Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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26/02/2015
Maria, Rainha da Paz
Maria, Regina pacis, Rainha da Paz,
porque tiveste fé e acreditaste que se cumpriria o anúncio do Anjo, ajuda-nos a
aumentar a Fé, a sermos firmes na Esperança, a aprofundar o Amor. Porque é isso
que quer hoje de nós o teu Filho, ao mostrar-nos o seu Sacratíssimo Coração. (Cristo
que passa, 170).
Característica evidente de um homem de
Deus, de uma mulher de Deus, é a paz na alma: tem "a paz" e dá
"a paz" às pessoas com quem convive. (Forja, 649).
Não é lícito escudar-se em razões
aparentemente piedosas para espoliar os outros do que lhes pertence: Se alguém
diz: "Eu amo a Deus" mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Mas também
se engana a si mesmo quem regateia ao Senhor o amor e a reverência – a adoração
– que lhe são devidos como Criador e nosso Pai; a quem se nega a obedecer aos
seus mandamentos com a falsa desculpa de que algum deles é incompatível com o
serviço dos homens claramente adverte S. João que nisto conhecemos que amamos
os filhos de Deus: Se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque o
amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos; e os seus mandamentos não
são pesados. (Amigos de Deus, n. 166)
Evangelho, coment. L espirit. (Santíssima Virgem)
Quaresma I Semana
Evangelho: Mt 7 7-12
7 «Pedi, e
vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque
todo aquele que pede, recebe, e quem busca, encontra; e a quem bate,
abrir-se-á. 9 Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este
lhe pede pão? 10 Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? 11
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais
o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem. 12
«Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a
eles; esta é a Lei e os Profetas.
Comentário:
Não nos cansemos de pedir
tudo o que julguemos necessitar.
Afastemos essa falsa
preocupação de não pedir-mos porque, talvez, não seja conveniente o que
pedimos. O Senhor saberá, sempre, se o é ou não e, mais, se o for, quando será
oportuno concede-lo.
De algo podemos estar certos:
Nunca nos deixará sem resposta, mesmo quando parece que não nos atende, se nos
detivermos com vagar e são critério, saberemos porque não O faz.
Sempre, absolutamente, porque
não é conveniente e, nunca, por falta de merecimento nosso já que, este, nunca
o teremos.
(ama, comentário sobre Mt 7, 7-12,
2013.02.21)
Leitura espiritual
Santíssima Virgem
Santo Rosário
2
Também para vir a primeira vez à terra, Deus pediu
consentimento a Maria, uma de nós.
Maria acreditou: deu a sua adesão total aos planos do
Pai.
E que obra
deu como fruto a sua fé? Pelo seu "sim" o Verbo fez-Se carne[ii] nela tornou-se
possível a salvação da humanidade.[iii]
«Que terão a voz e as
palavras de Maria que geram uma felicidade sempre nova? São como uma música
divina que penetra até ao mais fundo da alma enchendo-a de paz e de amor.
Quantas vezes rezamos o Santo Rosário a chamamos Causa da Nossa Alegria. E é-o
porque é portadora de Deus. Filha de Deus Pai, é portadora da ternura infinita
de Deus Pai. Mãe de Deus Filho, é portadora do Amor até à morte de Deus Filho.
Esposa de Deus Espirito Santo, é portadora do fogo e do gozo do Espirito Santo.
À sua passagem o ambiente
transforma-se: a tristeza dissipa-se; as trevas cedem lugar à luz; a esperança
e o amor acendem-se...
Não é o mesmo estar com a
Virgem que sem Ela!
Não é o mesmo, não, rezar
o Rosário que não o rezar...»[iv]
«Promulgou-se um édito de
César Augusto que manda recensear todos os habitantes de Israel. Maria e José
caminham para Belém... - Nunca pensaste que o Senhor se serviu do acatamento
pontual de uma lei para dar cumprimento à Sua profecia?
Ama e respeita as normas de uma convivência honesta, e
não duvides que a tua submissão leal ao dever será também veículo para que os
outros descubram a honradez cristã, fruto do amor divino, e encontrem a Deus.»[v]
«A purificação da alma
pela mortificação interior, não é algo meramente negativo. Não se trata só de
evitar o que está na fronteira do pecado; pelo contrário, consiste em saber
privar-se, por amor de Deus, do que seria lícito não privar-se.
Esta mortificação, que
tende a purificar a mente de tudo o que não é de Deus, dirige-se em primeiro
lugar a livrar a memória das recordações que possam ir contra o caminho que nos
leva ao Céu. Essas recordações podem assaltar-nos enquanto trabalhamos ou descansamos
e, inclusive, enquanto rezamos.
Sem violência, mas
prontamente, poremos os meios para afastá-los, sabendo fazer o esforço
necessário para que a mente volte a encher-se do amor e desejo divinos que
dirige o nosso dia de hoje.
Com a imaginação pode
suceder algo parecido: que incomode inventando novelas de tipos muito diversos,
urdindo histórias fantásticas que não servem para nada. Também então há que
reagir com rapidez e voltar serenamente à nossa tarefa ordinária.
De qualquer modo, a
purificação interior não se limita a esvaziar o entendimento de pensamentos
inúteis. Vai muito mais além: a mortificação das potências abre-nos caminho á
vida contemplativa, nas diversas circunstâncias nas quais Deus nos tenha
querido situar.
Com esse silêncio interior
para tudo o que é contrário ao querer de Deus, impróprio dos Seus filhos, a
alma encontra-se disposta ao diálogo continuo e intimo com Jesus Cristo, no que
a imaginação ajuda à contemplação - por exemplo, ao contemplar o Evangelho ou
os mistérios do Santo Rosário - e a memória traz recordações das maravilhas que
Deus fez connosco e as Suas bondades, que acenderão a gratidão no coração e
tornarão mais ardente o amor.» [vi]
«Virgem Maria realiza, do
modo mais perfeito, a «obediência da fé». Na fé, Maria acolheu o anúncio e a
promessa trazidos pelo anjo Gabriel, acreditando que «a Deus nada é impossível»[vii]
- [viii]
e dando o seu assentimento:
Eis
a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra [ix]
Em hebraico, Jesus quer
dizer «Deus Salva». Na Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe o nome próprio de
Jesus, o qual exprime, ao mesmo tempo, a sua identidade e a sua missão.[x]
- [xi]
A Anunciação a Maria
inaugura a «plenitude dos tempos»[xii],
isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a
conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da Divindade»[xiii]
A resposta divina ao seu
«como será isto, se eu não conheço homem?»[xiv]
é dada pelo poder do espirito:
Para vir a ser a Mãe do
salvador, Maria «foi adornada com dons dignos de uma grande missão» [xvii].
O anjo Gabriel, no momento
da Anunciação, saúda-a como «cheia de graça»[xviii].
Efectivamente para poder
dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário
que ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.[xix]
Ao anúncio que dará à luz
«o Filho do Altíssimo» sem conhecer homem, pela virtude do Espirito Santo,
Maria respondeu pela «obediência da fé» [xx], certa de que «a Deus nada é
impossível»:
«Eis a serva do Senhor,
faça-se em mim segundo a tua palavra»[xxi].
Assim, dando o seu
consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E, aceitando de
todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da
salvação, entregou-Se totalmente à pessoa e à obra de seu Filho para servir, na
dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção.[xxii]
Como diz Santo Ireneu,
«obedecendo, ela tornou-se causa da salvação, para si e para todo o género
humano». Eis porque não poucos Padres afirmam com ele, nas suas pregações, que
«o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e, aquilo
que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a
sua fé»; e, por comparação com Eva, chamam Maria a «Mãe dos vivos» e afirmam
muitas vezes: «a morte veio por Eva, a vida veio por Maria». [xxiii] - [xxiv]
A oração de Maria é-nos
revelada na aurora da plenitude dos tempos. Antes a Encarnação do Filho de Deus
e da efusão do Espirito Santo, a sua oração coopera de modo único, no desígnio
benevolente do Pai, quando da Anunciação para a concepção de Cristo (...)
Na fé da sua humilde
serva, o dom de Deus encontra o acolhimento que Ele esperava desde o princípio
dos tempos.
Aquela que o Todo-Poderoso
fez «cheia de graça» responde pelo oferecimento de todo o seu ser:
«Eis a serva do Senhor,
faça-se em mim segundo a tua palavra».[xxv]
A virgindade de Maria
manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação.
Jesus só tem Deus por Pai.
«A natureza humana, que Ele tomou, nunca O afastou do Pai (...).
Naturalmente Filho de Seu
Pai por Sua divindade, naturalmente Filho de Sua Mãe por Sua humanidade, mas
propriamente Filho de Deus nas Suas duas naturezas»[xxvi]. [xxvii]
A Sagrada Escritura do
Antigo e Novo Testamento e a venerável Tradição mostram de modo progressivamente
mais claro e como que nos põem diante dos olhos o papel da Mãe do salvador na
economia da salvação.
Os livros do Antigo
Testamento descrevem a história da salvação na qual se vai preparando
lentamente a vinda de Cristo ao mundo. Esses antigos documentos, tais como são
lidos na Igreja e interpretados à luz da pela revelação ulterior, vão pondo
cada vez mais em evidência a figura duma mulher, a Mãe do Redentor.
A esta luz, Maria
encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente[xxviii],
feita aos primeiros pais caídos no pecado.
Ela é, igualmente, a
Virgem que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emmanuel[xxix]
É a primeira entre os
humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de
Deus.
Com ela, enfim, excelsa
Filha de Sião, passada a longa espera da promessa, se cumprem os tempos e se
inaugura a nova economia da salvação, quando o Filho de Deus dela recebeu a
natureza humana, para libertar o homem do pecado com os mistérios da sua vida
terrena. [xxx]
O Pai das misericórdias
quis que a aceitação da que Ele predestinara para mãe, precedesse a encarnação,
para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher
contribuísse para a vida. É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus,
dando à luz do mundo a própria Vida, que tudo renova. Deus adornou-a com dons
dignos de uma grande missão; e, por isso, não é de admirar que os santos padres
chamem com frequência à Mãe de Deus «toda santa» e «imune de toda a mancha de pecado»,
visto que o próprio Espirito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura.[xxxi]
Enriquecida desde o
primeiro instante da sua conceição, com os esplendores de uma santidade
singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como «cheia
de graça»[xxxii];
e responde ao mensageiro celeste: «eis a escrava do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra»[xxxiii].
Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina,
tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o
coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do
Senhor, à pessoa e à obra do seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele,
servindo pela graça de Deus omnipotente o mistério da Redenção.
Por isso, consideram com
razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento
meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na
salvação dos homens. Como diz S. Ireneu, «obedecendo, ela tornou-se causa de
salvação, para si e para todo o género humano» [xxxiv] [xxxv]
Esta sublime apresentação joanina do mistério de
Cristo é confirmada por todo o Novo Testamento.
Assim, S. Paulo afirma que o Filho de Deus nasceu «a
descendência de David segundo a carne»,[xxxvii].
Se hoje, com o racionalismo que grassa em muitos
sectores da cultura contemporânea, é a fé na divindade de Cristo a encontrar
mais problemas, também já houve contextos históricos e culturais em que
predominou a tendência a reduzir ou diluir o carácter histórico concreto da
humanidade de Jesus. Mas, para a fé da Igreja, é essencial e irrenunciável
afirmar que verdadeiramente o Verbo, se fez carne, e assumiu todas as
dimensões do ser humano, excepto o pecado.[xxxviii]
Nesta perspectiva, a encarnação é verdadeiramente um, despojar-se
(kenosis), por parte do Filho de Deus, da glória que Ele possui desde toda a
eternidade[xxxix].
Por outro lado, esta
humilhação do Filho de Deus não é fim em si mesma, mas visa a plena
glorificação de Cristo, inclusivamente na sua humanidade:[xl]
A Virgem Maria realiza, do modo mais perfeito, a
«obediência da fé».
Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazidos
pelo anjo Gabriel, acreditando que «a Deus nada é impossível»[xli] e
dando o seu assentimento: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua
palavra».[xlii]
Isabel saudou-a: «Feliz aquela que acreditou no
cumprimento de quanto lhe foi dito da parte do Senhor»[xliii].
É em virtude desta fé que todas as gerações a hão-de proclamar bem-aventurada. [xliv]
Doente, a nossa natureza precisava de ser curada;
decaída, precisava de ser elevada; morta, precisava de ser ressuscitada.
Tínhamos perdido a posse do bem; era preciso que nos
fosse restituído.
Encerrados nas trevas, precisávamos de quem nos
trouxesse a luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, esperávamos
um auxílio; escravos, precisávamos dum libertador. [Seriam razões sem
importância?] Não seriam suficientes para comover a Deus, a ponto de O fazer
descer até à nossa natureza humana para a visitar, pois a humanidade se
encontrava em estado tão miserável e infeliz? [xlv]
O Verbo fez-Se carne, para que assim conhecêssemos o amor de Deus: «Assim se manifestou o amor de
Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que
vivamos por Ele»[xlvi].
«Porque Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigénito, para que
todo o homem que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3,
16). [xlvii]
O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de
santidade: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim (...)»[xlviii].
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim»[xlix]. E
o Pai, na montanha da Transfiguração, ordena: «Escutai-O»[l]
De facto, Ele é o modelo das bem-aventuranças e a norma
da Lei nova: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei»[li].
Este amor implica a oferta efectiva de nós mesmos, no
seu seguimento. [lii]
O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes
da natureza divina»[liii]: (Pois
foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do
Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim
a filiação divina, se tornasse filho de Deus»[liv].
«Porque o Filho de Deus Se fez homem, para nos fazer Deus»[lv].
«Unigenitus Dei Filius, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam
nostram assumpsit, ut homines deos faceret factus homo»[lvi] (0
Filho Unigénito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade,
assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses). [lvii]
Retomando a expressão de
S. João («o Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a Igreja chama «Encarnação» ao
facto de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana, para nela levar a
efeito a nossa salvação. Num hino que
nos foi conservado por S. Paulo, a Igreja canta este mistério:
Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo
Jesus. Ele, que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio, assumindo a condição de servo, tornou-Se
semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo
até à morte, e morte de Cruz.»[lviii]. [lix]
A Epístola aos Hebreus
fala do mesmo mistério:
É por isso que, ao entrar
neste mundo, Cristo diz: «Não quiseste sacrifícios e oferendas, mas
formaste-Me um corpo. Holocaustos e imolações pelo pecado não Te foram
agradáveis. Então Eu disse: Eis-Me aqui (... ) para fazer a tua vontade»[lx] [lxi]
A fé na verdadeira
Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: «Nisto haveis de
reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa a Jesus Cristo
encarnado é de Deus»[lxii].
É esta a alegre convicção da Igreja desde o seu princípio, quando canta «o grande
mistério da piedade»: «Ele manifestou-Se na carne[lxiii]. [lxiv]
O acontecimento único e
absolutamente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus
Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que seja o resultado da mistura
confusa entre o divino e o humano. Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo
verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Esta verdade
da fé, teve a Igreja de a defender e clarificar no decurso dos primeiros
séculos, perante heresias que a falsificavam. [lxv]
As primeiras heresias
negaram menos a divindade de Cristo que a sua verdadeira humanidade (docetismo
gnóstico).
Desde os tempos apostólicos
que a fé cristã insistiu sobre a verdadeira encarnação do Filho de Deus «vindo
na carne». Mas, a partir do século III, a Igreja teve de afirmar, contra Paulo
de Samossata, num concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de
Deus por natureza e não por adopção. O primeiro Concílio Ecuménico de Niceia,
em 325, confessou no seu Credo que o Filho de Deus é «gerado, não criado,
consubstancial ('homoúsios') ao Pai; e condenou Ario, o qual afirmava que «o
Filho de Deus saiu do nada» (DS 130) e devia ser «duma substância diferente da
do Pai» (DS 126). [lxvi]
A heresia nestoriana via
em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Perante
esta heresia, S. Cirilo de Alexandria e o terceiro Concílio Ecuménico, reunido
em Éfeso em 431, confessaram que «o Verbo, unindo na Sua pessoa uma carne animada
por uma alma racional, Se fez homem»[lxvii].
A humanidade de Cristo não
tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez
sua desde que foi concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, em 431,
que Maria se tomou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter concebido
humanamente o Filho de Deus em seu seio:
«Mãe de Deus, não porque o
Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o
corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz
que o Verbo nasceu segundo a carne»[lxviii]. [lxix]
Os monofisistas afirmavam
que a natureza humana tinha deixado de existir, como tal, em Cristo, sendo
assumida pela sua pessoa divina de Filho de Deus. Confrontando-se com esta
heresia, o quarto Concílio Ecuménico, em Calcedónia, no ano de 451, confessou:
Na sequência dos santos
Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo, perfeito na divindade e perfeito na humanidade, o mesmo
que é verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial
ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade,
«semelhante a nós em tudo, menos no pecado»[lxx]:
gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nestes últimos
dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a
humanidade.
Um só e mesmo Cristo,
Senhor, Filho único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem
mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é abolida
pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e
reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase (DS 301-302). [lxxi]
(ama, meditações sobre
o Santo Rosário – 1999)
[i] Lc
1, 26-38
[ii] Jo 1, 14
[iii]
Ch. Lubich, Palabra que se hace vida, pg 82-83
[iv] A.
Orozco, Mirar a Maria, pg 239-240
[v] S.
Josemaría Escrivá, Sulco, nr 322
[vi]
Frederico Fernandez Carvajal, Hablar con Dios, Vol I, 3ª Sem, 5ª Fª.
[vii] Lc
1, 37
[viii]
cfr.. Gn 18, 14
[ix]
Cfr. Catecismo da Igreja Católica, nr 148
[x]
Cfr. Lc 1, 31
[xi]
Cfr. Catecismo da Igreja Católica, nr 430
[xii]
Gál r, 4
[xiii]
Col 2, 9.
[xiv] Lc
1, 34
[xv] Lc
1, 35
[xvi]
Catecismo da Igreja Católica, nr 484
[xvii] LG
56
[xviii] Lc
1, 28
[xix]
Catecismo da Igreja Católica, nr 490
[xx] Rm
1, 5
[xxi] Lc
1,37-38
[xxii]
Cfr LG 56
[xxiii] LG
56
[xxiv]
Catecismo da Igreja Católica, nr 494
[xxv]
Cfr Catecismo da Igreja Católica, nr 2617
[xxvi] Con. de Friúl, em
796; DS 619
[xxvii]
Catecismo da Igreja Católica, nr 503
[xxviii] Cfr Gen 3,15
[xxix] Cfr Is. 7,14; crf Miq. 5,3; Mt n1, 22-23
[xxxi] Cfr S. Germanob Const. Hom in Annunt. Deiparae:
PG 98, 238 A; In Dorm. 2: col. 357 - Anastácio Antioquia, Serm. 2 de Annunt.,
2: PG 89, 1377 AB; Serm. 3, 2: cvoil. 1388: C. - S. André Cret., Can. In B. V. Nat. 4:PG 97, 1321 B. In B. V.
Nat., 1: col. 812 A Hom. In Dorm. 1: col 1086 C - S. Sofrónio, Or. 2 in
Annunt., 18: PG 87 3, 3237 BD.
[xxxii] CfrLc. 1, 28
[xxxiii] Lc , 1 38
[xxxiv] S. Ireneu, Adv.Haer. II, 22, 4: PG 7, 959 A; Harvey,
2 123
[xxxvi] Jo 1, 14
[xxxvii] Rm 1, 3; cf. 9, 5
[xxxviii] cf. Hb 4, 15
[xxxix] cf. Fl 2, 6-8; lPd 3, 18
[xl]
Cfr João Paulo II, Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte, 22
[xli] Lc 1 , 37
[xlii] U 1, 38
[xliii] Lc 1 , 45
[xliv]
Catecismo da Igreja Católica, 148
[xlv] S.
Gregório de Nissa, Grande Catequese, IS: PG 45, 483
[xlvi] 1 Jo 4, 9
[xlvii]
Catecismo da Igreja Católica, 458
[xlviii] Mt 11, 29
[xlix] Jo 14, 6
[l] Mc 9, 7
[li] Jo 15, 12
[lii]
Catecismo da Igreja Católica, 459
[liii] 2 Pe 1, 4
[liv] Santo Ireneu, Contra
as Heresias 111, 19, 1
[lv] Santo Atanásio, Inc.,
54, 3: PG 25, 192B
[lvi] São Tomás de
Aquino, opúsculo 57, na festa do Corpo de Deus, 1
[lvii]
Catecismo da Igreja Católica, 460
[lviii] Filip 2, 5-8
[lix]
Catecismo da Igreja Católica, 461
[lx] He 10, 5-7, citando
o SI 40, 7-9, segundo os LXX.
[lxi]
Catecismo da Igreja Católica, 462
[lxii] 1 Jo 4, 2
[lxiii] 1 Tm 3, 16
[lxiv]
Catecismo da Igreja Católica, 463
[lxv]
Catecismo da Igreja Católica, 464
[lxvi]
Catecismo da Igreja Católica, 465
[lxvii] DS 250
[lxviii] DS 251
[lxix]
Catecismo da Igreja Católica, 466
[lxx] He 4, 15
[lxxi]
Catecismo da Igreja Católica, 467