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11/10/2015

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São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 10 17-27, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 35 - Art 5


Agenda Domingo

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Pequena agenda do cristão

DOMINGO




(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


A paz de Cristo no reino de Cristo

Um segredo. – Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. – Deus quer um punhado de homens "seus" em cada actividade humana. – Depois... "Pax Christi in regno Christi" – a paz de Cristo no reino de Cristo. (Caminho, 301)

Esforça-te, se é preciso, por perdoar sempre aos que te ofenderem, desde o primeiro instante, já que, por maior que seja o prejuízo ou a ofensa que te façam, mais te tem perdoado Deus a ti. (Caminho, 452)

Característica evidente de um homem de Deus, de uma mulher de Deus, é a paz na alma: tem "a paz" e dá "a paz" às pessoas com quem convive. (Forja, 649)

Habitua-te a apedrejar com Ave-Marias esses pobres "odientos", como resposta às suas pedradas. (Forja, 650)


Santa Maria é (e assim a invoca a Igreja) a Rainha da paz. Por isso, quando se agitar a tua alma, ou o ambiente familiar ou profissional, a convivência na sociedade ou entre os povos, não cesses de aclamá-la com esse título: "Regina pacis, ora pro nobis!", Rainha da paz, roga por nós! Experimentaste-o alguma vez, quando perdeste a tranquilidade?... Surpreender-te-ás com a sua imediata eficácia. (Sulco, 874)

Tratado da vida de Cristo 41

Questão 35: Da natividade de Cristo

Art. 5 — Se Cristo teve duas filiações.

 O quinto discute-se assim. — Parece que Cristo teve duas filiações.


1. — Pois, a natividade é a causa da filiação. Ora, Cristo teve duas natividades. Logo, também teve duas filiações.

2. Demais. — A filiação que torna alguém filho de tal mãe ou de tal pai, depende de certa maneira do filho, pois, a essência da relação está em referir-se de algum modo a um terceiro; por isso, desaparecido um dos termos da relação, desapareceu também o outro. Ora, a filiação eterna, pela qual Cristo é o Filho de Deus Pai, não depende da mãe, porque nenhum ser eterno depende do temporal. Logo, Cristo não foi filho de sua mãe por filiação eterna. Portanto, ou de nenhum modo foi seu filho, o que colide com o que já foi dito; ou havia de ser filho de Maria por outra filiação temporal. Logo, Cristo teve duas filiações.

3. Demais. — De dois termos relativos, um entra na definição de outro; donde, é claro que um é especificado pelo outro. Ora, um mesmo ser não pode pertencer a espécies diferentes. Logo, é impossível uma mesma relação terminar em extremos absolutamente diversos. Mas, Cristo é, de um lado, Filho do Pai eterno e, de outro, de uma mãe mortal, que são termos absolutamente diversos. Logo, parece que Cristo não pode, pela mesma relação, ser considerado Filho do Pai Eterno e da Virgem Maria. Portanto, Cristo teve duas filiações.

Mas, em contrário, como diz Damasceno, os atributos da natureza multiplicam-se em Cristo, mas não os da pessoa. Ora, a filiação é por excelência um atributo da pessoa, pois, é uma propriedade pessoal, como se colhe do dito na Primeira Parte. Logo, em Cristo há só uma filiação.

Nesta matéria há varias opiniões. - Uns, considerando a causa da filiação, que é a natividade, atribuem a Cristo duas filiações, por lhe atribuírem duas natividades. — Outros porém, considerando o sujeito da filiação, que é a pessoa ou a hipóstase, atribuem a Cristo uma só filiação, assim como uma hipóstase ou pessoa. Ora, a unidade de relação ou a sua pluralidade não se fundam nos termos, mas na causa ou no sujeito. Pois, se se fundassem nos termos, cada homem haveria de ter duas filiações — uma referente ao pai e outra, à mãe. Mas, se bem considerarmos veremos, que pela mesma relação o filho se refere ao pai e à mãe, por causa da unidade causal; pois, pela mesma natividade nasce do pai e da mãe e, portanto, mantém com ambos a mesma relação. É o caso do mestre, que ensina a mesma doutrina a muitos discípulos; e do senhor, que governa diversos súbditos com o mesmo poder. — Mas se as causas forem diversas por diferenças específicas, também por consequência hão de as relações diferir especificamente. Assim, nada impede que caibam ao mesmo sujeito várias atribuições dessa natureza. Tal o caso de quem fosse mestre de gramática para uns e de lógica, para outros, pois, a razão desses dois magistérios não é a mesma; e assim, por diversas relações, um mesmo homem pode ser mestre de pessoas diversas ou ensinar à mesma doutrinas diversas. — Pode porém dar-se que alguém tenha relação com vários, segundo causas diversas, mas da mesma espécie; tal o caso do pai de filhos diversos, mas por actos diversos de geração. Donde, não pode haver paternidades especificamente diversas, onde os actos de geração são especificamente os mesmos. E como várias formas da mesma espécie não podem existir simultaneamente no mesmo sujeito, não é possível ter várias paternidades quem é pai de vários filhos por geração natural. Diferentemente poderia, porém, alguém ser pai por geração natural, de um filho, e de outro por adopção.

Ora, é manifesto que Cristo não nasceu, pela mesma natividade, do Pai e abeterno e, temporalmente, da mãe. Nem foram essas natividades da mesma espécie. E por isso, quanto a esta matéria, devemos atribuir a Cristo duas filiações diversas — uma temporal e outra, eterna. Mas como o sujeito da filiação não é a natureza, ou parte dela, mas só a pessoa ou a hipóstase, e a hipóstase ou a pessoa de Cristo é eterna, ele só pode ter filiação numa hipóstase eterna. E toda relação atribuída a Deus temporalmente, não introduz nenhuma realidade em Deus, em si mesmo eterno, mas é apenas uma relação de razão, como estabelecemos na Primeira Parte. Donde, a relação de filiação que Cristo tem com a sua mãe não pode ser uma relação real, mas só de razão.

Assim, há, de certo modo, verdade em ambas as opiniões. Pois, se atendermos à noção perfeita de filiação, devemos atribuir a Cristo duas filiações, por causa da dualidade das natividades. Mas, se atendermos ao sujeito da filiação, que só pode ser um suposto eterno, em Cristo não pode haver realmente senão uma filiação eterna. — Mas Cristo é considerado filho, relativamente à sua mãe, pela inseparável relação de maternidade que ela tem com Cristo. Assim também Deus é chamado Senhor pela inseparável relação real por que a criatura depende de Deus. E embora a relação de domínio não seja real em Deus, contudo Deus é realmente chamado Senhor, pela dependência real que a ele liga a criatura. E semelhantemente, Cristo é realmente chamado Filho da Virgem mãe, pela relação real de maternidade que ela mantém com Cristo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A natividade temporal causaria em Cristo uma filiação temporal real, se ele fosse um sujeito capaz dessa filiação. O que não é possível, pois, um suposto eterno não pode ser susceptível de uma relação temporal, como se disse. — Nem se pode dizer que fosse susceptível de filiação temporal em razão da natureza humana, como o foi, da natividade temporal; porque seria necessário, de certo modo, que a natureza humana pudesse ser sujeito da filiação, assim como de certo modo o foi da natividade; assim, quando dizemos que um Etíope é branco, quanto aos dentes, necessariamente o dente do Etíope é o sujeito da brancura. Ora, a natureza humana não pode de nenhum modo ser sujeito da filiação, porque essa relação respeita directamente à pessoa.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A filiação eterna não depende da maternidade no tempo; mas o nosso pensamento atribui a essa filiação eterna, uma relação temporal dependente da mãe, da qual Cristo é chamado filho em virtude de tal relação.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A unidade e o ser supõem-se mutuamente, como diz Aristóteles. Ora, pode dar-se que um dos extremos de uma relação seja um ser real e o outro um ser não real, mas só de razão, como no caso de um objecto conhecido e da ciência, como diz o Filósofo. Donde resulta também, que da parte de um extremo, será uma só a relação, e muitas da parte do outro. Assim, entre os homens, os pais dão lugar a uma dupla relação - a de paternidade e a de maternidade, especificamente diferentes, pois embora sejam ambos princípios da geração, o pai o é por uma relação e a mãe, por outra. Mas se muitos sujeitos fossem, pela mesma razão, o princípio de uma acção, por exemplo, no caso de muitos que tiram um banco, todos seriam o fundamento de uma só e mesma relação. Quanto ao filho, há na realidade só uma filiação; mas dupla, quanto ao seu conceito racional, enquanto correspondente às relações paterna e materna, conforme o duplo respeito da razão. E assim também há em Cristo, de certo modo, só uma filiação real, relativa ao Pai eterno; mas ele é também o fundamento de uma relação temporal, pelo que respeita a sua mãe, no tempo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXVIII Semana

São João XXIII

Evangelho: Mc 10, 17-27

17 Tendo saído para Se pôr a caminho, veio um homem a correr e, ajoelhando-se diante d'Ele, perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?». 18 Jesus disse-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 19 Tu conheces os mandamentos: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe”». 20 Ele respondeu: «Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade». 21 Jesus olhou para ele com afecto, e disse-lhe: «Uma coisa te falta: vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me». 22 Mas ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens. 23 Jesus, olhando em volta, disse aos discípulos: «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!». 24 Os discípulos ficaram atónitos com estas palavras. Mas, Jesus de novo lhes disse: «Meus filhos, como é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas! 25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus». 26 Eles, cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: «Então quem pode salvar-se?». 27 Jesus, olhando para eles, disse: «Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível».

Comentário:

A Liturgia ao recomeçar o chamado “tempo comum”, recolhe este trecho de São Marcos tendo naturalmente uma motivo principal: chamar a nossa atenção para o que é verdadeiramente importante e deve estar na raiz do comportamento do cristão: seguir Cristo, responder à chamada que em qualquer momento da nossa vida Ele não deixa de nos fazer.

(ama, comentário sobre Mc 10, 17-27, 2015.05.25)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo
21 (cont)

Explicar-me-ei melhor com um exemplo.
Em 1932, comentando, num documento dirigido aos meus filhos do Opus Dei, alguns dos aspectos e consequências da dignidade e responsabilidade peculiares que o Baptismo confere às pessoas, escrevi: “impõe-se repelir o preconceito de que os fiéis correntes não podem fazer mais do que ajudar o clero, em apostolados eclesiásticos.
O apostolado dos seculares não tem de ser sempre uma simples participação no apostolado hierárquico: compete-lhes o dever de fazer apostolado.
E isto não é porque recebam uma missão canónica, mas por serem parte da Igreja; essa missão... realizam-na através da profissão, do ofício, da família, dos colegas, dos amigos”.

Hoje, depois dos ensinamentos solenes do Vaticano II, ninguém na Igreja porá em dúvida a ortodoxia desta doutrina.
Mas, quantos abandonaram realmente a sua concepção única do apostolado dos leigos como um trabalho pastoral organizado de cima para baixo?
Quantos, superando a anterior concepção monolítica do apostolado laical, compreendem que ele possa e inclusivamente deva também existir sem necessidade de rígidas estruturas centralizadas, missões canónicas e mandatos hierárquicos?
Quantos, que qualificam o laicado de longa manus Ecclesiae, não estarão a confundir ao mesmo tempo o conceito de Igreja-Povo de Deus com o conceito mais limitado de Hierarquia?
Ou ainda, quantos leigos entendem devidamente que só em delicada comunhão com a Hierarquia têm direito a reivindicar o seu âmbito legítimo de autonomia apostólica?

Poder-se-iam formular considerações semelhantes em relação a outros problemas, porque é realmente muito, muitíssimo, o que está ainda por conseguir, tanto na necessária exposição doutrinal, como na educação das consciências e na própria reforma da legislação eclesiástica.
Peço muito ao Senhor - a oração sempre foi a minha grande arma - que o Espírito Santo assista ao seu Povo, e especialmente à Hierarquia, na realização destas tarefas. E peço-Lhe também que continue a servir-Se do Opus Dei, para que possamos contribuir e ajudar, em tudo o que estiver ao nosso alcance, neste difícil mas maravilhoso processo de desenvolvimento e crescimento da Igreja.

22             

Como se insere o Opus Dei no Ecumenismo? - perguntava-me também.
Já contei, no ano passado, a um jornalista francês - e sei que encontrou eco, inclusivamente, em publicações de irmãos separados - o que uma vez disse ao Santo Padre João XXIII, movido pelo encanto afável e paterno do seu trato:
“Santo Padre, na nossa Obra, todos os homens, católicos ou não, encontraram sempre um ambiente acolhedor: não aprendi o ecumenismo de Vossa Santidade”.
Ele riu-se emocionado, porque sabia que, já desde 1950, a Santa Sé tinha autorizado o Opus Dei a receber como associados Cooperadores os não católicos e até os não cristãos.

São muitos, efectivamente - e entre eles contam-se pastores e até bispos das suas respectivas confissões -, os irmãos separados que se sentem atraídos pelo espírito do Opus Dei e colaboram nos nossos apostolados.
E são cada vez mais frequentes - à medida que os contactos se intensificam - as manifestações de simpatia e de cordial entendimento, resultantes de os sócios do Opus Dei centrarem a sua espiritualidade no simples propósito de viver com sentido de responsabilidade os compromissos e exigências baptismais do cristão.
O desejo de procurar a plenitude da vida cristã e de fazer apostolado, procurando a santificação do trabalho profissional; a vida imersa nas realidades seculares, respeitando a sua própria autonomia, mas tratando-as com espírito e amor de almas contemplativas; a primazia que na organização dos nossos trabalhos concedemos à pessoa, à acção do Espírito nas almas, ao respeito da dignidade e da liberdade que provêm da filiação divina do cristão; a defesa contra a concepção monolítica e institucionalista do apostolado dos leigos, da legítima capacidade de iniciativa, adentro do necessário respeito pelo bem comum: estes e outros aspectos mais, do nosso modo de ser e trabalhar, são pontos de fácil encontro, onde os irmãos separados descobrem - feita vida, experimentada pelos anos - uma boa parte dos princípios doutrinários em que eles e nós, os católicos, pomos fundamentadas esperanças ecuménicas.

23
               
pergunta:

Mudando de tema, gostaríamos de saber o que pensa em relação ao actual momento da Igreja.
Concretamente, como o qualificaria?
Que papel julga poderem ter, neste momento, as tendências que de modo geral têm sido chamadas “progressistas” e “integristas”?

resposta:

A meu ver, o actual momento da Igreja poderia qualificar-se de positivo, e, ao mesmo tempo, de delicado, como todas as crises de crescimento.
Positivo, sem dúvida, porque as riquezas doutrinais do Concílio Vaticano II colocaram a Igreja inteira - todo o Povo sacerdotal de Deus - perante uma nova etapa, sumamente esperançosa, de renovada fidelidade ao propósito divino da salvação que se lhe confiou.
Momento delicado também, porque as conclusões teológicas a que se chegou não são de carácter - passe a expressão - abstracto ou teórico: trata-se de uma teologia sumamente viva, quer dizer, com imediatas e directas aplicações de ordem pastoral, ascética e disciplinar, que chegam ao mais íntimo da vida interna e externa da comunidade cristã - liturgia, estruturas orgânicas da Hierarquia, formas apostólicas, Magistério, diálogo com o mundo, ecumenismo, etc. - e, portanto, também da vida cristã e da própria consciência dos fiéis.

Uma e outra destas realidades trazem respectivamente à nossa alma, por um lado, o optimismo cristão - a jubilosa certeza de que o Espírito Santo fará frutificar abundantemente a doutrina com que enriqueceu a Esposa de Cristo - e, ao mesmo tempo, a prudência por parte de quem investiga ou governa, porque, especialmente agora, a falta de serenidade ou de ponderação no estudo dos problemas poderia ocasionar um dano imenso.

Quanto às tendências a que chama integristas e progressistas na sua pergunta, torna-se-me difícil dar opinião sobre o papel que podem desempenhar neste momento, porque, desde sempre, repeli a conveniência e inclusivamente a possibilidade de se poderem fazer catalogações ou simplificações deste tipo.
Essa divisão - que às vezes é levada a extremos de verdadeiro paroxismo, ou se procura perpetuar, como se os teólogos e os fiéis em geral estivessem destinados a uma contínua orientação bipolar - parece-me que obedece, no fundo, ao convencimento de que o progresso doutrinal e vital do Povo de Deus terá de ser resultante de uma perpétua tensão dialéctica.
Eu, pelo contrário, prefiro acreditar - com toda a minha alma - na acção do Espírito Santo, que sopra onde quer e em quem quer.

Fim da entrevista realizada por Pedro Rodríguez, publicada em Palabra (Madrid), Outubro de 1967

24             

pergunta:

Quererá V. Rev.ª explicar qual a missão central e quais os objectivos do Opus Dei?
Em que precedentes baseou as suas ideias sobre a Associação?
Ou será o Opus Dei algo de único, de totalmente novo dentro da Igreja e da Cristandade?
Será lícito compará-lo com as Ordens Religiosas e com os Institutos Seculares, ou com associações católicas do tipo, por exemplo, da Holy Name Society, dos Caballeros de Colón ou do Christopher Movement?

resposta:

O Opus Dei propõe-se promover, entre pessoas de todas as classes da sociedade, o desejo da plenitude de vida cristã no meio do mundo. Isto é, o Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo - o homem vulgar, o homem da rua - a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar o seu modo normal de vida, o seu TRABALHO habitual, nem os seus ideais e preocupações.

Por isto se pode dizer, como escrevi há muitos anos, que o Opus Dei é velho como o Evangelho e, como o Evangelho, novo.
Trata-se de recordar aos cristãos as palavras maravilhosas que se lêem no Génesis: que Deus criou o homem para TRABALHAR.
Pusemos os olhos no exemplo de Cristo, que passou quase toda a sua vida terrena trabalhando como artesão numa terra pequena.
O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de santificação.

A que outras organizações poderíamos comparar o Opus Dei?
A resposta não é fácil, porque, quando se querem comparar entre si organizações com fins espirituais, corre-se o risco de ficar pelos traços exteriores ou pelas denominações jurídicas, esquecendo o que mais importa - o espírito que dá vida e razão de ser a toda a actividade.

Limitar-me-ei a dizer-lhe que, no que diz respeito às que mencionou, a Obra está muito longe das Ordens Religiosas e dos Institutos Seculares, e mais perto de instituições como a Holy Name Society.

O Opus Dei é uma organização internacional de leigos, a que pertencem também sacerdotes diocesanos (minoria bem exígua em comparação com o total de membros).
Os seus membros são pessoas que vivem no mundo e nele exercem uma profissão ou ofício.
Não entram no Opus Dei para abandonar esse trabalho, mas, pelo contrário, para encontrar uma ajuda espiritual que os leve a santificar o seu trabalho quotidiano, convertendo-o também em meio de santificação, sua e dos outros.
Não mudam de estado: continuam a ser solteiros, casados, viúvos, ou sacerdotes; procuram, sim, servir Deus e os outros homens, dentro do seu próprio estado.
Ao Opus Dei, não interessam votos nem promessas; o que pede aos seus sócios é que, no meio das deficiências e erros, próprios de toda a vida humana, se esforcem por praticar as virtudes humanas e cristãs, sabendo-se filhos de Deus.

Se alguma comparação se quer fazer, a maneira mais fácil de entender o Opus Dei é pensar na vida dos primeiros cristãos.
Eles viviam profundamente a sua vocação cristã; procuravam muito a sério a perfeição a que eram chamados, pelo facto, ao mesmo tempo simples e sublime, do Baptismo.
Não se distinguem exteriormente dos outros cidadãos.
Os membros do Opus Dei são como toda a gente: realizam um trabalho corrente; vivem no meio do mundo conforme aquilo que são - cidadãos cristãos que querem responder inteiramente às exigências da sua fé.

Entrevista realizada por Peter Forbarth, correspondente de Time (New York), em 15 de Abril de 1967.

(cont)