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15/02/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Fev 15

nunc coepi – Índice de publicações em Fev 15

São Josemaria – Textos

AMA (Reflectindo - Coisas pequenas)

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 25 31-46, Enc. Dives in misericordia, Leit Espiritual - Ano da Misericórdia, São João Paulo II

Doutrina – Eucaristia



JMA – Quaresma

AT - Salmos – 105


Agenda Segunda-Feira

Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 4ª Reflexão

A caridade, Senhor, sim a caridade é o que hoje chamas à minha reflexão.

E perguntas-me, sempre directo mas cheio de amor:
Que dás tu, do que Eu te dou?
Dás apenas o que te sobra, ou vais além disso e dás mesmo aquilo que talvez te faça falta, mas que ao outro faz falta com certeza?
Tens a noção de tudo o que tens e daquilo que ao outro falta?

Ai, Senhor, assim tão directamente é muito difícil!
Não preciso abrir gavetas, nem armários, nem outras coisas sequer, para saber que tenho mais do que preciso.
Com tantas desculpas para mim próprio de como preciso um pouco do meu conforto, pretendo desculpar-me por não dar mais do que aquilo que me sobra!

Peço-Te, Senhor, mais uma vez nesta Quaresma:
Abre o meu coração à verdadeira caridade, aquela que é amor e sendo amor dá-se, procurando para os outros aquilo que quer para si próprio.
Que eu me saiba desprender de mim, das coisas que tenho, para que outros possam ter um pouco mais no menos que têm!

joaquim mexia alves, Marinha Grande, 14 de Fevereiro de 2016


Evangelho, comentário, L. espiritual




Quaresma
Semana I

Evangelho: Mt 6, 7-15

7 Nas vossas orações não useis muitas palavras como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras. 8 Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais. 9 «Vós, pois, orai assim: Pai-nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome. 10 «Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. 11 O pão nosso supersubstancial nos dá hoje. 12 Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 «Porque, se vós perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará. 15 Mas, se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não perdoará as vossas ofensas.

Comentário:

Todas as orações  que possamos fazer por mais belas, cheias de significado ou piedosas ficarão aquém do Pai-nosso ensinado directamente por Jesus Cristo.

Contém tudo quanto devemos dizer quando nos dirigimos a Deus.

Louvor, petição, promessa, compromisso.

Sendo Universal ė eminentemente pessoal porque se trata da conversa de um filho com o seu Pai. 

(ama, comentário sobre Mt 6, 7-15, 2015.06.18)


Leitura espiritual


Ioannes Paulus PP. II
Dives in misericordia
sobre a Misericórdia Divina

1980.11.30

/…2
III. A MISERICÓRDIA NO ANTIGO TESTAMENTO

O conceito de «misericórdia» no Antigo Testamento

4. O conceito de «misericórdia» no Antigo Testamento tem longa e rica história. Devemos remontar a essa história, para fazer resplandecer mais plenamente a misericórdia que Cristo revelou. Revelando-a, quer pelas suas obras quer pelo seu ensino, Cristo dirigia-se a homens que não só conheciam o conceito de misericórdia, mas também, como povo de Deus da Antiga Aliança, tinham colhido da própria história plurissecular uma peculiar experiência da misericórdia de Deus. Esta íntima experiência foi tanto social e comunitária, como particular e individual.

Israel foi o povo da aliança com Deus, aliança que muitas vezes violou. Quando tomava consciência da própria infidelidade apelava para a misericórdia. E ao longo da história de Israel não faltaram Profetas e outros homens que despertavam tal consciência. A este propósito, os Livros do Antigo Testamento apresentam-nos numerosos testemunhos. Entre os factos e os textos mais salientes, podemos recordar: o início da história dos Juízes 31, a oração de Salomão ao ser inaugurado o Templo 32, uma parte das intervenções proféticas de Miqueias 33, as consoladoras garantias oferecidas por Isaías 34, a súplica dos hebreus exilados 35 e a renovação da Aliança depois do regresso do exílio 36.

É significativo o facto de os Profetas na sua pregação apresentarem a misericórdia, a qual muitas vezes se referem por causa dos pecados do povo, em ligação com a incisiva imagem do amor da parte de Deus. O Senhor ama Israel com amor de singular eleição, semelhante ao amor de um esposo 37; e por isso perdoa as suas culpas e até as infidelidades e traições. Ao encontrar-se perante a penitência, a conversão autêntica do povo, restabelece-o novamente na graça 38. Na pregação dos Profetas, a misericórdia significa a especial força do amor, que prevalece sobre o pecado e sobre a infidelidade do povo eleito.

Neste amplo contexto «social», a misericórdia aparece como o elemento correlativo da experiência interior de cada uma das pessoas que se encontram em estado de culpa, ou que suportam sofrimentos e desgraças de toda a espécie. Tanto o mal físico como o mal moral, ou pecado, fazem com que os filhos e as filhas de Israel se voltem para o Senhor, apelando para a sua misericórdia. Deste modo a Ele se dirige David, consciente da gravidade da sua culpa 39; igualmente a Ele se dirige Job, depois das suas rebeliões, ao encontrar-se na sua tremenda desventura 40; assim se dirige ao Senhor também Ester, consciente da ameaça mortal, iminente, contra o seu povo 41. E, além destes, deparamos ainda com outros exemplos nos Livros do Antigo Testamento 42.

Na origem desta multiforme convicção comunitária e pessoal, como é comprovado por todo o Antigo Testamento no decurso dos séculos, há que colocar a experiência fundamental do povo eleito, vivido nos dias do êxodo: o Senhor observou a aflição do seu povo, reduzido à escravidão, ouviu os seus clamores, deu-se conta dos seus sofrimentos e decidiu libertá-lo 43. Neste acto de salvação realizado pelo Senhor, o Profeta quis ver o seu amor e a sua compaixão 44. A segurança de todo o povo e de cada um dos seus membros radica na misericórdia divina que pode ser invocada em todas as circunstâncias dramáticas.

A isto vem juntar-se o facto de que a miséria do homem é também o seu pecado. O povo da Antiga Aliança conheceu esta miséria desde os tempos do êxodo, quando ergueu o bezerro de ouro. Mas o próprio Senhor triunfou sobre este gesto de ruptura da Aliança, quando se definiu solenemente a Moisés como «Deus compassivo e misericordioso, lento para a ira e cheio de bondade e de fidelidade» 45. É nesta revelação central que o povo eleito e cada um dos seus componentes irão encontrar, depois de terem prevaricado, a força e a razão para de novo se voltarem para o Senhor, para Lhe recordarem exactamente aquilo que Ele tinha revelado acerca de si próprio 46, e para Lhe implorarem perdão.

O Senhor revelou a sua misericórdia tanto nas obras como nas palavras, desde os primórdios do povo que escolheu para si. No decurso da sua história, este povo, quer em momentos de desgraça, quer ao tomar consciência do próprio pecado, entregou-se continuamente com confiança ao Deus das misericórdias. Na misericórdia do Senhor para com os seus manifestam-se todos os matizes do amor: Ele é para eles Pai 47, dado que Israel é seu filho primogénito 48; Ele é também o esposo daquela a quem o Profeta anuncia um nome novo: «bem-amada» (ruhama), porque usará de misericórdia para com ela 49.

Mesmo quando o Senhor, exasperado pela infidelidade do seu povo, decide acabar com ele, são ainda a compaixão e o amor generoso para com os seus que O levam a suster a sua indignação 50. E então, torna-se fácil compreender a razão pela qual os Salmistas, ao quererem cantar ao Senhor os mais sublimes louvores, entoarão hinos ao Deus do amor, da compaixão, da misericórdia e da fidelidade 51.

De tudo isto se deduz que a misericórdia faz parte não somente da noção de Deus, mas caracteriza também a vida de todo o povo de Israel e de cada um dos seus filhos e filhas: é a essência da intimidade com o seu Senhor, a essência do seu diálogo com Ele. Precisamente sob este aspecto, a misericórdia é apresentada em cada um dos Livros do Antigo Testamento com grande riqueza de expressões. Seria difícil, talvez, procurar nestes livros resposta meramente teórica à pergunta: o que é a misericórdia em si mesma. Contudo, a própria terminologia que neles é usada pode dizer-nos muitíssimo a tal respeito 52.

O Antigo Testamento proclama a misericórdia do Senhor mediante numerosos termos com significados afins. Estes termos são diferenciados no seu conteúdo particular, mas tendem a convergir, se assim se pode dizer, de vários pontos de vista para um único conteúdo fundamental, a fim de exprimir a riqueza transcendental da misericórdia e, ao mesmo tempo, para aproximá-la do homem sob aspectos diversos. O Antigo Testamento encoraja os homens desventurados, sobretudo os que estão oprimidos pelo pecado — como também todo o povo de Israel, que tinha aderido à Aliança com Deus — a fazerem apelo à misericórdia e permite-lhes contar com ela. Recorda-a nos tempos de queda e de desalento. Em seguida, dá graças e glória a Deus pela misericórdia, todas as vezes que ela se tenha manifestado e realizado, tanto na vida do povo como na das pessoas individualmente.

Deste modo, a misericórdia é contraposta, em certo sentido, à justiça divina; e revela-se, em muitos casos, não só mais poderosa, mas também mais profunda que ela. Já no Antigo Testamento se ensina que, embora a justiça no homem, seja autêntica virtude e em Deus signifique perfeição transcendente contudo o amor é «maior» do que a justiça. E é maior no sentido de que, relativamente a ela, é primário e fundamental. O amor condiciona, por assim dizer, a justiça; e, em última análise, a justiça serve a caridade. O primado e a superioridade do amor em relação à justiça — ponto característico de toda a Revelação — manifestam-se precisamente através da misericórdia. Isto pareceu tão claro aos Salmistas e aos Profetas que o próprio termo justiça acabou por significar a salvação realizada pelo Senhor por meio da sua misericórdia 53. A misericórdia difere da justiça, mas não se lhe opõe, se admitirmos na história do homem — como faz o Antigo Testamento precisamente — a presença de Deus, o qual já como Criador se ligou com particular amor às suas criaturas.

O amor, por natureza, exclui o ódio e o desejo do mal em relação àquele a quem alguma vez se deu a si mesmo como dom: Nihil odisti eorum quae fecisti, «não aborreceis nada do que fizestes» 54. Tais palavras indicam o fundamento profundo da conexão entre a justiça e a misericórdia em Deus, nas suas relações com o homem e com o mundo. Dizem-nos também que devemos procurar as raízes vivificantes e as razões íntimas desse nexo, remontando ao «princípio», no próprio mistério da criação. No contexto da Antiga Aliança, essas palavras preanunciam a plena revelação de Deus, que «é amor» 55.

O mistério da criação está em conexão com o mistério da eleição, que de modo especial plasmou a história do povo cujo pai espiritual é Abraão, como mérito da sua fé. Por meio deste povo que caminha através da história, tanto da Antiga como da Nova Aliança, aquele mistério de eleição refere-se a todos e a cada um dos homens e a toda a grande família humana. «Amo-te com amor eterno, por isso ainda te conservo os meus favores» 56. «Ainda que os montes sejam abalados... o meu amor jamais se apartará de ti, e a minha aliança de paz não será alterada» 57. Esta verdade, anunciada outrora a Israel, encerra em si a perspectiva de toda a história do homem, perspectiva que é simultaneamente temporal e escatológica 58. Cristo revela o Pai na mesma perspectiva, na perspectiva e no estado dos espíritos já preparados, como o demonstram numerosas páginas do Antigo Testamento. Como remate desta revelação, na véspera da sua morte, diz ao Apóstolo Filipe aquelas memoráveis palavras: «Há tanto tempo que estou convosco e não me conheces?... Quem me vê, vê o Pai» 59.

IV. A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

Analogia

5. No limiar do Novo Testamento repercute-se no Evangelho de S. Lucas singular correspondência entre duas vozes que proclamam a misericórdia divina, nas quais ecoa intensamente toda a tradição do Antigo Testamento. Nelas encontram expressão os conteúdos semânticos, ligados à terminologia diferenciada dos Livros Antigos. A primeira destas vozes é a de Maria que, entrando em casa de Zacarias, engrandece o Senhor louvando-O com toda a alma «pela sua misericórdia», da qual se tornam participantes, «de geração em geração», os homens que vivem no temor de Deus. Pouco depois, comemorando a eleição de Israel, proclama a misericórdia, da qual «se recorda» desde sempre Aquele que a escolheu 60.

A outra voz é a de Zacarias que, na mesma casa, por ocasião do nascimento de João Baptista, seu filho, bendizendo o Deus de Israel, glorifica a misericórdia que Ele quis «usar... para com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança» 61.

No ensino do próprio Cristo esta imagem, herdada do Antigo Testamento, torna-se mais simples e, ao mesmo tempo, mais profunda. É o que se manifesta com especial evidência na parábola do filho pródigo 62, na qual a essência da misericórdia divina — embora no texto original não seja usada a palavra «misericórdia» — aparece de modo particularmente límpido. Contribui para isso, não tanto a terminologia, como nos Livros do Antigo Testamento, mas a analogia, que permite compreender com maior profundidade o próprio mistério de misericórdia, como drama profundo que se desenrola entre o amor do pai e a prodigalidade e o pecado do filho.

Este filho, que recebe do pai a parte da herança que lhe toca e deixa a casa paterna para esbanjar essa herança numa terra longínqua «vivendo dissolutamente», em certo sentido é o homem de todos os tempos, a começar por aquele que foi o primeiro a perder a herança da graça e da justiça original. Neste ponto a analogia é muito vasta. Indirectamente a parábola estende-se a todas as rupturas da aliança de amor: a toda a perda da graça, e todo o pecado.

Ao contrário do que acontecia na tradição profética, esta analogia, embora se possa estender também a todo o povo de Israel, não o visa em primeiro lugar.

Aquele filho, «depois de ter esbanjado tudo..., começou a passar privações», tanto mais que sobreveio grande carestia «naquela terra» para onde ele tinha ido depois de abandonar a casa paterna. Em tal situação, «bem desejava matar a fome» com qualquer coisa, até mesmo «com as alfarrobas que os porcos comiam», animais que ele guardava, ao serviço de «um dos habitantes daquela terra». Mas até isso lhe era recusado. A analogia desloca-se claramente para o interior do homem. A herança que o jovem tinha recebido do pai era constituída por certa quantidade de bens materiais. Mas, mais importante do que esses bens era a sua dignidade de filho na casa paterna. A situação em que veio a encontrar-se quando se viu sem os bens materiais que dissipara, é natural que o tivesse também feito cair na conta da perda dessa dignidade. Quando pediu ao pai que lhe desse a parte de herança que lhe tocava, para se ausentar para longe, não reflectiu por certo nisso. Parece que nem mesmo agora está bem consciente dessa realidade, quando diz para si próprio: «Quantos jornaleiros na casa de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui morro de fome!». Avalia-se a si mesmo pela medida dos bens que tinha perdido e que já «não possui», enquanto os criados na casa de seu pai «continuam a possuí-los». Estas palavras exprimem principalmente a sua atitude perante os bens materiais. No entanto, por detrás delas esconde-se também o drama da dignidade perdida, a consciência da condição de filho malbaratada.

É então que toma a decisão: «Levantar-me-ei, irei ter com o meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus jornaleiros» 63. Tais palavras permitem descobrir mais profundamente o problema essencial. Através da complexa situação material de penúria a que o filho pródigo chegou, por causa da sua leviandade, por causa do pecado, amadureceu nele o sentido da dignidade perdida. Quando tomou a decisão de voltar para a casa paterna e de pedir ao pai para ser recebido, não já gozando dos direitos de filho, mas na condição de assalariado, o jovem parece à primeira vista agir por motivo da fome e da miséria em que caiu. Subjacente a esse motivo, porém, está a consciência de perda mais profunda: ser um assalariado na casa do próprio pai é com certeza grande humilhação e vergonha. Apesar disso, o filho pródigo está disposto a arrostar com tal humilhação e vergonha. Caiu em conta que já não tem mais direito algum, senão o de ser um empregado na casa do pai. Esta reflexão, brota em primeiro lugar da plena consciência da perda que mereceu e do que, doutro modo, poderia vir a possuir. Este raciocínio, precisamente, demonstra que, no âmago da consciência do filho pródigo, se manifesta o sentido da dignidade perdida, daquela dignidade que brota da relação do filho com o pai. Com essa decisão empreendeu o caminho de regresso.

Na parábola do filho pródigo não é usado, nem uma vez sequer, o termo «justiça», assim como também não é usado no texto original, o termo «misericórdia». Contudo, a relação da justiça com o amor que se manifesta como misericórdia aparece profundamente vincada no conteúdo desta parábola evangélica. Torna-se claro que o amor se transforma em misericórdia quando é preciso ir além da norma exacta da justiça: norma precisa mas, por vezes, demasiado rigorosa.

O filho pródigo, depois de ter gasto os bens recebidos do pai, ao regressar merece apenas ganhar para viver, trabalhando na casa paterna como empregado e, eventualmente, ir amealhando, pouco a pouco, certa quantidade de bens materiais, mas sem dúvida nunca em quantidade igual aos que tinha esbanjado. Tal seria a exigência da ordem da justiça, até porque aquele filho, com o seu comportamento, não tinha somente dissipado a parte de herança que lhe competia, mas tinha também magoado profundamente e ofendido o pai. Na verdade o seu comportamento, que a seu juízo o tinha privado da dignidade de filho não podia deixar indiferente o pai; devia fazê-lo sofrer e fazer com que se sentisse, de algum modo, envolvido nesse procedimento. Tratava-se com efeito do seu próprio filho, e esta relação não podia ser alienada nem destruída, fosse qual fosse o seu comportamento. O filho pródigo tem consciência disso, e é precisamente essa consciência que lhe mostra claramente a dignidade perdida e o leva a avaliar correctamente o lugar que ainda lhe poderia tocar na casa do pai.

Copyright © Libreria Editrice Vaticana

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
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Notas:
31 Cf. Jz 3,7-9 32
32 Cf. 1 Sam 8,22-53.
33 Cf. Miq 7,18-20.
34 Cf. Is 1,18; 51,4-16.
35 Cf. Bar 2,11-3,8.
36 Cf. Ne 9.
37 Cf. por ex. Os 2,21-25 e 15; Is 54,6-8.
38 Cf. Jer 31,20- Ex 39,25-29.
39 Cf. 2 Sam 11; 12; 24,10.
40 Job passim.
41 Est 4,17k ss.
42 Cf. por ex. Ne 9,30-32- Tob 3,2-3, 11-12; 8,16s.; 1 Mac 4,24.
43 Cf. Ex 3,7s
44 Cf. Is 63,9.
45 Ex 34 6.
46 Cf. Núm 14,18; 2 Crón 30,9; Ne 9,17; Sl 86(85), 15; Sab 15,1; Sir 2,11; Jl 2,13.
47 Cf. Is 63,16.
48 Cf. Ex 4.22.
49 Cf Os 2,3.
50 Cf Os11,7-9; Jer 31,20; Is 54,7s.
51 Cf. Sl 103(102) e 145(144).
52 Ao definirem a misericórdia, os Livros do Antigo Testamento servem-se sobretudo de duas expressões, cada uma das quais tem um matiz semantico diverso. Antes de mais, o termo hesed, que indica uma profunda atitude de «bondade». Quando esta disposição se estabelece entre duas pessoas, estas passam a ser, não apenas benévolas uma para com a outra, mas também reciprocamente fiéis por força de um compromisso interior, portanto, também em virtude de uma fidelidade para consigo próprias. E se é certo que hesed significa também «graça» ou «amor», isto sucede precisamente na base de tal fidelidade. O facto de o compromisso em questão ter um carácter, não apenas moral, mas como que jurídico, não altera a sua realidade. Quando no Antigo Testamento o vocábulo hesed é referido ao Senhor isso acontece sempre em relação com a aliança que Deus fez com Israel. Esta aliança foi da parte de Deus um dom e uma graça para Israel. Contudo, uma vez que Deus, em coerência com a Aliança estabelecida, se tinha comprometido a respeitá-la, hesed adquiria, em certo sentido, um conteúdo legal. O compromisso «jurídico» da parte de Deus deixava de obrigar quando Israel infringia a aliança e não respeitava as condições da mesma. E era precisamente então que hesed, deixando de ser uma obrigação jurídica, revelava o seu aspecto mais profundo: tornava-se manifesto aquilo que fora ao princípio, ou seja, amor que doa, amor mais potente do que a traição, graça mais forte do que o pecado.
Esta fidelidade para a «filha do meu povo» infiel (cf. Lam 4,3.6), em última análise é, da parte de Deus, fidelidade a si próprio. Isto aparece evidente sobretudo pela frequência com que é usado o binómio hesed we'emet (= graça e fidelidade), que se poderia considerar uma endíades (cf. p. ex., Ex 34,6; 2 Sam 2,6; 15,20; Sl 25[24],10; 40[39], 11 s.; 85[84],11; 138[137],2; Miq 7,20). «Eu faço isto, não por causa de vós, ó casa de Israel, mas pela honra do meu santo nome» (Ez 36,22). Assim, também Israel, embora sob o peso das culpas, por ter quebrado a aliança, não pode ter pretensões em relação ao hesed de Deus, com base numa suposta justiça (legal). No entanto, pode e deve continuar a esperar e a ter confiança em obtê-lo, já que o Deus da aliança é realmente «responsável pelo seu amor». Fruto deste amor é o perdão e a reconstituição na graça, o restabelecimento da aliança interior.
O segundo vocábulo que na terminologia do Antigo Testamento serve para definir a misericórdia é rahªmim. O matiz do seu significado é um pouco diverso do significado de hesed. Enquanto hesed acentua as características da fidelidade para consigo mesmo e da «responsabilidade pelo próprio amor» (que são características em certo sentido masculinas), rahªmim, já pela própria raiz, denota o amor da mãe (rehem= seio materno). Do vínculo mais profundo e originário, ou melhor, da unidade que liga a mãe ao filho, brota uma particular relação com ele, um amor particular. Deste amor se pode dizer que é totalmente gratuito, não fruto de merecimento, e que, sob este aspecto, constitui uma necessidade interior: é uma exigência do coração. É uma variante como que «feminina» da fidelidade masculina para consigo próprio, expressa pelo hesed. Sobre este fundo psicológico, rahªmim dá origem a uma gama de sentimentos, entre os quais a bondade e a ternura, a paciência e a compreensão, que o mesmo é dizer a prontidão para perdoar.
O Antigo Testamento atribui ao Senhor estas características quando, ao falar d'Ele, usa o termo rahªmim. Lemos em Isaías: «Pode porventura a mulher esquecer-se do seu filho e não ter carinho para com o fruto das suas entranhas? Pois ainda que a mulher se esquecesse do próprio filho, eu jarnais me esqueceria de ti» (Is 49,15). Este amor, fiel e invencível graças à força misteriosa, da maternidade, é expresso nos textos do Antigo Testamento de várias maneiras: como salvação dos perigos, especialmente dos inimigos, como perdão dos pecados — em relação aos indivíduos e também a todo o povo de Israel— e, finalmente, como prontidão em satisfazer a promessa e a esperança (escatológicas), não obstante a infidelidade humana, conforme lemos em Oséias: «Eu os curarei das suas infidelidades, amá-los-ei de todo o coração» (Os 14,5).
Na terminologia do Antigo Testamento encontramos ainda outras expressões, que se referem de modo diverso ao mesmo conteúdo fundamental. Todavia, as duas acima mencionadas merecem uma atenção particular. Nelas se manifesta claramente o seu originário aspecto antropomórfico: para indicar a misericórdia divina, os autores bíblicos servem-se dos termos que correspondem à consciência e à experiência dos homens seus contemporâneos. A terminologia grega da versão dos Setenta apresenta-se com uma riqueza menor do que a hebraica; não reflecte todos os cambiantes semânticos próprios do texto original. Em todo o caso, o Novo Testamento constrói sobre a riqueza e a profundidade que já caracterizavam o Antigo.
Deste modo, herdamos do Antigo Testamento — como que numa síntese especial — não apenas a riqueza das expressões usadas por aqueles Livros para definir a misericórdia divina, mas também uma específica, obviamente antropomórfica, «psicologia» de Deus: a impressionante imagem do seu amor que, em contacto com o mal e, em particular, com o pecado do homem e do povo, se manifesta como misericórdia. Esta imagem é composta, mais do que pelo conteudo, bastante genérico aliás, do verbo hãnan, sobretudo pelo conteúdo de hesed e de rahªmim O termo hãnan, exprime um conceito mais amplo: significa a manifestação da graça que comporta, por assim dizer, uma constante predisposição magnânima, benévola e clemente.
Além destes elementos semânticos fundamentais, o conceito de misericórdia no Antigo Testamento inclui também o conteúdo do verbo hãmal, que literalmente significa «poupar (o inimigo derrotado)», mas também significa «manifestar piedade e compaixão» e, por conseguinte, perdão e remissão da culpa. O termo hus exprime igualmente piedade e compaixão, mas isso sobretudo em sentido afectivo. Estes termos aparecem nos textos bíblicos com menor frequência para indicar a misericórdia. É oportuno ainda lembrar o já citado vocábulo 'emet, que significa: em primeiro lugar «solidez, segurança» (no grego dos Setenta, «verdade»); e depois, também «fidelidade»; e desta maneira parece relacionar-se com o conteúdo semântico próprio do termo hesed.
53 Sl 40(39),11; 98(97),2 s.; Is 45,21; 51,5.8; 56,1.
54 Sab 11,24
55 1 Jo 4.8.16.
56 Jer 31,3.
57 Is 54,10
58 Jon 4,2.11, Sl 145(144),9; Sir 18,8-14; Sab 11,23-12,1.
59 Cf. Jo 14,9
60 Em ambos os casos se trata de hesed, isto é, da fidelidade que Deus manifesta ao próprio amor para com o povo, fidelidade às promessas, que encontrarão precisamente na maternidade da Mãe de Deus o seu cumprimento definitivo (cf. Lc 1,49-54).
61 Cf. Lc 1,72. Também neste caso se trata da misericórdia no significado de hesed, ao passo que nas frases seguintes, em que Zacarias fala do «coração misericordioso do nosso Deus», é expresso claramente o segundo significado, o de rahªmim (tradução latina: viscera misericordiae), que identifica prevalentemente a misericórdia divina com o amor materno.

62 Cf. Lc 15,11-32.

Antigo testamento / Salmos

Salmo 105








1 Deem graças ao Senhor, proclamem o seu nome; divulguem os seus feitos entre as nações.
2 Cantem para ele e louvem-no; relatem todas as suas maravilhas.
3 Gloriem-se no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor.
4 Recorram ao Senhor e ao seu poder; busquem sempre a sua presença.
5 Lembrem-se das maravilhas que ele fez, dos seus prodígios e das sentenças de juízo que pronunciou, ó descendentes de Abraão, seu servo, ó filhos de Jacob, seus escolhidos.
6 Ele é o Senhor, o nosso Deus; seus decretos são para toda a terra.
7 Ele se lembra para sempre da sua aliança, por mil gerações, da palavra que ordenou, da aliança que fez com Abraão, do juramento que fez a Isaaque.
8 Ele o confirmou como decreto a Jacob, a Israel como aliança eterna, quando disse: "Darei a você a terra de Canaã, a herança que lhe pertence".
9 Quando ainda eram poucos, um punhado de peregrinos na terra, e vagueavam de nação em nação, de um reino a outro, ele não permitiu que ninguém os oprimisse, mas a favor deles repreendeu reis, dizendo: "Não toquem nos meus ungidos; não maltratem os meus profetas".
10 Ele mandou vir fome sobre a terra e destruiu todo o seu sustento; mas enviou um homem adiante deles, José, que foi vendido como escravo.
11 Machucaram-lhe os pés com correntes e com ferros prenderam-lhe o pescoço, até cumprir-se a sua predição e a palavra do Senhor confirmar o que dissera.
12 O rei mandou soltá-lo, o governante dos povos o libertou.
13 Ele o constituiu senhor de seu palácio e administrador de todos os seus bens, para instruir os seus oficiais como desejasse e ensinar a sabedoria às autoridades do rei.
14 Então Israel foi para o Egipto, Jacob viveu como estrangeiro na terra de Cam.
15 Deus fez proliferar o seu povo, tornou-o mais poderoso do que os seus adversários e mudou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tramassem contra os seus servos.
16 Então enviou seu servo Moisés, e Araão, a quem tinha escolhido, por meio dos quais realizou os seus sinais milagrosos e as suas maravilhas na terra de Cam.
17 Ele enviou trevas, e houve trevas, e eles não se rebelaram contra as suas palavras.
18 Ele transformou as águas deles em sangue, causando a morte dos seus peixes.
19 A terra deles ficou infestada de rãs, até mesmo os aposentos reais.
20 Ele ordenou, e enxames de moscas e piolhos invadiram o território deles.
21 Deu-lhes granizo, em vez de chuva, e raios flamejantes por toda a sua terra; arrasou as suas videiras e figueiras e destruiu as árvores do seu território.
22 Ordenou, e vieram enxames de gafanhotos, gafanhotos inumeráveis, e devoraram toda a vegetação daquela terra, e consumiram tudo o que a lavoura produziu.
23 Depois matou todos os primogénitos da terra deles, todas as primícias da sua virilidade.
24 Ele tirou de lá Israel, que saiu cheio de prata e ouro. Não havia em suas tribos quem fraquejasse.
25 Os egípcios alegraram-se quando eles saíram, pois estavam com verdadeiro pavor dos israelitas.
26 Ele estendeu uma nuvem para lhes dar sombra, e fogo para iluminar a noite.
27 Pediram, e ele enviou codornizes e saciou-os com pão do céu.
28 Ele fendeu a rocha, e jorrou água, que escorreu como um rio pelo deserto.
29 Pois ele se lembrou da santa promessa que fizera ao seu servo Abraão.
30 Fez o seu povo sair cheio de júbilo e os seus escolhidos com cânticos alegres.

31 Deu-lhes as terras das nações, e eles tomaram posse do fruto do trabalho de outros povos, para que obedecessem aos seus decretos e guardassem as suas leis. Aleluia!

Não tenhas pena de seres nada

Não te apoquentes por verem as tuas faltas. A ofensa a Deus e a desedificação que podes ocasionar, isso é que te deve doer. – De resto, que saibam como és e te desprezem. – Não tenhas pena de seres nada, porque assim Jesus tem que pôr tudo em ti. (Caminho, 596)

Escreve o evangelista S. João: ninguém jamais viu Deus; o Filho Unigénito que está no seio do Pai é que o deu a conhecer, comparecendo ante o olhar atónito dos homens: primeiro, como um recém-nascido, em Belém; depois, como um menino igual aos outros; mais tarde, no Templo, como um adolescente, inteligente e vivo; e, por fim, com aquela figura amável e atraente do Mestre que movia os corações das multidões que o acompanhavam entusiasmadas.

Bastam algumas provas do Amor de Deus que se encarna para que a sua generosidade nos toque a alma, nos incendeie, nos mova com suavidade a uma dor contrita pelo nosso comportamento, em tantas ocasiões mesquinho e egoísta. Jesus não tem inconveniente em rebaixar-se, para nos elevar da miséria à dignidade de filhos de Deus, de irmãos seus. Pelo contrário, tu e eu muitas vezes enchemo-nos nesciamente de orgulho pelos dons e talentos recebidos, até ao ponto de os converter em pedestal para nos impormos aos outros, como se o mérito de algumas acções, acabadas com relativa perfeição, dependesse exclusivamente de nós: Que possuis tu que não tenhas recebido de Deus? E se o recebeste, porque te glorias como se o não tivesses recebido?


Ao considerar a entrega de Deus e o seu aniquilamento – falo para que o meditemos, pensando cada um em si mesmo–, a vanglória, a presunção do soberbo revela-se um pecado horrendo, precisamente porque coloca a pessoa no extremo oposto ao modelo que Jesus nos assinalou com a sua conduta. Pensai nisto devagar: Ele humilhou-se, sendo Deus. O homem, cheio do seu próprio eu, pretende enaltecer-se a todo o custo, sem reconhecer que está feito de barro e barro de má qualidade. (Amigos de Deus, nn. 111–112)

Doutrina - 56

Eucaristia

…/13

3. A celebração litúrgica da Eucaristia

A Igreja, obediente ao mandato do Senhor, celebrou a seguir a Eucaristia em Jerusalém [i], em Tróade [ii] em Corinto [iii], e em todos os lugares onde haveria de chegar o cristianismo.

«Era sobretudo “no primeiro dia da semana”, isto é, no dia de domingo, dia da ressurreição de Jesus, que os cristãos se reuniam “para partir o pão” [iv].

Desde esses tempos até aos nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de maneira que hoje a encontramos em toda a parte na Igreja com a mesma estrutura fundamental» [v].

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] cf. Act 2,42-48
[ii] cf. Act 20,7-11
[iii] cf. 1 Cor 10,14,21; 1 Cor 11, 20-34
[iv] Act 20, 7
[v] Catecismo, 1343

Reflectindo - 155

Coisas pequenas

A nossa vida é uma sucessão de pequenas coisas que vamos fazendo e vivendo.

É este caminho que nos leva às acções de maior vulto que de vez em quando se nos impõem.

É como a construção de uma casa que não se começa pelo telhado.

A tentação de desprezar ou não prestar devida atenção a essas pequenas coisas - por vezes de escassa importância ou relevo - é muito frequente porque precisamente Satanás sabe que cedemos mais facilmente no pequeno que no grande.

É tão insidioso e subtil que nos aparece mascarado do "não vale a pena", "faço depois... mais logo", "não vou perder tempo".
E quando se apresenta aquela tarefa a que temos de meter ombros encontramo-nos sem "material" para o que se nos  propõe fazer.

(cont)


(ama, Reflexões, 2015)

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?