Páginas

18/01/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Jan 18

nunc coepi – Índice de publicações em Jan 18

S. Josemaria – Textos

AMA (Reflectindo - Perdido e encontrado)

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 2 18-22, Encíclica Laudato Si (Papa Francisco)

Doutrina (Pecado - Comunhão),Henry Vargas Holguín

Celibato eclesiástico, Jesus Cristo e a Igreja

AT - Salmos – 77

JMA (Sobre o Perdão)


Agenda Segunda-Feira

Evangelho, comentário, L. espiritual



Tempo Comum
Semana II

Evangelho: Mc 2, 18-22

18 Os discípulos de João e os fariseus estavam a jejuar. Foram ter com Jesus, e disseram-Lhe: «Porque jejuam os discípulos de João e os fariseus, e os Teus discípulos não jejuam?». 19 Jesus respondeu-lhes: «Podem porventura jejuar os companheiros do esposo, enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo não podem jejuar. 20 Mas virão dias em que lhes será tirado o esposo e, então, nesses dias, jejuarão. 21 Ninguém cose um remendo de pano novo num vestido velho; pois o remendo novo arranca parte do velho, e o rasgão torna-se maior. 22 Ninguém deita vinho novo em odres velhos; de contrário, o vinho fará arrebentar os odres, e perder-se-á o vinho e os odres; mas, para vinho novo, odres novos».

Comentário:

Muitos, infelizmente, preocupam-se com as aparências e, naturalmente, quem assim procede é levado a julgar os outros com ligeireza e a esquecer o seu próprio comportamento.
O que se faz por devoção ou obedecendo a impulsos interiores, sobretudo quando se têm projectos de melhoria pessoal, o que pressupõe esforços redobrados e perseverantes de correcção interior, não podem ter essa preocupação de que os “outros” vejam e apreciem o que fazem.

Mas… atenção!

O exemplo é a mais expedita forma de apostolado!

(ama, Comentário sobre Mc 2, 8-22, Malta, 2014.01.19)


Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA
LAUDATO SI’
DO SANTO PADRE
FRANCISCO
SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM


CAPÍTULO VI

EDUCAÇÃO E ESPIRITUALIDADE ECOLÓGICAS


8. A Rainha de toda a criação

241. Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo ferido.
Assim como chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano. Ela vive, com Jesus, completamente transfigurada, e todas as criaturas cantam a sua beleza.
É a Mulher «vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça» [i].
Elevada ao céu, é Mãe e Rainha de toda a criação.
No seu corpo glorificado, juntamente com Cristo ressuscitado, parte da criação alcançou toda a plenitude da sua beleza.
Maria não só conserva no seu coração toda a vida de Jesus, que «guardava» cuidadosamente [ii], mas agora compreende também o sentido de todas as coisas. Por isso, podemos pedir-Lhe que nos ajude a contemplar este mundo com um olhar mais sapiente.

242. E ao lado d’Ela, na sagrada família de Nazaré, destaca-se a figura de São José.
Com o seu trabalho e presença generosa, cuidou e defendeu Maria e Jesus e livrou-os da violência dos injustos, levando-os para o Egipto. No Evangelho, aparece descrito como um homem justo, trabalhador, forte; mas, da sua figura, emana também uma grande ternura, própria não de quem é fraco mas de quem é verdadeiramente forte, atento à realidade para amar e servir humildemente.
Por isso, foi declarado protector da Igreja universal.
Também Ele nos pode ensinar a cuidar, pode motivar-nos a trabalhar com generosidade e ternura para proteger este mundo que Deus nos confiou.

9. Para além do sol

243. No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus [iii] e poderemos ler, com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte connosco na plenitude sem fim.
Estamos a caminhar para o sábado da eternidade, para a nova Jerusalém, para a casa comum do Céu. Diz-nos Jesus:
«Eu renovo todas as coisas» [iv].
A vida eterna será uma maravilha compartilhada, onde cada criatura, esplendorosamente transformada, ocupará o seu lugar e terá algo para oferecer aos pobres definitivamente libertados.

244. Na expectativa da vida eterna, unimo-nos para tomar a nosso cargo esta casa que nos foi confiada, sabendo que aquilo de bom que há nela será assumido na festa do Céu.
Juntamente com todas as criaturas, caminhamos nesta terra à procura de Deus, porque, «se o mundo tem um princípio e foi criado, procura quem o criou, procura quem lhe deu início, aquele que é o seu Criador». [v]
Caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança.

245. Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir.
No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama.
Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos.
Que Ele seja louvado!

* * *

246. Depois desta longa reflexão, jubilosa e ao mesmo tempo dramática, proponho duas orações: uma que podemos partilhar todos quantos acreditam num Deus Criador Omnipotente, e outra pedindo que nós, cristãos, saibamos assumir os compromissos para com a criação que o Evangelho de Jesus nos propõe.

Oração pela nossa terra

Deus Omnipotente, que estais presente em todo o universo e na mais pequenina das vossas criaturas, Vós que envolveis com a vossa ternura tudo o que existe, derramai em nós a força do vosso amor para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz, para que vivamos como irmãos e irmãs sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar os abandonados e esquecidos desta terra que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida, para que protejamos o mundo e não o depredemos, para que semeemos beleza e não poluição nem destruição.
Tocai os corações daqueles que buscam apenas benefícios à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais connosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz.

Oração cristã com a criação

Nós Vos louvamos, Pai, com todas as vossas criaturas, que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença e da vossa ternura.
Louvado sejais!

Filho de Deus, Jesus, por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria, fizestes-Vos parte desta terra, e contemplastes este mundo com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura com a vossa glória de ressuscitado.
Louvado sejais!

Espírito Santo, que, com a vossa luz, guiais este mundo para o amor do Pai e acompanhais o gemido da criação, Vós viveis também nos nossos corações a fim de nos impelir para o bem.
Louvado sejais!

Senhor Deus, Uno e Trino,
comunidade estupenda de amor infinito, ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza do universo, onde tudo nos fala de Vós.
Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão por cada ser que criastes.
Dai-nos a graça de nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe.
Deus de amor, mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós.
Iluminai os donos do poder e do dinheiro para que não caiam no pecado da indiferença, amem o bem comum, promovam os fracos, e cuidem deste mundo que habitamos.
Os pobres e a terra estão bradando:
Senhor tomai-nos sob o vosso poder e a vossa luz, para proteger cada vida, para preparar um futuro melhor, para que venha o vosso Reino de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais!

Ámen.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015, terceiro ano do meu Pontificado.

Franciscus





[i] Ap12, 1
[ii] cf.Lc2, 51
[iii] cf.1 Cor13, 12
[iv] Ap 21, 5
[v] Basílio Magno, Hom. in Hexaemeron, 1, 2, 6: PG 29, 8.

SOBRE O PERDÃO – 6

1 – O que é o perdão?

…/5

Explicando melhor, sirvo-me da definição do meu amigo Filipe Stilwell D’Avillez, (que era quem aqui devia estar mas por dificuldades de agenda não lhe foi possível), da sua tese de Mestrado em Ciências Religiosas, na Universidade Católica Portuguesa:
«O perdão é uma acção voluntária na qual a vítima de uma agressão injusta recorre a sentimentos positivos como o amor, a generosidade e a compaixão, para reconhecer a humanidade do seu agressor ao mesmo tempo que abdica de sentimentos negativos que legitimamente sentia ou podia sentir. Para dar fruto, esta acção depende unicamente da vontade da vítima, que por ela se liberta de um ciclo de violência, se não física, pelo menos emocional.»


(cont)


(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

Antigo testamento / Salmos


Salmo 77







1 Clamo a Deus por socorro; clamo a Deus que me escute.
2 Quando estou angustiado, busco o Senhor; de noite estendo as mãos sem cessar; a minha alma está inconsolável!
3 Lembro-me de ti, ó Deus, e suspiro; começo a meditar, e o meu espírito desfalece.
4 Não me permites fechar os olhos; tão inquieto estou que não consigo falar.
5 Fico a pensar nos dias que se foram, nos anos há muito passados; de noite recordo minhas canções. O meu coração medita, e o meu espírito pergunta:
6 Irá o Senhor rejeitar-nos para sempre? Jamais tornará a mostrar-nos o seu favor?
7 Desapareceu para sempre o seu amor? Acabou-se a sua promessa?
8 Esqueceu-se Deus de ser misericordioso? Em sua ira refreou sua compaixão?
9 Então pensei: "A razão da minha dor é que a mão direita do Altíssimo não age mais".
10 Recordarei os feitos do Senhor; recordarei os teus antigos milagres.
11 Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus feitos.
12 Teus caminhos, ó Deus, são santos. Que deus é tão grande como o nosso Deus?
13 Tu és o Deus que realiza milagres; mostras o teu poder entre os povos.
14 Com o teu braço forte resgataste o teu povo, os descendentes de Jacob e de José.
15 As águas te viram, ó Deus, as águas te viram e se contorceram; até os abismos estremeceram.
16 As nuvens despejaram chuvas, ressoou nos céus o trovão; as tuas flechas reluziam em todas as direções.
17 No redemoinho, estrondou o teu trovão, os teus relâmpagos iluminaram o mundo; a terra tremeu e sacudiu-se.
18 A tua vereda passou pelo mar, o teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as tuas pegadas.

19 Guiaste o teu povo como a um rebanho pela mão de Moisés e de Arão.

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Doutrina - 28

Comunhão eucarística

Podemos comungar várias vezes ao dia?

Há fiéis que, por diversas razões, participam de muitas missas em um só dia, como é o caso dos ministros extraordinários da Eucaristia, os sacristãos, os leitores, os acólitos e animadores de canto. Mas será que eles podem comungar em várias missas no mesmo dia?

Não há uma norma específica que limite o número de vezes que a pessoa pode assistir à missa em um dia, mas sim se especifica o número de vezes que se pode comungar.

É permitido comungar até duas vezes por dia; tal norma é estabelecida no Código de Direito Canônico para determinadas circunstâncias (recordemos que este código é o conjunto de normas jurídicas que regulam a organização da Igreja Católica de rito latino).

Com relação aos padres e ao número de missas que celebram, o Código diz: "Exceptuados os casos em que, segundo as normas do direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia várias vezes no mesmo dia, não é lícito ao sacerdote celebrar mais que uma vez por dia.
Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário do lugar pode permitir que, por justa causa, os sacerdotes celebrem duas vezes ao dia, ou mesmo, se as necessidades pastorais o exigirem, três vezes nos domingos e festas de preceito" [i].

Portanto, normalmente e/ou em circunstâncias ordinárias (porque há exceções), os sacerdotes não podem celebrar mais de duas missas e, por conseguinte, não devem comungar mais que duas vezes ao dia também. Se isso se aplica aos padres, quanto mais aos fiéis.

"Quem tiver recebido a santíssima Eucaristia pode voltar a recebê-la de novo no mesmo dia, mas somente dentro da celebração eucarística em que participe, salvo o prescrito no cân. 921, § 2 (que diz: 'Mesmo que já tenham comungado nesse dia, aos que se vêem em perigo de vida, recomenda-se que comunguem de novo')" [ii].

A Santa Sé explicou que "voltar a recebê-la de novo" significa "pela segunda vez", mas não mais que isso.
O texto em latim utiliza a palavra "iterum", que significa, em sentido estrito, "uma segunda vez, outra vez, de novo".

O Catecismo da Igreja Católica [iii] menciona que os fiéis, no mesmo dia, podem receber a Santíssima Eucaristia somente uma segunda vez.

No Código, permite-se a possibilidade de comungar duas vezes ao dia sempre que o fiel participar de duas missas.

Então, a Igreja afirma a impossibilidade de receber a Sagrada Comunhão mais do que duas vezes ao dia. Por quê?

O motivo é o respeito e a veneração à Eucaristia, cuja recepção não deve ser banalizada.

Mas precisamos levar em consideração que ninguém se torna mais cristão ou mais santo pelo simples fato de comungar mais de uma vez ao dia.

Mais do que comungar várias vezes ao dia, o que podemos recordar é sempre estar em graça de Deus, ter uma boa disposição (a preparação) e fazer a posterior ação de graças, para que a comunhão eucarística dê seus frutos.

Mesmo comungando apenas uma vez por semana, participando da missa inteira todos os domingos e festas de preceito, a pessoa pode crescer e/ou amadurecer na vida cristã, se o fizer como convém.

Se o fiel puder participar da Eucaristia todos os dias, como a Igreja aconselha, fará muito bem, mas uma boa comunhão semanal, bem recebida, vale mais que receber a comunhão todos os dias de maneira rotineira e superficial.

p. henry vargas holguín

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] cânon 905
[ii] cânon 917
[iii] 1338, nota 224

A riqueza da fé

Não sejas pessimista. – Não sabes que tudo quanto sucede ou pode suceder é para bem? – O teu optimismo será a consequência necessária da tua fé. (Caminho, 378)

No meio das limitações inseparáveis da nossa situação presente, porque o pecado ainda habita em nós de algum modo, o cristão vê com nova clareza toda a riqueza da sua filiação divina, quando se reconhece plenamente livre porque trabalha nas coisas do seu Pai, quando a sua alegria se torna constante por nada ser capaz de lhe destruir a esperança.

Pois é também nesse momento que é capaz de admirar todas as belezas e maravilhas da Terra, de apreciar toda a riqueza e toda a bondade, de amar com a inteireza e a pureza para que foi criado o coração humano.

Também é nessa altura que a dor perante o pecado não degenera num gesto amargo, desesperado ou altivo porque a compunção e o conhecimento da fraqueza humana conduzem-no a identificar-se outra vez com as ânsias redentoras de Cristo e a sentir mais profundamente a solidariedade com todos os homens. É então, finalmente, que o cristão experimenta em si com segurança a força do Espírito Santo, de tal maneira que as suas quedas pessoais não o abatem; são um convite a recomeçar e a continuar a ser testemunha fiel de Cristo em todas as encruzilhadas da Terra, apesar das misérias pessoais, que nestes casos costumam ser faltas leves, que apenas turvam a alma; e, ainda que fossem graves, acudindo ao Sacramento da Penitência com compunção, volta-se à paz de Deus e a ser de novo uma boa testemunha das suas misericórdias.


Tal é, em breve resumo que mal consegue traduzir em pobres palavras humanas a riqueza da fé, a vida do cristão, quando se deixa guiar pelo Espírito Santo. (Cristo que passa, 138)

Jesus Cristo e a Igreja – 98

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos [i]

III. Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina

Dessa declaração dos Concílios de Cartago resulta que também na Igreja Africana uma grande parte, talvez a maioria do clero maior, estava casada antes da ordenação, e que depois dela, todos deviam viver em continência. Aqui esta obrigação é atribuída explicitamente ao sacramento da Ordem recebida e ao serviço do altar. Também é posta em relação explícita com um ensinamento dos Apóstolos e com uma observância praticada em todo o tempo passado (antiquitas), e se conclui com o assentimento unânime de todo o episcopado africano.

Devido a uma disputa com Roma, que também foi abordada nessas assembleias conciliares africanas, podemos conhecer em que medida foram conhecidas e vividas naquela Igreja, as tradições da Igreja antiga.
O sacerdote Apiário foi excomungado por seu bispo. Ele apelou para Roma, em que se aceitou o recurso por referência a algum cânon de Nicéia que autorizaria tais recursos. Os bispos africanos declararam-se solidários com seu companheiro afirmando que não conheciam tal cânon niceno. Em diversas reuniões destes bispos, nas que também participaram delegados de Roma, se discutiu esse problema e ainda se conservam os cânones in causa Apiarii. Os africanos alegavam que na sua relação dos cânones nicenos não aparecia uma disposição semelhante àquela, e tinham enviado delegados a Alexandria, Antioquia e Constantinopla para obter a informação pertinente. Mas também lá não se sabia nada sobre tais cânones. Mais tarde foi esclarecido o erro de Roma, baseado no facto de que lá se tinha adicionado aos cânones de Nicéia os do Concílio de Sárdica no ano 342, dedicado também à questão ariana e celebrado sob o mesmo presidente: o bispo Ósio de Córdoba. Por esse motivo, os cânones disciplinares de Sárdica foram acrescentados no arquivo de Roma aos de Nicéia, e todos tinham sido considerados nicenos. Em Sárdica se tinha aprovado aquele cânon (can. 3). A Igreja Africana não teve dificuldade em demonstrar ao Papa Zósimo a errônea atribuição ao Concílio de Nicéia.

(cont)



[i] Card. alfons m. stickler, Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro