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18/04/2015

2015.04.18








O que pode ver hoje em NUNC COEPI





Deus está junto de nós continuamente - São Josemaria – Textos

Evangelho, comentário, L. Espiritual (A beleza de ser cristão) - A beleza de ser cristão (Ernesto Juliá), AMA - Comentários ao Evangelho JO 6 16-21, Ernesto Juliá Diaz

Temas para meditar - 421 - Santo Afonso Maria de Ligório, Serm (St. Afonso Maria de Ligório)

Tratado do verbo encarnado 147 - Suma Teológica - Tratado do Verbo Encarnado - Quest 25 - Art 1, São Tomás de Aquino


Pequena agenda do cristão - Agenda Sábado

Evangelho, comentário, L. Espiritual (A beleza de ser cristão)


Semana II da Páscoa


Evangelho: Jo 6 16-21

16 Quando chegou a tarde, os Seus discípulos desceram para junto do mar 17 e, tendo subido para uma barca, atravessaram o mar em direcção a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não tinha ido ter com eles. 18 Entretanto, o mar começava a encrespar-se, por causa do vento forte que soprava. 19 Tendo remado cerca de vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus caminhando sobre o mar, em direcção à barca, e ficaram atemorizados. 20 Mas Ele disse-lhes: «Sou Eu, não temais». 21 Quiseram então recebê-l'O na barca e logo a barca chegou à terra para onde iam.

Comentário:

Se atentarmos bem, Jesus vem ter connosco andando sobre as águas revoltas da nossa vida.
Nos momentos mais difíceis e críticos em que a nossa fé vacila, a confiança se torna débil, e a esperança se desvanece aí está Ele dizendo:
‘Não tenhas medo, Eu estou aqui contigo, nada te acontecerá, entrega o timão da tua barca nas minhas mãos e eu te conduzirei a um porto seguro onde estarás ao abrigo de todas as tempestades que possam pôr em risco a tua fé.
Crê em Mim somente, entrega-te com confiança, Eu cuidarei de ti’.

(ama, comentário sobre Jo 6, 16-21, 2013.04.13)

Leitura espiritual

a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE

O QUE É SER CRISTÃO?

I.            Relações que Deus estabelece com o homem.

…/4

III . a condição de criatura

Temos falado da criação do mundo e do homem, e temos adiantado a afirmação bíblica, que João Paulo II recolhe com estas palavras:

«Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor» [i]

Para avaliar a situação do homem ante Deus, é conveniente que examinemos em separado a sua condição de criatura; e o significado de ter sido criado: «à imagem e semelhança de Deus».
Cuidando ao mesmo tempo de ter sempre presente a unidade dessas duas realidades, porque o homem, insistimos, não é uma criatura a que se tenha acrescentado depois o ser «imagem e semelhança de Deus» e o ser «filho de Deus»; mas que o ser «a imagem e semelhança» e «filho» o configura construtivamente como criatura.

O que se vem chamando “ordem natural” e “ordem sobrenatural”, no homem, se distinguem conceptualmente, no viver existencial do ser humano.

O homem descobre o seu “ser criatura” ao tomar consciência de três características que acompanham sempre o seu viver, em qualquer das três ordens – natural-biológico; natural-espiritual e sobrenatural – nas quais se desenvolve a sua existência.

O ser humano é: 1. – limitado, 2. – dependente, 3. – indigente.

Qualquer ser criado, pelo facto de ser criado, já não é Deus, e não pode gozar, portanto, da infinidade, da omnipotência e da completa independência que o viver divino leva consigo.

Consideradas essas características que acompanham necessariamente o ser humano pela sua condição de criatura, à luz das intenções de Deus ao criá-lo por amor e em liberdade, podemos descobrir que essas qualidades supõe uma possibilidade aberta de enriquecimento em todos os campos do seu viver e, de modo algum, um detrimento para o homem.

Recordamos que nessas páginas teremos o homem sempre presente nas suas três dimensões: natural-biológica, natural-espiritual e sobrenatural, que vive sempre em unidade, entrelaçada uma com a outra; nunca como se cada uma fosse autónoma e com os seus próprios fins.

E para facilitar a compreensão assinalamos: por natural-biológica entendemos, definitivamente, tudo em que no ser humano se pode vincular a sua constituição fisiológica, ao orgânico, ao corpo físico.

Entendemos por natural-espiritual o ser e o actuar do homem no “determinado” por leis físico-naturais: amar, decidir; é o campo, definitivamente, da liberdade, radicada na própria natureza humana.

 E consideramos sobrenatural o ser e o actuar do homem em relação com Deus, movido pela graça, «certa participação do homem na vida divina”, como teremos ocasião de analisar.

Nessas dimensões do seu ser pessoa, da unicidade do seu ser, o homem desenvolve a relação consigo próprio, com os homens, com Deus.

Consciente que Deus cria por amor, e no desejo de enriquecer a sua criatura por excelência, o ser humano descobre que:
 - ser limitado não comporta o ser incompleto ou qualquer outra deficiência em ordem à capacidade em alcançar o fim para o qual foi criado;

- ser dependente não inclui de modo algum o ser escravo de nenhum outro ser humano nem o submetimento da própria liberdade a ninguém; nem tampouco nenhum obstáculo para viver a autonomia própria;

- ser indigente não significa incapacidade radical para desenvolver as qualidades de que está dotado nem nenhuma impossibilidade para cobrir as necessidades do seu coro e no seu espírito.

Estas características do ser humano, na sua condição de criatura de Deus, não supõem nem diminuição nem escravidão nem incapacidade total.

O homem, sabedor do amor em que foi criado, descobre que a limitação, a dependência e a indigência são caminhos para que a grandeza de Deus se manifeste em cada ser humano, a partir dessas condições e vivendo-as em consciência plena, descubra Deus e goze dele.

Que quer dizer, e que comporta, esta condição de criatura nas três ordens do único viver do ser humano?

Que o homem é um ser; criado do nada, e há-de relacionar-se com todo o vivente que o rodeia: o homem é uma criatura inter-relacional – solidária – em todos os seus sentidos; ou seja, um ser que se relaciona, não um ser que é pura relação.

Ou seja, o homem, ao relacionar-se, desenvolve-se, não se constitui; e isto, em três planos:

- No plano natural-biológico, necessita da cooperação de todo o resto da criação, para se alimentar, vestir, desenvolver-se, numa palavra, viver.
O homem não é um ser solitário nem isolado, e muito menos, abandonado a si mesmo.
Ao dar um nome a todas as criaturas, Adão toma uma certa posse delas e sobre toda a criação; posse que não é um domínio exclusivamente inclinado ao poder, mas uma comunhão de vida, de bens, que entronca directamente com a consideração de São Paulo: «toda a criação espera a manifestação dos filhos de Deus», que teremos ocasião de considerar a seu tempo.

- No plano natural-espiritual, o homem requer e necessita da colaboração dos demais seres humanos e do resto da criação para desenvolver as sua próprias qualidades e possibilidades em família, na amizade, na cultura, na nação.
Nenhum ser humano se alimenta nem intelectual nem espiritualmente a si próprio e usando exclusivamente dos seus próprios recursos.

- No plano sobrenatural, o ser humano como criatura está aberto com a inteligência, com a vontade, com a memória, numa palavra, com todo o seu espírito, ao Criador, a Deus.
O homem, vitalmente, e ao não ter-se dado a vida a si próprio, não pode fechar em si mesmo o horizonte do seu viver; e, ainda que em algum caso o pretenda, nunca o consegue totalmente.

        Ao tomar consciência da sua condição de criatura, o homem também se torna consciente das três características de que temos falado e cada um pode experimentar em si mesmo: a consciência do limite, a consciência da dependência, a consciência da indigência, que os estudos antropológicos actuais nunca deixam de analisar em detalhe.
        E, com essa consciência, o homem também descobre a sua relação com Deus, O Criador: só ante Deus e, sendo consciente da existência e da presença de Deus, o homem se sabe limitado. E abre-se à compreensão de se ver realizado em Deus.

        O ser humano é incapaz, se só tivesse à sua disposição o âmbito fechado da experiência de si próprio, de chegar a ver-se, a conceber-se a si mesmo como limitado.

De certo modo, o homem intui que, sem o Criador, a criatura se “dilui”.[ii]

Pensar, como alguns pretendem, que Deus não é outra coisa que o fruto da imaginação ansiosa do homem, ou seja, que é simplesmente “Deus”, mais que um pensamento, é simplesmente um exercício menor da imaginação; de uma imaginação «não criativa”, mas simplesmente “divagadora”.

        Por muitas palavras que queiramos dizer, – insisto – os homens não podemos inventar Deus.

Deus não é um conceito.

Uma ideia que surgiu por azar, por medo ou qualquer outro motivo no processo crescimento e maturidade do ser humano face a uma maior complexidade e riqueza lógica, cultural, espiritual.

Processo de desenvolvimento, por outro lado, que há que considerar-se com uma certa reserva, visto que, desde o primeiro momento da sua existência, o ser humano adorou Deus, e para adorar, volto a repetir, é necessária uma capacidade intelectual e espiritual muito elevada e uma profunda consciência da abertura intelectual e espiritual do ser humano para com tudo o que existe fora dele próprio.

        Além das limitações que já assinalámos, o ser criatura, também comporta no homem uma missão.

Deus cria com inteligência, de uma determinada forma, para um fim.

Nenhum ser inteligente é sem motivo, actua sem motivo.

E Deus ao criar tem, sem dúvida, um projecto para o homem, para cada homem.

        «Deus criou o homem para que o conheça, o ame e o sirva neste mundo e o goze eternamente no céu».

        O amor de Deus à criatura humana fica plasmado no facto de nos ter criado à sua imagem e semelhança, e querer que sejamos seus filhos.

Não criou o homem unicamente para manifestar o seu poder, um ser a pôr unicamente ao seu serviço.

Criou um ser a quem comunicar a sua vida:

«Então Yavé Deus formou o homem com pó da terra e insuflou nas suas narinas o alento da vida e resultou o homem um ser vivente”[iii].
Cristo reafirma-o: «Vim para que tenham Vida, e vida em abundância».

O homem é um ser que pode chamar Pai a Deus e a quem Deus quis chamar filho.

        Concluímos estas breves considerações sobre a realidade cultural do ser humano, assinalando que, em certo sentido, podemos dizer que Deus nos impõe, com o viver, a nossa condição humana. E são esses dois actos, vida e condição humana, a única coisa, que realmente, o Senhor nos obriga a ter, a receber. No facto de nascer, de ser criaturas, não somos certamente livres; e isto pode ajudar-nos a compreender que tampouco somos “liberdade”.
        A liberdade – que o homem vive nas suas três dimensões natural-biológica, natural-espiritual e sobrenatural – torna possível que, consciente de ter recebido a vida e a condição humana, descubra nesses dons o poder desprender-se deles e rejeitar desde a sua origem o plano de Deus, o projecto sobre a criatura amada.
        Esta capacidade da liberdade humana não diminui por Deus ter criado o homem «à sua imagem e semelhança»; mais, talvez radique precisamente nessa condição da natureza humana toda a força da liberdade humana e da capacidade de actuar livremente e desenvolver todas as suas qualidades em liberdade para também, com liberdade, aceitar o dom da vida, levar a cabo a realidade de ser filhos de Deus e de realizar a missão que Deus lhe conferiu ao criá-lo.

(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[i] joão paulo ii, Familiaris consortio, n. 11.
[ii] Gaudium et spes, n. 36
[iii] Gn 2, 7

Deus está junto de nós continuamente

É preciso convencermo-nos de que Deus está junto de nós continuamente. – Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos – ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando... e perdoando. Quantas vezes fizemos desanuviar a fronte dos nossos pais, dizendo-lhes, depois de uma travessura: não torno a fazer mais! – Talvez naquele mesmo dia tenhamos tornado a cair... – E o nosso pai, com fingida dureza na voz, de cara séria, repreende-nos..., ao mesmo tempo que se enternece o seu coração, conhecedor da nossa fraqueza, pensando: pobre rapaz, que esforços faz para se portar bem! É necessário que nos embebamos, que nos saturemos de que é Pai e muito Pai nosso, o Senhor que está junto de nós e nos Céus. (Caminho, 267)

Descansai na filiação divina. Deus é um Pai cheio de ternura, de amor infinito. Chama-lhe Pai muitas vezes durante o dia e diz-lhe – a sós, na intimidade do teu coração – que o amas, que o adoras, que sentes o orgulho e a força de seres seu filho. Tudo isto pressupõe um autêntico programa de vida interior, que é preciso canalizar através das tuas relações de piedade com Deus – poucas, mas constantes, insisto – que te permitirão adquirir os sentimentos e as maneiras de um bom filho.

Devo prevenir-te, no entanto, contra o perigo da rotina – verdadeiro sepulcro da piedade – a qual se apresenta frequentemente disfarçada com ambições de realizar ou empreender gestas importantes, enquanto se descuida comodamente a devida ocupação quotidiana. Quando notares essas insinuações, põe-te diante do Senhor com sinceridade. Pensa se não te terás aborrecido de lutar sempre nas mesmas coisas, porque na realidade não estavas à procura de Deus. Vê se não terá decaído a tua perseverança fiel no trabalho, por falta de generosidade, de espírito de sacrifício. Nesse caso, as tuas normas de piedade, as pequenas mortificações, a actividade apostólica que não produz fruto imediato parecem-te tremendamente estéreis. Estamos vazios e talvez comecemos a sonhar com novos planos, para calar a voz do nosso Pai do Céu, que exige de nós uma lealdade total. E, com um pesadelo de grandezas na alma, lançamos no esquecimento a realidade mais certa, o caminho que sem dúvida nos conduz direitos à santidade. Aí temos um sinal evidente de que perdemos o ponto de vista sobrenatural, a convicção de que somos meninos pequenos, a persuasão de que o nosso Pai fará em nós maravilhas, se recomeçarmos com humildade. (Amigos de Deus, n. 150)

Temas para meditar - 421


Graças 




O Senhor quer conceder-nos graças mas quer que Lhas peçamos.



(Santo afonso maria de ligórioSermão 46, para o 10º Dom. depois de Pentecostes)

Pequena agenda do cristão

SÁBADO


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Tratado do verbo encarnado 147

Questão 25: Da adoração de Cristo

Em seguida devemos tratar do que respeita a Cristo em relação a nós. E primeiro, da adoração de Cristo, pela qual nós o adoramos. Segundo, de ser ele o mediador nosso, perante Deus.

Na primeira questão discutem-se seis artigos:

Art. 1 — Se por uma mesma adoração deve ser adorada a divindade e a humanidade de Cristo.
Art. 2 — Se a humanidade de Cristo deve ser adorada por adoração de Iatria.
Art. 3 — Se a imagem de Cristo deve ser adorada com adoração de latria.
Art. 4 — Se à cruz de Cristo devemos prestar a adoração de Iatria.
Art. 5 — Se à Mãe de Deus deve ser prestada a adoração de latria.
Art. 6 — Se as relíquias dos santos devem de algum modo ser adoradas.

Art. 1 — Se por uma mesma adoração deve ser adorada a divindade e a humanidade de Cristo.

O primeiro discute-se assim. — Parece que por uma mesma adoração não deve ser adorada a divindade e a humanidade de Cristo.

1. — Pois, a divindade de Cristo deve ser adorada pela adoração comum ao Pai e ao Filho; donde o dizer o Evangelho: Todos honrem ao Filho assim como honram ao Pai. Ora, a humanidade de Cristo não é comum com o Pai. Logo, não deve pela mesma adoração ser adorada a humanidade de Cristo e a sua divindade.

2. Demais. — A honra é propriamente o prémio da virtude, como diz o Filósofo. Ora, a virtude merece o seu prémio pelo seu acto. Mas, como, em Cristo, uma é a operação da sua natureza divina e outra, da humana, como demonstramos, resulta que deve ser uma a honra tributada à sua humanidade, e outra à sua divindade.

3. Demais. — A alma de Cristo, se não estivesse unida ao Verbo, devia ser venerada pela excelência da sabedoria e da graça que tem. Ora, nada perdeu da sua dignidade por se ter unido ao Verbo. Logo, à natureza humana em Cristo deve ser tributada uma adoração própria, além da que lhe é prestada à divindade.

Mas, em contrário, diz o Quinto Sínodo: Quem afirmar que adora a Cristo nas suas naturezas, o que constitui duas adorações; e que não adora, por uma só adoração, o Verbo de Deus encarnado, simultaneamente com a sua carne, como foi estabelecido desde o início da Igreja de Deus, esse seja anátema.

Em quem é honrado duas coisas podemos considerar, a saber: A pessoa a quem a honra é tributada e a causa da honra. Ora, propriamente, a honra é prestada a todo ser por si subsistente. Assim, não dizemos que a mão de um homem é honrada, mas que esse homem o é. E se às vezes dissermos, que é honrada a mão ou o pé de alguém, isso não significa sejam essas partes por si mesmas honradas, mas que, nelas, honramos o todo. De cujo modo também um homem pode ser honrado por alguma exterioridade sua, como na sua roupa, na sua imagem ou no seu embaixador. Mas, a causa da honra é princípio em virtude do qual o honrado tem alguma excelência; pois, a honra é a reverência prestada a alguém por causa da sua excelência, como se disse na Segunda Parte. Se, pois, num só homem existirem várias causas de ser honrado, por exemplo, a superioridade, a ciência e a virtude, esse homem receberá por certo uma só honra por parte de quem o honra, mas serão várias as honras, pelas suas causas; pois, o mesmo homem é o honrado tanto pela ciência como pela virtude. Ora, havendo em Cristo uma só pessoa, de natureza divina e humana, e também uma só hipóstase e um suposto, só uma é a adoração e só uma a honra por parte dos que o adoram; mas, quanto à causa por que é honrado, podemos considerar várias as adorações, de modo que será uma a honra tributada à sabedoria incriada e outra, à salvação criada. - Mas, se Cristo tivesse várias pessoas ou hipóstases seriam também várias as adorações, em sentido absoluto. E tal é o que o Sínodo condena. Pois, determina o seguinte: Quem ousar dizer que devemos co-adorar o homem assumido, com o Verbo de Deus, como se fossem duas adorações diferentes, e que, ao contrário, não é a mesma adoração que honra o Emanuel, enquanto Verbo feito carne, esse seja anátema.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Na Trindade três são os honrados, mas uma só a causa da honra. O contrário se dá no mistério da Encarnação. Por isso, é uma a honra tributada à Trindade e outra a tributada a Cristo.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Não é a operação a honrada, que é só a razão da honra. Por isso, o haver em Cristo duas operações não prova serem duas as adorações, mas sim, duas causas de adoração.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Se a alma de Cristo não estivesse unida ao Verbo de Deus, seria a parte mais principal da humanidade dele. Por isso sobretudo devia ser honrada, por a ser nele o homem a parte principal. Mas, por a alma de Cristo estar unida a uma pessoa mais digna, a essa pessoa sobretudo, a qual a alma de Cristo está unida, é devida a honra. Mas isso não diminui a dignidade da alma de Cristo, ao contrário, aumenta-a, como também dissemos.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.