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29/05/2016

Leitura espiritual

Leitura Espiritual


CARTA ENCÍCLICA
HAURIETIS AQUAS
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O CULTO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

  

V

EXORTAÇÃO À PRÁTICA MAIS PURA E MAIS EXTENSA DO CULTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



1) Convite a compreender e praticar melhor as várias formas da devoção ao Coração de Jesus

61. Antes de terminarmos as considerações tão belas e tão consoladoras que vos estamos fazendo sobre a natureza autêntica deste culto e a sua cristã excelência, nós, cônscios do ofício apostólico confiado em primeiro lugar a S. Pedro depois que ele por três vezes professou o seu amor a Jesus Cristo nosso Senhor, julgamos conveniente, veneráveis irmãos, exortar-vos uma vez mais, e por vosso intermédio exortar todos os caríssimos filhos que em Cristo temos, a que vos esforceis com crescente entusiasmo por promover esta suavíssima devoção, pois confiamos que dela hão-de brotar grandes proveitos também nos nossos tempos.

62. Em verdade, se se ponderam devidamente os argumentos em que se funda o culto ao Coração ferido de Jesus, todos verão claramente não se tratar aqui de uma forma qualquer de piedade, que se possa pospor a outras ou ter em menos, mas sim de uma prática religiosa sumamente apta para conseguir a perfeição cristã.
Se segundo o conceito teológico tradicional, expresso pelo Doutor angélico – "a devoção não é outra coisa senão a vontade pronta de se dedicar a tudo o que se relaciona com o serviço de Deus", [i] pode haver serviço divino mais devido e mais necessário, e ao mesmo tempo mais nobre e mais suave, daquele que se presta ao seu amor?
Que coisa pode haver mais grata e mais aceite a Deus do que o serviço que se faz à caridade divina, e que se faz por amor, sendo, como é, todo serviço voluntário, de certo modo, um dom, e constituindo o amor "o dom primeiro e origem de todos os dons gratuitos"? [ii]
Digna é, pois, de sumo apreço uma forma de culto mediante a qual o homem ama e honra mais a Deus e se consagra com maior facilidade e liberdade à caridade divina; forma de culto que o nosso próprio Redentor se dignou propor e recomendar ao povo cristão, e que os sumos-pontífices confirmaram com memoráveis documentos e enalteceram com grandes louvores.
Por isso, quem tivesse em pouco esse insigne benefício que Jesus Cristo deu à sua Igreja, procederia temerária e perniciosamente, e ofenderia o próprio Deus.

63. Isso posto, não se pode duvidar de que os cristãos que honram o Sacratíssimo Coração do Redentor cumprem o dever, por demais gravíssimo, que eles têm de servir a Deus, e que justamente se consagram a si mesmos e todas as suas coisas, seus sentimentos interiores e sua atividade exterior, ao seu Criador e Redentor, e que desse modo observam aquele divino mandamento:
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças" [iii].
Além disso, têm a certeza de que honrar a Deus não os move principalmente o proveito pessoal, corporal ou espiritual, temporal ou eterno, e sim a bondade do próprio Deus, a quem eles procuram obsequiar com correspondência de amor, com actos de adoração e com a devida acção de graças.
Se assim não fora, o culto ao Sacratíssimo Coração de Jesus não corresponderia ao carácter genuíno da religião cristã, visto que com tal culto o homem não honraria principalmente o amor divino; e não sem motivo, como às vezes sucede, poder-se-ia increpar de excessivo amor e solicitude de si mesmos os que entendem mal esta nobilíssima devoção ou não a praticam convenientemente.

64. Tenham, pois, todos a firme persuasão de que no culto ao Augustíssimo Coração de Jesus o mais importante não são as práticas externas de piedade, e que o motivo principal de abraçá-lo não deve ser a esperança dos benefícios que Cristo nosso Senhor prometeu em revelações, e estas privadas, precisamente para que os homens cumpram com mais fervor os principais deveres da religião católica, a saber: o dever do amor e o da expiação, e assim também obtenham da melhor maneira o seu próprio proveito espiritual.

65. Exortamos, pois, todos os nossos filhos em Cristo a praticarem com entusiasmo esta devoção, tanto os que já costumam beber as águas salutares que manam do coração do Redentor, como sobretudo os que, à guisa de espectadores, olham de longe, com curiosidade e dúvida. Considerem esses com atenção tratar-se, como já dissemos, de um culto desde há tempos arraigado na Igreja, e que se apoia solidamente nos próprios Evangelhos; de um culto em favor do qual está claramente a tradição e a sagrada liturgia, e que os próprios pontífices romanos exaltaram com muitos e grandes louvores; pois não se contentaram com instituir uma festa em honra do Coração do Redentor e estendê-la a toda a Igreja, mas ainda tomaram a iniciativa de dedicar e consagrar com rito solene todo o género humano ao mesmo Sacratíssimo Coração. [iv]
Considerem, finalmente, os frutos copiosos e consoladores que a Igreja tem colhido desta devoção: inúmeras conversões à religião católica, a fé de muitos reavivada, a união mais estreita dos cristãos com o nosso amantíssimo Redentor; frutos esses todos que, sobretudo nestes últimos decénios, têm sido observados com maior frequência e esplendor.

66. Ao contemplarmos este magnífico espetáculo da extensão e do fervor com que a devoção ao Sacratíssimo Coração de Jesus se tem propagado em toda classe de fiéis, sentimo-nos cheios de alegria e de consolação; e, depois de darmos as devidas graças ao nosso Redentor, que é tesouro infinito de bondade, não podemos deixar de nos congratular paternalmente com todos os que têm contribuído eficazmente para promover este culto, pertençam eles ao clero ou as fileiras dos simples féis.

2) Grande utilidade do culto ao Sagrado Coração de Jesus nas actuais necessidades da Igreja

67. Veneráveis irmãos, embora a devoção ao Sagrado Coração de Jesus tenha produzido em toda parte frutos salutares de vida cristã, contudo ninguém ignora que a Igreja militante na terra, e sobretudo a sociedade civil, ainda não alcançaram o grau de perfeição que corresponde aos desejos de Jesus Cristo, esposo místico da Igreja e Redentor do género humano.
Não são poucos os filhos da Igreja que com numerosas manchas e rugas deturpam o rosto materno que em si mesmos reflectem; nem todos os cristãos brilham por santidade de costumes, à qual por vocação divina são chamados; nem todos os pecadores que em má hora abandonaram a casa paterna têm voltado para de novo vestir-se nela com "a veste preciosa" [v] e pôr no dedo o anel, símbolo de fidelidade para com o esposo de sua alma; nem todos os infiéis se incorporaram ainda ao corpo místico de Cristo.
Há mais.
Porque, se bem que nos encha de amarga dor o ver a fé definhar nos bons, e contemplar como, pelo falaz atractivo dos bens terrenos, lhes decresce nas almas e aos poucos se apaga o fogo da caridade divina, muito mais nos atormentam as maquinações dos ímpios, que, agora mais do que nunca, parecem incitados pelo inimigo infernal no seu ódio implacável e aberto contra Deus, contra a Igreja e, sobretudo, contra aquele que representa na terra a pessoa do divino Redentor e a sua caridade para com os homens, consoante a conhecidíssima frase do doutor de Milão, "(Pedro) é interrogado sobre aquilo de que há dúvida, mas não o duvida o Senhor; pergunta, não para saber, mas para ensinar àquele que, na sua ascensão ao céu, ele nos deixava como vigário do seu amor". [vi]

68. Certamente, o ódio contra Deus e contra os que legitimamente lhe fazem as vezes é o maior crime que o homem pode cometer, criado como foi este à imagem e semelhança de Deus, destinado a gozar da sua amizade perfeita e eterna no céu; visto que peio ódio a Deus o homem se afasta o mais possível do sumo Bem, sente-se impelido a repelir de si e do seu próximo tudo quanto vem de Deus, tudo quanto une com Deus, tudo quanto conduz a gozar de Deus, ou seja a verdade, a virtude, a paz e a justiça. [vii]

69. Podendo, pois, observar que, por desgraça, cresce em algumas partes o número dos que se jactam de ser inimigos do Senhor eterno, e que os falsos princípios do "materialismo" se difundem teórica e praticamente; e ouvindo como continuamente se exalta a licença desenfreada das paixões, como estranharmos que em muitas almas se arrefeça a caridade, que é a suprema lei da religião cristã, o fundamento mais firme da verdadeira e perfeita justiça, o manancial mais abundante da paz e das castas delícias? Já o advertiu o nosso Salvador: "Pela inundação dos vícios, arrefecer-se-á a caridade de muitos" [viii].

3) O culto ao Sagrado Coração de Jesus, lábaro de salvação também para o mundo moderno

70. À vista de tantos males que, hoje como nunca, transtornaram profundamente os indivíduos, as famílias, as nações e o orbe inteiro, onde acharmos, veneráveis irmãos, um remédio eficaz?
Poderemos encontrar alguma devoção que se avantaje ao culto Augustíssimo do Coração de Jesus, que corresponda melhor à índole própria da fé católica, que com mais eficácia satisfaça as necessidades atuais da Igreja e do género humano?
Que homenagem religiosa mais nobre, mais suave e mais salutar do que este culto que se dirige todo à própria caridade de Deus? [ix]
Por último, que pode haver de mais eficaz do que a caridade de Cristo que a devoção ao Sagrado Coração promove e fomenta cada dia maipara estimular os cristãos a praticarem em sua vida a lei evangélica, sem a qual não é possível haver entre os homens paz verdadeira, como claramente ensinam aquelas palavras do Espírito Santo:
"Obra da justiça será a paz" [x]

71. Pelo que, seguindo o exemplo do nosso imediato antecessor, queremos lembrar de novo a todos os nossos filhos em Cristo a exortação que, ao expirar o século passado, Leão XIII, de feliz memória, dirigiu a todos os cristãos e a quantos se sentiam sinceramente preocupados com a sua própria salvação e com a salvação da sociedade civil:
"Vede hoje ante vossos olhos um segundo lábaro consolador e divino: o Sacratíssimo Coração de Jesus..., que brilha com refulgente esplendor por entre as chamas. Nele devemos pôr toda a nossa confiança; a ele devemos suplicar e dele devemos esperar a nossa salvação". [xi]

72. Também vivamente desejamos que todos os que se gloriam do nome de cristãos e lutam activamente por estabelecer o reino de Jesus Cristo no mundo, considerem a devoção ao Coração de Jesus como bandeira e manancial de unidade, de salvação e de paz.
Ninguém pense que esta devoção prejudique no que quer que seja as outras formas de piedade com que, sob a direção da Igreja, o povo cristão venera o divino Redentor.
Ao contrário, uma fervorosa devoção ao Coração de Jesus fomentará e promoverá, sobretudo, o culto a santíssima cruz, não menos do que o amor ao augustíssimo sacramento do altar.
E, em realidade – como o evidenciam as revelações de Jesus Cristo a Stª. Gertrudes e a Stª. Margarida Maria – podemos afirmar que ninguém chegará a sentir devidamente a respeito de Jesus Cristo crucificado se não for penetrando nos arcanos do seu Coração:
Nem será fácil entender o ímpeto do amor com que Jesus Cristo se deu a nós por alimento espiritual se não é fomentando a devoção ao Coração Eucarístico de Jesus; a qual – para nos valermos das palavras do nosso predecessor Leão XIII, de feliz memória – nos recorda "aquele acto de amor supremo com que, entornando todas as riquezas do seu Coração, a fim de prolongar a sua estada convosco até a consumação dos séculos, o nosso Redentor instituiu o adorável sacramento da eucaristia". [xii]
Certamente, "não é pequena a parte que na eucaristia teve o seu Coração, sendo tão grande o amor do seu Coração com que ele no-la deu". [xiii]

73. Finalmente, desejando ardentemente opor segura barreira as ímpias maquinações dos inimigos de Deus e da Igreja, como também fazer as famílias e as nações voltarem ao amor de Deus e do próximo, não duvidamos em propor a devoção ao Sagrado Coração de Jesus como escola eficacíssima de caridade divina; dessa caridade divina sobre a qual se há-de construir o reino de Deus nas almas dos indivíduos, na sociedade doméstica e nas nações, como sabiamente advertiu o nosso mesmo predecessor, de piedosa memória:
"Da caridade divina recebe o reino de Jesus Cristo a sua força e a sua beleza; o seu fundamento e a sua síntese é amar santa e ordenadamente.
Donde necessariamente se segue o cumprir integralmente os próprios deveres, o não violar os direitos alheios, o considerar os bens naturais como inferiores aos sobrenaturais, e o antepor o amor de Deus a todas as coisas". [xiv]

74. A fim de que a devoção ao Coração Augustíssimo de Jesus produza frutos mais copiosos na família cristã e mesmo em toda a humanidade, procurem os féis unir a ela estreitamente a devoção ao coração imaculado da Mãe de Deus.
Foi vontade de Deus que, na obra da redenção humana, a santíssima virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo; tanto que a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos seus padecimentos, aos quais foram intimamente associados o amor e as dores de sua Mãe.
Por isso, convém que o povo cristão, que de Jesus Cristo, por intermédio de Maria, recebeu a vida divina, depois de prestar ao Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo coração de sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor, de agradecimento e de reparação.
Em harmonia com esse sapientíssimo e suavíssimo desígnio da divina Providência, nós mesmo, por acto solene, dedicamos e consagramos a santa Igreja e o mundo inteiro ao Coração Imaculado da Santíssima Virgem Maria. [xv]

4) Convite para celebrar dignamente o primeiro centenário da festa do Sagrado Coração de Jesus na Igreja universal.

75. Completando-se felizmente este ano, como antes indicamos, o primeiro século da instituição da festa do Sagrado Coração de Jesus em toda a Igreja, instituição promovida pelo nosso predecessor Pio IX, de feliz memória, é vivo desejo nosso, veneráveis irmãos, que o povo cristão celebre este centenário solenemente em toda parte, com actos públicos de adoração, de acção de graças e de reparação ao Coração Divino de Jesus.
Com especial fervor serão, sem dúvida, celebradas estas solenes manifestações de alegria cristã e de cristã piedade – em união de caridade e em comunhão de orações com todos os demais fiéis naquela nação em que por desígnio de Deus, nasceu a santa Virgem que foi promotora e propagadora infatigável desta devoção.

76. Entrementes, animado de doce esperança, e já pressagiando os frutos espirituais que da devoção ao Sagrado Coração de Jesus hão-de transbordar copiosamente na Igreja se esta devoção, conforme explicamos, for entendida rectamente e praticada com fervor, a Deus suplicamos que, com o poderoso auxílio da sua graça, queira atender estes nossos vivos desejos, e fazer que, com a ajuda divina, as celebrações deste ano aumentem cada vez mais a devoção dos féis ao Sagrado Coração de Jesus, e assim se estenda mais por todo o mundo o seu império e reino suave; esse "reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz". [xvi]

77. Como penhor destes dons celestiais, concedemos-vos de todo o coração a bênção apostólica, tanto a vós pessoalmente, veneráveis irmãos, como ao clero e a todos os fiéis confiados à vossa solicitude pastoral, e em especial àqueles que de propósito fomentam e promovem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 15 de Maio de 1956, ano XVIII do nosso pontificado.



PIO PP. XII.

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] Summa theol., II-II, q. 82, a, l; ed. Leon. t. IX,1897, p.187.
[ii] Ibid., I, q. 38, a. 2; ed. Leon. t. N,1888, p. 393.
[iii] Mc 12, 30; Mt 22, 37
[iv] Cf. Leão XIII, Enc. Annum Sacrum: Acta Leonis, vol. 19 (1900), p. 71s; Decr. S.C. Rituum, 28 de Jun. de 1899, in Decr. Auth. III, n. 3712; Pio XI, Enc. Miserentissimus Redemptor; AAS, 20 (1928), p.177s; Decr. S.C. Rituum, (29 de Jan. de 1929): AAS 21 (1929), p. 77.
[v] Lc 15, 22
[vi] S. Ambrósio, Exposit. in Evang. sec. Lucam, t. X, n.175: PL 15,1942.
[vii] Cf. S. Tomás, Summa Teol., II-II, q. 34, a. 2; ed. Leon. t. VIII,1895, p 274.
[viii] Mt 24;12
[ix] Cf. Enc. Miserentissimus Redemptor: AAS 20 (1928), p.166.
[x] Is 32,17
[xi] Enc. Annum sacrum: Acta Leonis, 19 (1900,) p. 79; Enc. Miserentissimus Redemptor: AAS 20 (1928), p.167.
[xii] Carta Apost. quibus Archisodalitas a Corde Eucharístico lesu ad S. Joachim de Urbe erigitur". (17 de fevereiro de 1903): Acta Leonis, 22 (1903), p. 307s; cf. Enc. Mirae caritatis, (22 de Maio de 1902): Acta Leonis, 22 (1903), p.116.
[xiii] S. Alberto Magno, De Eucharistia, dist. VI, tr. l, c. l: Opera Omnia, ed. Borguet, vol. 38, Paris,1890, p. 358.
[xiv] Enc. Tametsi: Acta Leonis, 20 (1900), p. 303.
[xv] Cf. AAS 34 (1942), p. 345a.
[xvi] Do Missal Rom. Prefácio de Cristo Rei.

Cinco passos para vencer a depressão 5

Quinto passo


O apoio espiritual e o terapêutico são especialmente necessários para deixar o passado para trás, perdoar os outros e perdoar-se a si próprio, bem como para construir uma agenda que lhe permita enfrentar o futuro com esperança.


(saulo medina ferrer, psicólogo)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Antigo testamento / Êxodo 18

Êxodo 18

Jetro visita Moisés

1 Jetro, sacerdote de Midiã e sogro de Moisés, soube de tudo o que Deus tinha feito por Moisés e pelo povo de Israel, como o Senhor havia tirado Israel do Egipto.

2 Moisés tinha mandado Zípora, sua mulher, para a casa do seu sogro, Jetro, que a recebeu com os seus dois filhos. Um deles chamava-se Gérson, pois Moisés dissera: "Tornei-me imigrante em terra estrangeira"; e o outro chamava-se Eliézer, pois dissera: "O Deus de meu pai foi a minha ajuda; livrou-me da espada do faraó".

3 Jetro, sogro de Moisés, veio com os filhos e a mulher de Moisés encontrá-lo no deserto, onde estava acampado, perto do monte de Deus.

4 E Jetro mandou dizer-lhe: "Eu, teu sogro Jetro, estou indo ao teu encontro, e comigo vão a tua mulher e os teus dois filhos".

5 Então Moisés saiu ao encontro do sogro, curvou-se e beijou-o; trocaram saudações e depois entraram na tenda.

6 Então Moisés contou ao sogro tudo quanto o Senhor tinha feito ao faraó e aos egípcios por amor a Israel e também todas as dificuldades que tinham enfrentado pelo caminho e como o Senhor os livrara.

7 Jetro alegrou-se ao ouvir todas as coisas boas que o Senhor tinha feito a Israel, libertando-o das mãos dos egípcios.

8 Disse ele: "Bendito seja o Senhor que vos libertou das mãos dos egípcios e do faraó; que livrou o povo das mãos dos egípcios!

9 Agora sei que o Senhor é maior do que todos os outros deuses, pois ele os superou exactamente naquilo de que se vangloriavam".

10 Então Jetro, sogro de Moisés, ofereceu um holocausto e sacrifícios a Deus, e Arão veio com todas as autoridades de Israel para comerem com o sogro de Moisés na presença de Deus.

11 No dia seguinte Moisés sentou-se para julgar as questões do povo, e este permaneceu em pé diante dele, desde a manhã até o cair da tarde.

12 Quando o seu sogro viu tudo o que ele estava fazendo pelo povo, disse: "Que é que estás fazendo? Por que só tu te sentas para julgar, e todo este povo t espera em pé, desde a manhã até o cair da tarde?"

13 Moisés lhe respondeu: "O povo procura-me para que eu consulte Deus.

14 Sempre que alguém tem uma questão, esta é-me trazida, e eu decido entre as partes, e ensino-lhes os decretos e leis de Deus".

15 Respondeu o sogro de Moisés: "O que estás a fazer não é bom.

16 Tu e o teu povo ficarão esgotados, pois essa tarefa é pesada demais. Tu não podes executá-la sozinho.

17 Agora ouve o meu conselho. E que Deus esteja contigo! Sejas tu o representante do povo diante de Deus e leva a Deus as suas questões.

18 Orienta-os quanto aos decretos e leis, mostrando-lhes como devem viver e o que devem fazer.

19 Mas escolhe dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabelece-os como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez.

20 Eles estarão sempre à disposição do povo para julgar as questões. Trazer-te-ão a ti apenas as questões difíceis; as mais simples decidirão sozinhos. Isso tornará mais leve o teu fardo, porque eles o dividirão contigo.

21 Se assim fizeres, e, se assim Deus ordenar, serás capaz de suportar as dificuldades, e todo este povo voltará para casa satisfeito".

22 Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido.

23 Escolheu homens capazes de todo o Israel e colocou-os como líderes do povo: chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez.

24 Estes ficaram como juízes permanentes do povo. As questões difíceis levavam a Moisés; as mais simples, porém, eles mesmos resolviam.

25 Então Moisés e o seu sogro despediram-se, e este voltou para a sua terra.

(Revisão da versão portuguesa por ama)

Maio - Monstra esse Reginem




Não podes deixar o teu reino, os teus súbditos à mercê dos vendavais da loucura e desnorte que, alguns deles, insistem em criar para lograrem os seu objectivos de ateísmo e epicurismo mais exacerbados.
Profetas da desgraça, defensores do dogma: "combater o mal com um mal ainda maior", NÃO HÃO-DE VENCER!

Tu, Rainha de Portugal, tens do "direito" de veto, a última palavra, o voto de qualidade.

É o teu Reino, Senhora, que está em perigo.

Mostra que és a Rainha e salva Portugal!


ama, 2007.02.06

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo Comum

Evangelho: Lc 7, 1-10

1 Tendo terminado este discurso ao povo, entrou em Cafarnaum. 2 Ora um centurião tinha doente, quase a morrer, um servo que lhe era muito querido. 3 Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus a pedir-Lhe que viesse curar o seu servo. 4 Eles, tendo ido ter com Jesus, pediam-Lhe instantemente, dizendo: «Ele merece que lhe faças esta graça, 5 porque é amigo da nossa nação e até nos edificou a sinagoga». 6 Jesus foi com eles. Quando estava já perto da casa, o centurião mandou uns amigos a dizer-Lhe: «Senhor, não Te incomodes, porque eu não sou digno de que entres debaixo do meu teto. 7 Por essa razão nem eu me achei digno de ir ter contigo; mas diz uma só palavra, e o meu servo será curado. 8 Porque também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai! e ele vai; e a outro: Vem! e ele vem; e ao meu servo: Faz isto! e ele faz». 9 Jesus, ao ouvir isto, ficou admirado e, voltando-Se para a multidão que O seguia, disse: «Em verdade vos digo que não encontrei tanta fé em Israel». 10 Voltando para casa os que tinham sido enviados, encontraram o servo curado.

Comentário:

Tão extraordinária ocorrência tinha de ficar gravada para todo o sempre:

“Não sou digno… mas, se disseres uma só palavra…”!

É o que repetimos, sempre, quando nos preparamos para receber o Senhor.

Com que disposição o dizemos?

Mecanicamente… ou sentindo, de facto, cada palavra que pronunciamos?

(ama, comentário sobre Lc 7, 1-10, V. Moura 2013.09.16)


Leitura espiritual



INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

CAPÍTULO QUARTO

"Creio em Deus" – Hoje
…/4

Parece-me que o caráter ecuménico do texto se esclarece de um lado inesperado. Certamente, sabemos todos que a "oração sacerdotal" de Jesus [1], da qual falávamos, representa a carta magna de todo o esforço em prol da unidade da Igreja. Mas, não será que, muitas vezes, nos conservamos muito na superfície do seu conteúdo? A nossa consideração demonstra que a unidade cristã denota, primeiramente, unidade com Cristo, possível onde cessa a acentuação do próprio "eu", substituída pela existência simplesmente descomprometida "de" e "para". A uma vida assim com Cristo, mergulhada completamente na disponibilidade daquele que não queria considerar nada como seu segue-se a completa união – "para que sejam um, como nós o somos". Toda a falta de união, toda a separação baseia-se numa carência oculta do autêntico espírito cristão, num apego ao que é próprio, com o que se provoca a ruína da unidade.

Creio não ser sem importância notar como a doutrina trinitária invade a existência, como a afirmação – relação é igual a pura unidade – se torna transparente quando aplicada a nós. É da essência, da natureza da personalidade trinitária ser pura relação, e, portanto, unidade a mais completa e absoluta. Não há contradição nisto, o que aliás se pode perceber. E agora pode compreender-se, melhor do que antes, não ser o "átomo" a menor partícula indivisível, possuidora da mais elevada unidade, mas que a pura unidade real pode efectivar-se primeiro no espírito, incluindo a relatividade do amor. Portanto, a defesa da unidade de Deus não é menos radical no Cristianismo do que em qualquer outra religião monoteísta; aliás, no Cristianismo essa unidade alcança a sua grandeza completa. Ora, a essência da vida cristã é integrada pela aceitação e pela vivência da existência como relação, penetrando desta maneira naquela unidade que é o fundamento sustentador da realidade. Com o que deveria estar demonstrado como uma doutrina trinitária bem compreendida pode tornar-se o ponto central da Teologia e do pensamento cristão em geral, de onde as demais linhas irradiam.

Tornemos novamente ao Evangelho de João que fornece os subsídios decisivos. Pode afirmar-se que a linha insinuada representa a dominante propriamente dita da sua Teologia. Ela revela-se, ao lado da ideia do "Filho", sobretudo em dois outros conceitos cristológicos que vamos indicar pelo menos rapidamente para completar o assunto. Trata-se do conceito de "missão" e do epíteto de Jesus como "Palavra" ("Verbo, Logos") de Deus. Mais uma vez a teologia da missão cobre-se com a teologia do ser como relação e a relação como modo de unidade. É conhecida a afirmação rabínica: "O enviado de um homem é como ele mesmo". Jesus surge em João como o enviado do Pai, e nele se cumpre tudo que os outros mensageiros conseguiram apenas assintoticamente: Jesus empenha-se de facto em ser o enviado; ele é o único mensageiro que representa o outro, sem pôr de permeio nada dos seus próprios interesses. E assim, como autêntico enviado, ele é um com quem o envia. De novo, o conceito de missão conota o ser como ser "de" e ser "para"; e o ser é novamente compreendido como simples estar-aberto sem restrição. E outra vez segue-se a aplicação à vida cristã: "Como o Pai me enviou, assim eu vos envio" [2]. Subordinada essa existência à categoria de missão, também ela passa a denotar ser "de" e "para", como relacionamento e, por isto, como unidade. Finalmente, ainda uma observação em torno da ideia de Logos. Caracterizando o Senhor como Logos, João colhe um termo vastamente espalhado na mentalidade grega e judaica, aceitando com ele uma série de conotações ligadas ao mesmo, e que são transferidas para Cristo. Contudo, talvez a novidade que João imprimiu ao termo esteja, não por último, na circunstância de, para ele, "Logos" não significar meramente a ideia de uma eterna racionalidade do ser, como era compreendido na mentalidade grega. O conceito Logos aplicado a Jesus de Nazaré recebe uma nova dimensão. Não denota mais apenas a perpenetração, o embebimento de todo o ser com um sentido, mas denota determinado homem: este, aqui presente, é Logos (Verbo, Palavra). O conceito Logos, sentido, "razão" para o grego (ratio), transforma-se realmente em "Palavra" (Verbum). Este, aqui presente, é Verbo; portanto ele é "fala" e assim, a pura relação do que fala para com aqueles aos quais fala. Portanto, a teologia do Logos, como teologia do Verbo, torna a ser abertura do ser no rumo da ideia de relação. E torna a valer: Verbo essencialmente é "de um outro" e "para um outro", é existência, é completamente caminho e abertura.

Terminemos com um texto de Agostinho, que coloca o assunto em plena luz, de modo grandioso. Encontra-se no comentário ao Evangelho de S. João, no texto: "Mea doctrina non est mea – minha doutrina não é minha doutrina, mas do Pai que me enviou" [3]. Aproveitando o paradoxo desta afirmação, Agostinho esclareceu o paradoxo da ideia cristã de Deus e da vida cristã. Ele pergunta-se, primeiro, se não é pura contradição, violência contra as regras elementares da lógica dizer algo como: o meu não é meu. Mas, assim vai penetrando em que consiste afinal a "doutrina" de Jesus que, simultaneamente, é e não é dele? Jesus é "palavra", portanto é claro que a sua doutrina é ele mesmo. Tornando a ler a frase, sob este ponto de vista, eis o que Jesus declara: eu não sou apenas eu; eu não sou meu mas o meu "eu" é de um outro. Com o que, ultrapassando a cristologia, chegamos a nós mesmos: Quid tam tuum quam tu, quid tam non tuum quam tu – o que é tão teu como tu mesmo; o que é tão pouco teu como tu mesmo?" O mais nosso – que realmente pertence a nós somente – o próprio "eu" é, ao mesmo tempo, o menos nosso, porque justamente o nosso "eu" não o temos de nós nem para nós. O "eu" é o que mais tenho e, simultaneamente, o que menos me pertence. Portanto, torna a romper-se o conceito de simples substância (= do que subsiste em si), patenteando-se como um ser racional compreende que não se pertence dentro da sua identidade; que somente chega a si afastando-se de si, regressando, como relacionamento, para a sua verdadeira origem.

Mediante tais ponderações não se arranca o véu de mistério à doutrina trinitária. Contudo, é claro que, por meio delas, se abre nova compreensão da realidade, do que é o homem, do que é Deus. No ponto da teoria, aparentemente mais extremada, revela-se algo de muito práctico. Falando-se de Deus, descobre-se quem é o homem. O mais paradoxal é simultaneamente o mais claro e o mais prático.

SEGUNDA PARTE

JESUS CRISTO

CAPÍTULO PRIMEIRO

"Creio em Jesus Cristo seu Filho Unigénito, Nosso Senhor".

I. O problema da Fé em Jesus Cristo hoje

A segunda parte principal do Credo coloca-nos propriamente diante do elemento cristão fundamental – já abordado, de leve, nas considerações introdutórias: a crença de que o homem Jesus, um indivíduo executado na Palestina pelo ano 30, é o "Cristo" (ungido, escolhido) de Deus, e mais: é o próprio Filho de Deus, centro e opção de toda a história humana. Parece ousadia e tolice declarar centro decisivo da história inteira uma figura isolada, destinada a diluir-se mais e mais nas névoas do passado. A fé no "Logos", na razão ou racionalidade do ser, corresponde perfeitamente a uma tendência da razão humana; ora, neste segundo artigo do Credo realiza-se a quase monstruosa união de Logos e Sarx, de razão ou sentido e figura individual da história. O sentido que sustenta todo o ser, tornou-se carne, isto é, penetrou na história, tornando-se alguém nela; ele não é mais apenas quem envolve e carrega a história, mas um ponto dentro dela. De acordo com isto, o sentido de todo o ser não mais poderia ser encontrado, de agora em diante, na intuição do espírito a elevar-se acima do individual e limitado, até alcançar o geral; não mais existiria simplesmente no mundo das ideias a ultrapassar o particular, refletindo-se aí apenas fragmentada; deveria ser encontrado imerso no tempo, no rosto de um homem. Acorre à memória a comovente passagem com que Dante encerra a Divina Comédia quando, ao contemplar o mistério de Deus, no meio daquela "omnipotência de amor, que conduz, silente e harmoniosa, o sol no seu círculo e todas as estrelas", descobre com bem-aventurada admiração a sua semelhança, uma face humana. Mais tarde teremos de considerar a mudança do aspecto de ser para sentido que daí resulta. Por ora constatamos que, ao lado da união de Deus da fé e Deus dos filósofos reconhecida, no primeiro artigo, como condição fundamental e forma estrutural da fé cristã, surge agora uma segunda união, não menos decisiva, a saber, de Logos e Sarx, de Verbo e Carne, de fé e história. O homem histórico Jesus é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é o homem Jesus. Deus acontece para o homem mediante o homem, e até mais concretamente: mediante aquele homem no qual se revela o aspecto definitivo da existência humana e o qual é ao mesmo tempo o próprio Deus.

Talvez já agora se delineiem os traços que mostram revelar-se no paradoxo de Verbo e Carne algo cheio de sentido e em sintonia com o Logos. Contudo, o primeiro impacto desta realidade causa escândalo ao pensamento humano: Não nos tornamos com isto vítimas de um tremendo positivismo? Será razoável agarrar-nos à palhinha de um único acontecimento histórico? Poderemos ousar fundamentar a nossa existência inteira, e até a história toda, sobre o que não passa de pobre palha de um acontecimento qualquer a boiar no grande oceano da história? Já constitui gesto temerário o simples facto de imaginar algo assim, que parecia inaceitável ao pensamento asiático, e torna-se mais difícil, ou pelo menos mais dificultado de outra forma, com as premissas do pensamento moderno, a saber, pela maneira como agora se transmitem os dados históricos, o método histórico-crítico. Este método revela que na esfera do encontro com a história se apresenta um problema semelhante ao que deparou a pesquisa do ser e do seu fundamento no método físico e na forma científico-natural do exame da natureza. Em considerações correspondentes já vimos que a Física renuncia à descoberta do ser, concentrando-se sobre o "positivo", sobre o que se pode provar; e se vê condenada a pagar, com a renúncia à verdade; a vantagem impressionante em exactidão, conseguida deste modo, renúncia que pode chegar ao ponto de fazer desaparecer o ser e a mesma verdade atrás das grades do positivo, tornando-se sempre mais impossível a Ontologia e também a Filosofia, devendo retrair-se à Fenomenologia, isto é, à pesquisa das aparências.

Parecida é a ameaça no campo da pesquisa histórica. A adequação ao método da Física é levada o mais longe possível, embora encontre os seus limites internos no facto de a História não poder elevar-se à comprovação – centro da ciência moderna – não poder obter a iteração, sobre a qual se baseia a certeza, singular das comprovações científicas. Ao historiador não é dado repetir a história passada, irrepetível, devendo contentar-se com a comprovação da probabilidade das provas sobre as quais funda as suas opiniões. A consequência dessa posição metodológica – à semelhança das ciências naturais – é que, também na História, o campo visual alcança exclusivamente o lado fenomenológico, externo, do evento. Mas este lado fenomenal, isto é, exterior, verificável em provas, é duplamente problemático, mais ainda do que o positivismo da Física. É problemático, primeiro, por depender do acaso dos documentos, ou seja, das manifestações ocasionais, enquanto a Física, em qualquer hipótese, pode ter presente o indispensável lado exterior das realidades materiais. E mais duvidoso ainda se torna porque a manifestação humana em documentos é menos adequada do que as manifestações espontâneas da natureza: os documentos reflectem apenas insuficientemente as profundezas humanas, chegando mesmo a encobri-las; sua interpretação envolve, compromete o homem e seu feitio pessoal de pensar, com energia muito maior do que a leitura dos fenómenos físicos. De acordo com isto, deve reconhecer-se que a imitação do método científico-natural, na esfera da História, aumenta indubitavelmente a certeza das conclusões, mas não se pode, também, negar que traz consigo uma opressiva perda de verdade, que vai além daquelas perdas ocorridas na Física. Como na Física o ser é postergado ao fenómeno, assim, na História, passa a valer como histórico exclusivamente o que é transmitido e oferecido por métodos históricos. Não raras vezes esquecemos que a total verdade histórica se esquiva ao cotejo dos dados, não menos do que a verdade do ser se furta à experimentação. E teremos de dizer que a história, no sentido mais exacto do termo, não só se revela, mas também se oculta. Concluir-se-á assim, por si, que a História pode ver o homem Jesus, sem dúvida, mas dificilmente será capaz de encontrar o seu carácter de Cristo, que, como verdade histórica não enquadra na comprovação do que é meramente certo.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[1] Jo 17
[2] 13,20; 17,18; 20,21
[3] 7,16