conheci a origem desta invocação da Virgem - pormenor sem grande importância, mas que é uma manifestação filial da gente daquela terra.
A imagem de Nossa Senhora que se venera naquele lugar esteve escondida durante algum tempo, na época das lutas entre cristãos e muçulmanos em Espanha.
Ao cabo de alguns anos, a imagem foi encontrada por uns pastores, que, segundo conta a tradição, exclamaram, ao vê-la: Que lindos olhos! São sóis! *

* (N. do T.) Em castelhano, "son soles"

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Mãe de Cristo, Mãe dos Cristãos

Desde esse ano de 1935, em numerosas e habituais visitas a santuários de Nossa Senhora, tenho tido ocasiões de reflectir e de meditar sobre esta realidade - a do carinho de tantos cristãos pela Mãe de Jesus.
E sempre pensei que esse carinho é uma correspondência de amor, uma prova de gratidão filial. Porque Maria está bem unida à maior manifestação de amor de Deus, a Encarnação do Verbo, que se fez homem como nós e carregou com as nossas misérias e pecados. Maria, fiel à missão divina para que foi criada entregou-se e entrega-se continuamente em serviço dos homens, chamados todos eles a serem irmãos do seu Filho Jesus.
E assim a Mãe de Deus é realmente agora a Mãe dos homens também,

Assim é, porque assim o quis o Senhor. E o Espírito Santo dispôs que ficasse escrito, para ser manifesto a todas as gerações: Estavam, junto à Cruz de Jesus, sua Mãe, e a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria de Magdala.
Ao ver sua Mãe e, junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois. disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.

João, o discípulo amado de Jesus, recebe Maria e introdu-la em sua casa, na sua vida.
Os autores espirituais viram nestas palavras do Santo Evangelho um convite dirigido a todos os cristãos para que Maria entre também nas suas vidas.
Em certo sentido, é quase supérfluo este esclarecimento. Maria quer, certamente, que a invoquemos, que nos aproximemos d'Ela com confiança, que apelemos para a sua maternidade, pedindo-lhe que se manifeste como nossa Mãe.

Mas é uma Mãe que não se faz rogar, que se adianta, inclusivamente, às nossas súplicas, pois conhece as necessidades e vem prontamente em nossa ajuda, demonstrando com obras que se lembra constantemente dois seus filhos.
Cada um de nós, evocando a sua própria vida e vendo como nela se manifesta a misericórdia de Deus, pode descobrir mil motivos para se sentir, de modo especial, filho de Maria.

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Os textos da Sagrada Escritura que nos falam de Nossa Senhora fazem-nos ver precisamente como a Mãe de Jesus acompanha o seu Filho passo a passo, associando-se à sua missão redentora, alegrando-se e sofrendo com Ele, amando aqueles que Jesus ama, ocupando-se com maternal solicitude de todos os que estão a seu lado.

Pensemos, por exemplo, no relato das bodas de Caná.
Entre tantos convidados de uma ruidosa boda rural, a que vêm pessoas de muitos lugares, Maria dá pela falta de vinho.
Repara nisso imediatamente - e só Ela.
Que familiares se nos apresentam as cenas da vida de Cristo!
Porque a grandeza de Deus convive com o humano - com o normal e corrente.
Realmente, é próprio de uma mulher, de uma atenta dona de casa, reparar num descuido, estar presente nesses pequenos pormenores que tomam agradável a existência humana; e assim aconteceu com Maria.

Reparai também que é João quem narra o episódio de Caná.
É ele o único evangelista que recolhe este gesto de solicitude maternal.
S. João quer lembrar-vos que Maria esteve presente no começo da vida pública do Senhor.
Isto demonstra que soube aprofundar a importância dessa presença de Nossa Senhora. Jesus sabia a quem confiava a sua Mãe: a um discípulo que a tinha amado, que tinha aprendido a querer-lhe como à sua própria mãe e que era capaz de entendê-la.

Pensemos agora nos dias que se seguiram à Ascensão, à espera do Pentecostes.
Os discípulos cheios de fé pelo triunfo de Cristo ressuscitado (e ansiosos pelo Espírito Santo prometido), querem sentir-se unidos, e encontramo-los cum Maria Matre Iesu, com Maria, Mãe de Jesus.
A oração dos discípulos acompanha a oração de Maria: era a oração de uma família unida.

Desta vez é S. Lucas, - o evangelista que narrou com mais extensão a infância de Jesus, quem nos transmite este novo dado.
Como se desejasse dar-nos a entender que, assim como Maria teve um papel de primeira importância na Encarnação do Verbo, de modo análogo também esteve presente nas origens da Igreja, que é o Corpo de Cristo.

Desde o primeiro momento da vida da Igreja, todos os cristãos que procuraram o amor de Deus - esse amor que se nos revela e se faz carne em Jesus Cristo - se encontraram com a Virgem e experimentaram de muito diversas maneiras o seu desvelo maternal.
A Virgem Santíssima pode chamar-se com verdade Mãe de todos os cristãos.
Santo Agostinho dizia-o com palavras claras: Cooperou com a sua caridade para que nascessem na Igreja os fiéis, membros daquela cabeça, de que é efectivamente Mãe segundo o corpo.

Não é, pois, estranho que um dos testemunhos mais antigos da devoção a Maria seja precisamente uma oração cheia de confiança. Refiro-me àquela antífona, composta há séculos, que continuamos a repetir hoje em dia:
À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as súplicas que em nossas necessidades vos dirigimos, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.


(cont)