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10/02/2015

A riqueza da fé

Não sejas pessimista. – Não sabes que tudo quanto sucede ou pode suceder é para bem? – O teu optimismo será a consequência necessária da tua fé. (Caminho, 378)


No meio das limitações inseparáveis da nossa situação presente, porque o pecado ainda habita em nós de algum modo, o cristão vê com nova clareza toda a riqueza da sua filiação divina, quando se reconhece plenamente livre porque trabalha nas coisas do seu Pai, quando a sua alegria se torna constante por nada ser capaz de lhe destruir a esperança.

Pois é também nesse momento que é capaz de admirar todas as belezas e maravilhas da Terra, de apreciar toda a riqueza e toda a bondade, de amar com a inteireza e a pureza para que foi criado o coração humano.

Também é nessa altura que a dor perante o pecado não degenera num gesto amargo, desesperado ou altivo porque a compunção e o conhecimento da fraqueza humana conduzem-no a identificar-se outra vez com as ânsias redentoras de Cristo e a sentir mais profundamente a solidariedade com todos os homens. É então, finalmente, que o cristão experimenta em si com segurança a força do Espírito Santo, de tal maneira que as suas quedas pessoais não o abatem; são um convite a recomeçar e a continuar a ser testemunha fiel de Cristo em todas as encruzilhadas da Terra, apesar das misérias pessoais, que nestes casos costumam ser faltas leves, que apenas turvam a alma; e, ainda que fossem graves, acudindo ao Sacramento da Penitência com compunção, volta-se à paz de Deus e a ser de novo uma boa testemunha das suas misericórdias.


Tal é, em breve resumo que mal consegue traduzir em pobres palavras humanas a riqueza da fé, a vida do cristão, quando se deixa guiar pelo Espírito Santo. (Cristo que passa, 138)

Temas para meditar - 361


Voar alto 



Com o corpo pesado e farto de manutenção, muito mal aparelhado está o ânimo para voar para o alto. 


são pedro de alcântara, Tratado da Oração e da Meditação, 11, 3

Tratado do verbo encarnado 117

Questão 17: Do que pertence à unidade de Cristo quanto ao seu próprio ser.

Art. 2 — Se em Cristo há um só ser ou dois.

O segundo discute-se assim. — Parece que em Cristo não há um só ser, mas dois.

1. — Pois, diz Damasceno, as coisas resultantes da natureza duplicam-se, em Cristo. Ora, o ser resulta da natureza, pois, vem da forma. Logo, em Cristo há dois seres.

2. Demais. — O ser do Filho de Deus é a própria natureza divina, e é eterno. Ora, o ser do homem Cristo não é a natureza divina, mas um ser temporal. Logo, em Cristo não há só um ser.

3. Demais. — Na Trindade, embora sejam três as pessoas há contudo um só ser, por causa da unidade da natureza. Ora, em Cristo há duas naturezas, embora haja uma só pessoa. Logo, em Cristo não há só um ser, mas dois.

4. Demais. — Em Cristo, a alma dá um certo ser ao corpo, por ser a forma dele. Ora, não lhe dá o ser divino, pois, é incriado. Logo, em Cristo há outro ser além do divino. E assim, em Cristo, não há só um ser.

Mas, em contrário. — Um ente é ser na medida em que é um, pois, unidade e ser convertem-se. Se, pois, em Cristo houvesse dois seres e não um só, haveria em Cristo dualidade e não, unidade.

Havendo em Cristo duas naturezas e uma hipóstase, há-de necessariamente haver dualidade no que pertence à natureza, e unidade no que só respeita à hipóstase. Ora, o ser diz respeito tanto à natureza como à hipóstase: à hipóstase, como ao que tem o ser, à natureza, como ao pelo que um ente existe. Pois, a natureza é significada a modo de forma, chamada ser por ser o princípio da existência dos entes, assim a brancura é a que torna um ser branco e a humanidade, homem. Ora, devemos considerar que, havendo uma forma ou natureza, não pertinente ao ser pessoal da hipóstase subsistente, esse ser não se considera como próprio dessa pessoa, em sentido absoluto, mas sim relativamente, assim, ser branco é próprio a Sócrates, não enquanto Sócrates, mas enquanto branco. E nada impede um tal ser multiplicar-se numa hipóstase ou pessoa, pois, um é o ser pelo qual Sócrates é branco, e outro o pelo qual é músico. Mas aquele ser próprio à própria hipóstase ou à pessoa em si mesma, é impossível multiplicar-se numa hipóstase ou numa pessoa, pois, é impossível que o ser de uma coisa não seja um só.

Se, pois, a natureza humana o Filho de Deus a tivesse, não hipostaticamente ou pessoalmente, mas acidentalmente, como alguns ensinaram seria forçoso admitir em Cristo duas existências: uma enquanto Deus e outra, enquanto homem. Como Sócrates tem um ser enquanto branco, e outro, enquanto homem, porque, ser branco não pertence ao próprio ser pessoal de Sócrates, ao passo que ter cabeça, corpo e alma, tudo pertence à própria pessoa de Sócrates, e assim, tudo isso não faz de Sócrates senão um único ser. E se se desse, que depois da constituição da pessoa de Sócrates, é que ele viesse, a ter mãos, pés, ou olhos — como acontece com um cego nato — tudo isso não enriqueceria o ser de Sócrates, mas só constituiria uma relação com tais coisas. Pois, então, lhe atribuíamos o ser, não só pelo que já antes tinha, mas também pelo que depois se lhe acrescentou. Assim, pois, como a natureza humana está unida ao Filho de Deus hipostática ou pessoalmente, como dissemos, e não acidentalmente, resulta por consequência que, com a natureza humana, Cristo não adquiriu nenhum ser pessoal, mas só uma nova relação do ser pessoal preexistente com a natureza humana, de modo que a sua pessoa já a devíamos considerar como subsistente, não só segundo a natureza divina, mas também, segundo a humana.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O ser resulta da natureza, não por ela o ter, mas por ser o princípio dele, ao passo que resulta da pessoa ou da hipóstase, que o têm. Por isso, Cristo tem, antes, a unidade hipostática do que a dualidade resultante da natureza.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O ser eterno do Filho de Deus, que é a natureza divina, torna-se o ser do homem, por ser a natureza humana assumida pelo Filho de Deus na unidade de pessoa.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como dissemos na Primeira Parte, por ser a pessoa divina idêntica à natureza, não há nas pessoas divinas outro ser além do ser da natureza, e por isso, as três pessoas não tem senão um ser. Ora, teriam um ser tríplice, se fosse nelas uma coisa o ser da pessoa e outro, o da natureza.

RESPOSTA À QUARTA. — A alma de Cristo lhe dá o ser ao corpo, pelo tornar atualmente animado, o que é dar-lhe o complemento da natureza e da espécie. Mas se entendemos o corpo como perfeito pela alma, sem a hipóstase que os contém a um e a outra, esse todo composto da alma e de corpo, enquanto significado pelo nome de humanidade, não o é como um: ser, mas, como o princípio de um ser, E por isso é o ser mesmo da pessoa subsistente, enquanto tem relação com tal natureza, e dessa relação a causa é a alma, enquanto aperfeiçoa a natureza humana, informando o corpo.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão

TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Ev. comentário, L esp. (O rosto de Jesus)

Tempo Comum V Semana

Evangelho: Mc 7 1-13

1 Reuniram-se à volta de Jesus os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém; 2 e notaram que alguns dos Seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar; 3 ora os fariseus e todos os judeus aferrados à tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; 4 e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de metal, e os leitos. 5 Os fariseus e os escribas interrogaram-n'O: «Porque não se conformam os Teus discípulos com a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?». 6 Ele respondeu-lhes: «Com razão profetizou Isaías de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. 7 É vão o culto que Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos”. 8 Pondo de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens». 9 Disse-lhes mais: «Vós bem fazeis por destruir o mandamento de Deus, para manter a vossa tradição. 10 Porque Moisés disse: “Honra teu pai e tua mãe. E todo o que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte”. 11 Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe, é “qorban”, oferta a Deus, qualquer coisa minha que te possa ser útil, 12 já não lhe deixais fazer nada a favor do pai ou da mãe, 13 anulando assim a palavra de Deus por uma tradição que tendes transmitido de uns aos outros. E fazeis muitas coisas semelhantes a estas».

Comentário

Esta passagem do Evangelho sublinha ainda a repulsa que Jesus sente por tudo quanto é preconceituoso, excessivo, e escrupuloso no cumprimento da Lei divina. Pôr a forma, o conteúdo à frente do coração, do desejo de cumprir. O que O Senhor quer e deseja é Filhos Seus autênticos e verdadeiros, que pratiquem uma fé escorreita e sincera, sem se refugiarem atrás e pormenores que não passam disso mesmo.

Alegria, sinceridade, disponibilidade é o que é preciso para cumprir as nossas obrigações de cristãos.

Ouve-se por vezes ‘eu cá não vou à Missa no Domingo... pois se eu não sinto nada é melhor não ir do que fingir...’
Falsa razão. Ninguém vai à Missa para "sentir" seja o que for, vai-se à Missa, para participar no Sacramento divino, para, ao cumprir um preceito, dar glória e honra a Deus.
A prática da fé não é um sentimento, uma tradição, um hábito... não... a prática da fé é, antes de mais, uma obrigação e uma necessidade; obrigação de, como filhos de Deus, honrar o nosso Pai; uma necessidade, porque precisamos do alimento da frequência dos Sacramentos, da vida de piedade, da oração.

(AMA, Vila do Conde, 11 de Fevereiro de 2003)


Leitura espiritual


El rostro de Jesús

"Que busque tu rostro, que aprenda a encontrarlo y a mostrarlo, que sepa descubrirte en las cosas corrientes de mi vida, que advierta realmente que eres Tú", dice el autor de este artículo.

Varones de Galilea, ¿qué hacéis mirando al cielo? [1]. Los ojos de los Apóstoles habían quedado fijos en el lugar por donde Jesús se había marchado... Un ángel tuvo que advertirles de que la vida continuaba.

El mensajero de Dios no pretendía disminuir el interés de aquellos hombres por su Maestro, pero quizá sí hacerles pensar que a partir de entonces tendrían que aprender a verle de otra manera, a encontrarse con Él, con su mirada, en los demás y en las cosas ordinarias de la vida.

San Pablo entendió aquellos deseos de los Apóstoles, porque también él anhelaba estar con Cristo y verle cara a cara [2] . Pero, puestos a escoger, prefería seguir el tiempo que Dios quisiera contemplándole como en un espejo y borrosamente [3] , si así podía ayudar a otros a vivir en esa Luz [4].

A los destinatarios de su misión apostólica, les aconsejaba con la fuerza de su ejemplo y de su palabra que, mientras estaban en este mundo, mantuviesen la mirada fija en el Cielo, donde está Cristo: si habéis resucitado con Cristo, buscad las cosas de arriba, donde Cristo está sentado a la derecha de Dios [5].

Quæ sursum sunt quærite! [6]. ¡Buscad las cosas de arriba! Queremos hacer nuestro ese grito, pero necesitamos aprender. En tantas ocasiones nos descubrimos con la mirada baja, excesivamente centrada en cosas pasajeras.

Echamos de menos una mayor agudeza para dar con el papel que Cristo desempeña en cada suceso de la existencia: amamos este mundo, que es el nuestro, el lugar donde nos encontramos con Dios [7], y desearíamos adquirir una mayor facilidad para percibir la mirada de Jesucristo mientras nos ocupamos de nuestras tareas habituales. Querríamos también que otros pudieran ver en nosotros a Cristo; nos ilusiona la maravillosa posibilidad de hacer presente a nuestros amigos el rostro de Jesús.

Vultum tuum, Domine, requiram! [8]. ¡Buscaré, Señor, tu rostro! Señor –le diremos–, que busque tu rostro, que aprenda a encontrarlo y a mostrarlo, que sepa descubrirte en las cosas corrientes de mi vida, que advierta realmente que eres Tú.

Tal vez oiremos aquel aviso de San Josemaría: Ese Cristo, que tú ves, no es Jesús. –Será, en todo caso, la triste imagen que pueden formar tus ojos turbios... –Purifícate. Clarifica tu mirada con la humildad y la penitencia. Luego... no te faltarán las limpias luces del Amor. Y tendrás una visión perfecta. Tu imagen será realmente la suya: ¡Él! [9]

Los Evangelios aluden en diversas ocasiones a la mirada de Jesucristo. Una mirada benévola y afectuosa, conmovedora y conmovida, una mirada profundamente conocedora, que penetra la intimidad, una mirada que enseña y corrige, que mueve al arrepentimiento, y llega a provocar un arranque de generosidad [10].

Quizás muchas veces hemos tratado de representárnosla en nuestra oración, con la intención de descubrir cómo podemos encontrarla y hacerla presente en nuestra vida ordinaria. Algunos personajes que se cruzan con Jesús en las horas de la Pasión nos pueden ayudar a avanzar en la realización de este deseo.

En el camino de la Cruz tres personas tienen una particular relación con el rostro de Cristo: sólo dos lo buscan, pero tres lo encuentran. De las tres podemos aprender; cada una de ellas sugiere una enseñanza distinta sobre el modo de dar forma al afán de ver el rostro de Jesús.

CON SANTA MARÍA, UN SÓLO CORAZÓN

Apenas se ha levantado Jesús de su primera caída, cuando encuentra a su Madre Santísima, junto al camino por donde Él pasa [11] . Nada nos dice el Evangelio de ese encuentro, pero el silencio de la Escritura no ha hecho más que estimular la imaginación de los cristianos a lo largo de los siglos. Nuestro Padre se lo representa así: Con inmenso amor mira María a Jesús, y Jesús mira a su Madre; sus ojos se encuentran, y cada corazón vierte en el otro su propio dolor [12].

El amor es tan intenso que basta el encuentro de los ojos para que cada uno sepa que cuenta con el otro, que puede verter en Ella, en Él, su inmenso dolor, porque aquel corazón es capaz de aceptarlo. En medio de ese sufrimiento, tienen el profundo consuelo de saberse acompañados, comprendidos.

El alma de María queda anegada en amargura, en la amargura de Jesucristo [13]. La amargura que llena el alma de María es la de su Hijo, como de María es la amargura que llena el alma de Jesús. Es tan fuerte la unión de sus corazones que el dolor de uno está hecho del sufrimiento del otro; así se apoyan y mutuamente se sostienen.

¡Quién nos diera a nosotros una identificación así con los sentimientos de Cristo! Nos queda –es cierto– muy lejos, pero la deseamos ardientemente. Sabemos que si avanzamos por ese camino no nos ahorraremos dolores en esta vida, porque toda existencia humana los conlleva, pero tendremos siempre una luz para afrontarlos, nunca nos faltará una base firme para no sucumbir, para encararlos con serenidad.

Simeón había profetizado a la Virgen que una espada atravesaría su alma [14]. Desde el anuncio de la Pasión, la herida de espada no abandonará nunca a la Madre de Jesús. Ella tendrá siempre presente que sólo pueden ofenderla a través de las afrentas hechas a su Hijo; es consciente de que todo sufrimiento, y también toda alegría, sólo puede tener su causa en relación con Él.

La Virgen enseña que en las amarguras y en los pequeños disgustos –profesionales, familiares, sociales...– podemos buscar y descubrir el rostro de Cristo; y, como consecuencia, estaremos llenos de paz incluso en medio del dolor.

VERÓNICA, UN CORAZÓN BUENO

Cuenta una tradición de la Iglesia que, un poco más adelante, una mujer sale al paso del Señor con la intención de limpiarle el rostro. Es el único hecho que sabemos de Verónica, pues con este nombre es conocida.

Quizás no se había planteado nunca conscientemente ese anhelo –ver la faz de Jesucristo– e incluso si lo había hecho, pensaría que el motivo por el que ahora buscaba ese rostro era más sencillo: ella sólo pretendía tener una atención con aquel Hombre que sufría. Sin embargo, esta mujer, que ni siquiera aparece en los Evangelios, ha dado un nombre propio al deseo de contemplar la faz de Dios.


Bienaventurados, vuestros ojos porque ven (...). Porque en verdad os digo que muchos profetas y justos ansiaron ver lo que estáis viendo y no lo vieron [15] . Si a la Verónica se pueden aplicar especialmente estas palabras, si ella realizó esa aspiración que ha llenado el alma de tantos santos a lo largo de la historia, fue por su bondad sencilla, porque su corazón de mujer buena no se deja «contagiar por la brutalidad de los soldados, ni inmovilizar por el miedo de los discípulos» [16] , no se frena ante la oportunidad de prestar un pequeño servicio. Y ese «acto de amor imprime en su corazón la verdadera imagen de Jesús» [17].

El rostro del Dios hecho Hombre queda grabado en aquel lienzo, sí; pero sobre todo queda grabado en sus entrañas de bondad. «El Redentor del mundo da a Verónica una imagen auténtica de su rostro. El velo, sobre el que queda impreso el rostro de Cristo, es un mensaje para nosotros. En cierto modo nos dice: he aquí cómo todo acto bueno, todo gesto de verdadero amor hacia el prójimo aumenta en quien lo realiza la semejanza con el Redentor del mundo. Los actos de amor no pasan. Cualquier gesto de bondad, de comprensión y de servicio deja en el corazón del hombre una señal indeleble, que lo asemeja un poco más a Aquél que “se despojó de sí mismo tomando condición de siervo” ( Flp 2,7). Así se forma la identidad, el verdadero nombre del ser humano» [18].

¿No es ésta una manera accesible de buscar el rostro de Jesucristo? ¿No es también un modo de hacerle presente entre quienes nos rodean?

Es posible que en la vida tengamos ocasión de prestar grandes servicios a otras personas; que podamos renunciar a algo valioso por ayudar a los demás. Pero, se nos presenten o no esas oportunidades, procuremos vivir cotidianamente con un corazón bueno, capaz de compadecerse de las penas de las criaturas, capaz de comprender que, para remediar los tormentos que acompañan y no pocas veces angustian las almas en este mundo, el verdadero bálsamo es el amor, la caridad: todos los demás consuelos apenas sirven para distraer un momento, y dejar más tarde amargura y desesperación [19].

Muchas veces lo que más ayuda a las almas a descubrir la mirada amorosa del Señor es precisamente ver cómo sus discípulos, en medio de sus limitaciones, saben advertir lo que los demás necesitan: son capaces de descubrir esos detalles que, si se pasaran por alto, nadie reclamaría; y que en cambio, cuando se reciben, se agradecen de todo corazón.

Si con sentido sobrenatural obramos de este modo, realizamos –cuanto es factible en esta vida– el deseo de contemplar el rostro de Jesucristo. Y al mismo tiempo facilitamos que otras personas se encuentren con Él.

Puede ser que no lo noten inmediatamente y necesiten un tiempo para descubrir al Señor, mas no dejarán de percibir desde el primer momento que hay algo especial en quienes les tratan con una bondad tan sencilla.

Si queremos descubrir a otros el semblante amabilísimo del Maestro, procuremos dispensar amabilidad, serenidad, paz, paciencia, respeto, cortesía, cariño; también cuando no esperemos ser correspondidos; si queremos ver en los demás el rostro de Jesús, acerquémonos a ellos con un corazón sencillo, un corazón que valora y admira y quiere a los padres, a los hijos, a los amigos uno por uno; que descubre cómo cada una de ellas refleja, a su modo, la bondad de Dios.

SIMÓN DE CIRENE, UN ENCUENTRO CON LA CRUZ

Los Evangelios sinópticos nos hablan de un tercer personaje que se topa con Jesucristo en el camino del Calvario. Santa María y la Verónica le buscaron, salieron a su encuentro por propia iniciativa. Simón de Cirene, no. Simón fue forzado a llevar la Cruz [20] La misma expresión que usan los evangelistas indica que, quizá, hubo una resistencia inicial.


Resulta bien comprensible: a nadie le gusta que le obliguen a cargar con una cruz ajena, y menos después de una dura jornada de trabajo. San Marcos dará a entender que los hijos de este hombre eran conocidos como cristianos [21] : Todo empezó por un encuentro inopinado con la Cruz [22]. Una gran fortuna que tuvo su origen en un suceso aparentemente desafortunado.

El cambio de actitud del Cireneo no debió de ser repentino, sino gradual, y no es arriesgado suponer que tuvo que ver con el rostro de Jesucristo. Él pensaba que trataba con un malhechor, pero aquella mirada amable, agradecida, pacífica, le desarmó. Al principio se disgusta porque simplemente ve ; después mira y va descubriendo que compartir la Cruz con ese condenado vale la pena.

Lo que al principio aparecía como un inconveniente que se interponía entre él y su descanso, fue progresivamente transformado por el rostro de aquel Hombre en una oportunidad única, que terminó por cambiar su vida.

Para él, como para todos los cristianos, la Cruz se convirtió en el signo distintivo de su fe, en el instrumento de la salvación; en una realidad redentora, inseparable de la misión de Cristo. A través de los siglos, los cristianos mirarán con cariño y esperanza la Cruz, que debería estar en el centro de su vida y que, por el mismo motivo, «debería estar en el centro del altar y ser el punto de referencia común del sacerdote y de la comunidad que ora» [23].

A veces la Cruz aparece sin buscarla: es Cristo que pregunta por nosotros [24] Ante la Cruz inesperada experimentaremos un movimiento de rechazo. Es la reacción habitual de nuestra naturaleza, que no nos debe preocupar, pero que no ha de impedir una progresiva aceptación.

Sabemos que en esas situaciones en las que podemos sentirnos solos, Dios no nos deja, está a nuestro lado; quizá incluso le vemos , somos capaces de dirigirnos a Él de algún modo. Pero demos un paso más: busquemos su mirada. Si no nos conformamos con ver , si procuramos mirar a Cristo que carga la Cruz con nosotros, si dejamos que nos hable, lo que parecía desafortunado va adquiriendo otro color, y termina por cambiar nuestra vida.

Darnos cuenta de que una contradicción puede significar un encuentro más profundo con Jesucristo nos ayudará a encararla de otro modo y entonces, nuestra Cruz no será una Cruz cualquiera: será... la Santa Cruz [25] .

* * *

Vultum tuum, Domine, requiram! [26].

Tres personas tienen una particular relación con el rostro de Cristo en el camino del Calvario. Sólo dos le buscan, pero las tres le encuentran. Ninguna de ellas queda indiferente, ninguna se va de vacío. De cada una podemos aprender algo y deseamos hacerlo porque anhelamos contemplar y ayudar a otros a descubrir ese rostro en nuestro camino ordinario por el mundo.

Querríamos alcanzar la unidad de corazones que se da entre Santa María y su Hijo. Somos conscientes de que supera nuestras fuerzas, pero no abandonamos ese deseo, porque sería renunciar al Amor y porque sin duda podemos avanzar por ese camino.

Un modo de hacerlo es aprovechar las enseñanzas de los otros dos personajes: una bondad sencilla será la ocasión de que muchos –en primer lugar, nosotros mismos– se encuentren con el Señor; buscar esa mirada en las adversidades y amarguras de la vida, hará que vayamos gradualmente identificándonos con la Voluntad de Dios. Entonces seremos capaces de reflejar el rostro de Jesús.

j. diéguez

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[1] Hch 1, 11.
[2] Cfr. Flp 1, 23.
[3] Cfr. 1 Cor 13, 12.
[4] Cfr. Flp 1, 25.
[5] Col 3, 1.
[6] Ibid .
[7] Cfr. Conversaciones , n. 113.
[8] Cfr. Sal 26, 8 (Vg).
[9] Camino , n. 212.
[10] Cfr. Mc 10, 21; Mc 12, 41; Mt 4, 18-22; Jn 1, 42; Mt 19, 16; Mc 3, 5; Lc 22, 61; Jn 1, 38-47.
[11] Vía Crucis , IV estación.
[12] Ibid.
[13] Ibid
[14] Cfr. Lc 2, 35.
[15] Mt 13, 16-17.
[16] J. Ratzinger, Vía Crucis en el Coliseo, Viernes Santo de 2005, VI estación.
[17] Ibid .
[18] Juan Pablo II, Vía Crucis en el Coliseo, Viernes Santo de 2000, VI estación.
[19] Es Cristo que pasa , n. 167.
[20] Cfr. Mc 15, 21.
[21] Cfr. Mc 15, 21.
[22] Vía Crucis , V estación.
[23] J. Ratzinger, Introducción al espíritu de la liturgia, p. 105. [24] Vía Crucis , V estación.
[25] Santo Rosario , IV misterio doloroso.
[26] Cfr. Sal 26, 8 (Vg).
 El rostro de Jesús (para imprimir).
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Bento VXI – Pensamentos espirituais 37


Liberdade


Liberdade não significa gozar a vida, achar-se completamente independente, mas orientar-se segundo a medida da verdade e do bem para assim nos tornarmos também verdadeiros e bons.

Homilia na Missa final da XX Jornada Mundial da Juventude (20.Ago.05)


(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)