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31/07/2016

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 11, 1-13

1 Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos Seus discípulos disse-Lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos». 2 Ele respondeu-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino. 3 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação». 5 Disse-lhes mais: «Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar; 7 e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados; não me posso levantar para tos dar; 8 digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. 9 Eu digo-vos: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá. 11 «Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará uma serpente? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que Lho pedirem».

Comentário:

Um dia, pouco tempo antes da minha querida Mãe partir para o Céu, estando ela acamada – tinha noventa e seis anos – atrevi-me a perguntar-lhe quantos “terços” rezava diariamente.

Sorrindo, respondeu-me: ‘Não sei, mas bem vês, com dez filhos, quarenta e três netos e vinte e oito bisnetos… tenho muito que rezar’

Na minha santa Mãe nada me espantava mas, de qualquer modo, fiquei-me a pensar que, talvez, se rezasse um único ”terço” por toda a sua família…

Mas ela sabia muito bem a família que tinha e que, todos eram diferentes uns dos outros, com necessidades e problemas específicos de cada um e, com toda a certeza, quando iniciava a reza do “terço” por um colocava a intenção que julgava – e sabia – mais adequada.

De facto, quando o Senhor a chamou para junto de Si, tinha nas mãos o Santo Rosário.

(ama, comentário sobre Lc 11, 1-13, 2013.07.16)









Leitura espiritual

Leitura Espiritual

Temas actuais do cristianismo 



São Josemaria Escrivá
87            

pergunta:

Monsenhor, é cada vez maior a presença da mulher na vida social, para além do âmbito familiar, em que se tinha movido quase exclusivamente até agora. Que lhe parece esta evolução?
E quais são, em seu entender, as características gerais que a mulher tem de alcançar para cumprir a missão que lhe está confiada?

resposta:

Em primeiro lugar, parece-me oportuno não contrapor esses dois âmbitos que acaba de mencionar.
Como na vida do homem, mas com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher.
É evidente que a dedicação às tarefas familiares representa uma grande função humana e cristã.
Contudo, isto não exclui a possibilidade de se ocupar em outros trabalhos profissionais - o do lar também o é -, em qualquer dos ofícios e EMPREGOS honestos que há na sociedade em que se vive.
Compreende-se bem o que se quer dizer ao pôr assim o problema, mas penso que insistir na contraposição sistemática - mudando só o tom - levaria facilmente, do ponto de vista social, a um erro maior do que aquele que se pretende corrigir, porque seria mais grave que a mulher abandonasse o TRABALHO com os seus.

Também no plano pessoal se não pode afirmar unilateralmente que a mulher deva alcançar a perfeição apenas fora do lar, como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade da sua personalidade.
O lar - qualquer que seja, porque também a mulher solteira deve ter um lar - é um âmbito particularmente propício para o desenvolvimento da personalidade.
A atenção prestada à família constituirá sempre para a mulher a sua maior dignidade; no cuidado com o marido e com os filhos, ou, para falar em termos mais gerais, no trabalho para criar à sua volta um ambiente acolhedor e formativo, a mulher realiza o mais insubstituível da sua missão e, consequentemente, pode atingir aí a sua perfeição pessoal.

Como acabo de dizer, isso não se opõe à participação em outros aspectos da vida social e até da política.
Também nesses sectores a mulher pode dar uma valiosa contribuição, como pessoa, e sempre com as peculiaridades da sua condição feminina.
Fá-lo-á na medida em que estiver humana e profissionalmente preparada. Não há dúvida que tanto a família como a sociedade necessitam dessa contribuição especial, que não é de modo algum secundária.

Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher, não devem significar uma pretensão de igualdade - de uniformidade - com o homem, uma imitação do modo de agir varonil.
Isso não seria uma aquisição, seria uma perda para a mulher, não porque ela seja mais ou menos que o homem, mas porque é diferente.
Num plano essencial - que deve ser objecto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico - pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exactamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus.
Mas, a partir desta igualdade fundamental, cada um deve alcançar o que lhe é próprio, e, neste plano, emancipação é o mesmo que possibilidade real de desenvolver plenamente as próprias virtualidades: as que tem na sua singularidade e as que tem como mulher.
A igualdade em face do direito, a igualdade de oportunidades perante a lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza para todos.

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade...
A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que - em geral - a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais.
Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for.
A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas.
Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina.
Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo.

88            

pergunta:

Em algumas ocasiões, porém, a mulher não está segura de se encontrar realmente no lugar que lhe corresponde e a que é chamada. Muitas vezes, quando realiza um trabalho fora de casa, pesam sobre ela as solicitações do lar, e, quando permanece completamente dedicada à família, sente as suas possibilidades limitadas. Que diria às mulheres que sentem essas contradições?

resposta:

Esse sentimento, que é muito real, procede com frequência, mais do que das limitações efectivas - que todos temos, porque somos humanos -, da falta de ideias bem determinadas, capazes de orientar a vida inteira, ou também de uma soberba inconsciente.
Às vezes, desejaríamos ser os melhores em qualquer aspecto e em qualquer nível.
Como isso não é possível, origina-se um estado de desorientação e de ansiedade, ou, inclusivamente, de desânimo e de tédio.
Não se pode estar em toda a parte ao mesmo tempo, não se sabe a que se há-de atender e não se atende eficazmente a coisa nenhuma. Nesta situação, a alma fica exposta à inveja e é natural que a imaginação se solte e procure um refúgio na fantasia, que afastando-nos da realidade, acaba por adormecer a vontade.
É a isso que tenho chamado repetidas vezes mística ojalatera - mística do oxalá - feita de sonhos vãos e de idealismos falsos: oxalá não me tivesse casado, oxalá não tivesse esta profissão, oxalá tivesse mais saúde, ou menos anos ou mais tempo!

O remédio - custoso, como é tudo o que tem valor - está em procurar o verdadeiro centro da vida humana, o que pode dar uma hierarquia, uma ordem e um sentido a tudo: a intimidade com Deus, mediante uma vida interior autêntica.
Se, vivendo em Cristo, tivermos n'Ele o nosso centro, descobriremos o sentido da missão que se nos confiou, teremos um ideal humano que se torna divino, novos horizontes de esperança se abrirão à nossa vida e chegaremos a sacrificar com gosto, já não este ou aquele aspecto da nossa actividade, mas a vida inteira, dando-lhe assim, paradoxalmente, a sua mais profunda realização.

O problema que levanta acerca da mulher não é extraordinário. Com outras particularidades, muitos homens experimentam algumas vezes algo de semelhante.
A raiz costuma ser a mesma: falta de um ideal profundo, que só à luz de Deus se descobre.

Em todo o caso, é necessário também pôr em prática pequenos remédios, que parecem banais, mas que não o são: quando há muitas coisas a fazer, é preciso estabelecer uma ardem, é necessário organizar-se.
Muitas dificuldades provêm da falta de ordem, da carência deste hábito.
Há mulheres que fazem mil e uma coisas e todas bem, porque se organizam, porque, com fortaleza de ânimo, submetem a uma ordem as suas múltiplas tarefas.
Souberam estar em cada momento no que deviam fazer, sem se perturbarem pensando no que viria depois ou no que talvez pudessem ter feito antes.
A outras, pelo contrário, domina-as o muito que têm a fazer, e, assim dominadas, não fazem nada.

Sem dúvida que haverá sempre muitas mulheres que não tenham outra ocupação além de dirigir o seu lar.
Digo-vos que esta é uma grande ocupação, que vale a pena. Através desta profissão - porque o é, verdadeira e nobre - influem positivamente, não só na família, como também em muitos amigos e conhecidos, em pessoas com as quais de um modo ou de outro se relacionam, realizando uma tarefa às vezes muito mais extensa que a de outros profissionais.
E, se põem essa experiência e essa ciência ao serviço de centenas de pessoas, em centros destinados à formação da mulher, como os que dirigem em todos os países do Mundo as minhas filhas do Opus Dei, então convertem-se em professoras do lar, com mais eficácia educativa, diria eu, que muitos catedráticos da Universidade.

Entrevista realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de 1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.


(cont)

Constância, que nada te desoriente

O desalento é inimigo da tua perseverança. – Se não lutares contra o desalento, chegarás ao pessimismo, primeiro, e à tibieza, depois. – Sê optimista. (Caminho, 988)

Constância, que nada desoriente. – Faz-te falta. Pede-a ao Senhor e faz o que puderes para a obter; porque é um grande meio para te não separares do fecundo caminho que empreendeste. (Caminho, 990)

Não podes "subir". – Não é de estranhar: aquela queda!...

Persevera e "subirás". – Recorda o que diz um autor espiritual: a tua pobre alma é um pássaro que ainda tem as asas empastadas de lama.

É preciso muito calor do céu e esforços pessoais, pequenos e constantes, para arrancar essas inclinações, essas imaginações, esse abatimento, essa lama pegajosa das tuas asas.

E ver-te-ás livre. – Se perseverares, "subirás". (Caminho, 991)


Dá graças a Deus, que te ajudou, e rejubila com a tua vitória. - Que alegria tão profunda, a que sente a tua alma depois de ter correspondido! (Caminho, 992)

Pequena agenda do cristão


DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



30/07/2016

Trabalha com alegria

Se afirmas que queres imitar Cristo... e te sobra tempo, andas por caminhos de tibieza. (Forja, 701)

As tarefas profissionais – também o trabalho do lar é uma profissão de primeira ordem – são testemunho da dignidade da criatura humana; ocasião de desenvolvimento da própria personalidade; vínculo de união com os outros; fonte de recursos; meio de contribuir para a melhoria da sociedade em que vivemos, e de fomentar o progresso da humanidade inteira...

Para um cristão estas perspectivas alongam-se e ampliam-se ainda mais, porque o trabalho – assumido por Cristo como realidade redimida e redentora – se converte em meio e em caminho de santidade, em tarefa concreta santificável e santificadora. (Forja, 702)

Trabalha com alegria, com paz, com presença de Deus.

Desta maneira realizarás a tua tarefa, além disso, com bom senso: chegarás até ao fim ainda que rendido pelo cansaço, acabá-la-ás bem... e as tuas obras agradarão a Deus. (Forja, 744)

Deves manter – ao longo do dia – uma constante conversa com Nosso Senhor, que se alimente também das próprias ocorrências da tua tarefa profissional.


Vai com o pensamento ao Sacrário... e oferece a Nosso Senhor o trabalho que tiveres entre mãos. (Forja, 745)

Reflectindo - 198

Perguntas à espera de resposta

Porquê?

Quando algo inesperado e traumatizante nos acontece esta é uma palavra que nos surge constantemente.

Não compreendemos, não percebemos, custa-nos muito aceitar.

No nosso íntimo há sentimentos contraditórios. Queremos esquecer mas desejamos recordar. Talvez haja uma pequena janela que possamos abrir, um ângulo para analisar, uma nesga de luz que ilumine a nossa escuridão interior, uma forma mágica de desatar o nó que persiste em apertar-nos a garganta, o peso que nos esmaga o peito, o sentimento de perda, a desilusão de planos não concretizados, o traumatismo - até físico - que alterou a nossa vida.

Porquê? Porquê? Porquê?

Sem querer colocamo-nos no centro do mundo, somos a pessoa mais importante, mais necessitada de carinho, de afecto, de atenção. Esperamos que toque o telefone e que do outro lado alguém nos pergunte pela enésima vez: como estás? Precisas de alguma coisa? Penso em ti!

Tudo isto acontece porque somos pessoas, temos um coração que ama e deseja ser amado, sentimentos à flor-da-pele que queremos partilhar, desejos que esperamos satisfazer. Tudo isto é natural, humano, sério.

Não tenho uma "receita", remédio ou solução e, claro, não tenho resposta.

Num esforço procuro pensar em tantas outras pessoas em igual situação mas que não questionam porque não têm ninguém a quem perguntar, não escrevem porque ninguém lê, não choram porque ninguém lhes seca as lágrimas, não esperam que o telefone toque porque ninguém lhes liga e, então, sou "forçado" a concluir que sou... tenho obrigação de ser feliz!


Esta constatação obriga a outra pergunta imediata e, a meu ver, lógica: tenho de ser feliz porque tenho o que muitos outros não têm?

E, a resposta é, cautelosa: sim mas não será tudo.

Pois não mas talvez seja o principal. A felicidade a maior parte das vezes não surge depois de uma busca desenfreada mas de um simples acto de reconhecimento de algo que não nos tínhamos dado conta.

Como se estivéssemos a deitar contas aos recursos de que dispomos e não percebemos que temos disponível uma quantia substancial.

As contas fazem-se na mesma mas com um espírito bem diferente.

Pois no caso da felicidade dá-se o mesmo. Serei feliz se reconhecer que tenho o que preciso, que nada me falta.

Nunca poderei compreender totalmente como é possível esta espécie de bipolarismo - estar tranquilo na aflição, confiante na incerteza, rir e chorar ao mesmo tempo - porque na verdade é o que me acontece.

Olho para a minha vida e misturado com enormes disparates e comportamentos reprováveis encontro acções de grande beleza e coisas estupendas que levei a cabo.

Eu... a mesma pessoa!

Nunca fui mau nem bom durante muito tempo considerando que ser mau ou bom é agir correcta ou incorrectamente.

Talvez que o "calcanhar de Aquiles " seja essa inconstância, esse divagar um pouco errático e disperso.

Tenho de ser feliz!

Porquê?
Porque sou capaz de me examinar e, mais, preocupo-me e esforço-me em examinar a minha conduta a minha atitude o meu pensamento o meu desejo.

Isto evidentemente porque sei que não é - absolutamente - mérito meu mas o Espírito Santo que me inspira e sugere a necessidade, a importância desse exame sério, detalhado e, sobretudo, corajoso.

(ama, Reflexões, Enxomil 2015.10.19


Evangelho e comentário


Tempo Comum

São Pedro Crisólogo – Doutor da Igreja

Evangelho: Mt 14, 1-12

1 Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus, 2 e disse aos seus cortesãos: «Este é João Baptista, que ressuscitou dos mortos, e por isso se operam por meio dele tantos milagres». 3 Porque Herodes tinha mandado prender João, e tinha-o algemado e metido no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe. 4 Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito tê-la por mulher». 5 E, querendo matá-lo, teve medo do povo, porque este o considerava como um profeta. 6 Mas, no dia natalício de Herodes, a filha de Herodíades bailou no meio dos convivas e agradou a Herodes. 7 Por isso ele prometeu-lhe com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. 8 E ela, instigada por sua mãe, disse: «Dá-me aqui num prato a cabeça de João Baptista». 9 O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos comensais, ordenou que lhe fosse entregue. 10 E mandou degolar João no cárcere. 11 A sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela levou-a à mãe. 12 Chegando os seus discípulos levaram o corpo e sepultaram-no; depois foram dar a notícia a Jesus.

Comentário:

Os juramentos são para serem cumpridos, sem dúvida, mas não se devem fazer.
Nós, de facto não podemos jurar sobre nada que pretendamos fazer num futuro qualquer, próximo ou longínquo, porque não podemos garantir o nosso tempo de vida.
Logo, como vamos jurar a respeito do que for se não temos qualquer garantia que o podemos fazer?

Além do mais, se somos pessoas credíveis e correctas – como devem ser todos os cristãos – a nossa palavra deve bastar.

(ama, comentário sobre Mt 14, 1-12, 2015.08.01)











Leitura espiritual

Leitura Espiritual

Temas actuais do cristianismo 



São Josemaria Escrivá
89
                
pergunta:

Perdoe que insista no mesmo tema. Através de cartas que chegam à Redacção, sabemos que algumas mães de família numerosa se queixam por se verem reduzidas ao papel de trazer filhos ao mundo e sentem uma grande insatisfação por não poderem dedicar a vida a outros campos: trabalho profissional, acesso à cultura, projecção social...
Que conselhos daria a essas pessoas?

resposta:

Mas, vamos a ver: que é a projecção social senão dar-se aos outros com sentido de entrega e de serviço e contribuir eficazmente para o bem de todos?
O trabalho da mulher na sua casa não só é, já de si, uma função social, como também pode ser facilmente a função social de maior projecção.

Imagine-se uma família numerosa: o trabalho da mãe e então comparável - e em muitos casos ganha na comparação - ao dos educadores profissionais.
Um professor consegue, talvez ao longo de uma vida inteira, formar mais ou menos bem uns tantos rapazes ou raparigas. Uma mãe pode formar os seus filhos em profundidade, nos aspectos mais básicos, e pode fazer deles, por sua vez, outros formadores, de maneira que se origina uma cadeia ininterrupta de responsabilidade e de virtudes.

Também nestes temas é fácil deixar-se seduzir por critérios meramente quantitativos, e pensar: é preferível o trabalho de um professor, que vê passar pelas suas aulas milhares de pessoas, ou o de um escritor, que se dirige a milhares de leitores?
Bem, mas a quantos dá realmente formação esse professor e esse escritor?
Uma mãe tem ao seu cuidado três, cinco, dez ou mais filhos, e pode fazer deles uma verdadeira obra de arte, uma maravilha de educação, de equilíbrio, de compreensão, de sentido cristão da vida, de modo que sejam felizes e consigam ser realmente úteis aos outros.

Por outro lado, é natural que os filhos e as filhas ajudem nos trabalhos da casa.
Uma mãe que saiba orientar bem os seus filhos, pode consegui-lo, e dispor assim de oportunidades, de tempo que - bem aproveitado - lhe permita cultivar as suas tendências e talentos pessoais e enriquecer a sua cultura.
Felizmente, não faltam hoje meios técnicos, que, como sabeis muito bem, economizam muito trabalho, se forem convenientemente utilizados e se deles se tirar todo o partido possível.
Nisto, como em tudo, são determinantes as condições pessoais.
Há mulheres que têm uma máquina do último modelo e demoram mais tempo a lavar - e fazem-no pior - do que quando o faziam à mão.
Os instrumentos só são úteis quando se sabem empregar.

Sei de muitas mulheres casadas e com bastantes filhos que dirigem muito bem o seu lar e além disso encontram tempo para colaborar em outros trabalhos apostólicos, como fazia aquele casal da primitiva cristandade: Áquila e Priscila.
Os dois trabalhavam em casa e no seu ofício, e foram além disso esplêndidos cooperadores de S. Paulo; com a sua palavra e com o seu exemplo levaram a fé de Jesus Cristo a Apolo, que depois foi um grande pregador da Igreja nascente.
Como já disse, se verdadeiramente se quer, podem-se superar muitas das limitações, sem deixar de se cumprir nenhum dever.
Na realidade, há tempo para fazer muitas coisas: para dirigir o lar com sentido profissional, para se dar continuamente aos outros, para melhorar a sua própria cultura e para enriquecer a dos outros, para realizar muitas tarefas eficazes.

90
                
pergunta:

Aludiu à presença da mulher na vida pública, na política. Actualmente, estão-se a dar importantes passos neste sentido.
Qual é, em sua opinião, a tarefa específica que a mulher deve cumprir nesse terreno?

resposta:

A presença da mulher no conjunto da vida social é um fenómeno natural e totalmente positivo, parte desse outro facto mais amplo a que antes me referi.
Uma sociedade moderna, democrática, tem de reconhecer à mulher o direito a participar activamente na vida política, e tem de criar as condições favoráveis para que exerçam esse direito todas as que o desejarem.

A mulher que se quer dedicar activamente à direcção dos negócios públicos, tem obrigação de se preparar convenientemente, para que a sua actuação na vida da comunidade seja responsável e positiva. Todo o trabalho profissional exige uma formação prévia, e depois um esforço constante para melhorar esta preparação e adaptá-la às novas circunstâncias que surjam.
Esta exigência constitui um dever particularíssimo para os que aspiram a ocupar postos directivos na sociedade, visto que são chamados a um serviço também muito importante, do qual depende o bem-estar de todos.

Uma mulher com preparação adequada deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis.
Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas.

A mulher pode enriquecer muito a vida da sociedade em virtude dos dotes naturais que lhe são próprios.
Isto salta à vista quando reparamos no vasto campo da legislação familiar e social.
As qualidades femininas darão a melhor garantia de que serão respeitados os autênticos valores humanos e cristãos no momento de tomar decisões que afectem de alguma maneira a vida da família, o ambiente educativo, o futuro dos jovens.

Acabo de mencionar a importância dos valores cristãos para a solução dos problemas sociais e familiares, e quero sublinhar aqui a sua transcendência em toda a vida pública.
Da mesma maneira que o homem, quando a mulher tem de se ocupar numa actividade política, a sua fé cristã confere-lhe a responsabilidade de realizar um autêntico apostolado, quer dizer, um serviço cristão a toda a sociedade.
Não se trata de representar oficial e oficiosamente a Igreja na vida pública, e menos ainda de se servir da Igreja para a sua carreira pessoal ou para os interesses do seu partido.
Pelo contrário, trata-se de formar com liberdade as próprias opiniões, em todos estes assuntos temporais em que os cristãos são livres, e de assumir a responsabilidade pessoal do seu pensamento e da sua actuação, sendo sempre consequente com a fé que se professa.

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pergunta:

Na homilia que proferiu em Pamplona no passado mês de Outubro, durante a Missa que celebrou por ocasião da Assembleia dos Amigos da Universidade de Navarra, falou do amor humano com palavras que nos comoveram. Muitas leitoras nos escreveram comentando a impressão que experimentaram ao ouvir falar assim.
Poderia dizer-nos quais são os valores mais importantes do matrimónio cristão?

resposta:

Vou falar de algo que conheço bem e que é da minha experiência de sacerdote, de muitos anos e em muitos países.
A maior parte dos sócios do Opus Dei vivem no estado matrimonial e, para eles, o amor humano e os deveres conjugais fazem parte da vocação divina.
O Opus Dei fez do matrimónio um caminho divino, uma vocação, e isto tem muitas consequências para a santificação pessoal e para o apostolado.
Há quase quarenta anos que prego o sentido vocacional do matrimónio.
Que olhos cheios de luz vi mais de uma vez, quando - e pensando eles e elas que eram incompatíveis na sua vida a entrega a Deus e um amor humano nobre e limpo - me ouviam dizer que o matrimónio é um caminho divino na Terra!

O matrimónio existe para que aqueles que o contraem se santifiquem nele e através dele.
Para isso, os cônjuges têm uma graça especial que o sacramento instituído por Jesus Cristo confere.
Quem é chamado ao estado matrimonial, encontra nesse estado - com a graça de Deus - tudo o que é necessário para ser santo, para se identificar cada dia mais com Jesus Cristo e para levar ao Senhor as pessoas com quem convive.

É por isso que penso sempre com esperança e com carinho nos lares cristãos, em todas as famílias que brotaram do Sacramento do Matrimónio, que são testemunhos luminosos desse grande mistério divino - sacramentum magnum! [i], grande sacramento - da união e do amor entre Cristo e a sua Igreja.
Devemos trabalhar para que essas células cristãs da sociedade nasçam e se desenvolvam com afã de santidade, com a consciência de que o sacramento inicial - o Baptismo - confere já a todos os cristãos uma missão divina, que cada um deve cumprir no caminho que lhe é próprio.

Os esposos cristãos têm de ter consciência de que são chamados a santificar-se santificando, a ser apóstolos, e de que o seu primeiro apostolado está no lar.
Devem compreender a obra sobrenatural que significa a fundação de uma família, a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade. Desta consciência da própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida, a sua felicidade.

Mas não esqueçam que o segredo da felicidade conjugal está no quotidiano, não em sonhos.
Está em encontrar a alegria íntima que dá a chegada ao lar; está no convívio carinhoso com os filhos; no trabalho de todos os dias, em que colabora toda a família; no bom humor perante as dificuldades, que é preciso encarar com desportivismo; e também no aproveitamento de todos os progressos que nos proporciona a civilização para tornar a casa agradável, a vida mais simples, a formação mais eficaz.

Nunca deixo de dizer aos que foram chamados por Deus a formar um lar que se amem sempre, que se queiram com o amor cheio de entusiasmo que tinham quando eram noivos.
Pobre conceito tem do matrimónio - que é um sacramento, um ideal e uma vocação - quem pensa que o amor acaba quando começam as penas e os contratempos que a vida traz sempre consigo.
É então que o amor se fortalece.
As torrentes dos desgostos e das contrariedades não são capazes de submergir o verdadeiro amor.
O sacrifício partilhado generosamente une mais.
Como diz a Escritura, aquae multae - as muitas dificuldades, físicas e morais - non potuerunt extinguere caritatem [ii], não poderão apagar o amor.

Entrevista realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de 1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.

(cont)





[i] (Ef. 5, 32)
[ii] (Cant. 8,7)

Lições de São João Paulo II – 9


Sem Jesus Cristo o homem permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável.


(Revisão da versão portuguesa por ama)